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Introdução
Cultura e sociedade são, entre os seres humanos, um par indissociável. Os grandes temas do olhar
antropológico sobre a religião, foram, desde o início, o mito, o rito e a magia.
E por quê? Porque o rito remete aos gestos, às cerimônias, às liturgias, enfim, à ação simbólica
coletiva que consagra tempo/espaço, confirma valores e marca passagens de estado
individual/grupal.
A magia remete às formas primitivas, coletivas e individuais ao mesmo tempo, de contato com o
sagrado ou o supranatural.
Você deve estar curioso para saber como é o olhar antropológico sobre religião. Como se fosse um
toque inicial, pense ou imagine um rito religioso, uma narrativa ou história religiosa que seja muito
diferente daqueles ritos e narrativas aos quais você está acostumado.
Objetivos
Compreender as origens das escolas antropológicas nas Ciências da Religião.
Analisar conceitos e autores das escolas antropológicas nas Ciências da Religião.
Identificar fatos básicos das escolas antropológicas nas Ciências da Religião.
Introdução
Entre 1415 e 1884-1885, mais ou menos, você notará grandes movimentos que as nações
europeias fizeram: expansão marítima, colonialismo e neocolonialismo. As duas datas,
observe bem, correspondem à Conquista de Ceuta, na ponta da África, por parte do Reino de
Portugal (próximo ao Estreito de Gibraltar, atualmente é uma cidade autônoma da Espanha) e
à Conferência de Berlim, proposta por Portugal, mas levada a efeito pela Prússia, antigo país.
1412
No movimento da reconquista católica, o Reino de Portugal toma Ceuta e estabelece as
bases para as grandes navegações.
1884 - 1885
A partilha da África foi sacramentada pelas potências europeias e os seus recursos e as
suas riquezas foram apossados e divisões territoriais.
Brasil, América Latina e América do Norte nasceram nesse caudal expansivo da cultura1 e
materialidade ocidentais que, apesar da diversidade interna (por exemplo, os modos de ser-
no-mundo e ver-o-mundo luso-ibérica e anglo-saxã), representou um evento com grandes
consequências, positivas e negativas (massacres, campos de concentração/extermínio em
massa de seres humanos, pobreza etc.).
Cultura1
Conceito antropológico complexo, elaborada pela Antropologia, está ligado ao processo
humano de criação, coletiva e individual, de sentido, símbolo, significado, linguagem e
instituições.
Comentário
Os próprios sistemas míticos e rituais desses povos, a religião, passou a ser vista com
outros olhos.
Desde...
Saiba mais
Tupinambás2
Nome genérico dado a um grande grupo de sociedades índias que viviam na região litorânea
do Brasil, entre o Rio Grande do Norte e Paraná, caracterizado, entre outras coisas, pela
prática da antropofagia ritual. Durantes as guerras internas, os guerreiros valentes eram
aprisionados, bem-cuidados e preparados para um ritual festivo no qual o grupo o mataria e
comeria sua carne.
Etnocentrismo3
Culturas, mitos, ritos, religiões são relativos aos povos e às sociedades, não são absolutos,
são relativos a tempos e espaços singulares.
Atividade
1. Sobre os precursores da Antropologia, sabe-se que muitas reflexões sobre os
costumes e a história de outros povos foram empreendidas. Com as grandes
navegações, num primeiro momento, e o colonialismo, num segundo, o choque entre
culturas trouxe diversas consequências. Michel de Montaigne (1533-1592) escreveu um
texto intitulado Dos canibais, discorrendo sobre a presença dos tupinambás na corte
francesa de Carlos IX.
a) O encontro colonial com outros povos provocou muita destruição, mas não mudou
a mentalidade europeia sobre a diferença cultural.
b) O encontro colonial com outros povos provocou destruição e mudou pouco a
mentalidade europeia sobre a diferença cultural.
c) O encontro colonial com outros povos provocou pouca destruição, mas não mudou
a mentalidade europeia sobre a diferença cultural.
d) O encontro colonial com outros povos provocou pouca destruição e pouco mudou a
mentalidade europeia sobre a diferença cultural.
e) O encontro colonial com outros povos provocou destruição, mas também impactou
a mentalidade europeia sobre a diferença cultural.
No final do século XIX, a partir da herança reflexiva, surgiu um novo conceito de cultura. (Fonte: FotografieLink /
Pixabay)
No final do século XIX, pense um pouco, um novo conceito de cultura nasce a partir dessa
herança reflexiva acoplada ao grande volume de dados e informações que chegavam de
povos, etnias e culturas bem como da tradução de textos sagrado de antigas civilizações e
religiões e descobertas arqueológicas nos mais variados campos, inclusive dos povos semitas
(hebreus).
Por essa época, vingou o paradigma evolucionista, e influenciou boa parte da mentalidade
acadêmica, cultural e social. Houve uma indevida transposição das ideias de Charles Darwin
(1809-1882). Nesse período, três nomes se destacam como iniciadores da Antropologia como
ciência, dois ingleses e um americano:
Veja a primeira definição de cultura, em 1881, feita por Tylor no livro Primitive culture
(Cultura primitiva):
“A Cultura, ou civilização, entendida em seu amplo sentido etnográfico, é aquele
conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, os direitos, os
costumes e qualquer outra capacidade e hábito adquirido pelo homem como membro de
uma sociedade”.
A primeira tentativa de definir a religião primitiva veio com Tylor e a ideia de animismo,
que evidenciaria a importância, para o homem primitivo, da experiência do sonho e da
morte.
Culturalistas, funcionalistas e
estruturalistas
Observe que a crença integra a experiência humana geral. Por isso, a religião, a magia e
todas as formas culturais das crenças não podem ser separadas de sua matriz cultural e ser
estudada isoladamente do contexto no qual são expressas, vividas e experimentadas.
Comentário
Para Franz Boas, cada cultura deve ser estudada como um sistema que possui lógica e
autonomia específicas, levando em consideração a totalidade a partir da análise dos
dados biológicos, linguísticos, históricos e culturais. Por exemplo, estudar uma dança ou
uma crença religiosa por si mesma, sem remetê-la à cultura, sociedade, ao momento
histórico e aos contextos, é um sério erro metodológico.
Sincrônica
Transversalidade da cultura no tempo e no espaço.
1
2
3
Magia, ciência e religião e outros ensaios, de 1948, com uma dedicatória a James Frazer
É incompleto, para a perspectiva antropológica, estudar religião ou outro aspecto (parentesco, por exemplo), sem se
referir ao elemento cultural, social e histórico. (Fonte: pathdoc / Shutterstock)
É um método poético e difícil, pois depende da interação humana, bons informantes que
conheçam a realidade a ser pesquisada etc. Há diversas formas:
Trabalho religioso
Refere-se ao processo de produção de práticas, discursos e bens simbólicos sagrados que
atendem a uma necessidade de expressão de uma classe, grupo ou sociedade.
Campo religioso
Remete a um campo de forças em que agentes e instituições disputam capital simbólico —
dando legitimidade, poder, prestígio —, produzindo e consumindo bens religiosos de salvação
(rituais, discursos, valores etc.).
Todo mundo produz os bens religiosos e todo mundo consome, sem distinção e
hierarquia.
O que é mito?
Na análise do mito, Malinowski pensa assim:
O mito é uma narração de um evento inaugural, possui eficácia porque atua na consciência
coletiva.
No mito, encontra-se uma explicação poética, um modelo moral-valorativo, que o grupo
elabora, internaliza e compartilha.
Veja bem:
Há um universo consolidado por uma tradição de práticas, pois a ideia e o objetivo são claros
e pontuais.
Sobre as atividades cotidianas, há mitos que explicam sua presença, sua importância, sua
força e servem de valores de inspiração moral. As proposições culturalistas e funcionalistas
foram criticadas por outras escolas teóricas.
O não tratamento das tensões, conflitos, mudanças e rupturas que alteram os sistemas e as
funções.
Atividade
2. Para a escola antropológica Funcionalista, o ritual mágico e a técnica “científica”
possuem funções específicas, por exemplo, regular as emoções durante uma atividade
cotidiana e garantir sua eficácia concreta, podendo conviver em uma mesma situação.
Nos estudos etnográficos de Bronislaw Malinowski sobre a magia, religião e a ciência,
são descritas situações como os preparativos para pescaria em alto-mar, que sempre
traz riscos, afazeres cotidianos.
a) Podem conviver em uma mesma situação porque regulam distintos significados dos
problemas cotidianos.
b) Não podem conviver uma mesma situação porque regulam distintos significados
dos problemas cotidianos.
c) Podem conviver uma mesma situação porque não regulam distintos significados dos
problemas cotidianos.
d) Não podem conviver uma mesma situação porque regulam distintos significados
dos problemas cotidianos.
e) Podem conviver uma mesma situação porque desregulam distintos significados dos
problemas cotidianos.
E. E. Evans-Pritchard (1902-1973)
A ênfase do antropólogo inglês recaiu sobre o rito, como ação, que envolve uma
coletividade, confirma seus valores comuns e as passagens de status (da criança para o
adulto, casamento, morte etc.) e consagra eventos e realizações da sociedade.
estratificação social4
Processo de divisão ou organização de uma sociedade em classes sociais, segmentos ou
grupos socioeconômicos, ou castas hereditárias, com poderes, papéis e funções. A
estratificação pode agravar muito a desigualdade social.
Saiba mais
Atividade
3. A escola estruturalista enxerga a religião a partir de uma ótica universalista,
privilegiando o mito, a racionalidade e a lógica, em detrimento do rito. Lévi-Strauss, no
texto O feiticeiro e sua magia, estudou a eficácia simbólica, analisou casos em que a
crença na magia provocou reações concretas, como no xamanismo 5, e comparou isso
à técnica psicanalítica como ritual.
Diante disso, é correto dizer que a eficácia mágica ocorre por:
Xamanismo5
Leitura
O rito, o ritual opera a fusão entre o mundo vivido e o imaginário presentes nas narrativas
míticas A religião, em Geertz, expressa uma teoria geral da cultura 6.
Cultura6
1. Lévi-Strauss
Retoma uma vertente mais universalista, abstrata, lógico-formal para explicar a religião.
2. Clifford Geertz
Volta-se para a análise dos significados e, com isso, a vertente relativista é retomada.
Para ele, uma adequada teoria da religião se alcança com a integração entre
considerações históricas, psicológicas, sociológicas e semânticas.
Segundo Geertz:
A experiência religiosa final tomada subjetivamente é também a
verdade religiosa final tomada objetivamente
Reflita que Geertz, no texto O beliscão do destino: a religião como experiência, sentido,
identidade e poder, pondera sobre as mutações históricas e os reposicionamentos da religião,
que assumiu distintas formas de expressão, envolvida na construção de identidades
particulares e protagonista em disputas e conflitos políticos.
Escala
Valores
Comunicacional
Político-social
Outra frente de reflexão da Antropologia sobre o fenômeno religioso é a que pensa sobre os
modos de como se conhece a religião. Reflita sobre um elemento apresentado pela
antropóloga Rita Segato, no texto, Um Paradoxo do relativismo: discurso racional da
Antropologia frente ao sagrado (publicado em 1992), que fala do paradoxo entre a atividade
de relativização do antropólogo e a adesão de forma absoluta do praticante religioso à
religião da qual ele faz parte.
A atitude dos antropólogos (relativização), frente ao universo
A saída seria um olhar mais integrado, embora se saiba do impasse entre as duas
perspectivas.
Atividade
4. Leia com atenção o que Clifford Geertz escreve sobre o problema do sofrimento como
problema religioso, pois se trata de conferir sentido, e não evitar o sofrimento: “[...] os
símbolos religiosos oferecem uma garantia cósmica não apenas para sua
capacidade de compreender o mundo, mas também para que, compreendendo-o, deem
precisão a seu sentimento, uma definição às suas emoções que lhes permita suportá-lo,
soturna ou alegremente, implacável ou cavalheirescamente”. (Grifos do autor da aula.
GEERTZ, 2008, p. 67)
Tendo em vista a escola Interpretativista, assinale a alternativa correta:
Notas
INSERIR TÍTULO AQUI1
Referências
FIROLAMO, Giovanni; PRANDI, Carlo (orgs.). As Ciências das Religiões. 8. ed. São Paulo:
Paulinas, 2016.
GEERTZ, Clifford. A religião como sistema cultural. In: ______. A interpretação das culturas. Rio
de Janeiro: LTC 2008, p. 67.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O feiticeiro e sua magia. In: ____. Antropologia estrutural. 5. ed. Rio de
janeiro: Tempo Brasileiro, [s./d.], p. 211
MALINOWSKI, Bronislaw. Il mito e il padre nella psicologia primitiva. Roma: Newton Compton,
1976.
Próximos Passos
Principais ideias e os principais autores que analisaram a religião como fenômeno psicológico, ou
seja, relativo às crenças e aos comportamentos individuais;
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