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Aula 7

BIOTRANSFORMAÇÃO
Resumo: Reações de metabolização de xenobióticos – sofrem alterações na sua
hidrofilicidade após serem absorvidos. Ocorre através de um sistema de fase I e fase II
envolvendo enzimas de biotransformação (ex. Glucoronidação, metilação, fosforilação, etc.)

Tóxico – Agentes físicos/químicos que produzem efeitos biológicos adversos.


Toxinas – Proteínas específicas produzidas por organismos vivos que (maioria) exibem
efeitos imediatos (ex. cogumelo – toxina do tétano)
Venenos – Tóxicos que provocam morte ou doença imediata em pequena quantidade (ex.
cobra, gastrópodes marinhos)

Produz péptidos neurotóxicos (conotoxinas);


Existem 4 tipos de conotoxinas na família Conidae (α, σ, κ, µ e ω);
A ω-conotoxina bloqueia os canais de Ca dependentes de voltagem o que causa paralisia e
efeitos analgésicos na presa;
- Dor inicial tipo picada de abelha – pode causar paralisia em casos extremos
Não existe antídoto – dor forte que nem a morfina minimiza
Bloqueio dos canais de Ca2+, impede os gradientes de Ca2+ e de Na+ (10-15min após injeção)
Ziconotida – fármaco formado a partir da ω-conotoxina como analgésico (de última linha
por ser muito potente) – muito hidrofílica que permite bloquear os canais de Ca

Agentes Tóxicos
Inorgânicos – Metais; Metaloides; Não-Metais; Isótopos radiativos
Orgânicos – Comp. Alifáticos, Aromáticos, Organometálicos; Pesticidas Complexos
12 alimentos com mais pesticidas: maçãs, aipos, morangos, pêssegos, espinafres
12 alimentos com menos pesticidas: cebolas, milho doce, abacaxis, abacates, ervilhas

Classificação de acordo com:


Natureza - Químicos – álcoois, fenóis e metais pesados
- Físicos – radiação
- Biológicos – venenos (toxinas)
Efeito Tóxico - Sistémico – afeta o organismo inteiro ou vários órgãos (cianeto K)
- Dirigido ao órgão – afeta órgãos/ tecidos específicos não provocando
dano generalizado no corpo (arsénio e paracetamol – hepatotóxicos, no
fígado)

ADME Absorção – Distribuição – Metabolismo – Excreção


- Toxicocinética – estudo do metabolismo dos compostos
- Toxicodinámica – estudo dos efeitos dos compostos
- Distribuição pelo sistema circulatório, até ao local alvo sendo que o metabolismo principal
ocorre no fígado. Se os metabolitos continuarem funcionais, podem provocar uma série de
efeitos no orfanismo
Mecanismos de Toxicidade
Alvos Moleculares são geralmente proteínas, lípidos, coezimas ou ácidos nucleicos
(raramente hidratos de carbono)

Mecanismos Básicos:
1. Formação de complexos não-covalentes estáveis com o recetor, enzima, co-fator
2. Indução de alterações fisico-químicas (pH, pO2)
3. Formação de intermediários reativos que se ligam covalentemente às
macromoléculas e/ou desencadeiam uma resposta imune (formados aquando a
metabolização)

Exemplos:
- Bromobenzeno é metabolizado num epóxico eletrofílico que se liga covalentemente às
proteínas hepáticas. Os abilismos tendem a produzir glutationa que torna o composto mais
hidrossolúvel para facilitar a excreção.
- Halotano é um anestésico, metabolizado em carbeno (átomo C divalente) que afeta o
fígado
- Tetracloreto de carbono é convertido num radical livre que se liga covalentemente ou
causa peroxidação lipídica das membranas
- Paraquato gera ROS por ciclagem redox levando a stress oxidativo

Diferentes tipos de xenobióticos provocam diversos tipos de toxicidade através de vários


mecanismos - diferentes tipos de agentes tóxicos
- diferentes tipos de toxicidade
- diferentes mecanismos de resposta tóxica

BIOTRANSFORMAÇÃO
Metabolismo de Xenobióticos
Processo (tentativa) de desintoxicação do organismo, pelo qual os xenobióticos são
modificados através de reações enzimáticas, para que se tornem mais hidrossolúveis (menos
lipossolúveis). Esta modificação pode inativar o composto original ou gerar metabolitos
reativos do composto original inativado.

Bioinativação – produz metabolitos menos tóxicos que o composto inicial


Bioativação – Síntese Letal – produz metabolitos mais tóxicos que o composto inicial
(inseticidas organofosforados como paratião)

Tipos de modificações
Enzimática (enzimas citoplasmáticas, microsomais, mitocondriais)
Rearranjo molecular (eliminação de Hofmann – uma amina primária sofre degradação
com libertação de 1 molécula de CO2) – pouco frequente
Excretados sem modificações (xenobióticos muito polares são hidrofílicos;
aminoglicosídeos)

Fatores que afetam a biotransformação:


Idade Fase de desenvolvimento Património Genético
Dieta Estado Hormonal Doenças
Estado funcional do Fígado (metabolismo) e Rins (filtração e excreção pela urina)
FÍGADO – Principal órgão onde ocorre a biotransformação.

1. Transporte de xenobióticos até ao fígado pela veia porta


2. Metabolismo de pequenas quantidades antes de entrarem na circulação geral e
chegarem a outros órgãos.
3. Os xenobióticos inalados são distribuidos até ao fígado via circulação geral. Neste
caso, apenas uma fração da dose é metabolizada (fígado) antes de chegar a outros órgãos.

Expressa diversas proteínas de transporte (uptake) que removem xenobióticos do sangue.

Hepatócitos – células do fígado contêm várias enzimas que oxidam os xenobióticos.

As vias de entrada do xenobiótico afetam o seu metabolismo.

Sem a Biotransformação
A exposição dos homens e animais a inúmeros compostos químicos (naturais e produzidos
pelo homem) suficientemente lipofílicos para serem absorvidos levaria a uma acumulação
no organismo a níveis tóxicos intoleráveis

Sistema de Fase I
– Reações de oxidação, formam metabolitos
mais polares – expõem um grupo funcional que
provoca perda de atividade farmacológica
– Geralmente promovida pelo citocromo P450
– Outras reações: Hidrólise, Redução, Acetilação
– Bactérias (p.ex. microflora intestinal) também
participam nas reações de biotransformação
(principalmente bioativação)
– Alguns xenobióticos podem ser logo
excretados, outros são metabolizados na fase II

Sistema de Fase II
– Reações de conjugação do xenobiótico – há formação de uma ligação covalente com
(muitas vezes) ácidos orgânicos – muito hidrossolúveis – tornando o complexo mais polar
e, assim, mais hiodrossolúvel – facilita a excreção pela urina (rins) ou fezes (bilis).
– Muitas vezes mediado por glutationas.
– Outras reações: Sulfatação, Metilação, Glucoronidação
– A glucoronidação é a única reação não-microssomal

P.ex Benzeno é tranformado em Fenol na Fase I, por


oxidação. Fenol é biotransformado na Fase II por
sulfatação

Enzimas
Extra-Hepáticas Microsomais – Oxidação (I) e Conjugação (II)
– Cérebro, Pulmões, Pele, Intestino, Bexiga
Hepáticas Microsomais – Oxidação (I) e Conjugação (II)
– Fígado
Hepáticas Não-Microsomais – Ox/Red (I), Acetilações (I), Sulfatações (II), Hidrólise (I)
– Fígado
Estudos - Relevantes para análise da toxicidade de fármacos
P.ex. fármacos com índice terapeutico restrito (dose tóxica muito próxima da dose
terapêutica), revelaram que diversos factores afetam a biotransformação e
consequentemente a toxicidade do fármaco.
- Os efeitos adverso provocados por reações aos fármacos são a principal causa da
morte nos EUA (>2M de doentes sofrem reações adversas)

Após a entrada de um agente tóxico pode ocorrer intoxicação causando efeitos adversos de
maior ou menor severidade.

DESINTOXICAÇÃO
Remoção fisiológica ou medicinal das substâncias tóxicas do organismo.
Período até ao organismo regressar ao estado de homeostasia após uso prolongado de uma
substância de abuso.
Em medicina, é feita através da descontaminação do tóxico ingerido e utilização de
antídotos, bem como técnicas de diálise e terapia com agentes quelantes[1] (num nº limitado
de casos).
Objetivo: facilitar a excreção do composto

Exemplos

Fármacos Anticoagulantes
1. Ticagrelor → é tomado na forma ativa e hidrossolúvel, e por isso, não sofre
biotransformação. Exerce o efeito terapêutico nas plaquetas e depois é excretado.
2. Prasugrel → é tomado na forma inativa, mas depois é hidrolisado e passa à forma
ativa para exercer o seu efeito.
3. Clopidogrel → é tomado na forma inativa e vai sofrer alterações a nível hepático de
oxidação (cit. P450) tornando-se ativo e podendo assim exercer o seu efeito

Morfina – Vai sofrer conjugação na presença de ácido Glucorónico, sendo que o


metabolito formado é mais solúvel e facilmente excretado.

Exemplos de BioInativação Exemplos de BioAtivação


Anfetamina → Fenilacetona Codeína → Morfina
Taxol → 6α-hidroxitaxol Procainamida → N-acetilprocainamida
Fenobarbital → Hidroxifenobarbital Tamoxifeno → 4-hidroxitamoxifeno

MDMA – Droga de abuso com estrutura semelhante a anfetaminas


– Possui um grupo (-O-CH2-O-) ligado ao anel aromático
– Metabolismo principalmente hepático, pode seguir 2 vias:
- Convertido em 4-hidroxi-3-metoximetanfetamina (HMMA) pelo CyP2D6, que
depois é biotransformado por metilação, gerando o 4HMMA
- A HMMA pode ser convertido em HMA por N-demetilação por enzimas CYP.
- O HMMA ou HMA são convertidos por conjugação pela 4-
glucoroniltransferase

Hemoglobina – Deficiência na enzima UGT (que catalisa a conjugação do ác. Glucorónico


com bilirrubina) há acumulação de bilirrubina que não é eliminada do organismo, e torna-se
tóxica.
Aula 8

REAÇÕES DE BIOTRANSFORMAÇÃO DE FASE I E II

A Biotransformação é catalizada por diversos


sistemas de enzimas que podem ser divididos
em 4 categorias, de acordo com a reação que
catalizam:

1. Hidrólise (carbonilesterase)
2. Redução (carbonil redutase)
3. Oxidação (citocromo P450)
4. Conjugação
(UDP-glucoronosiltransferase)

Enzimas que catalisam reações de biotransformação de Fase I


Citocromo P450 Esterases
Aldeído e Álcool desidrogenase Amidases
Desaminases Epoxi Hidratases

Enzimas que catalisam reações de biotransformação na Fase II


Glucoronil transferase (conj. Glucorónica) Etilases
Sulfotransferases (conj. Sulfato) Metilases
Transacilases (conj. a.a.) Glutationa transferase

Reações Metabólicas de FASE I

Oxidação Convertem o composto num metabolito ativo, mais polar, solúvel em água por:
Redução Adição de grupo funcional polar como radicais OH, SH, NH2
Hidrólise
Há perda de atividade (parcial ou completa)
Acetilação
Enzimas P450, Vitamina B, Minerais, BCAAs, Bioflavonoides, Glutationa

Oxidação – ação de oxidases de função mista


– Enzimas que utilizam NADP+ e O2 e atuam de forma pouco específica
– Principal complexo: Citocromo P450 (nas vesículas microssomais hepáticas)
– cit. P450 é induzido e ativado por diversos compostos (barbitúricos, etanol)
– Enzimas extra-microssomais (cit. B5) também agem na oxidação
– p.ex. benzeno → hidroquinona ou catecol

Redução – Ocorre contra a tendência oxidativa


– Envolve P450 redutase (dependente de NADPH+H+) (extra-microssomal)
– p.ex. nitrobenzeno → anilina

Hidrólise – Formas mais comum de sofrer hidrólise: Ésteres, Amidas, Nitrilos e Hidrazinas
– As Esterases microssomais não atuam nestas reações
– p.ex. ác. acetilsalicílico
Reações Metabólicas de FASE II

Conjugação (glutationa) Torna o composto hidrossolúvel por:


Glucoronidação
Conjugação de glucoronato, acetato e sulfato
Sulfatação
Metilação Glutationa transferase, Aminoácidos

Conjugação – formam compostos hidrossolúveis, excretados via renal (urina)


– Conjugações principais entre ác. uridina difosfato glucorónico (UDPGA -
Glucorónico) e: Glicina; Sulfato (PAPAS)
– Conj. Glucorónica ocorre na fração solúvel dos hepatócitos, com
compostos que apresentam grupos hidroxilo, carboxilo, amino, sulfureto
– p.ex. ác benzóico;
Álcoois e aminas (conj. c\ sulfato após ativação com ATP);
Álcoois carboxílicos (conj. c\ glicina na presença de CoA na mitocôndria); Conj.
mercaptúrica entre hidrocarbonetos aromáticos, aromáticos halogenados e
nitrobenzenos halogenados (excretados com resíduos de cisteínas e glutationa);
Bilirrubina - deficiência na Glucoronil transferase leva a acumulação desse composto
que é tóxico e pode causar danos neurológicos – Síndrome de Crigler-Najar do tipo II;
tratado com fenobarbital;
Sulfotransferases (citosol) catalisam sulfatação de esteroides, catecol e xenobióticos
(ex. etanol, PAHs carcinogénicos) – fácil de excretar (exceto esteres de sulfato de
compostos carcinogénicos)
Benzeno – Fase I – Fase II (conjugação com sulfureto) – se [benzeno] > capacidade do
cyP450, acumula-se metabolitos reativos que levam a stress oxidativo - afeta
membranas celulares, a nível imunológico e DNA (genotoxicidade)

Há quem considere a existência de uma Fase III que envolve compostos antioxidantes.

Antioxidantes: Vitaminas A, C e E Selerium


CoQ10 Cobre, Zinco
Bioflavonoides Glutationa

Órgãos contendo células ricas em enzimas de biotransformação

Fígado Hepatócitos
Rins Segmento S3 – proximal tubular cells (como é responsável pela eliminação
de xenobióticos, tem de estar protegido)
Pulmões Clara cells, células alveolares tipo II
Intestino Mucosa lining cells
Pele Células Epiteliares

As enzimas localizam-se em diversos tecidos, e algumas no plasma. Também as podemos


encontrar (sub-celular) no citosol, na mitocôndria, no RE (liso e rugoso) – sendo que apenas
as do RE são induzidas pelos xenobióticos (ou seja, quando o organismo nota a presença
desses compostos, ativa a produção de enzimas do RE. As outras podem ser induzidas para
processos de destoxificação ou outros mecanismos de metabolismo da célula).
Microssomas
Fração do RE obtidas por centrifugação - Usando forças e períodos de centrifugação
crescentes, e retirando de cada vez o pellet, será possível obter suspensões de núcleos, depois
mitocôndrias, lisossomas e peroxissomas, depois separam-se os pequenos microssomas.

Enzimas Microssomais

Grupo de enzimas associadas a certas frações particuladas do fígado


Oxidações, Reduções, Hidrólises e Conjugação Glucorónica. Existe um Sistema de Oxidase
de Função Mista (MFO) – monooxigenases (cyt. P450, glucoroniltransferase)
Requerem NADPH e oxigénio
Fígado, RE liso, rins, mucosas do intestino e pulmões
p.ex.: NADPH cyt. P450 redutase; cyt. P450

Enzimas Não-Microssomais

Conjugações, Hidrólises, Glucoronidação e alguma Oxidação e Redução


Presentes no citoplasma e mitocôndrias dos hepatócitos e noutros tecidos (plasma)
p.ex.: Esterases, Amidases, Conjugases, Flavoproteina oxidase

Nem todas as reações de Biotransformação são catalisadas por enzimas animais:


Bactérias
Bactérias da flora intestinal (anaeróbias do cólon)
Outras bactérias (endobióticas que catalisam outros xenobióticos em reações metabólicas
intermediárias)

Estas enzimas podem ajudar na desintoxicação ou podem formar metabólitos reativos.


Além disso ainda participam nas reações “normais” do organismo, ao biotransformar outros
endobióticos. - Economia na célula – 1 enzima em vez de 2
p.ex.: as enzimas cyt. P450 envolvidas na biotransformação de xenobióticos também
contribuem para o catabolismo hepático das hormonas esteróides, e as mesmas, UDP-
glucoronosiltransferases que conjugam xenobióticos também glucoronidam bilirrubina,
hormonas tiróideas e esteróides
- O tolueno (pelo cyt. P450 microssomal), o ác. cinâmico (por β- oxidação de a.a. na
mitocôndria) e o ác. quinico (a nível da flora intestinal) são convertidos a ác. benzóico. Esse
ác. benzóico é biotransformado a nível do citosol por conjugação com glicina e forma ác.
hipúrico que é excretado na urina.

STRESS OXIDATIVO
Componente importante no mecanismo de toxicidade de vários xenobióticos que contêm
uma quinona ou são biotransformado numa quinona ou Causado por acumulação de
xenobióticos tóxicos.
Órgãos com pouca atividade de superóxido dismutase são muito suscetíveis (coração)
Pode causar danos nas células (peroxidação lipídica das membranas), no DNA e proteínas.
- p.ex. hidroquinonas formadas por redução de 2e- através da substituição (ou não) do metil
da menadiona ou em correspondentes hipóxidos da quinona (estáveis à autoxidação). Os
derivados deste composto (metoxilo, glutationilo, hidroxilo) sofrem autoxidação e
produzem semiquinonas. Este processo envolve O2 (gasto) e libertação de ROS.
Stress oxidativo por ação de tóxicos
A produção de anião superóxido (•O2-) e o stress oxidativo são responsáveis, em parte, pelos
efeitos: - Cardiotóxicos da doxorubicina (adriamicina) e daunorubicina (daunomicina)
- Toxicidade do Paraquato e nitrofurantiona, e os efeitos neurotóxicos da 6-
hidroxidopamina
Para além disso, o stress oxidativo desempenha um papel importante na destruição das
células β do pâncreas pelo aloxano e ác. dialúrico

A exposição a xenobióticos (fármacos) ocorre maioritariamente por via digestiva (ingestão),


e o intestino e fígado são órgãos desenvolvidos para limitar a exposição sistémica dos
xenobióticos ingeridos, chamada de eliminação de 1ª fase (pré-sistémica)

Intestino – os enterócitos na zona apical das vilosidades intestinais produzem níveis


elevados de cyt. P450 e UDP-glucoronosiltransferase e expressam Glicoproteína P
(transportador de efluxo) que serve para limitar a absorção dos xenobióticos e assim diminuir
a circulação.

Alguns fármacos anticancerígenos requerem ativação por enzimas que metabolizam


xenobióticos de modo a exercerem efeitos antineoplásicos.
p.ex. a ciclofosfamida é ativada por cyt. P2B6 e outras enzimas cyt. P450; a TLK286 é ativada
pela glutationa-s-transferase, muitas vezes sobre expressa em tumores e assim confere
resistência contra fármacos antineoplásicos.

A potencial toxicidade e carcinogenicidade dos metabolitos eletrofílicos produzidos pelo cyt.


P450 e outras enzimas de biotransformação de xenobióticos é reduzida (muitas vezes
eliminada) pela sua conjugação com a glutationa (nucleófilo), enzimaticamente ou não
- Na maioria dos casos, a conjugação com a glutationa representa uma reação de
desintoxicação que protege nucleófilos celulares críticos de modificações covalentes que
podem ocorrer (como proteínas e DNA)
- Contudo existem casos onde a conjugação com glutationa produz metabolitos reativo com
DNA (mutagénico)
p.ex. dibromometano

O xenobiótico também pode já apresentar um grupo funcional possível de ser conjugado e


assim biotransformado diretamente por uma reação de Fase II.
p.ex. fenol conjugado diretamente num metabolito que pode ser excretado
- benzeno requer ambas as fases (benzeno oxidado a fenol (c\ OH) que depois é conjugado
por sulfatação na Fase II
ANTIOXIDANTES CELULARES

Substâncias capazes de, mesmo em poucas quantidades, competir com substratos oxidáveis
e adiar/ inibir a sua oxidação – combatem o stress oxidativo

Moléculas Pequenas
- Solúveis em água: glutationa, ác. úrico, ác. ascórbico (vit. C)
- Solúveis em lípidos: α-tocoferol (vit. E), β-caroteno, coenzima Q

Proteínas
- Intracelulares: SOD (I e II), glutationa peroxidase, catalase
- Membrana Celular: SOD (III), GPx, proteínas do plasma (ex. albumina)
- Extracelular: hidroperóxido fosfolipídico GPx (PHGPx)

CITOCROMO P450 (CYP)

Oxidases de Função Mista (MFO)

Proteínas hémicas (contém Fe2+ como grupo prostético)


A forma reduzida combina com o CO para formar cor rosa daí a letra P e mostra máx a 450nm
Famílias de cit. P450: numeração árabe (CYP1; CYP2...)
Cada Família tem Sub-Famílias: maiúsculas (A, B, C)
Cada Sub-Família tem alocado outro número árabe
p.ex. CYP3A4 e CYP2D6 biotransformam vários fármacos no organismo humano

Caraterísticas:
- Nº vasto de famílias (18/+ nos mamíferos)
- Cada membro catalisa a biotransformação de um único espetro de fármacos
- Algumas sobrepõe-se na especificidade do substrato
- Este sistema enzimático é um dos mais frequentes envolvidos nas reações de Fase I
- Responsável por ~50% de metabolismo dos fármacos de maior importância
- A Sub-Família CYP3A é responsável por cerca de metade do total de cit. P450 no fígado
- CYP3A4 é uma enzima particularmente abundante

Localização: Fígado
Outros tecidos: glândulas adrenais, ovários e testículos (defesa dos gâmetas),
tecidos envolvidos na síntese e metabolismo de esteróides
Localização sub-celular: RE

Mecanismo de Reação
O xenobiótico é oxidado
O oxigénio é reduzido a H2O
O NADPH fornece equivalentes de redução; a geração deste cofator está acoplada ao citocromo

Reações
Hidroxilações aromáticas e alifáticas
Desalquilações em átomos de N e S
Reduções em átomos de N
Hidrólise de amidas e ésteres

Inibidores: p.ex. toranja


Acetaminofeno (Paracetamol) → CYP450 oxida → Reações de conjugação. Se não houver
conjugação, forma metabolitos tóxicos que vão afetar proteínas e provocar hepatoxicidade

Cigarro vs. Marijuana – cada um apresenta os seus próprios efeitos no organismo, que
dependem da dose.
Marijuana – Agudos: Perda de coordenação; olhos avermelhados, apetite, relaxação
muscular, sonolência
– Crónicos: Sintomas psicóticos, Tosse e pieira, Capacidade de combate a
infeções
Inalação do fumo contendo THC causa efeitos psicoativos em min. 10-35% absorvidos
durante o dumo e ocorre um pico plasmático da [THC] entre 3 a 10min após inalação.
Volume de distribuição em steady state: 2.5 – 3.5 L/Kg. Canabinoide lipossolúvel e
acumula-se no tecido adiposo. THC distribui-se pelos tecidos vascularizados (fígado,
rins, coração, músculo). Após absorção tempo de semi-vida <10min. Metabolizada
através de reações de hidroxilação e oxidação pelo sistema do CYP450 (CYP2c e
CYP3A4). Após 72h 15% do THC excretado na urina e 50% nas fezes.
THC liga-se aos recetores canabinoides CB1 nos terminais do nervo pré-sináptico do
cérebro. Liga-se a recetores que controlam a memória, concentração, coordenação de
movimentos, perceção temporal e de profundidade
Inibe o crescimento de tumores, relaxante muscular, retarda o Alzheimer.
Tabaco – Agudos: Paralisia muscular e falha respiratória
– Crónicos: doença vascular coronária e periférica, Doença crónica obstrutiva dos
pulmões, Úlcera péptica e distúrbios reprodutivos
Nicotina – solúvel em água e lípidos, rapidamente absorvida pelo organismo via sistema
respiratório; pele e intestino (em solução alcalina). Concentração diminui assim que se
distribui por outros tecidos (ex. cérebro). Tempo de distribuição: 9min. Fígado
metaboliza 80-90% e os pulmões em menor %. Metabolito principal: cotinina.
Metabolitos: 1-N-oxido de nicotina. Excreção na urina.
– Alcaloide liga-se aos recetores colinérgicos da nicotina. Efeito estimulante
e de recompensa (sistema límbico). Dose intravenosa causa libertação de acetilcolina,
norepinefrona, dopamina, serotonina, etc.
Reduz a capacidade cognitiva, dos sentidos; aumenta o risco de esquizofrenia;
Risco de Parkinson e Alzheimer é menor

FATORES QUE INFLUENCIAM A BIOTRANSFORMAÇÃO


- Sexo (jovens humanos mais suscetíveis a barbitúricos que mulheres)
- Doença (doença hepática  capacidade metabolização; doença renal  capacidade excreção)
- Ritmo Cardíaco (o metabolismo de alguns fármacos segue o ritmo cardíaco diurno em ratos)
- Diferença entre espécies
- Posologia (doses tóxicas podem provocar depleção de enzimas de desintoxicação)
- Idade (fígado incapaz de desintoxicar fármacos (cloranfenicol) em recém-nascidos)
- Via de Administração
- Dieta (inanição causa diminuição das reservas de glicina – altera mecanismo de conjugação)
- Genética (metabolismo de alguns fármacos controlado geneticamente – hidrólise da
acetilcolina)
- Propriedades químicas dos fármacos (alguns fármacos conseguem inibir/estimular o
metabolismo de outros fármacos – fenobarbital estimula metabolismo de difenil-hidantoína)
Aula 9
STRESS CELULAR
O stress por agentes de toxicidade pode causar modificação da membrana celular, o que
resulta na perturbação ou perda da sua função.

Feridas nas células interferem com a produção de ATP ou levam a danos na membrana.
- Se houver falha na bomba ATPase de Na-K (por falta de ATP) ou dano na membrana
celular, há influxo de Na+, Ca2+, e H2O para o interior → Leva a um inchaço da célula,
mais notório no RE e mitocôndrias.

Danos e alterações na célula


Causas mais comuns: isquemia, hipoxia, agentes tóxicos/toxinas, agentes infeciosos

Morfologia do dano celular:


Depende da severidade, tipo do agente, duração e
Dano celular: Reversível
frequência da exposição, capacidade de reversão
Irreversível
Morte celular: Necrose (morte de um conjunto de células)
Apoptose (morte celular programado)

Dano Reversível: Aumento do volume (swelling) quando as células são incapazes de


promover a homeostasia iônica. (ex. Função das bombas dependentes de ATP)
Dano Irreversível: (Necrose) Desnaturação de proteínas e digestão dos componentes
celulares (por enzimas).
Alterações: na membrana (lipoperoxidação, mudanças na permeabilidade), ao nível da
regulação e volume iónico causado por perda de ATP, aumento da quantidade de
vacúolos, mitocôndrias (disfunção ou degradação), dilatação do RE rugoso e alterações
a nível do núcleo (mutagénico?).
→ As células têm capacidade de autorreparação das membranas dada pela sua
dinâmica e flexibilidade. Se o dano oxidativo ultrapassar essa capacidade, há
morte celular.

Disfunção da Mitocôndria
Qualquer anomalia num dos processos caraterísticos da mitocôndria.

A mitocôndria produz ATP por fosforilação oxidativa, mas também participa na


geração e desintoxicação de ROS, em algumas formas de apoptose, na
regulação de Ca+ citoplasmático e mitocondrial e na síntese e catabolismo de
metabolitos e transporte de organelos na célula.

Fatores: Genéticos, Doenças mitocondriais, Estilo de vida sedentário, Obesidade e


outras doenças metabólicas, Stress oxidativo, ROS.

- Inibição do cyt. C oxidase leva a acumulação de ROS e stress oxidativo.

A perda de função por stress oxidativo leva a alterações na produção de ATP, alteração
na degradação de ácidos gordos e na modulação da homeostasia iónica (ex. Ca2+),
alterações na sinalização intracelular e em processos de iniciação de necrose/apoptose.
Toxinas/Tóxicos ambientais levam à formação de ROS através da inibição do complexo I da
cadeia de transporte de eletrões (CTE) e diminuição da produção de ATP

Mecanismos Antioxidantes
Superoxidismutase (SOD) converte o anião
superóxido em peróxido de hidrogénio (tóxico)

Catalase converte peróxido de hidrogénio em


água e oxigénio.

→ PAH’s causam disfunção mitocondrial;


→ A falta de oxigénio pode levar a problemas como hipoxia.

Desregulação Celular
Induzida por tóxicos e alteração tóxica da manutenção celular. Reparação molecular e celular.
Alteração da sinalização celular.

Desregulação da transcrição por químicos – alteram a região de regulação dos genes através
de interação química direta ou alterando o padrão de metilação. Os xenobióticos podem
desregular a transcrição.
p.ex.: Talidomida (ou produto da hidrólise) exerce um efeito teratogénico no embrião, por
intercalação nas sequências BBBCGG (GC boxes) que são locais de ligação do Sp1
(ativador da transcrição para a RNA polimerase II)
- Impede o fator-1 de crescimento tipo-insulina (IFG-2) e a via de sinalização do
fator-2 de crescimento (FGF-2) necessários para a angiogénese e formação dos
membros, uma vez que ambas as vias envolvem diversas proteínas cujos genes
contém GC boxes na região de regulação (mas que carecem de boxes TATA e
CCAAT)
- o produto da hidrólise deste fármaco é um análogo da glutamina e mimetiza
o domínio rico em glutamina da proteína SP-1

Desregulação da transdução de sinal – Ocorre ao nível de moléculas de sinalização


extracelular como Fatores de Crescimento, Citoquinas, Hormonas e Neurotransmissores.
- Por alteração da fosforilação de proteínas, por vezes interferindo com a atividade da
GTPase das proteínas G (ex. RAS)
- Por disrupção das interações proteína-proteína normais
- Estabelecendo interações deficientes
- Alterando a síntese ou degradação das proteínas sinalizadoras
Pode influenciar a progressão a nível do ciclo molecular

Alteração química da transdução de sinal com efeito proliferativo:


- Os compostos tóxicos (ou xenobióticos) que facilitam a fosforilação dos transdutores
sinal promovem com alguma frequência a mitose e formação de tumores.
p.ex. ésteres de forbol e fumosina β que ativam a proteína cinase C (PKC) –
mimentizam o diacilglicerol (DAG), um dos ativadores fisiológicos da PKC
Avaliação de Risco
Perigo – potencial causa de dano
Risco – probabilidade de ocorrência de dano/efeito adverso em circunstâncias definidas
baseadas na exposição e potência de um agente perigoso

A avaliação de risco permite minimizar o risco e a exposição a um agente tóxico.


A informação criada pela avaliação do risco é utilizada para compreender o tipo, a
frequência, e as vias de exposição
Risco = Exposição x Toxicidade
Duração da Exposição
Exposição Aguda – Curta duração (ex. minutos, horas, dias) com doses altas
– Pode resultar em efeitos agudos que podem variar entre leves e
extremos.
Exposição Crónica – Longa duração (anos-lifetime) com doses baixas (ex. fumo de carros)
– Pode resultar em efeitos crónicos muito graves e que podem não ter
cura (ex. cancro, problemas neurológicos, obstrução crónica, etc) e que
aparecem muito tempo depois

Cálculo do Risco de Cancro


Probabilidade de desenvolver cancro após exposição a químicos – probabilidade (0 a 1) ou
fração (1 em 10, 1 em 100…)

Etapas da Avaliação do Risco


A avaliação do risco inclui 4 etapas:
Identificar - Identificação do perigo
- Caraterização do perigo;
Avaliar - Avaliação do perigo (exposição)
- Caraterização do risco.
Eliminar
É a avaliação científica sistemática dos
potenciais efeitos adversos para a saúde em
Mitigar
resultado da exposição humana a agentes ou
situações perigosas
Monitorizar

Gerir e
Reportar

Numa vertente mais dedicada à política, ficam


encarregues de avaliar e gerir as medidas a serem Comunicação
tomadas, assim como a monitorização do do Risco
desenvolvimento dos efeitos após aplicação das medidas Gestão do
Risco
(melhorou ou não).
(política)
Todos os membros associados a esta gestão de medidas
estão também responsáveis pela transmissão da Avaliação
mensagem à população comum sobre o risco de estar do Risco
(ciência)
exposto a um determinado tóxico e os efeitos associados.
(p.ex. cientistas disponibilizam os dados obtidos)
Gráfico de cores para representação (simples) da severidade do risco
Risco

1 Pesquisa

Medição da Exposição; Perceção e conhecimento de Nova


Avaliação das populações expostas; novos mecanismos adjacentes à informação
Observação dos efeitos. toxicidade genómica

2 Avaliação do Risco

Usa a nova informação para


responder a questões: “O Avalia a relação Dose-
Estudos de exposição com
agente causa problemas na Resposta (p.ex. LD50) com
tipos, doses e durações de
saúde?” baseado em análises atenção à suscetibilidade
exposição diferentes para
na atividade estrutural, testes dependente da idade, gênero,
caraterizar o risco
in vitro, testes animais e genética, etc.
epidemiologia.

Caraterização do Risco
Qual a natureza e incidência de efeitos adversos estimada para uma determinada população?
Quão robusta é a evidência? Há um modelo de ação relevante?
Quão certa é a avaliação? A população suscetível foi caraterizada?

Gestão do Risco
3 - Decisões e Ações Políticas

Informação da população e Avaliação da saúde pública,


desenvolvimento de medidas economia e de contextos sociais e
regulatórias para controlar políticos para gestão das medidas
(monitorizar) e minimizar (a tomadas (se estão a ter efeito ou
exposição) não).
Avaliação de risco
Informação sobre efeitos na saúde humana que podem advir de:
- Observação em humanos (casos de estudo, epidemiologia, etc.) - dados quantitativos
estatísticos
- Estudos toxicológicos em animais
- Estudos in vitro
- Relações estrutura-atividade do agente tóxico

Enquadramento da Gestão de Risco na Saúde Ambiental (EUA)


Compreende 6 etapas: 1. Formulação do problema num contexto geral de saúde
2. Análise dos Riscos
3. Definição de opções
4. Tomada de decisão para redução de riscos
5. Implementação dessas ações
6. Avaliação da eficiência das ações tomadas

Objetivos: - Balanço de Riscos e Benefícios associados à utilização de determinados


compostos que podem ser tóxicos para saber se os benefícios compensam o
risco.
- Estabelecer Níveis de Risco, ou seja, o limite de dose que pode ser administrada
- Estabelecer prioridades para as atividades por agências reguladoras,
manufatureiros ou organizações ambientais
- Estimar riscos residuais e extensão da redução de risco após adoção de
medidas de redução

Gestão de Risco
Processo pelo qual as ações políticas são selecionadas para controlar os perigos identificados
na etapa de avaliação do risco.

Comunicação do Risco
Processo de fazer com que a avaliação de risco e gestão de risco se tornem compreensíveis
para o publico ou determinados grupos (p.ex. advogados, ambientalistas, comerciantes, etc.)
- Linguagem simples para ser explícita para qualquer tipo de público, respondendo a
perguntas simples “É seguro ou não?

Avaliação da Toxicidade
A informação é produzida através de: Estudos de relação estrutura-atividade (SAR)
Estudos in vivo (animais) ou de curta duração
Informação de estudos epidemiológicos

A informação muitas vezes é limitada. A produção de novos compostos é tão elevada, que
os estudos sobre a sua toxicidade (genotoxicidade, mutagenicidade, ecotoxicidade, etc.) não
acompanha a sua produção

1. Métodos SAR de avaliação de toxicidade


Um ensaio carcinogénico de lifetime em roedores é dispendioso. A decisão de seguir o
desenvolvimento químico ou requerer testes adicionais pode ser baseado largamente nos
resultados de SAR e em ensaios limitados de curta duração.
Informação sobre estrutura, solubilidade, estabilidade, sensibilidade do pH,
eletrofilicidade, volatilidade e reatividade química podem ser importantes para identificar
o perigo

2. Caraterização do Risco
Considerações quantitativas na avaliação do risco como:
Avaliação dose-resposta; Avaliação da exposição; Variabilidade na suscetibilidade;
Caraterização da incerteza
ex. NOAEL- no observed adverse effect level; LOAEL-lowest observed adverse response
level

3. Testes in vitro e de curta duração


Para avaliação do químico são feitos testes in vitro ou de curta duração.
Ensaios de mutagenicidade com bactérias
Ensaios com tinção da pele em ratos
Ensaios em focos de células hepáticas in vivo

A validação e aplicação de ensaios de curta duração é particularmente importante em


avaliação do risco porque estes ensaios podem ser desenhados para fornecer
informação acerca de mecanismos de efeitos, para além de serem rápidos e de custo
reduzido comparados com os ensaio do tipo lifetime.

Validação de ensaios in vitro


Requerem a determinação da sua sensibilidade (capacidade de identificar verdadeiros
carcinogénicos), especificamente (capacidade em reconhecer não-carcinogénicos como
não-carcinogénicos) e valor preditivo para o endpoint em avaliação.

Ensaios in vivo (em animais)


Após ensaios in vitro. São um fator chave no processo de identificação do perigo.
Uma premissa básica da avaliação de risco é que os químicos que causam tumores
em animais podem causar tumores em humanos.
Todos os carcinogénicos para o homem testados em animais de forma adequada
produzem resultados positivos em pelo menos um modelo animal.

Toxicocinética – refere-se ao processo de absorção, distribuição, metabolismo e


eliminação de um tóxico.

Toxicodinâmica – refere-se às ações e interações do tóxico no organismo e descreve o


processo a nível dos órgãos, tecidos, células e moléculas.

A extrapolação entre animais e humanos (espécies diferentes) é incerta, considerado


devido a fatores cinéticos e dinâmicos desse agente tóxico
Aula 10
ECOTOXICOLOGIA
Pesticidas – sintetizados para matar, mas como o seu modo de ação não é específico para
para uma espécie, muitas vezes matam outros organismos incluindo humanos.

Inseticidas – Divididos em diversos tipos de químicos: Organoclorados


Organofosforados
Carbamatos
Piretroides
Herbicidas

A exposição a pesticidas pode causar uma séride de efeitos neurológicos


p.ex. perda de memória, coordenação; redução de velocidade de resposta a estímulos e
de capacidade visual; alteração incontrolável de humor e do comportamento geral;
asma, alergias e hipersensibilidade; exposição crónica: aparecimento de cancro, desordens
hormonais, problemas ao nível da reprodução e desenvolvimento fetal

Cyclosarin – organofosforado; em sistemas in vivo, reage formando uma ligação covalente


com uma serina (resíduo de a.a.) que provoca a inibição na atividade de
acetilcolinesterase (AchE) e butirilcolinesterase (BuChe, ou pseudo-colinesterase).
- Inibição de AchE leva a acumulação de acetilcolina nas sinapses colinérgicas e
eritrócitos com subestimulação dos recetores colinérgicos do tipo nicotínico ou ... Há
também abertura permanente dos canais de sódio (Na+) que pode levar a espasmos
musculares e possível morte. Estes recetores estão localizados na maioria dos órgãos do
corpo, ocorre a chamada síndrome colinérgica: suor, salivação, secreção e constrição
bronquia, motilidade gastrointestinal, diarreia, tremores, espasmos musculares e outros
ao nível Sistema Nervoso Central.
- São ambos biomarcadores de exposição ou efeitos (de organofosforados).
- Outros organofosforados: metilparatião, clorpirifos, etc
- Morte pode ocorrer por falha do sistema respiratório (inibição ao nível de centro
respiratório do cérebro), constrição bronquica, paralisia dos musculos da respiração...

Desregulação Endócrina
Desregulador Endócrino – substância química exógena que interfere com a síntese, secreção,
transporte, ligação, ação ou eliminação das hormonas endógenas do organismo e que são
repsonsáveis pela manutenção da homeostasia, reprodução e desenvolvimento. (p.ex. vários
pesticidas como inseticidas organocloreados, DDT)
- Mecanismos de toxicidade endócrina e fases do ciclo de vida mais sensíveis (extremos
de idade são os mais sensíveis)
- Fonte: Períodos críticos:
Alimentação Intrauterino
Contaminação Ambiental Perinatal
Plástico Puberdade (fertilidade)
Compostos Medicinais Adulto
Butirilcolinesterase
Efeitos: Mecanismos:
(BuChe)
Comportamento dimorfismo sexual Percursor hormonal
Infertilidade Metabolismo de esteroides
Desenvolvimento neuronal Recetores esteroides
Substratos sensíveis a esteroides
uChe)
Mecanismo de toxicidade – Arsénio
- Metalóide; Os compostos do arsénio trivalente reagem com os grupos tiol, podendo
assim inibir enzimas ou alterar proteínas.
- O arsénio é um desacoplador da fosforilação oxidativa mitocondrial – provavelmente
através de um mecanismo de substituição competitiva de arsénico por fosfato inorgânico
na formação de adenosina trifosfato (ATP). – Efeito a nível da acumulação de ROS
- O gás de arsénico forma-se através da reacção com H e é um potente agente hemolítico
(hemólise dos globulos vermelhos).

Efeitos do Cádmio a longo prazo


- Danos renais, doença pulmonar obstrutiva, osteoporose, doença cardiovascular, cancro.
Efeitos crónicos mais preocupantes de que os agudos (são mais raros).
- O cádmio liga-se à albumina plasmática e a proteínas de baixo peso molecular. Estes
complexos são transportados até aos hepatócitos onde se conjugam com a glutationa, que
facilita a excreção do cádmio. Também podem ser transportados para os rins onde vão
exercer danos adversos e provocar insuficiência renal. As metalotioneínas são proteínas
ricas em cisteínas e compostos tiólicos que se ligam ao Cd e o transportam para os rins
para ser excretado pela urina ou fezes ()

Solventes – Químicos orgânicos líquidos usados para dissolver materiais sólidos.


– Nenhum é seguro. Todos, naturais ou sintéticos, são tóxicos
– p.ex. Metanol – convertido em formaldeído por uma álcool desidrogenase; por
sua vez é convertido a um formato por uma formaldeído desidrogenase; e de
seguida em CO2 por folato (limitado). → conversão lenta

Síndrome Aguda de Radiação – toxicidade de radiação; sintomas ocorrem 24h após exposição
à radiação ionizante
– Degradação celular por danos no DNA (ou outras moléculas chaves) – Estes danos
geralmente afetam a capacidade de divisão celular, que podem ocorrer em apenas 2h e
durar meses/anos.
– Dependentes da duração da exposição Baixas doses originam problemas
gastrointestinais (náuseas e vómitos), diminuem a contagem celular sanguínea,
predisposição para infeção e hemorragias.
– Doses elevadas originam efeitos neurológicos e morte rápida. Tratamento: transfusão
de sangue e antibióticos (cónico: transplante medusa)

Toxinas Naturais
Inibidores Enzimáticos
– Da colinesterase – em batatas, tomates, beringelas
– De proteases – rebentos de soja
– Da amilase – farinha de trigo
– De taninas – no chá, café e chocolate

– Glicosídeos cianogénicos – mandioca


– Goitrogénicos (glicosinolatos) – couves
– Proteína lectina (fitohemaglutininas) – no feijão vermelho
Anti-Vitaminas
– Apesar de não tóxicos por si só, interferem com a função de absorção dos nutrientes
essenciais.
– Compostos anti tiamina (anti vitamina B): arroz, rebentos de feijão, rebentos de couve de
bruxelas, beterraba
– Avidina – clara de ovo crua

ECOTOXICOLOGIA = Toxicologia Ambiental


Ramo da toxicologia que estuda os efeitos das substâncias, naturais e artificiais em seres
vivos, animais ou vegetais, aquáticos ou terrestres, que constituem a biosfera.

A análise ecotoxicológica permite detetar a toxicidade da amostra como um todo, os efeitos


combinados dos diferentes constituintes da amostra.
A análise química permite apenas quantificar as substâncias isoladas presentes numa
amostra.

Os estudos são elaborados a nível do indivíduo, da população, da comunidade ou do


ecossistema, podendo prolongar-se durante alguns anos

Extrapolação para o ecossistema


Objetivo: manutenção da estrutura e das funções dos sistemas naturais

Caraterização do comportamento dos compostos químicos:


Fonte, distribuição, exposição, dinâmica e transporte entre compartimentos
– Necessário medir as substâncias químicas nos diferentes compartimentos do ambiente
(p.ex. ar, solo, água, sistemas biológicos)
– Conhecer o movimento, forma de transporte dos químicos entre compartimentos
– Seguir o químico à medida que é metabolizado, degradado, armazenado ou
concentrado em cada compartimento

Dinâmica Química – Chemodynamics


– O transporte dos xenobióticos ocorre nos compartimentos ambientais (intrafase) e
entre eles (interfase)
– Num cenário de libertação de um xenobiótico para o ambiente, este é distribuído por
vários compartimentos; está envolvido em movimentos e reações entre compartimentos;
distribui-se entre o compartimento e o biota e finalmente alcança um local ativo um
organismo numa concentração tal para produzir um efeito

Comportamento e biodisponibilidade
– Parâmetros físico-químicos influenciam o comportamento, forma, biodisponibilidade,
etc. (pH, temperatura)

Bioacumulação – Acumulação de um xenobiótico ao longo do


tempo
Bioamplificação – Acumulação de um xenobiótico ao longo dos
níveis tróficos
– Permite: Modelação da exposição e efeitos;
Monitorização Ambiental
Avaliação do risco ambiental e saúde humano
Dose Externa – Dose a qual os animais selvagens estão expostos por contacto a um
ambiente contaminado.

Dose Biológica Efetiva – dose interna necessária para desencadear uma resposta ou efeito
na saúde, internalizada por inalação, ingestão ou absorção dérmica.

Poluente – substância tóxica e perigosa que produz sempre um efeito adverso na saúde.
Substância exógena ou componente de uma substância original que excedeu os níveis
toleráveis.

Contaminante – substância exógena ou impureza que contamina, mas pode não causar
efeito adverso.

Biomarcador – Marcador Biológico – alteração mensurável induzida por xenobióticos nos


componentes celulares ou bioquímicos, nos processos, estruturas, comportamentos ou
funções de um sistema biológico (amostra)
– Caraterística mensurável e avaliada como indicador de processos biológicos normais,
processos patogénicos ou respostas farmacológicas a intervenção terapêutica

O interesse crescente da possibilidade de usar animais selvagens como sentinelas de


“doenças” ambientais do Homem gerou a necessidade da utilização de biomarcadores não-
letais e que se correlacionam com os efeitos adversos observados no homem

Biomarcadores:

De Exposição
(de dose interna)
- Confirmam e avaliam a exposiçaõ do indivíduo a um xenobiótico
- Procuramos a presença de um xenobiótico ou seus metabolitos ou o produto de
uma interação entre um xenobiótico e uma molécula alvo ou célula determinada
num dado compartimento de um organismo
- Utilizados para prever a dose recebida por um indivíduo e que pode ser
correlacionada com as alterações que provocam o estado de “doença”
- Em muitos casos são os mais convincentes de determinar pois o contaminante ou
os seus metabolitos podem ser quantificados a partir de amostras

De Efeito
(de resposta)
- Efeitos adversos decorrentes da exposição e absorção do xenobiótico; a ligação dos
biomarcadores entre exposição e efeitos contribui para a definição da relação dose-
resposta
- Alterações mensuráveis de natureza bioquímica, fisiológica, comportamentais ou
outras num organismo que, dependendo da sua magnitude, podem ser reconhecidas
como um estado de “doença” ou desequilíbrio potencial
- Testes específicos para cada xenobiótico – aplicação limitada
De Suscetibilidade
- Permitem elucidar o grau de resposta da exposição provocada nos indivíduos
- Resultado indicativo de um estado fisiológico ou bioquímico que pode predispor o
indivíduo ao impacte de agentes químicos, físicos ou infeciosos
- Podem ser úteis na previsão de estados de doença no homem a partir de sentinelas
do ambiente (animais).
O mesmo xenobiótico pode induzir diferentes proteínas em diferentes espécies; uma mesma
enzima pode apresentar diferentes especificidades para o substrato em diferentes espécies
ou mesmo em espécies relacionadas (p.ex. rato e ratinho)

Testes de Toxicidade
Agudos Servem para determinar os efeitos de curto prazo e
Crónicos de longo-termo após exposição a um xenobiótico

Diversidade de endpoints – sobrevivência, reprodução, respostas bioquímicas e fisiológicas


Objetivo – compreender os efeitos de compostos isolados ou em misturas; procuram
estabelecer uma ligação causa-efeito

In vivo (animais) ou in vitro (bactérias)

Os resultados obtidos dos testes são usados para:


– Determinar os efeitos patológicos dos contaminantes
– Fornecer dados essenciais para a análise de efeitos previamente descobertos em ensaios
de campo
– Identificar efeitos potenciais a considerar nos ensaios de campo e fornecer dados de
dose-resposta para comparação com os níveis de exposição no campo

Apesar de medirem efeitos ao nível do indivíduo, estes testes são desenhados com o
propósito de proteger os ecossistemas da perturbação causada pela ação antrópica

No entanto, estes testes podem não ser realistas em termos de previsão dos efeitos em
ecossistemas complexos
Contudo, alguns investigadores alegam o fato de serem suficientemente conservativos e
como tal poderem ser usados como indicadores de efeitos potenciais ao nível da estrutura da
comunidade

Efeitos Sub-Letais
- A mortalidade representa um endpoint irreversível de interesse em toxicologia – a maioria
dos contaminantes existe em concentrações não-letais
- Compreender e monitorizar os efeitos sub-letais da exposição aos contaminantes nos
organismos é de extrema importância.
- Análises bioquímicas e fisiológicas nos animais e plantas sentinelas na avaliação da
exposição e efeitos

Importância da determinação dos efeitos sub-letais na avaliação do risco


1. Fornecem informação não disponível apenas pela medição da concentração de
xenobióticos nos tecidos – os xenobióticos podem ser rapidamente metabolizados e não seria
possível medi-los ou quando da exposição do organismo a misturas complexas, não seria
possível prever os efeitos apenas pela concentração
2. Alterações bioquímicas ou moleculares têm sido associadas à redução da fecundidade,
crescimento e da bioenergética dos organismos afetados – as perturbações da função sub-
celular podem afetar o desempenho e saúde dos animais, podendo ser extrapolados para a
população e comunidade
LD50: dose que provoca 50% da mortalidade na população
LC50: concentração letal que provoca 50% de mortalidade na população
LD0: dose onde não ocorre mortalidade
LD10: dose que provoca 10% de mortalidade na população
ED: dose efetiva–usada para indicar um efeito adverso efetivo

Efeitos na população e na comunidade


- Um dos maiores objetivos da ecotoxicologia é a detenção e a prevenção de efeitos dos
xenobióticos e na estrutura e função da população
- Esses efeitos podem ser determinados através da recolha de dados ou simulados usando
modelos matemáticos

Genotoxicidade
Eco-genotoxicidade: área de estudo recente que beneficiou dos avanços da biologia e
genética molecular

Preocupa-se com os efeitos dos xenobióticos (mutagénicos, clastogénios, teratogénicos...) no


material genético dos organismos (DNA, RNA e cromossomas) mas pode também incluir
modificações das proteínas.

Ensaios de campo Os ensaios de campo são desenhados para avaliar/estudar a exposição aos
xenobióticos e os efeitos resultantes nos organismos fora do ambiente controlado do
laboratório. Podem ser desenhados especificamente para responder às preocupações que
surgem no contexto da experiência laboratorial ou para testar modelos de previsão de efeitos
após a exposição a determinados níveis de xenobióticos.

Método do Quociente – Para medição do risco normalmente utilizado para riscos ecológicos
- Emprega a fórmula da concentração ambiental esperada e divide pelo impacto tóxico
(quociente > 1 indica risco significativo)
- Valores tóxicos estão avaliados de forma ascendente e depois transformados em
𝑖 × 100
percentagens cumulativas usando a transformação: 𝑛+1
(observação i de um total de n observações, começando na de menor valor tóxico)

Modelos de Toxicinética
Estratégia – incorporação dos modelos do tipo “farmacocinética baseada na fisiologia”
(PBPK) em avaliação do risco em ecotoxicologia.
Inicialmente criados para estudos de farmacocinético, mas agora também para
ecotoxicologia
Toxicocinética
– Estudo quantitativo do movimento de uma substância desde a sua entrada no corpo,
distribuição aos órgãos e tecidos através da corrente sanguínea e deposição final por
biotransformação – Determina o número de moléculas que alcançam os respetivos recetores
Tem em conta: Entrada
Transporte, Metabolismo e Biotransformação
Acumulação
Excreção

– Os conceitos básicos para absorção, distribuição, metabolismo e excreção no organismo


vieram do estudo da ação dos fármacos e por isso esta área é usualmente referida como
farmacocinética

– Na toxicocinética realizam-se estudos desde o efeito adverso dos fármacos ou tóxicos até à
forma como a cinética de disposição destes agentes tóxicos causam efeitos deletérios nos
organismos vivos.

– Passos:

Absorção Distribuição
Metabolismo Excreção
Barreiras das Plasma / Sangue
membranas Fase I (oxidação) (Rins, Fígado,
Xenobiótico externas
 Pulmões, Saliva,
Fase II Suor, Leite
Tecidos
(pele, trato G.I. (conjugação) (peito))
pulmonar) (deposita,

Inclui absorção (transferência do local de administração para a circulação


geral), distribuição (via circulação geral para dentro e fora dos tecidos) e
eliminação (da circulação geral por metabolismo ou excreção).

Toxicodinâmica
– Farmacodinâmica em farmacologia

– Estudo da ação dos tóxicos nos organismos vivos, descreve as interações dinâmicas de um
químico com um alvo biológico (local de ação) incluindo as reações e ligações aos
constituintes celulares, e os seus efeitos – Determina o número de recetores que interagem
com o tóxico

– Tem em conta: Ligação


Interação
Indução de efeitos Tóxicos

– Os alvos podem ser: Proteínas, DNA, recetores...


– Quando o tóxico entra no organismo interage com estes recetores e produzem
alterações estruturais e funcionais.
– Importância: – Estimar a possibilidade de o tóxico causar efeitos nocivos e qual a
população que pode estar em risco
– Estabelecer procedimentos preventivos e estratégias de tratamento
– Desenvolver produtos mais específicos e seguros para a espécie Humana
(p.ex. produzir inseticidas mais específicos para uma espécie apenas)

Diferença entre Toxicocinética e Toxicodinâmica


– Toxicocinética – forma como é “entregue” ao organismo alvo, distribuído e excretado
– Toxicodinâmica – forma como reage com os compostos celulares e os efeitos dessa reação

Modelos de Compartimento em Toxicocinética


Entrada e Eliminação

– K1 > K2: acumulação e efeito tóxico

– O estudo da toxicocinética baseia-se na descrição matemática:


• Modelos da evolução ao longo do tempo da disposição do tóxico em todo o
organismo
• A abordagem clássica para descrever a cinética dos compostos é a representação
do corpo como um sistema de 1 ou 2 compartimentos, mesmo que esses
compartimentos não tenham a correspondência exata com as estruturas anatómicas
ou os processos fisiológicos

1
- Ka, constante de taxa de absorção; Kel,
constante de eliminação de 1ªordem

2 - Ka - constante de taxa de absorção no


compartimento central;
- K10 - constante de eliminação de 1ªordem do
compartimento central;
- K12 e K21 - constantes de 1ªordem para a
distribuição entre os compartimentos central e o
periférico
Modelo de 1 compartimento
• A avaliação mais direta e objetiva baseia-se na quantificação da concentração de
um tóxico no plasma sanguíneo várias vezes ao longo do tempo, após injeção
intravenosa.
• Frequentemente, os dados obtidos seguem uma linha reta quando são
representados graficamente como logaritmo das concentrações no plasma vs.
tempo; a cinética do tóxico diz-se estar conforme o modelo de 1 compartimento.
• Matematicamente, significa que o perfil do decréscimo na concentração
plasmática ao longo do tempo segue um padrão exponencial simples ou a sua
transformação Log
– A constante de taxa de eliminação (Kel) pode ser determinada através do declive do
Log(C) vs. tempo

– A relação entre a semi-vida (t ½) de eliminação para Clearance e tempo de semi-vida


de volume de eliminação é um conceito importante pois determina a persistência de
um tóxico após descontinuação da exposição
• Clearance – um parâmetro toxicocinético que relaciona a taxa de eliminação do
tóxico de todo o organismo em relação à fração plasmática.
• O tempo de semi-vida de eliminação é dependente do volume de distribuição
(Vd) e da Clearance

Absorção e Biodisponibilidade
– Para a maioria dos tóxicos, a exposição ocorre por vias extra-vasculares (p.ex.:
inalação, derme, oral), e a absorção para o sistema circulatório é incompleta (exceto
intravenosa).
– A extensão da absorção de um agente tóxico pode ser determinada
experimentalmente comparando a AUC da concentração plasmática após dose
intravenosa e extra-vascular.
– Uma dose intravenosa assegura a “entrada” da dose (100%) na circulação sistémica,
o rácio da AUC deve igualar a fração absorvida da dose extra-vascular e alcançar a
circulação sistémica na forma intacta – Biodisponibilidade (F)
– Biodisponibilidade pode ser determinada usando doses iv ou não-iv, desde que o
tóxico não apresente uma cinética dependente da dose ou cinética de saturação
• Varia entre 0 e 1 (1- 100% do químico injetado entrou em circulação)
• Biodisponibilidade é avaliado pela quantidade de dose que chega à circulação de
acordo com a forma como o tóxico é absorvido do seu local de aplicação e
quaisquer processos intervenientes que podem remover ou inativar o tóxico entre
o seu local de entrada e a circulação sistémica.
• Muitas vezes referida como disponibilidade sistémica.
Cinética dos Metabolitos
– A toxicidade de um químico/tóxico em alguns casos pode ser atribuída aos seus
produtos de biotransformação, por isso a formação e cinética de disposição
subsequente de um metabolito tóxico é de enorme interesse.
– A concentração plasmática de metabolitos aumenta à medida que o composto tóxico
inicial é transformado em metabolito. Os metabolitos são sujeitos a reações adicionais
até produzir um produto não-tóxico ou é então excretado por via renal ou pela bílis.
– A um dado ponto no tempo, a concentração do metabolito no plasma aumenta
(pico) e de seguida há um rápido decréscimo
Análise Gráfica: km – taxa eliminação do metabolito
Kp – taxa de eliminação do composto inicial
– Km > Kp A eliminação do metabolito é muito mais rápida do que a sua formação
– Km < Kp A eliminação do metabolito é muito mais lenta do que a sua formação
– O declínio final do metabolito é paralelo ao do composto original – o metabolito
é removido tão rapidamente como é formado ou a sua remoção é limitada pela
taxa de conversão do composto original.
– A constante de taxa de eliminação do metabolito é muito inferior do que a
constante da taxa de eliminação do composto original
– O declínio final mais lento do metabolito comparativamente com o composto
original reflete uma semi-vida de eliminação mais longa do metabolito.

Toxicocinética da Saturação – A distribuição e eliminação da maioria dos químicos


ocorre numa reação de 1ª ordem
– Numa cinética de eliminação de 1ªordem, a constante da taxa de eliminação, o
volume aparente de distribuição, a clearance e o tempo de semi-vida não se alteram
com o aumento/diminuição da dose (i.e. independente da dose).
– Para além disso, existem químicos cuja cinética de clearance se altera com o tempo
(cinética dependente-do-tempo).
– Uma causa comum da cinética dependente-do-tempo é a autoindução de
enzimas que metabolizam xenobióticos. Ou seja, o substrato é capaz de induzir o
seu próprio metabolismo através da ativação da transcrição dos genes.
– Exemplo de autoindução: carbazepina - fármaco antiepilético, a administração
diária leva ao aumento crescente da clearance e diminuição de tempo de semi-
vida de eliminação nas primeiras semanas de terapia.
Modelo de 2 compartimentos
• Após a administração rápida de alguns tóxicos, o gráfico semi-Log da
concentração plasmática em função do tempo é traduzido numa numa curva e não
numa reta.
– Implica a existência de mais do que uma fase de disposição do tóxico
• Demora algum tempo para que o tóxico entre em alguns tecidos, e depois alcance
o equilíbrio com a concentração no plasma.
• Para os tecidos associados ao compartimento central, as suas concentrações
diminuem paralelamente ao plasma. Para os tecidos associados ao compartimento
periférico, a concentração do tóxico aumenta, enquanto a concentração plasmática
diminui rapidamente durante a fase inicial; em seguida, atinge um pico e
eventualmente diminui em paralelo com o plasma na fase terminal.

– Acumulação durante exposição contínua ou intermitente


– A exposição crónica ou contínua a um tóxico leva a uma assimilação cumulativa
no organismo.
– Para um tóxico/químico que siga uma reação cinética de eliminação de 1ªordem,
a taxa de eliminação aumenta à medida que a concentração no corpo aumenta.
– Steady State – Um nível de exposição contínuo e fixo, faz com que a acumulação
de um tóxico no corpo eventualmente chegue a um ponto onde a taxa de entrada
iguala a taxa de eliminação, dai em diante a concentração no corpo mantém-se
constante.
• A concentração em Steady-state de um tóxico no plasma está relacionada
com a taxa de entrada e a Clearance do tóxico
– A concentração plasmática em função do tempo de um tóxico que exibe uma
cinética multi-compartimento pode ser caracterizado através de equações multi-
exponênciais.
• Fase inicial (α) -fase de distribuição; Fase final (β) - fase de eliminação
– O Vd (volume aparente de distribuição) é determinado após
injeção/administração (iv ou não-iv) significativa, e expressa-se como o quociente
da quantidade de químico/tóxico no organismo e a sua concentração no plasma.

Volume Aparente de Distribuição – não corresponde a nenhum volume anatómico real.


– É específico para o tóxico e representa a extensão da distribuição do tóxico fora do
plasma e dos locais extra-vasculares.

Clearance Total
– É a razão da taxa de eliminação global de um tóxico dividido pela concentração
plasmática a qualquer tempo após exposição aguda ou exposição contínua ou
repetitiva.
– Expressa a eficiência global dos mecanismos de eliminação - mL/min ou L/h -
geralmente valores elevados indicam eficiência e remoção rápida e valores baixos
indicam remoção lenta e menos eficaz.
– No modelo clássico de compartimento, é expressa como o volume aparente
contendo o tóxico que é removido por unidade de tempo
Acumulação durante exposição contínua e intermitente

– Para um químico com um tempo de semi-vida curto entre mudanças de turno de


trabalho e exposição de fim-de-semana, pouca acumulação é esperada.
– Em contraste, para um químico com um tempo de semi-vida de eliminação próximo
ou excedendo os intervalos entre turnos (>12 a 24h), a acumulação progressiva é
esperada nos dias seguintes de trabalho.

Modelos PBPK – Physiologically-based pharmacokinetic model


– A farmacocinética clássica refere-se aos estudos empíricos não-compartimento ou de
compartimento
– PBPK tentam mimetizar a disposição dos fármacos/tóxicos no organismo utilizando
medições dos parâmetros: – Volumes de tecido e sangue
– Output cardíaco
– Taxas de clearance metabólica (ex. conhecimento de
taxas de cinética das enzimas P450)
– Taxas de absorção (ex. Pele, intestino)
– Coeficientes de partição (tecido/sangue ou sangue/ar)
– Parâmetros requeridos: Fisiológicos (contrariamente à toxicocinética clássica)
Anatómicos
Termodinâmicos
Transporte
– A fisiologia, a anatomia do animal e a bioquímica do químico de interesse são
incorporados num modelo conceptual para simular em computador a distribuição e
disposição dos tóxicos no organismo a um dado tempo

– Diferenças entre modelos clássicos e PBPK:


Na cinética clássica:
• Taxas das constantes são definidas pelos dados – Modelos baseados nos dados
Nos modelos fisiológicos:
• Taxa das constantes representam processos biológicos conhecidos ou hipotéticos
– Modelos de base fisiológica
– Desvantagens
• Muito mais informação é necessária para implementar estes modelos
comparativamente com os modelos clássicos
• Matemática pode ser difícil para os toxicologistas
• Os valores para os parâmetros são muitas vezes mal definidos para várias
espécies, estirpes e estados de doença

– Vantagens
• Conseguem descrever o tempo de evolução de distribuição do tóxico para
qualquer órgão ou tecido
• Permitem estimar os efeitos da alteração dos parâmetros fisiológicos das
concentrações nos tecidos – Poder preditivo
• O mesmo modelo pode prever a toxicocinética dos químicos entre espécies
• Regimes de doses complexas e processos de saturação tais como metabolismo e
ligação são facilmente acomodados
- Porquê PBPKM?
• Necessidade de extrapolação em avaliação de risco (dos animais de laboratório
para o homem; de doses elevadas a baixas, da exposição ocasional a frequente,
composto isolado ou misturas)
• Porque as constantes cinéticas nos modelos PBPK representam processos
biológicos e químicos mensuráveis, os restantes modelos fisiológicos tem o
potencial para extrapola r dos dados observados para os cenários previstos.

– Utilizados para descrever


• Perfis de concentração-tempo num órgão/tecido e no plasma ou sangue.
• Quando a concentração num tecido/órgão está mais correlacionada com a
toxicidade/eficiência de um químico/fármaco do que a concentração plasmática
então a modelação PBPK é de maior utilidade dos que os modelos clássicos e
conseguem prever a evolução temporal dos efeitos do agente/fármaco em
consequência de uma dada dose do composto.

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