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Módulo 21 1ª Série
Atividade industrial e
espaço geográfico
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principalmente com a produção automobilística e siderúrgica.
Após o advento da Terceira Revolução Industrial, a lógica de
produção se alterou, de modo que essas cidades se esvaziaram, pois
não conseguiram se adaptar à nova produção capitalista. A cidade
de Detroit, nos Estados Unidos, e o distrito industrial de Marabá,
no Pará, são exemplos desse fenômeno.
Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, estudaremos as características dos períodos de
industrialização relacionadas com o processo de crescimento das C2 – Analisar a correlação entre a atividade industrial e o espaço
geopolítico;
cidades, as quais alteraram a lógica do espaço urbano, aumentando C4 – estudar as razões para a disposição das indústrias;
seu dinamismo econômico e sua população. – observar os motivos da descentralização industrial.
1. Características da atividade
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industrial
A atividade industrial desenvolvida na Inglaterra, a partir da
segunda metade do século XVIII, espalhou-se para outras áreas
da Europa, como França, Holanda e Prússia, e alterou a escala da
produção existente no artesanato, determinando um uso cada vez
mais intenso de matérias-primas e de energia.
Entre as características fundamentais da atividade industrial Ruínas de Teotihuacan – México.
estão o aumento significativo da escala de produção e a divisão das
No entanto, o processo industrial é responsável por um impres-
atividades entre os trabalhadores. Estes, por meio da utilização de
sionante aumento do número de cidades e pelo grande crescimento
máquinas, passaram a se especializar em determinadas funções.
de algumas delas. A industrialização foi determinante para o
Essas características justificam uma tendência de concentração processo de urbanização em diversos países do mundo. Como a
da atividade industrial, devido à necessidade de grande quantidade atividade econômica mais importante passou a se localizar na área
de matérias-primas, de fontes de energia (inicialmente o carvão e urbana, a maioria da população transferiu-se do meio rural para
depois o petróleo), de mão de obra e de consumidores. o meio urbano.
A indústria foi decisiva para a expansão das metrópoles.
2. Indústria e urbanização Como visto, a atividade industrial necessitava de matérias-primas,
fontes de energia e de pessoas (trabalhadores e consumidores), mas
A indústria não inventou as cidades. Afinal, existem várias
nem todas as áreas possuíam condições para atrair as indústrias.
cidades milenares, e a Revolução Industrial só aconteceu no século
XVIII. A revolução agrícola, ocorrida há cerca de 10 mil anos, foi
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A localização industrial motivou o enorme crescimento Após a Segunda Guerra Mundial e, principalmente, a partir
econômico e populacional de certas cidades, gerando o processo de da década de 1970, com a Revolução Técnico-Científico-
metropolização, ou seja, em diversos países, a população passou a - Informacional, a atividade industrial, até então muito concentrada
morar em áreas urbanas, especialmente as grandes áreas. em alguns países e cidades, descentralizou-se.
Até a primeira metade do século XX, esse processo ficou A reorganização geográfica industrial no mundo se liga dire-
concentrado em países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. tamente aos avanços tecnológicos. Hoje, leva-se cada vez menos
No entanto, os avanços tecnológicos e a mudança do modelo de tempo para transportar mercadorias e produtos, e menos ainda
produção industrial fizeram com que a atividade industrial passasse para trocar informações. A sede de uma empresa pode se localizar
a ocorrer em diversos lugares do mundo. em um país e comandar atividades em áreas distantes.
No caso dos países em desenvolvimento, a metropolização As indústrias se instalam em novas áreas em busca de redução
ocorreu, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. A dos custos de produção, fugindo de preços elevados do espaço e
chamada industrialização tardia foi uma marca desses países. da mão de obra das grandes cidades, principalmente nos países
Houve um acelerado e desordenado processo de urbanização, mais desenvolvidos.
gerando graves problemas urbanos associados ao enorme contin- Com isso, há a desindustrialização de algumas das antigas áreas
gente populacional que se dirigiu para essas cidades. industriais e, ao contrário, há o crescimento de outras. A urbani-
zação se espalha, e os antigos centros industriais têm de modificar
3. As modificações locacionais suas estruturas econômicas, sob o risco de virarem áreas decadentes.
A instalação de plantas industriais em novos lugares gera cres-
recentes da atividade industrial cimento, mas cria problemas urbanos associados a essa expansão,
Como visto, a atividade industrial foi decisiva para o aumento do como excessiva valorização do espaço, favelização, violência e
número e do tamanho das cidades nos últimos séculos. Nas últimas dificuldades no setor de transportes.
décadas, porém, esse processo sofreu uma importante modificação.
Cidade fantasma, Detroit renova 713 mil. Além disso, o número de desempregados chegou a 16%,
esperança com montadoras porém o número pode alcançar 30%, uma vez que parte da população
parou de procurar emprego.
O último salão de automóveis que ocorreu em Detroit, em 2016,
reuniu cerca de cinco mil jornalistas de 55 países diferentes. Dentro Com isso, outras formas de economia precisam ser implantadas na
da convenção, a normalidade de uma cidade altamente evoluída cidade, ou, ainda, resta resgatar aquelas que um dia tornaram Detroit um
era aparente, porém bastava tentar se deslocar fora do salão para a dos principais polos econômicos da costa leste do Estados Unidos.
realidade aparecer. Ao buscar-se um táxi, uma vez que o berço auto-
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mobilístico estadunidense é escasso de transporte público, notava-se
desigualdade vigente no centro urbano marcado pela presença de
pedintes, prédios abandonados, lojas para alugar, terrenos vazios e
pouca movimentação nas lojas.
Por esses motivos, a Chrysler, a GM e a Ford – as três grandes
de Detroit – prometeram, durante o evento, trazer não só novidades
automobilísticas, mas também empregos e aumento da produção. Na
década de 1950, essas três grandes empresas formavam o principal polo
de produção automobilística dos EUA, atraindo a população – a cidade
atingiu o número de 2 milhões de habitantes.
Contudo, conforme as montadoras se deslocavam para outras
regiões do globo, a cidade começou a encolher. Segundo o último
censo, 2010, a população da cidade se reduziu pela metade, atingindo Prédios abandonados – cena recorrente no centro de Detroit.
Atividade industrial e espaço geográfico GEOGRAFIA I 95
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Shenzen
Singapura
02 (UEL)
A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII na Europa e que
Ainda que a indústria seja a forma por meio da qual a sociedade resultou na reformulação do mapa econômico desse continente, e o
apropria-se da natureza e transforma-a, a industrialização é um atual processo de desenvolvimento industrial possuem mecanismos
processo mais amplo, que marca a chamada Idade Contemporânea, distintos de localização das atividades industriais.
e que se caracteriza pelo predomínio da atividade industrial sobre as
outras atividades econômicas. Dado o caráter urbano da produção Em cada uma dessas fases, as fábricas com novas tecnologias foram
atraídas, respectivamente, pela presença de:
industrial (produção essa totalmente diferenciada das atividades
produtivas que se desenvolvem de forma extensiva no campo, (A) rede de transporte – governo democrático.
como a agricultura e a pecuária), as cidades se tornaram sua base (B) incentivo fiscal – abundante matéria-prima.
territorial, já que nelas se concentram capital e força de trabalho. (C) mercado consumidor – legislação ambiental flexível.
(D) fonte de energia – mão de obra com qualificação.
SPÓSITO, M. E. B. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 1988. p. 43.
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Bens de consumo: São todos os produtos já acabados, desti-
nados ao mercado consumidor. Eles são divididos em duráveis e
não duráveis. Essa distinção segue como princípio o esgotamento
imediato com o uso ou não. Portanto, bens de consumo não
duráveis são aqueles que se esgotam imediatamente com seu
uso, como remédios, alimentos e roupas. Já os bens de consumo
duráveis são aqueles que não se esgotam imediatamente conforme
uso, como automóveis, eletrônicos e imóveis.
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Durante a Revolução Industrial na Inglaterra, ficou clara a Atualmente, entretanto, as empresas dependem cada vez menos
relação dessa localização com a proximidade das minas de carvão dos fatores tradicionais de localização espacial (matéria-prima,
e portos. O grande crescimento de cidades como Manchester, energia, mercado consumidor), pois os produtos atuais são menores,
Liverpool e Londres ocorreu a partir da localização das indústrias. mais leves e utilizam pouca quantidade de energia e matéria-prima.
É importante considerar que os diferentes fatores locacionais O fundamental passa a ser o know-how. Essas empresas necessitam
afetam de forma distinta os diversos tipos de indústria. Por exemplo, fixar-se em regiões com presença maciça de universidades e centros
uma indústria que utilize maior quantidade de energia e matéria- de pesquisa científica e tecnológica, que fornecem tecnologia e mão
-prima mais volumosa e com maior dificuldade de transporte terá de obra qualificada.
sua localização determinada pela disponibilidade desses fatores.
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sários do mesmo setor, visando a acabar com a disputa de preços
como forma de atrair os consumidores (essa prática é facilmente
identificada em postos de combustíveis).
Outra forma de vencer a concorrência internacional foram as
organizações empresariais. As práticas mais conhecidas são a busca
pela formação de monopólios ou oligopólios. O primeiro consiste
no domínio de uma única empresa sobre o fornecimento de um Motoristas de táxi protestando contra aplicativo Uber no Rio de Janeiro.
determinado produto ou serviço, o que inviabiliza os benefícios da
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Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sob a égide do mercado.
01 (ENEM – adaptada) A evolução do processo de transformação E o mercado, graças exatamente à ciência e à técnica, torna-se global.
de matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três estágios: A ideia de ciência, a ideia de tecnologia e a ideia de mercado global
artesanato, manufatura e maquinofatura. devem ser encaradas conjuntamente e, desse modo, podem oferecer
uma nova interpretação à questão ecológica, já que as mudanças que
Um desses estágios foi o artesanato, em que:
ocorrem na natureza também se subordinam a essa lógica.
(A) se trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de maneira SANTOS, M. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1994. p. 190.
padronizada.
(B) se trabalhava, geralmente, sem o uso de máquinas e de modo Sobre o assunto, é correto afirmar que:
diferente do modelo de produção em série.
(A) as mudanças que ocorrem na natureza independem do
(C) se empregavam fontes de energia abundantes para o funciona-
mercado, cuja influência se limita às produções humanas.
mento das máquinas.
(B) as transformações das diferentes paisagens do globo terrestre
(D) cada operário realizava parte da produção com uso de máquinas
independem da ciência, da tecnologia e do mercado global.
e trabalho assalariado.
(C) grande parte dos impactos ambientais está subordinada às
(E) técnicos e gerentes faziam interferência no processo produtivo
relações existentes entre ciência, tecnologia e mercado global.
com vistas a determinar o ritmo de produção.
(D) para a exploração da natureza em uma economia de mercado
global, ciência e tecnologia são dispensáveis.
(E) as mudanças que ocorrem no mercado global devem ser
interpretadas pela subordinação deste à lógica da ecologia.
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1ª Série Módulo 22
05 Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por 1982 1999
N N
atividades rudimentares e de baixa produtividade. A partir
da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da
revolução tecnológica, houve desenvolvimento contínuo do setor
agropecuário.
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invenção alemã, por que Ford tem o seu nome tão diretamente
vinculado ao pioneirismo em automóveis? Primeiro veículo a combustão – o
Ford foi um importante industrial estadunidense, responsável Reitwagen –, criado por Gottlieb
Daimler e Wilhelm Maybach em 1885.
pela criação de um sistema produtivo que dominou grande parte
do século XX e que herdou o seu nome – o fordismo.
Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, vamos conhecer em que consistiu esse sistema e a – Estudar o que são sistemas produtivos;
sua extrema relevância para o desenvolvimento da sociedade humana. C4 – identificar as principais características do taylorismo;
– analisar as características do fordismo.
1. Os sistemas produtivos II. fragmentação das atividades dos operários, que poderiam ser
realizadas por trabalhadores com baixos níveis de qualificação,
Sistema produtivo é a forma como está organizada a produção mas especializados em tarefas simples, ou seja, repetindo
de bens e mercadorias de uma sociedade, ou seja, a estrutura orga- gestos e movimentos. A especialização, nesse caso, não significa
qualificação, referindo-se a trabalhadores treinados para
nizacional que engloba diferentes setores dentro e fora das fábricas,
funções repetitivas;
incluindo a produção, a circulação de produtos e matérias-primas, III. perda, pelos trabalhadores, do controle do processo
e o consumo, além das formas de gestão desses processos. produtivo, que passa a ser controlado rigidamente por
A evolução dos sistemas produtivos liga-se diretamente ao técnicos e administradores.
desenvolvimento tecnológico e à série de inovações de cada período.
Conforme visto em módulos anteriores, a partir da Revolução
Industrial inglesa da segunda metade do século XVIII, ocorreram Taylor e a administração científica
inovações que alteraram as formas de produção dos principais Frederick W. Taylor se tornou
Domínio Público/Wikimedia
produtos e a própria fonte de energia utilizada predominantemente. uma das figuras mais marcantes
Neste módulo, serão analisados o taylorismo e o fordismo, que, da história do pensamento admi-
apesar de definirem processos distintos, têm muito em comum. nistrativo. Nascido na Inglaterra e
tendo um bom acesso à educação
básica e superior, Taylor completou
2. Taylorismo o ensino superior aos 29 anos,
Denomina-se taylorismo o conjunto de princípios defendido no curso de Engenharia. Com
pelo engenheiro estadunidense Frederick Taylor (1856-1915) para uma rápida ascensão, em 1896 ele
a organização do trabalho. assumiu o posto de engenheiro-
Preocupado com o excesso de tempo utilizado nas execuções -chefe na Bethlehem Steel Works,
de tarefas simples no interior das unidades fabris, Taylor criou racionalizando o trabalho e
um sistema rígido de controle sobre as ações dos trabalhadores, reduzindo a mão de obra e os custos da manipulação de materiais.
objetivando maximizar sua produção. Sua principal obra foi Princípios de administração científica,
As principais características do taylorismo são: publicada em 1911. O autor declarou que sua obra tinha como
objetivo assegurar a máxima prosperidade para o empregador
I. Centralização das decisões nas mãos da gerência. Esse método com a máxima prosperidade para o empregado. Para Taylor, o
de trabalho seguia linhas hierárquicas, com uma estrutura de problema principal do trabalhador era a “vadiagem”, ou seja,
comando partindo da alta direção, chegando até a fábrica, o tempo ocioso.
respeitando, rigidamente, cada um dos níveis;
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1ª Série Módulo 23
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dense Henry Ford (1863-1947), da classe trabalhadora e para o fortalecimento dos sindicatos.
cujo nome foi dado ao sistema A organização da classe operária foi decisiva para que houvesse
produtivo dominante em grande importantes conquistas sociais, tais como contratos coletivos,
parte do século XX, aperfei- garantias de emprego, salário-desemprego e aposentadoria.
çoou o sistema elaborado por O Estado nacional de caráter keynesiano passou a interferir
Frederick Taylor, introduzindo a mais na economia por meio dos gastos públicos, dos planejamentos
linha de montagem, ou seja, in- de desenvolvimento regional, da profusão de um elevado número
ventou uma nova forma de fabricar de empregos no setor público e do atendimento às garantias
automóveis, por meio do sistema reivindicadas pelos trabalhadores, a exemplo da garantia de
Henry Ford sequencial de montagem de veículos emprego e do consumo. O Estado de bem-estar social desen-
criado em sua fábrica em Detroit. Com o passar do tempo, essa forma volveu políticas destinadas a reduzir as disparidades sociais, como
tornou-se predominante na fabricação dos mais diversos produtos. saúde, educação, saneamento, habitação e transportes urbanos.
O ano simbólico do início do sistema fordista foi 1914. Nele, As melhorias sociais contribuíram para o sucesso do fordismo
Henry Ford introduziu sua jornada de trabalho de 8 horas com porque, com maior renda, os trabalhadores passaram a consumir
pagamento de 5 dólares por hora aos trabalhadores da linha mais.
automática de montagem de carros. Uma característica importante do fordismo era o fato de as
Para entender o impacto dessa remuneração, vale lembrar grandes unidades fabris concentrarem todas as etapas da produção
que esse salário representava quase três vezes o rendimento de um em determinadas áreas – aquelas que contavam com os principais
operário comum. Tal atrativo provocou um verdadeiro êxodo de fatores para a instalação de indústrias. Dessa forma, o fordismo
trabalhadores para a cidade de Michigan, no estado de Detroit. contribuiu para a urbanização, devido à atração de uma grande
A remuneração expressiva para os trabalhadores é fundamental massa de trabalhadores para as áreas urbanas, e, mais especifica-
para o sistema produtivo fordista, porque determina o poder de mente, para a metropolização, já que essas grandes concentrações
consumo dos próprios trabalhadores, viabilizando a lógica de industriais determinavam que as grandes cidades crescessem mais
“produção em massa – consumo em massa”. do que as demais áreas urbanas.
O sistema fordista nasceu no início do século XX, embora só tenha
se tornado majoritário concomitantemente aos ganhos de produtivi-
dade, com o crescimento do consumo após a Segunda Guerra Mundial. Alienação do trabalho
A integração vertical, elaborada por Henry Ford, consistia em Analisando as condições de trabalho na Segunda
longas esteiras rolantes deslocando o produto semielaborado até Revolução Industrial, notam-se algumas especificidades
os operários. Esse recurso, característico do esquema de produção que revelam grandes mudanças para os trabalhadores.
de Henry Ford, foi denominado “linha de montagem” e reforçou a O pensamento marxista analisa que o proletariado desse
tendência de especialização dos trabalhadores, típica do taylorismo. período passou por um imenso processo de alienação em
relação ao valor do trabalho que era realizado. Previamente à
A produção dos diversos componentes era feita em série, ou
Revolução Industrial, os trabalhadores participavam de todos
seja, fabricava-se uma enorme quantidade de produtos padro-
os processos de produção de forma independente, criando
nizados (standard). Essa característica determinava a existência
consciência do tempo e do material usado na produção.
de grandes estoques, porque a produção era, de certa forma,
independente da demanda. Em outras palavras, cabia à unidade A partir da nova reestruturação promovida pela Revolução
industrial fabricar o máximo possível de produtos; e cabia aos Industrial, a inserção das máquinas gerou o desemprego
departamentos comerciais realizar a venda do que foi produzido. estrutural e o distanciamento do trabalhador do produto final.
Portanto, muitas vezes, o trabalhador não sabia qual produto
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tividade.
(D) neofordismo – redução do preço dos produtos por subsídios
governamentais.
02 (FGV) Em 27 de setembro de 1908, em Detroit (EUA),
começava a produção do Ford Modelo T, o carro que deu início à
era do automóvel e cujo centenário de lançamento foi comemorado
em 2008. De mecânica simples, fácil de dirigir e barato, era a
concretização da visão de seu fabricante, Henry Ford I, sobre o
automóvel. O Modelo T vendeu 15 milhões de unidades, até sair
O trabalhador industrial foi, possivelmente, o que mais sofreu as mazelas nas fábricas.
de linha, em 1927. Chegou a representar metade da frota mundial
de veículos.
01 (FUVEST) Apresente dois aspectos do processo industrial (A) produção flexível – industrialização customizada.
fordista. (B) toyotismo – produção flexível.
(C) taylorismo – industrialização customizada.
02 (FUVEST) Caracterize o espaço industrial no fordismo. (D) toyotismo – industrialização customizada.
(E) linha de montagem – industrialização em massa.
03 (UERJ)
Tempos modernos, filme de 1936 – cuja temática ultrapassa a 03 (UERJ) Leia:
tragédia da existência individual –, coloca em cena o conflito entre
o homem e o taylorismo. Andy Warhol (1928-1987) é um artista conhecido por
criações que abordaram valores da sociedade de consumo;
BODY-GENDROT, Sophie. “Uma vida privada francesa segundo o modelo americano”. In: DUBY,
Georges; ARIÈS, Philippe. História da vida privada. V. 3. p. 535.
em especial, o uso e o abuso da repetição. Esses traços estão
presentes, por exemplo, na obra que retrata as latas de sopa
Explique o novo tipo de conflito sugerido no texto. Campbell’s, de 1962.
04 (UERJ) Os gráficos abaixo apresentam a média de gastos “Somos franceses, mas não
mensais dos franceses com diferentes itens do orçamento doméstico franceses de verdade”
em 1950 e em 1973.
Manifestantes da comunidade de imigrantes incendiaram
1950 1973
centenas de carros e vários estabelecimentos comerciais durante a
outros
5%
lazer 11% outros noite desta sexta-feira (04/11) nos subúrbios pobres de Paris. Um
3% saúde
4% incêndio a sudoeste da capital francesa, em Trappes, consumiu um
5% transportes 7% lazer pátio de estacionamento com 27 ônibus. (...) Nas noites anteriores
10% habitação 7% vestiário houve episódios nos quais os policiais utilizaram bombas de
gás lacrimogêneo e balas de borracha, e alguns manifestantes
9% mobiliário
12% mobiliário responderam com tiros de munição real.
11% saúde Os distúrbios se espalharam por várias outras cidades na noite
16% vestiário de quinta-feira, tendo havido ataques similares na cidade de Dijon,
12% transportes no norte da França, e em Marselha, na costa mediterrânea.
CRAMPTON, Thomas; BENNHOLD, Katrin. Divulgado pelo NIEM – Núcleo Interdisciplinar de
13% habitação Estudo Migratórios – UERJ. Disponível em: Uol. Mídia Global, 5 nov. 2005.
02 (UEPB) produção e a venda, e [...] que permite dar ao cliente o prazo exato.
Em 1905, a Ford tinha 33 fábricas nos Estados Unidos e 19 no [...] a fabricação se aproxima de uma produção segundo a demanda.
estrangeiro. Todas produziam o mesmo carro negro, o Ford T – o BECKOUCHE, Pierre. Indústria: um só mundo. São Paulo: Ática, 1995. p. 28 e 31.
carro de todo o mundo –, fabricando quinze milhões de exemplares
de maneira padronizada. Os dois fragmentos do texto acima exemplificam as transforma-
Nissan inventa o automóvel à la carte. O sistema [...] já está ções dos métodos de produção e de trabalho, com consequentes
mudanças na forma de consumo da população mundial. Eles falam,
operando em todas as concessionárias da Nissan desde agosto de
respectivamente, de quais modelos produtivos?
1991. [...] é um sistema de informação de ponta que coordena a
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que ele seja um Ford Modelo T preto.”
Atualmente, a renovação do mercado consumidor é estabe-
lecida pelos novos desenvolvimentos tecnológicos associados aos
setores de marketing e propaganda, que nos fazem trocar nossos
bens, mesmo que estes ainda não estejam inutilizáveis.
Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, veremos como o modelo flexível se tornou – Analisar as principais características da Terceira Revolução Industrial;
predominante no mundo atual, aprimorando os processos produ- C4 – analisar as inovações tecnológicas do período;
tivos e expandindo as áreas de atuação dos agentes econômicos. – identificar as características da produção just in time.
do fordismo, tem-se:
O nome toyotismo deve-se ao fato de a empresa japonesa do espaço geográfico. As modernas tecnologias permitem, por
Toyota ter sido pioneira na utilização de novas formas de produzir, exemplo, que a decisão sobre um produto ocorra em um lugar
com menos esforço humano, menos espaço físico, além de menos (normalmente a sede das empresas localizadas em cidades globais);
investimentos e menor tempo de desenvolvimento de um produto. o desenvolvimento, em outro; a fabricação de componentes, em
O conjunto de alterações implementadas visava à flexibilidade, que outro; e, finalmente, a montagem final, em um país com menores
pôde ser percebida nos produtos, nos trabalhos e na organização custos de produção.
Produção fordista (baseada em economias de escala) Produção de just in time (baseada em economias de escopo)
I. O processo de produção
Produção em massa de produtos padronizados Produção em pequenos lotes
Standardização/padronização Customização – grande variedade de tipos de produtos
Grandes estoques Redução dos estoques – Just in time
Testes de qualidade posteriores à fabricação Controle de qualidade integrado ao processo (detecção imediata
(detecção tardia de erros e produtos defeituosos) de erros)
Integração vertical Integração horizontal
II. Trabalho
Realização de uma única tarefa pelo trabalhador Múltiplas tarefas
Pouco ou nenhum treinamento no trabalho Longo treinamento no trabalho
Organização vertical do trabalho Organização mais horizontal do trabalho
Sindicatos fortes e atuantes Sindicatos enfraquecidos
Salários padronizados Salários diferenciados conforme a qualificação
C. Espaço
Concentração espacial de atividade industrial Desconcentração espacial de atividade industrial
Divisão espacial do trabalho Integração espacial – empresas em rede
D. Estado
Regulamentação Desregulamentação/re-regulamentação
Rigidez Flexibilidade
Negociação coletiva Divisão/individualização, negociações locais ou por empresa
Privatização das necessidades coletivas e da seguridade social
Socialização do bem-estar social (o Estado do bem-estar social)
(o Estado neoliberal)
Intervenção indireta em mercados por meio de políticas Intervenção estatal direta em mercados, por meio de aquisição
de renda e de preços somente em caso de crise
Este outro quadro compara as principais características das “revoluções industriais” e ajuda a compreender as diferenças fundamentais
entre o fordismo e o pós-fordismo.
Empresas multinacionais e a busca por menores obtidos por essas empresas são destinados à construção de novas
custos de produção filiais em outros locais, e uma parte vai para a matriz localizada
Economistas informam que entre os preços mais significa- no país de origem.
tivos em uma economia está o dos salários, dado o peso de sua
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influência no conjunto das atividades. Por esse motivo, muitas
empresas multinacionais com sede nos países centrais instalam
suas fábricas na Ásia, já que os custos da mão de obra são baixos.
No caso da China, houve uma significativa elevação dos preços
nos últimos anos, refletindo um início de escassez de mão de obra.
A instalação de uma filial de uma empresa multinacional
em países em desenvolvimento ocorre, na maioria das vezes, por
incentivos do governo, como doação de terreno e diminuição ou,
até mesmo, isenção de impostos. Nos locais onde ocorre a cons-
trução de uma filial, há geração de empregos e desenvolvimento
industrial. No entanto, aumenta a concentração de renda, já que
os salários dos trabalhadores são baixos. Além disso, os lucros Fábrica asiática.
Evolução do sistema capitalista: GEOGRAFIA I 111
Terceira Revolução Industrial Módulo 24 1ª Série
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1970, a empresa automobilística b. duas consequências do sistema adotado pela Scania para a
Volvo encontrou dificuldades organização das suas filiais no mundo.
na contratação de mão de obra
05 Quais são as principais características da flexibilização da
devido ao baixo desemprego produção?
na Suécia e ao excesso de
qualificação da mão de obra.
Tendo em vista os empregos
monótonos oferecidos, os jovens
recusavam as ofertas de trabalho, 01 (ENEM)
aumentando os conflitos laborais
Um certo carro esporte é desenhado na Califórnia, financiado
no país, causando um aumento
por Tóquio, o protótipo criado em Worthing (Inglaterra) e a
substancial do número de greves.
montagem é feita nos EUA e México, com componentes eletrônicos
Portanto, em 1971, o CEO da Volvo, Pehr Gustaf Gyllenhammar, inventados em Nova Jérsei (EUA), fabricados no Japão. (…). Já a
apostou na concepção sociotécnica para resolver os problemas de mão indústria de confecção norte-americana, quando inscreve em seus
de obra. A partir daí, a empresa construiu novas fábricas e adaptou o produtos “made in USA”, esquece de mencionar que eles foram
sistema produtivo. A linha de montagem tradicional foi substituída produzidos no México, Caribe ou Filipinas.
por módulos de montagem paralelos, ou seja, equipes de 6 a 8
Renato Ortiz. Mundialização e cultura.
funcionários na montagem de um carro, com períodos alongados de
trabalho de 2 a 4 horas, fornecimento de peças integrado ao processo O texto ilustra como, em certos países, produz-se tanto um carro
de montagem e maior autonomia no ritmo de trabalho. esporte caro e sofisticado quanto roupas que nem sequer levam
O resultado foi positivo. O aumento do gasto entre a empresa uma etiqueta identificando o país produtor. De fato, tais roupas
tradicional e a empresa nova foi de apenas 10%, além da satisfação costumam ser feitas em fábricas – chamadas “maquiladoras” –
situadas em zonas francas, onde os trabalhadores nem sempre têm
dos funcionários.
direitos trabalhistas garantidos.
Nesse contexto, a expressão “divisão digital” refere-se a: A utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras alterações
no mundo do trabalho. Essas mudanças são observadas em um
(A) uma classificação que caracteriza cada uma das áreas nas quais modelo de produção caracterizado:
as novas TIC podem ser aplicadas, relacionando os padrões de
utilização e exemplificando o uso dessas TIC no mundo moderno. (A) pelo uso intensivo do trabalho manual para desenvolver
(B) uma relação das áreas ou subáreas de conhecimento que ainda não produtos autênticos e personalizados.
foram contempladas com o uso das novas tecnologias digitais, o que (B) pelo ingresso tardio das mulheres no mercado de trabalho no
caracteriza uma brecha tecnológica que precisa ser minimizada. setor industrial.
(C) uma enorme diferença de desempenho entre os empreen- (C) pela participação ativa das empresas e dos próprios trabalha-
dimentos que utilizam as tecnologias digitais e aqueles que dores no processo de qualificação laboral.
permaneceram usando métodos e técnicas analógicas. (D) pelo aumento na oferta de vagas para trabalhadores especiali-
(D) um aprofundamento das diferenças sociais já existentes, uma zados em funções repetitivas.
vez que se torna difícil a aquisição de conhecimentos e habili- (E) pela manutenção de estoques de larga escala em função da alta
dades fundamentais pelas populações menos favorecidas nos produtividade.
novos meios produtivos.
(E) uma proposta de educação para o uso de novas pedagogias com 05 (UERJ) O capitalismo já conta com mais de dois séculos de
a finalidade de acompanhar a evolução das mídias e orientar a história e, de acordo com alguns estudiosos, vive-se hoje um modelo
produção de material pedagógico com apoio de computadores pós-fordista ou toyotista desse sistema econômico. Observe o
e outras técnicas digitais. anúncio publicitário.
03 (ENEM)
Disponível em:<www.estudavest.com.br>
Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assa-
lariação do trabalho e socialização da produção, que foi característica
predominante na era industrial. A nova organização social e econômica
baseada nas tecnologias da informação visa à administração descentra-
lizadora, ao trabalho individualizante e aos mercados personalizados.
As novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a
descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa
de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os
andares de um mesmo edifício.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006 (adaptado).
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GEOGRAFIA I 114
Módulo 25 1ª Série
©Giulio Fornasar/iStock
Hoje em dia, podemos nos comunicar com praticamente todo
o mundo de forma quase instantânea. O tempo de deslocamento
também foi drasticamente reduzido, chegando a incríveis 6 horas
em aviões modernos, para fazer o mesmo percurso.
O processo de globalização é o tema deste módulo e nele Expectativas de aprendizagem:
veremos como os avanços do meio técnico-científico-informacional – Estudar o significado do processo de globalização;
permitiram que as distâncias fossem encurtadas, integrando boa C2 – analisar as novas fronteiras que são criadas no mundo globalizado;
parte do mundo. – identificar as aspectos positivos e negativos da globalização.
ATLÂNTICO NORTE
INGLATERRA
Londres
CANADÁ
FRANÇA
ESTADOS
UNIDOS
Nova York
3. A concentração do capital
As 10 maiores empresas do mundo em 2015
País de Valor de
Ranking Empresa
Conexões mundiais. origem mercado
No entanto, é importante frisar que, considerando a globali- US$485,6
1a Walmart EUA
zação o processo de integração da economia mundial, é possível bilhões
relacioná-la com o processo de desenvolvimento e evolução do US$446,8
2a Sinopec Group China
capitalismo, existindo, portanto, há vários séculos. Obviamente, bilhões
a globalização das últimas décadas foi muito intensa, porque Inglaterra / US$431,3
3a Royal Dutch Shell
as inovações da Revolução Técnico-Científica-Informacional Holanda bilhões
permitem um deslocamento cada vez mais rápido, muitas vezes em China National US$428,6
4a China
tempo real (quando se pensa em deslocamento imaterial). Petroleum Corp (CNPC) bilhões
US$382,5
5a Exxon Mobil EUA
bilhões
2. A desconcentração geográfica
US$358,6
da indústria 6a BP Inglaterra
bilhões
A principal característica econômica do mundo atual é a ação US$339,4
7a State Grid China
bilhões
de empresas transnacionais ou multinacionais, que determinam um
mundo cada vez mais integrado, gerando a chamada globalização US$268,5
8a Volkswagen Alemanha
bilhões
da economia.
US$247,7
A expansão das transnacionais ocorreu a partir da Segunda 9a Toyota Japão
bilhões
Guerra Mundial, quando as maiores empresas instalaram filiais
US$221,0
nos países periféricos, buscando matéria-prima, mercados consu- 10a Glencore Suíça
bilhões
midores e mão de obra barata.
Tabela construída a partir de informações fornecidas pela revista Fortune, 2015.
As inovações tecnológicas nos transportes e nas comunica-
ções levaram a transnacionalização a essas grandes corporações.
A concentração do capital industrial, típica da fase monopo-
Há 20 anos, elas instalavam uma subsidiária para produzir e lista – caracterizada pelo poder dos trustes americanos, europeus
vender bens em um país estrangeiro. Hoje, uma transnacional pode e japoneses (zaibatsus), que monopolizavam ou oligopolizavam
desenhar o produto em um país, fabricar as peças em outros seis, as economias nacionais –, ganha dimensão planetária com a
dependendo do preço, e montar o produto em um sétimo. A fábrica globalização. A principal diferença é a característica transnacional
instalada no país que oferecer as melhores condições à unidade da que essas corporações adotam, ou seja, não respeitam as fronteiras
empresa é a vencedora. nacionais, dificultando a compreensão da origem do capital que
A Nike desenha o tênis nos Estados Unidos e transmite o controla as empresas.
desenho, por modernos meios de comunicação, à subsidiária de Essa concentração aumenta com a absorção de empresas de
Taiwan, que contrata (terceiriza) quarenta indústrias na Ásia para países periféricos (Electrolux – Prosdócimo, Mahler – Cofap,
fabricá-los. Da base asiática, eles são vendidos para todo o mundo. Nestlé – Garoto...), fusões de corporações (Peugeot – Citroën,
A descentralização industrial não ocorre apenas no nível interna- Pirelli – Dunlop, Boeing – McDowel...), ou, ainda, associações e
cional. Dentro dos países, as indústrias migram, também, em busca de parcerias em que as empresas mantêm suas identidades.
menores custos de produção (mão de obra, transportes, impostos, etc.).
116 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 25
©peeterv/iStock
Em 2014, o Facebook comprou o aplicativo de mensagens
WhatsApp pelo valor de US$21,8 bilhões. A transação deu à
empresa uma posição marcante na indústria de telecomunicações,
concorrendo com outros aplicativos de mensagens, como o Viber,
e com grandes companhias já estabelecidas no mercado, como a
Telecom Italia. ©banar/iStock
©TV Brasil/Wikimedia
Uma de suas principais tendências é a de redução das “distâncias”, dos mais consagrados
com a formação de um mundo cada vez “menor” ou mais integrado. geógrafos brasileiros e
No entanto, percebe-se um aumento das “distâncias” entre países considerado por muitos
centrais e periféricos e entre as classes sociais dos diferentes países. o maior pensador da
história da geografia
Outra base da globalização é a descentralização do processo
do Brasil. Ao longo de
produtivo, tanto intra quanto internacionalmente, com a caracte-
sua trajetória, abordou
rística de economia de rede. Contudo, as decisões e o controle do
inúmeros temas relacionados à epistemologia da geografia,
processo estão cada vez mais concentrados nos países centrais. Ou
ao espaço urbano e à globalização, sempre se posicionando
seja, a sede da empresa continua no país de origem, que, na maioria
criticamente em relação aos sistemas mundiais vigentes.
das vezes, é um país central.
Em seu livro Por uma outra globalização, escrito em 2000,
Além disso, é comum se dizer que o mundo globalizado
Milton Santos defende a ideia de que é necessário haver outra
é um mundo sem fronteiras; na verdade, é um mundo em
interpretação sobre o processo de globalização e os sistemas
que são criadas novas fronteiras. Estas não estão associadas,
globais vigentes. Comenta também que deve haver um limite
necessariamente, à distância ou aos níveis municipais, regionais e
ao discurso defendido pelas mídias e que as relações globais
nacionais. O que define proximidade ou distância, hoje, é o consumo.
devem ser analisadas mais profundamente.
Globalização econômica, política, social e cultural GEOGRAFIA I 117
Módulo 25 1ª Série
05 Quais são as principais consequências sociais do processo de (A) diminuição da disparidade entre as nações.
globalização? (B) diminuição da marginalização de países pobres.
(C) inclusão progressiva de países no sistema produtivo.
(D) crescente concentração de renda, recursos e riqueza.
(E) distribuição equitativa dos resultados das inovações tecnológicas.
01 (ENEM) 03 (ENEM)
Sozinho vai descobrindo o caminho
A sociedade global
O rádio fez assim com seu avô
As pessoas alimentam-se, vestem-se, moram, comunicam-se
divertem-se por meio de bens e serviços mundiais, utilizando Rodovia, hidrovia, ferrovia
mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial, globalizado. E agora chegando a infovia
Suponhamos que você vá com seus amigos comer Big Mac e tomar Para a alegria de todo o interior.
Coca-Cola no McDonald’s. Em seguida, assiste a um filme de Steven GIL, G. Banda Larga Cordel.
118 GEOGRAFIA I
1ª Série Módulo 25
04 (UERJ)
02 (UNICAMP)
1500-1840
A fusão da Sadia com a Perdigão, em maio de 2009, resultou na
criação da Brazil Foods, décima maior empresa alimentícia do
continente americano e segunda do país.
Esse evento decorre de uma estratégia das grandes corporações e
representa uma tendência mundial da atual fase do capitalismo.
©Nikada/iStock
inteiro pertence somente à China?
Hoje, a China se apresenta como um dos maiores produtores
industriais no mundo, tendo um crescimento colossal no número
de exportações, cerca de 1.693,42%, desde 1978 até hoje.
Com uma mão de obra qualificada e abundante, além de incen-
tivos fiscais para empresas estrangeiras, o país se tornou a segunda
maior economia global devido às suas exportações, ficando atrás Cidade de Xangai
somente dos Estados Unidos.
Expectativas de aprendizagem:
Neste módulo, vamos estudar a evolução política, territorial e,
– Estudar o crescimento econômico da China nas últimas décadas;
principalmente, econômica da República Popular da China. Além
C2 – estudar o socialismo de mercado;
disso, veremos como funciona seu sistema duplo de “socialismo – identificar a importância das Zonas Econômicas Especiais para o
de mercado”. crescimento econômico do país.
1. Antecedentes
Para se analisar, na perspectiva da Geografia, a evolução socio- Em 1978, foi aprovado o programa das “Quatro Modernizações”
econômica e política de uma sociedade milenar como a chinesa, (indústria, agricultura, ciência e tecnologia e forças armadas), o
deve-se concentrar no período pós-Revolução Socialista de 1949. marco do socialismo chinês atual, que se define como socialismo
A partir desse importante movimento político, em meados do de mercado, porque combina manutenção do centralismo político
século XX, o país mais populoso do mundo passou a integrar o socialista com práticas econômicas semelhantes às do capitalismo.
bloco socialista em uma ordem mundial marcada pela bipolaridade. As reformas começaram com a permissão para que deter-
No entanto, é importante frisar que o alinhamento com a União minadas empresas transnacionais se instalassem no país em
Soviética durou pouco tempo e, depois da ruptura entre os dois associações de capital com o governo chinês e com a criação das
gigantes socialistas, a China buscou caminhos próprios no campo Zonas Econômicas Especiais (ZEE) ao longo da costa, para facilitar
socialista, os quais envolveram experiências como o Grande Salto as exportações.
para a Frente, uma tentativa de expansão econômica baseada na
©Picsfive/iStock
coletivização do campo e na industrialização, no final dos anos 1950.
Após a frustração com os resultados do Grande Salto para a
Frente, ocorreu a Revolução Cultural, uma grande campanha político-
-ideológica implementada a partir de 1966, que visava neutralizar a
crescente oposição de alguns setores menos radicais do partido.
A China sofreu uma grande modificação em 1976, com a morte
de Mao Tsé-Tung, grande líder nacional desde a Revolução de 1949.
Após um período de disputa pelo poder, o país passou a ser liderado
por Deng Xiaoping, que assumiu um país com sérios problemas
econômicos e iniciou uma série de reformas que transformaram a
China na potência que se conhece hoje.
A política de modernização de Deng Xiaoping objetivava Etiqueta comum em produtos industrializados ao redor do globo.
ampliar as trocas comerciais, adquirir modernas tecnologias e elevar
o nível de consumo da população.
120 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 21
Harbin
Shenyang
Qinhuangdao
PEQUIM Dalian
Tianjin Yantai
Qingdao
CHINA Lianyugang
Nantong
Xangai
Ningho
Wenzhou
3. A geopolítica chinesa
A coexistência dos dois sistemas econômicos ficou evidente em
1997 e 1999, quando Hong Kong e Macau, até então dominadas
respectivamente pela Inglaterra e Portugal, voltaram ao controle
chinês. Essas duas áreas, sob regime capitalista, foram reincorpo-
radas como Regiões Administrativas Especiais, com expressiva
autonomia, comprovando que, nesse momento, nenhum regime é
incompatível com a China.
China: evolução econômica GEOGRAFIA II 121
e ação geopolítica Módulo 21 1ª Série
CHINA RÚSSIA
CAZAQUISTÃO
Harbin
MONGÓLIA
Ürümqi
QUIRGUISTÃO Turpan Shenyang
Kashgar COREIA
PEQUIM DO NORTE
Estrada do Karakoram Dalian
Yinchuan Tianjin
COREIA
DO SUL
Xining Lanzhou
Zhengzhou
Qufu (1.545 m)
Nanjing
Tibet Xi’an
Wuhan Xangai
Chengdu
Hangzhou
Lassa
NEPAL
Fuzhou
BUTÃO Cavernas de Longgong
ÍNDIA
Guangzhou
Kunming TAIWAN
BANGLADESH
Nanning
ÍNDIA
MYANMAR Macau Hong Kong OCEANO
VIETNAME PACÍFICO
GOLFO DE Haikou
BENGALA LAOS
TAILÂNDIA
Regiões Administrativas Especiais.
©TomasSereda/iStock
04 O que são ZEE?
01 (ENEM)
Os chineses não atrelam nenhuma condição para efetuar
investimentos nos países africanos. Outro ponto interessante é
a venda e compra de grandes somas de áreas, posteriormente
Produção industrial chinesa. cercadas. Por se tratar de países instáveis e com governos ainda não
consolidados, teme-se que algumas nações da África tornem-se
literalmente protetorados.
Colonialismo chinês? BRANCOLI, F. “China e os novos investimentos na África: neocolonialismo ou mudanças na arquitetura
global?” Disponível em: <opiniaoenoticia.com.br>. Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado).
©mirocco/iStock
04 (UERJ)
Como a elite chinesa vê o mundo
Por favor,
seja generoso
Prada Hermes Europa
Bolsa de
Valores
África
Oceano Atlântico liquidação de fechamento
EUA América
Canadá
Japão Oceano Pacífico Latina
Taiwan
Hong Kong
Praça da
Palácio Imperial Paz Celestial
A imagem acima, publicada na capa da revista americana (A) pátria do isolacionismo, em divergência com os problemas
The Economist, em março de 2009, apresenta, de forma caricaturada, comerciais da União Europeia e com a integração política na África.
a visão de mundo da atual elite chinesa. (B) território da democracia, em desacordo com as ambiguidades
políticas das nações desenvolvidas e com o autoritarismo do
De acordo com essa perspectiva, a China, diante do restante do antigo Terceiro Mundo.
mundo, poderia ser percebida como:
124 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 21
(C) nação urbanizada, em contraposição com a decadência parcial Em 1993, o automóvel ainda era privilégio de apenas 0,1% dos
do setor imobiliário americano e com a ruralização dos países chineses. Bastaria que 1% da população desse país tivesse acesso a tal
africanos e latino-americanos. produto, e então haveria 12 milhões de automóveis na China, quanti-
(D) potência emergente, em contraste com o relativo declínio das
dade comparável ao mercado da General Motors em toda a Europa.
demais potências econômicas e com a insignificância dos países
subdesenvolvidos. The New York Times Magazine, fev. 1996 (adaptado).
05 (UFG) A China é o país mais populoso do mundo, tem a Considerando as características da economia e da sociedade
terceira maior área de extensão territorial e destaca-se devido ao chinesas:
seu acelerado crescimento econômico, fato que renova a disputa a. explique a existência de alto poder de atração de investimentos
pelo poder entre as grandes potências mundiais. produtivos estrangeiros no país, a partir da análise da tabela.
O papel geopolítico da China atualmente é o de: b. aponte uma razão para o grande potencial de crescimento
econômico do país, tomando por base a tabela e o texto.
(A) substituir a Rússia na luta pela hegemonia política no pós-
-Guerra Fria. 02 (UFRJ)
(B) retomar a disputa nuclear enfrentando a força da Coreia do Norte. China – um país, dois sistemas
(C) estabelecer apoio às organizações socialistas em Cuba e na
América Latina.
(D) disputar com os EUA a liderança pelo controle dos mercados
mundiais.
(E) competir com o Japão pelo domínio geopolítico do Leste Asiático.
01 (UERJ)
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GEOGRAFIA II 125
Módulo 22 1ª Série
©Daniel Bhim-Rao/iStock
-se em apenas um período do ano, mas o fato é que as grandes
tempestades do verão do subcontinente indiano são responsáveis
por grandes tragédias.
Paralelamente, porém, as chuvas contribuem para a existência
de sociedades milenares associadas à agricultura do arroz, a
chamada rizicultura, que depende do sistema de chuvas das Expectativas de aprendizagem:
monções asiáticas e da construção do relevo, denominado curvas – Estudar o quadro natural e o quadro demográfico do
de nível, facilitando o acúmulo da água. subcontinente indiano e estabelecer as relações entre eles;
C2 – estudar a evolução econômica e o quadro geopolítico da Ásia
No presente módulo, analisaremos o quadro natural e humano Meridional;
dessa região do planeta. – observar as consequências do quadro natural.
n
baixa
ac
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baixa OCEANO pressão
M AL Cadeia pressão
ia ÍNDICO
de AIA Mahabharata
Ca S
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Planície Indo-Gangética
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Ar
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Decão
baixa
kta
ung
©Veni/iStock
no inverno determina grande variação na pluviosidade. O verão
é muito úmido, e o inverno, seco, como se pode observar no
climograma a seguir:
Mumbai
pluviosidade (mm) temperatura (°C)
35°
700
30°
600
25°
500
20°
400
200 10°
©Aania/iStock
pela transmissão hereditária de uma posição social que inclui
o ofício a ser exercido pelo indivíduo. A urbanização diminui a
importância desse sistema, que, no entanto, continua atingindo
milhões de pessoas e é questionado porque praticamente impede
a mobilidade social.
Família hindu.
As castas ainda dividem a Índia britânico, as castas ganharam outras divisões e tornaram a
Apesar de a Constituição indiana ter abolido oficialmente sociedade indiana mais fragmentada e hierarquizada. Com
o sistema de castas há mais de 50 anos, a divisão social baseada isso, nota-se que a sociedade indiana com base em castas é
nas crenças do hinduísmo ainda persiste no país, tendo hoje mais movida pela hierarquia, pelos deveres e por benefícios diferentes.
de 2 mil castas e 20 mil subcastas. As castas são determinadas
©Bartosz Hadyniak/iStock
no nascimento e se dividem em diferentes classes com base na
pureza do ser.
Embora a discriminação esteja proibida por lei, o antigo
sistema hindu permanece vivo e ainda causa transtornos
violentos, principalmente na área rural. O governo indiano
tentou algumas medidas para reduzir a influência do sistema de
castas na sociedade, como o sistema de cotas para aqueles que
eram julgados como menos puros ou os impuros – párias, classe
de impuros ou intocáveis que exercem trabalhos “sujos”, como
recolher lixo ou fezes. No entanto, tais projetos causaram revolta
e ondas de protesto.
Vale ressaltar que as características das castas eram menos
rígidas e menos complexas, servindo apenas como caracterís-
tica do indivíduo na sociedade. Porém, após o imperialismo
Líder brâmane navegando no Rio Ganges.
3. Antecedentes
O domínio inglês sobre a Ásia Meridional terminou em 1947. A independência ocorreu, para decepção de Gandhi, com a
Essa colônia gigantesca se estendia por uma enorme área dos formação de dois países:
Himalaias até o Oceano Índico. A impressionante população local,
com predomínio hindu, forma um mosaico de raças, religiões e • a Índia, com população predominantemente hindu e liderança
línguas, sendo falados mais de 3 mil idiomas e dialetos. de Jawaharlal Nehru, que correspondeu à parte mais central da
colônia (a Península Hindustânica);
No processo de independência, o desejo de Mahatma Gandhi, • o Paquistão, com a liderança de Muhammad Ali Jinnah, que
seu grande líder, era a formação de uma nação unitária com convi- foi dividido em uma parte ocidental e outra oriental (atual
vência de todas as etnias e religiões. Porém, houve grande resistência Bangladesh).
dos extremistas hindus e dos muçulmanos. Para estes, havia o risco
de que a formação de um Estado com maioria da população hindu
representasse uma ameaça de opressão.
128 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 22
©Creativemarc/iStock
SRI LANKA
Colombo
Bangalore.
Ásia Meridional: quadro natural, demográfico, GEOGRAFIA II 129
econômico e geopolítico Módulo 22 1ª Série
de forma muito superior aos das camadas mais pobres. Sob administração chinesa,
Sob controle reivindicada pela Índia
do Paquistão
©Gawrav Sinha/iStock
(População: 3 milhões)
CAXEMIRA
PAQUISTÃO
Sob controle
Linha de da Índia
controle CHINA
(População: 9 milhões)
(criada em
1948)
Caxemira
tão
quis
Pa
Índia
01 Identifique dois fatores que facilitaram o crescimento
econômico da Índia nas últimas décadas.
04 Qual gênero agrícola tem maior expressão na Índia? Como ele 03 Índia, Bangladesh e Japão são países considerados “formigueiros
é cultivado? humanos”, mas apresentam diferentes perfis socioeconômicos. Isso
significa que:
05 O que é o Vale do Silício indiano?
(A) a adoção da política neomalthusiana tem resultado numa visível
melhoria de vida da população daqueles países.
(B) as grandes concentrações populacionais não determinam neces-
01 (ENEM) sariamente a ocorrência de graves problemas sociais.
Lucro na adversidade (C) a superpopulação é um fator determinante para tornar esses
países áreas de repulsão de investimentos.
Os fazendeiros da região sudoeste de Bangladesh, um dos (D) o endividamento externo e as grandes desigualdades sociais
países mais pobres da Ásia, estão tentando adaptar-se às mudanças são causas diretas da superpopulação.
acarretadas pelo aquecimento global. Antes acostumados a produzir (E) são países superpopulosos, que possuem problemas de pobreza
arroz e vegetais, responsáveis por boa parte da produção nacional, e miséria, resultados do grande número de habitantes.
eles estão migrando para o cultivo do camarão. Com a subida do
nível do mar, a água salgada penetrou nos rios e mangues da região, 04 (UFRRJ) No mapa a seguir, encontra-se identificada uma das
principais áreas de tensão do planeta na atualidade.
o que inviabilizou a agricultura, mas, de outro lado, possibilitou a
criação de crustáceos, uma atividade até mais lucrativa.
O lado positivo da situação termina por aí. A maior parte da AFEGANISTÃO CAXEMIRA
OCEANO Equador
ÍNDICO
01 (UFRJ) O termo “monções”, derivado de uma palavra árabe que
significa estação do ano, designa a mudança de direção e de sentido
dos ventos do inverno e do verão no sul e no sudeste da Ásia. altas pressões
Inverno Trópico de Capricórnio
ventos
zona de convergência intertropical
Com o auxílio dos mapas apresentados, explique a distribuição anual
das chuvas associada ao mecanismo das monções no subcontinente
indiano.
OCEANO
ÍNDICO
Equador
baixas pressões
Trópico de Capricórnio
Bangalore, o Vale do Silício indiano, uma ilha futurista em meio ao caos urbano que caracteriza
a maioria das cidades indianas.
Folha de S. Paulo, 10 set. 2006 (adaptado).
©tunart/iStock
qual o homem deixou de ser um coletor que dependia da caça e
dos recursos naturais e passou a desenvolver práticas agrícolas.
Além da agricultura, os rios também serviam como vias
de transporte, fonte de alimento e fornecedor de água. Os rios
exercem todas essas funções até hoje. Também são responsáveis
pelo abastecimento hídrico de uma região desértica que apresenta
sérios problemas com a seca. Expectativas de aprendizagem:
– Caracterizar o quadro natural do Oriente Médio;
Neste módulo, estudaremos essa e outras peculiaridades
C6 – estudar a relação das características naturais com o
naturais, além de caracterizar o desenvolvimento sociocultural da desenvolvimento da sociedade;
região que é considerada o berço das civilizações. – estudar a diversidade étnica do Oriente Médio.
Zufar
SUDÃO MAR
VERMELHO IÉMEN
Iémen Áden MAR
ARÁBICO
Placas tectônicas que envolvem a região.
Cartum ERITREIA Sana
GOLFO Socotorá
DE ÁDEN
DJIBOUTI
ETIÓPIA Zeila
SUDÃO
DO SUL SOMÁLIA
©1001nights/iStock
Forte terremoto deixou dezenas de
mortos no Irã e no Paquistão
Um terremoto de grande magnitude, 7.7 na escala Richter,
atingiu casas e edificações nos dois lados da fronteira entre o Irã
e o Paquistão, no dia 16 de abril de 2013, deixando dezenas de
mortos. O tremor foi sentido até na Índia. Mesmo após quatro
anos, o evento ainda deixa marcas.
A principal causa para as sequelas do terremoto, o pior em
50 anos, é a falta de infraestrutura e planejamento de evacuação
do país, uma vez que este apresenta baixos IDHs e construções
antigas que não conseguem sustentar tremores, ao contrário
do que ocorre no Japão, por exemplo. O país asiático possui
uma engenharia voltada para impedir a queda de construções,
caso haja algum tremor.
Paisagem característica do Oriente Médio. O caso do Irã é um de muitos, assim como o Haiti ou o
próprio Paquistão, onde os estragos feitos por tremores fazem
A vegetação associa-se diretamente a essas condições climáticas, vítimas e arrasam cidades inteiras.
havendo um domínio xeromorfo, com espécies espinhentas e com
©133/iStock
raízes profundas.
O relevo exerce importante influência sobre o clima local, tanto
por determinar concentração da umidade em determinados lados
das encostas como por causar temperaturas muito reduzidas nas
áreas mais altas.
A rede hidrográfica é condicionada pelas características
climáticas, destacando-se os Rios Tigre, Eufrates e Jordão.
O déficit hídrico local é importante fator nos constantes conflitos.
Por tal razão, o controle dos recursos hídricos é ponto-chave na
geopolítica da região.
Rio Tigre.
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©134/iStock
Grupo islâmico reunido.
Países Baixos
Reino Alemanha
Unido
Tunísia Síria
Israel Afeganistão
Marrocos Iraque Irã
Jordânia
Líbia Paquistão
Argélia Egito
República Arábia Saudita
Saaraui Omã Índia
Emirados
Árabes Unidos Bangladesh
OCEANO
Mauritâniia Mali
Níger Chade PACÍFICO
Senegal Têmem
Gâmbia Sudão
Guiné-Bissau Guiné
Gana Nigéria Etiópia
Serra Leoa Sri
Lanka Brunei
Libéria Togo
Benin Somália Malásia
Costa do Quênia Cingapura
Marfim OCEANO
ÍNDICO
OCEANO Tanzânia
ATLÂNTICO
membros da Liga Árabe
muçulmanos
minoria muçulmana
3. O fundamentalismo islâmico
©GeorgiosArt/iStock
Nas últimas décadas, nota-se o avanço do elemento religioso
como fator decisivo de luta política no Oriente Médio. O funda-
mentalismo islâmico é cada vez mais importante em todo o mundo
muçulmano, ou seja, não apenas no Oriente Médio, mas também
no norte da África, no Paquistão, na Indonésia, etc.
A Revolução Iraniana foi decisiva nessa expansão. Em 1979,
cresceram as manifestações contrárias à ditadura do xá Reza Pahlavi,
insufladas por lideranças tradicionais que exigiam o retorno do
aiatolá Ruhollah Khomeini, exilado na França. A violenta repressão
às manifestações, com um saldo de milhares de mortos, não impediu
a deposição do regime e a instalação de uma república islâmica
no país.
Com a volta do aiatolá Khomeini do exílio, este assume o poder,
incentivando a ação de grupos fundamentalistas que se proliferam
em toda a região. A situação de pobreza da população e o fim do
Aiatolá Khomeini.
sonho de progresso criam um terreno próspero para o crescimento
do fanatismo religioso.
136 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 23
HOBSBWAN, Eric. História social do jazz. São Paulo: Paz e Terra, 1989 (adaptado).
Oriente Médio: quadro natural e caracterização geral GEOGRAFIA II 137
Módulo 23 1ª Série
04 (ENEM)
No mundo árabe, países governados há décadas por regimes
políticos centralizadores contabilizam metade da população com 01 (PUC-Rio)
menos de 30 anos; destes, 56% têm acesso à internet. Sentindo-se
sem perspectivas de futuro e diante da estagnação da economia,
esses jovens incubam vírus sedentos por modernidade e demo-
cracia. Em meados de dezembro, um tunisiano de 26 anos, vendedor
de frutas, põe fogo no próprio corpo em protesto por trabalho,
justiça e liberdade. Uma série de manifestações eclode na Tunísia
e, como uma epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar
pelos países vizinhos, derrubando, em seguida, o presidente do
Egito, Hosni Mubarak. Sites e redes sociais – como o Facebook e o
Twitter – ajudaram a mobilizar manifestantes do norte da África
às ilhas do Golfo Pérsico.
SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. “A epidemia da liberdade”. IstoÉ Internacional. 2 mar. 2011
(adaptado).
Considerando os movimentos políticos mencionados no texto, o Disponível em: <www.vox.com>. Acesso em: 4 jun. 2014 (adaptado).
acesso à internet permitiu aos jovens árabes:
A imagem noturna feita por satélites mostra a região do Oriente Médio
(A) reforçar a atuação dos regimes políticos existentes. e parte do norte do continente africano. Veem-se as luzes noturnas dos
(B) tomar conhecimento dos fatos sem se envolver. aglomerados humanos, os círculos brancos indicam as áreas onde essa
(C) manter o distanciamento necessário à sua segurança. concentração é mais expressiva, e as letras “A” indicam as áreas onde
(D) disseminar vírus capazes de destruir programas dos computadores. a população é bem escassa.
(E) difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a população.
a. Identifique a condição ambiental que possibilita a concentração
05 (UFLA) Observe as informações abaixo: demográfica observada nas áreas circundadas.
b. Com relação aos grandes vazios demográficos marcados com a
• Civilização ocidental: herdeira das culturas grega e romana. letra “A”, explique a condição climática que afasta a concentração
Dominante em vários continentes e grandes regiões. Convive de população.
com outras culturas.
• Civilização islâmica: cultura muçulmana. Abrange a região 02 Leia o texto a seguir:
que vai da Turquia ao Paquistão e Bangladesh. O elemento
unificador é a religião maometana. O que domina o mundo hoje é o confronto entre grupos
• Civilização hindu: abrange a Índia e países vizinhos. O islâmicos prontos a tudo, inclusive ao suicídio, e o império
elemento unificador é a mistura de religião e filosofia. Também americano, que possui as armas mais poderosas, mas não consegue
é considerada um conjunto de ideias. controlar totalmente o Afeganistão, o Iraque e os outros países do
Oriente Médio.
Indique a alternativa que define uma “civilização”:
TOURAINE, Alain. Um novo paradigma para compreender o mundo hoje.
(A) A identidade cultural mais ampla de um povo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 76.
©Aytac Unal/iStock
O que levou a Al-Qaeda, organização responsável
pelo ato terrorista de 11 de setembro, a
considerar o Estado Islâmico um grupo terrorista Expectativas de aprendizagem:
muito radical? – Compreender o conflito entre Israel e os povos árabes;
A notícia de que a Al-Qaeda rompeu laços com um aliado C2 – estudar a disputa territorial entre os palestinos e os judeus;
– conhecer as principais dificuldades para a obtenção da paz na
armado islâmico, sob o argumento de que suas atitudes são muito Palestina.
radicais, inclusive dentro de uma luta aberta que faz uso do
terrorismo, levou o mundo a questionar o que estava acontecendo
entre os árabes. povo, como parece para muitos, ela envolve um dos conceitos mais
A atuação dos responsáveis pela criação do Estado Islâmico importantes da geografia: território.
(EI) envolve um gigantesco genocídio e um conjunto incalculável Neste módulo, estudaremos as relações geopolíticas entre
de crimes contra a humanidade. A luta desse grupo não tem como Israel e Palestina, os grupos terroristas atuantes e as novas relações
principal ponto a religião ou simplesmente a trajetória de um na região.
1. Síntese teórica
A intensificação da discriminação ao povo judeu na Europa, no
ONU: plano de partilha da Palestina
século XIX, fez crescerem os movimentos sionistas, que pregavam o
retorno dos judeus à Palestina e o estabelecimento de uma comunidade
Haifa
autônoma na região, então controlada pelo Império Otomano e habitada
por palestinos.
MAR MEDITERRÂNEO
Com o apoio financeiro para a viagem e a compra de terras por Nablus
grupos judaicos poderosos, como os Rothschild, surgiram, em 1882, as Jerusalém
Tel Aviv
primeiras colônias judaicas na área. A entrada de judeus na Palestina se
acelerou com a Primeira Guerra Mundial, quando o Reino Unido assumiu
a responsabilidade sobre a região e apoiou a criação de um Estado judeu.
Gaza
Os conflitos com os árabes se acirraram, com os imigrantes judeus
passando a controlar as melhores terras, sob o apoio de fundos interna-
cionais. Também foram criados grupos militares clandestinos judaicos
TRANSJORDÂNIA
que promoviam ações terroristas contra árabes.
Com a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha perdeu o controle Estado árabe
político da região e a ONU estabeleceu, sem consultar os palestinos, um EGITO
Estado judaico
plano de divisão da região em três partes: um Estado judeu, um Estado
árabe e a cidade de Jerusalém, como “cidade aberta” ou “internacional”, cidade
por se tratar de uma cidade sagrada para o judaísmo, o islamismo e internacional
também para o cristianismo.
©Yhbv24/iStock
Observe-se, nas imagens a seguir, a evolução territorial ao Durante esse longo período de conflitos, surgiram diversas
longo desse processo: organizações para lutar pela criação de um Estado palestino; dentre
elas, a de maior representatividade foi a Organização para a Liber-
MAR LÍBANO MAR LÍBANO tação da Palestina. Sob a liderança da OLP e de outras organizações
MEDITERRÂNEO MEDITERRÂNEO
palestinas, começou, em 1987, um movimento da população árabe,
SÍRIA SÍRIA que, com paus e pedras, enfrentou o exército israelense. A Intifada,
como ficou conhecida a revolta, ganhou força, apesar da violenta
repressão por parte de Israel.
Amã Amã Não tendo como controlar a rebelião popular nos territórios
Tel Aviv Tel Aviv
ocupados e sob pressão internacional, Israel resolveu negociar com
Cisjordânia
a OLP, reconhecida pela ONU como única e legítima representante
Jerusalém Jerusalém
Mar Morto
Mar Morto
SÍRIA
MEDITERRÂNEO MEDITERRÂNEO passando a controlar a ANP nessa parte da região, enquanto o Fatah,
principal grupo da antiga OLP, continuou no poder na Cisjordânia.
2. A importância dos
Tel Aviv
Amã
Tel Aviv
Amã
recursos hídricos
Cisjordânia Cisjordânia
Jerusalém Jerusalém O intenso conflito na região da Palestina envolve disputa pela terra,
Mar Morto
Mar Morto
A Cisjordânia tem importância militar para Israel e fornece 25% da água consumida no país.
A água é bombeada de lençóis subterrâneos alimentados pelas chuvas.
14,4 km 49,8 km
m Amã
,2 k
48 lençol de
Yarkon-Taninim lençol
oriental
fronteira
pré-1967
Vale do
Tel Aviv Rio Jordão
MAR
MEDITERRÂNEO
Colinas de Golã.
©gkuna gkuna /iStock
©Kordas/Wikimedia
LÍBANO
com Israel que resulte em SÍRIA
Muro do apartheid
©aicragarual/iStock
01 (ENEM)
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou
um plano de partilha da Palestina que previa a criação de dois
Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a
decisão conduziu ao primeiro conflito entre Israel e países árabes.
A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de
nacionalizar o canal, ato que atingia interesses anglo-franceses e
israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai.
O terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como
Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de Israel.
Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam
o Yom Kipur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias atacaram de
Os israelenses começaram a construir, em 2002, entre Israel surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção
e a Cisjordânia, um “muro de proteção” destinado a impedir americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de
ataques palestinos. A construção do muro foi iniciada após outubro.
uma onda de atentados suicidas em Israel no início da segunda
Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense), em A partir do texto, assinale a opção correta:
setembro de 2000.
Atualmente, o muro está dividindo vilas, terras e famílias. A (A) A Primeira Guerra Árabe-Israelense foi determinada pela ação
presença de oito metros de altura de concreto lembra aos pales- bélica de tradicionais potências europeias no Oriente Médio.
tinos, diariamente, sobre a separação, a alienação das suas terras (B) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a Terceira
e plantios, aos quais alguns conseguem chegar apenas passando Guerra Árabe-Israelense, Israel obteve rápida vitória.
por postos de controle militar israelense, ocasionalmente. Além (C) A Guerra do Yom Kipur ocorreu no momento em que, a partir
de decisão da ONU, foi oficialmente instalado o Estado de Israel.
disso, separa os palestinos da cidade sagrada de Belém do resto
(D) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi decisiva
da Cisjordânia. Por esse motivo, também é conhecido como para o cessar-fogo que pôs fim ao primeiro conflito árabe-
“muro do apartheid”. -israelense.
Mesmo com todos os conflitos existentes, a população (E) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas
palestina encontrou outra maneira de se apropriar dessa dimensões territoriais tal como estabelecido pela resolução
de 1947 aprovada pela ONU.
barreira. Artistas de todos os tipos utilizam o muro como
tela para expressar sua indignação e rabiscar suas palavras
de ordem. Durante a Copa do Mundo de 2014, foi utilizado
para projetar as partidas do evento esportivo, que congrega
32 nações diferentes e tem como slogan oficial “Juntos num só
ritmo”, que é mais uma provocação à construção do paredão.
142 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 24
02 (ENEM) A figura apresenta as fronteiras entre os países envol- (B) a Guerra dos Seis Dias insere-se no contexto de outras disputas
vidos na Questão Palestina e um corte, no mapa, da área indicada: entre árabes e israelenses, por causa das reservas de petróleo
localizadas naquela região do Oriente Médio.
LEGENDA (C) a Guerra dos Seis Dias significou a ampliação territorial de
I. Líbano
II. Síria
Israel, com a anexação de territórios, justificada pelos israe-
III. Cisjordânia I lenses como medida preventiva para garantir sua segurança
IV. Israel II contra ações árabes.
VII
V. Egito (D) o discurso de Obama representa a postura tradicional da diplo-
VI. Jordânia III
O L macia norte-americana, que defende a existência dos Estados
VII. Mar Mediterrâneo
de Israel e da Palestina, e diverge da diplomacia europeia, que
limite IV VI condena a existência dos dois Estados.
Israel/ V
Oeste Leste
Cisjordânia Vale do
Mediterrâneo platô central 890 m 05 (ESPM) Leia o texto:
Jordão 1.040 m
880 m 650 m –310 m
planície 210 m
costeira nível do mar
0 7 km A existência de um país supõe um território. Mas a existência
Israel Cisjordânia Jordânia
de uma nação nem sempre é acompanhada da posse de um
território e nem sempre supõe a existência de um Estado. Pode-se
Revista Hérodote. Números 29 e 30 (adaptado).
falar, portanto, de territorialidade sem Estado, mas é praticamente
Com base na análise da figura apresentada e considerando o conflito impossível nos referirmos a um Estado sem território.
entre árabes e israelenses, pode-se afirmar que, para Israel, é impor- SANTOS, Milton. O Brasil. 2000.
tante manter ocupada a área litigiosa por se tratar de uma região:
Das palavras de Milton Santos, podemos deduzir que:
(A) de planície, propícia à atividade agropecuária.
(B) estratégica, dado que abrange as duas margens do Rio Jordão.
(A) nação, Estado e território são categorias excludentes.
(C) habitada, majoritariamente, por colônias israelenses.
(B) não existe nação sem Estado.
(D) que garante a hegemonia israelense sobre o Mar Mediterrâneo.
(C) a categoria território é imprescindível à existência de um Estado.
(E) estrategicamente situada devido ao relevo e aos recursos hídricos.
(D) as fronteiras delimitam os territórios, mas não os Estados.
(E) um Estado é sempre composto por uma única nação.
03 (UERJ) A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU,
1948) conta hoje com a adesão da maioria dos Estados Nacionais.
O conteúdo desse documento, no entanto, permanece como um
ideal a ser alcançado. Observe o que está disposto em seu artigo XV:
Hadera
Netânia Com base nas informações anteriores, indique uma área na
figura selecionada em que ainda não há a consolidação de um
Cisjordânia
Rio Jordão
Dimona
ISRAEL
EGITO JORDÂNIA
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GEOGRAFIA II 144
Módulo 25 1ª Série
©anek_s/iStock
Você sabia que a Arábia Saudita tem o
equivalente a 264 bilhões de barris de petróleo?
A Arábia Saudita, hoje, é o principal país exportador dessa
commodity, possuindo cerca de 25% da reserva mundial. Assim, esse
país, localizado ao sul do Oriente Médio, possui vital importância nas
negociações do preço do barril do petróleo com o restante do mundo.
É um dos líderes da OPEP, associação que controla as principais
reservas petrolíferas do mundo. Expectativas de aprendizagem:
É importante destacar que, apesar da grande riqueza gerada – Identificar os principais conflitos do Oriente Médio, destacando
pela comercialização do chamado “ouro negro”, a sociedade saudita C3 suas causas;
– estudar a importância do petróleo na geopolítica local;
é marcada pela grande disparidade social e econômica. Isso ocorre
– identificar as constantes ações dos EUA na região.
porque os detentores das reservas de petróleo, chamados sheiks, são,
em sua maioria, representantes de empresas privadas, não havendo
a partilha dos lucros. especial para os mais notáveis participantes, sendo eles agentes
Neste módulo, veremos os motivos dos principais conflitos, externos à região, como os Estados Unidos, ou agentes regionais,
incluindo o petróleo, dentro do Oriente Médio, com um olhar como o Iraque.
1. Introdução
©tunart/Stock
O Oriente Médio é uma região conhecida internacionalmente
pelos constantes conflitos que ocorrem no interior dos países e
entre diferentes Estados Nacionais ou, ainda, entre diferentes povos.
A importância assumida por esses conflitos derivou, em grande
parte, do fato de ocorrerem em uma área onde se encontram
mais da metade das reservas mundiais de petróleo e os principais Ruhollah Khomeini.
exportadores do produto. Em decorrência disso, o Oriente Médio
tem sido palco de disputa das potências com o objetivo de assegurar O aiatolá Khomeini voltou do exílio e assumiu o poder, incen-
sua influência e acesso às reservas petrolíferas. tivando a ação de grupos fundamentalistas que proliferavam em
Somam-se, ainda, as contradições existentes entre os diversos toda a região. A situação de pobreza da população e o fim do sonho
países árabes locais e destes com Israel. Tais conflitos não se devem de progresso criaram um terreno próspero para o crescimento do
fanatismo religioso.
apenas ao petróleo, mas também às características de formação
histórica e cultural da região. O país foi rapidamente envolvido em um conflito com
o vizinho Iraque e, ainda assim, o regime político teocrá-
tico manteve-se firme. Nos dias atuais, passados mais de
2. A Revolução Iraniana 30 anos do movimento revolucionário, há importantes questiona-
Em 1979, cresceram no Irã as manifestações contrárias à mentos internos, inclusive quanto à lisura dos processos eleitorais,
ditadura do Xá Reza Pahlavi, insufladas por lideranças tradicionais e externos, principalmente por parte dos Estados Unidos e de seus
que exigiam o retorno do aiatolá Ruhollah Khomeini, exilado aliados, relacionados ao programa nuclear iraniano.
na França. A violenta repressão às manifestações, com um saldo
de milhares de mortos, não impediu a deposição do regime e a 3. A Guerra Irã-Iraque (1980-1988)
instalação de uma república islâmica no país.
Desde a década de 1970, existia uma controvérsia entre o Irã e
o Iraque em relação à delimitação das fronteiras entre os dois países
no Estreito de Chate Alárabe. Tal disputa vai servir como pretexto
para a invasão do Irã pelo Iraque, em setembro de 1980.
Oriente Médio: os constantes conflitos GEOGRAFIA II 145
Módulo 25 1ª Série
No f u n d o, o
©KeithBinns/iStock
ataque do Iraque Estado Islâmico
tinha como objetivo
O grupo Estado Islâmico nasceu como uma derivação
a conquista de
da Al-Qaeda, fundamentado nos mesmos princípios dessa
influência e de uma
organização. Contudo, as ações do EI ficaram gradativamente
posição dominante
mais radicais, até mesmo para os padrões da Al-Qaeda, o que
na região. Além disso,
provocou a separação entre as duas organizações terroristas.
o Iraque contava com
o apoio de potências Os objetivos do Estado Islâmico são expandir o seu califado
ocidentais e dos Posição do Iraque no Oriente Médio. (liderança islâmica) por todo o Oriente Médio, pautando-
países árabes conservadores que temiam o avanço do fundamenta- -se pela Lei Islâmica interpretada com base no Alcorão, e
lismo islâmico em seus territórios. estabelecer conexões na Europa e outras regiões do mundo,
com o propósito de realizar atentados que lhe possam conferir
Após um longo período de combate em que não houve
autoridade por meio do terror. A concepção de jihad, ou
vencedores, foi realizada a paz entre os dois países em 1988. Como
Guerra Santa, para o EI, é a mesma de outras organizações
resultado da guerra ficaram um grande número de mortos e a
terroristas, como a Al-Qaeda ou o Hamas: expandir o modelo
economia do Irã e a do Iraque bastante debilitadas.
teocrático radical islâmico de governo pelo mundo, por meio
dos métodos terroristas.
4. A Guerra do Golfo (1990-1991) É curiosa a grande adesão de simpatizantes não islâmicos
Mal havia saído da guerra com o Irã, o Iraque invadiu o Kuwait e, frequentemente, de origem europeia às causas do EI. Muitos
e o anexou. Desse modo, conquistaria as enormes reservas petrolí- jovens do Ocidente se oferecem para integrar o grupo e servir
feras do Kuwait e uma excelente saída para o mar, assumindo uma ao seu propósito jihadista.
posição de destaque na região. Desde que deu início ao levante, em junho de 2014, o
Estado Islâmico já conquistou partes da Síria e do Iraque, onde
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Tropas iraquianas. Síria, zona dos principais conflitos travados pelo Estado Islâmico.
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Segurança da ONU, sofrendo fortes críticas de vários países,
como a França, a Alemanha e o Brasil.
• A declaração chamada de Doutrina Bush, dentro do contexto
posterior ao 11 de setembro de 2001, apregoou o direito a ataques
preventivos, sempre que o país pudesse vir a ser ameaçado. No
caso iraquiano, não foram encontradas as armas químicas e
é pouco provável alguma ligação de redes terroristas como a
Al-Qaeda com o território iraquiano (segundo o FBI, dos 19
terroristas nos aviões do 11 de setembro, 15 eram da Arábia
Saudita, 2 dos Emirados Árabes, 1 do Egito e 1 do Líbano).
• Há, no Iraque, uma grande divisão interna, pois uma parte da
Tropas americanas no Oriente Médio. população é xiita e outra parte é sunita, além de haver curdos
no norte do país.
É importante ressaltar que essa nova Guerra do Golfo possui
algumas diferenças fundamentais em relação ao conflito do início
da década de 1990:
300.000 curdos
TURQUIA
Vinte e cinco
milhões de curdos MAR CÁSPIO
13,5 milhões de curdos
vivem espalhados 18% da população
por seis países,
sonhando com
a independência.
SÍRIA
1 milhão Teerã
6% da população
IRÃ
MAR IRAQUE 5 milhões
Área de MEDITERRÂNEO Damasco 7% da população
5 milhões
maioria curda Bagdá
20% da população
Os curdos, povo sem território, se apresentam, hoje, como baixas ou extremamente baixas. Seus costumes e tradições antigas
uma grande ameaça para os países vizinhos e principalmente para envolvem honra e bravura, o que permite atos de bravura como
a Turquia. Durante a guerra contra o Iraque, a Turquia proibiu o suicídio. O povo curdo é o maior “povo sem pátria” do planeta.
que os Estados Unidos usassem o sul do país para invadir o norte Turquia e Iraque tiveram posições diferentes com relação à
do Iraque, por temer perder o controle na região entre os países. presença de curdos no território. Enquanto no Iraque, no pós-guerra,
O maior medo era de que, no Iraque pós-Saddam Hussein, os os curdos iraquianos entraram em acordo com os Estados Unidos
curdos pudessem proclamar um Estado independente. para estar dentro do planejamento de reconstrução do país, na
Hoje, os curdos vivem como etnia minoritária entre a Turquia, a cultura e a língua curda foram fortemente reprimidas.
maioria árabe do Oriente Médio, mas suas origens na região são O Partidos dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) possui um
muito mais antigas, remontando à pré-história da civilização. braço armado que durante 20 anos promoveu e vem promovendo
Mantiveram suas raízes e identidade própria mesmo adotando atentados terroristas em território turco. O resultado desse conflito é
o Islã durante a expansão maometana. Uma das marcas do povo o número alarmante de 40.000 mil mortes, principalmente de civis,
curdo é a vivência nas montanhas, onde as temperaturas são como forma de repressão.
Oriente Médio: os constantes conflitos GEOGRAFIA II 147
Módulo 25 1ª Série
01 (VUNESP) Quais as principais potências econômicas que 04 Apresente uma diferença básica entre a primeira intervenção
participaram da Guerra do Golfo (1991)? Indique os motivos dos EUA no Iraque, em 1990, e a segunda, em 2003.
político e econômico que as levaram a se envolver no conflito.
05 O fundamentalismo islâmico começa a ser mais comentado
02 Apresente três fatores que originaram os conflitos entre países como fenômeno político e religioso a partir do final da década
do Oriente Médio. de 1970. Identifique os principais eventos que inauguraram tal
notoriedade.
03 Qual é a atual situação dos curdos?
01 (UERJ) Observe a imagem abaixo, do episódio ocorrido nos 02 (CESGRANRIO) Na última década do século XX, verificou-
EUA no dia 11 de setembro de 2001: -se o recrudescimento da ideologia do nacionalismo em todo o
mundo, gerando a ocorrência de movimentos separatistas, que,
(A) armênia.
(B) libanesa.
(C) sunita.
(D) palestina.
(E) curda.
Mar
Mediter- Mar
râneo Cáspio
A queda das torres do World Trade Center foi certamente a
mais abrangente experiência de catástrofe que se tem na História,
inclusive por ter sido acompanhada em cada aparelho de televisão, 30°
nos dois hemisférios do planeta. Nunca houve algo assim. E sendo
imagens tão dramáticas, não surpreende que ainda causem forte
Mar Vermelho
A guinada histórica colocada em questão pelo historiador Assinale a alternativa que indica corretamente o título adequado
Eric Hobsbawm associa-se à seguinte repercussão internacional da ao mapa:
queda das torres do World Trade Center:
(A) Geórgia – poços de petróleo.
(A) Concentração de atentados terroristas na Ásia Meridional.
(B) Irã – instalações nucleares.
(B) Crescimento do movimento migratório de grupos islâmicos.
(C) Afeganistão – bases terroristas.
(C) Intensificação da presença militar norte-americana no Oriente
(D) Paquistão – centros de formação islâmica.
Médio.
(E) Iraque – focos de insurgência às tropas estrangeiras no país.
(D) Ampliação da competição econômica entre a União Europeia
e os países árabes.
148 GEOGRAFIA II
1ª Série Módulo 25
A partir das informações fornecidas, conclui-se que: A região conhecida como Oriente Médio é uma área de constantes
conflitos. Explicite os principais agentes internos e externos, bem
(A) as ações guerrilheiras e terroristas no mundo contemporâneo como as principais motivações desses conflitos.
usam métodos idênticos para alcançar os mesmos propósitos.
(B) o apoio internacional recebido pelas Farc decorre do desconhe- 02 (UFRJ) O petróleo constitui, atualmente, uma das principais
cimento, pela maioria das nações, das práticas violentas dessa fontes de energia e matéria-prima do mundo. Seu ritmo de consumo
organização. se acelera a cada dia, o que leva os países a intensificar a produção
(C) os EUA, mesmo sendo a maior potência do planeta, foram nacional, fazer acordos internacionais e valorizar outras fontes de
surpreendidos com ataques terroristas que atingiram alvos de energia.
grande importância simbólica.
(D) as organizações mencionadas identificam-se quanto aos
princípios religiosos que defendem. Reservas mundiais de petróleo
(E) tanto as Farc quanto a Al-Qaeda restringem sua atuação à área
geográfica em que se localizam, respectivamente, América do Sul
e Ásia.
América do Norte – 3%
Antiga URSS – 6%
05 (UERJ) Europa – 2%
América Latina e Caribe – 14%
Texto I África – 7%
Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Ásia e Oceania – 4%
Oriente Médio – 64%
Dmitri Medvedev, assinaram, no dia 8 de abril de 2010, em Praga,
um histórico acordo de redução de armas nucleares que cortará em
cerca de 30% o número de bombas atômicas instaladas em ambos os
países. A assinatura do acordo representa o início da concretização
de uma das metas do Governo Obama, que diz querer ver um Consumo mundial de petróleo
mundo livre de armas nucleares.
Disponível em: <noticias.r7.com> (adaptado).