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FÉDON

O REAL INVISÍVEL

“Admitamos, assim, que há duas formas


de seres: uma visível e outra invisível” [79A]

A alma se assemelha ao que é divino, imortal, inteligível,


uniforme, indissolúvel, sempre idêntico a si mesmo, ao passo que
o corpo se assemelha ao que é humano, mortal, multiforme,
desprovido de inteligencia, dissolúvel e jamais idêntico a si mesmo. [80b]

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Informações preliminares
Cena
Platão não participa da reunião em torno de Sócrates, durante seu último dia de vida. Os
personagens que narram o discurso mencionam que ele não estava presente. Segundo
analistas, seria uma pista do escritor quanto ao conteúdo do diálogo não ser fiel à verdade
histórica. Fédon é considerado um diálogo crucial no quadro (disperso através de vários
diálogos) da doutrina platônica versando a diferença entre mundo das ideias e mundo
material, distinção essa aplicada aos componentes humanos da inteligência e da sensibilidade.

Data
A composição dessa escrito teria ocorrido por volta de 387a.c., logo após a fundação da
Academia e pressupõe a influência das doutrinas órficas

Orfismo em Platão
“Nos documentos literários gregos que nos chegaram aparece pela primeira vez em Píndaro
uma concepção da natureza e dos destinos praticamente desconhecida aos gregos das épocas
precedentes e expressão de uma crença revolucionária sob muitos aspectos, a qual,
justamente, foi considerada como elemento de um novo esquema de civilização. De fato,
começa-se a falar da presença no homem de algo divino e não mortal, que provém dos deuses
e habita no próprio corpo, de natureza antitética à do corpo, de modo que este algo só é ele
mesmo quando o corpo dorme ou quando se prepara para morrer e, portanto, quando
enfraquecem os vínculos com ele, deixando-o em liberdade. Eis o célebre fragmento de
Píndaro:

O corpo de todos obedece à poderosa morte, em seguida permanece ainda viva uma imagem
da vida, pois só esta vem dos deuses: ela dorme enquanto os membros agem, mas em muitos
sonhos mostra aos que dormem o que é furtivamente destinado de prazer e de sofrimento. “

(Reale, História da Filosofia Antiga, vol. 1, p. 374. Primeiro apêndice)

[...]

“Numa passagem do Crátilo, Platão menciona expressamente os órficos, atribuindo-lhes a


doutrina do corpo como lugar de expiação da culpa original da alma, que pressupõe
estruturalmente a metempsicose, e também Aristóteles refere expressamente aos órficos
doutrinas que implicam a metempsicose; algumas fontes antigas fazem depender
expressamente Pitágoras de Orfeu e não vice-versa.”
FÉDON
O REAL INVISÍVEL

(Reale, História da Filosofia Antiga, vol. 1, p. 378. Primeiro apêndice)

“O pitagórico Filolau - e isto é muito indicativo - escrevia:

‘Atestam também os antigos teólogos e adivinhos que a alma está unida ao corpo para pagar
alguma pena; e nele como numa tumba está sepultada’

Fédon, 61d: Sócrates interpela Cebes, diante de seu questionamento sobre não ser permitido
a alguém tirar a própria vida: “Como, Cebete, nunca ouvistes nada a esse respeito, tu e Símias,
2
quando convivestes com Filolau?”

“Platão, no Menon, ao reportar a primeira passagem de Píndaro acima lida, escreve: [ ... ]
Dizem, de fato, que a alma do homem é imortal, e que às vezes chega a um fim - o que
chamam morte - às vezes ressurge novamente, mas nunca é destruída: justamente por isso é
preciso transcorrer a vida da maneira mais sensata possível [...]”.

Reale, História da Filosofia Antiga, vol. 1, p. 379. Primeiro apêndice

Metempsicose: doutrina segundo a qual cada vida terrena é a expiação de uma culpa anterior,
em relação com as pessoas com quem tem-se laços nesta vida, e a libertação do processo
ocorre na vida última de uma alma, quando ela, após ter cumprido toda a carga de expiações
por crimes passados, e ter sofrido em vida todo o sofrimento que impôs a outros em vidas
anteriores, enfim retorna ao seu lugar – o eterno e divino – ao deixar o corpo, que lhe servia
de cárcere.

Conferir:

Reale, História da Filosofia Antiga, vol. 1, p. 370-384. Primeiro apêndice: O orfismo e a


novidade de sua mensagem. São Paulo: Edições Loyola, 1993

Significado da doutrina órfica no Fédon


Que Platão tem em mente essas doutrinas no diálogo Fédon, é evidente. O que cabe se
perguntar é qual o papel das imagens órficas no desenho de Sócrates como modelo de
virtude. Será que o jogo de esquemas corpo-alma/ vida-expiação/ morte-libertação
definitiva da alma após purificação completa não serve, na verdade, como um
excelente quadro para representar o ideal de homem virtuoso, que se resolve na figura
do sábio?
Em 61E, diz Sócrates: “A coisa mais conveniente a fazer, para quem está a ponto de
empreender a viagem para o outro mundo, é indagar com a razão e descrever com
mitos esta viagem ao outro mundo, e dizer como acreditamos que ela seja”.

Fortuna do tema “Filosofar é aprender a morrer”


A concepção de filosofia como “exercício de morte”, no sentido de
exercício da vida verdadeira, teve influência impressionante, em grande
medida através da reformulação de Cícero nas Tusculanas, como se nota à
FÉDON
O REAL INVISÍVEL

leitura do ensaio de Montaigne (Livro I, 20), intitulado “filosofar é


aprender a morrer”.

Estrutura do diálogo 3
i. Prelúdio [57a-59c]
ii. Grande prólogo doutrinal [59D-69E]
iii. Primeira demonstração sobre a imortalidade da alma [69E-77D]
iv. Intervalo – o filhinho de Cebes
v. Segunda demonstração sobre a imortalidade da alma [78b-80b]
vi. Primeiro mito escatológico e reflexões éticas [80b-84d]
vii. Intervalo e dúvidas sobre as demonstrações precedentes [80C-91C]
viii. Refutação das objeções de Símias [91c-95a]
ix. Refutação das dúvidas de Cebes e terceira prova da imortalidade da alma
[95a-107b
x. Segundo mito escatológico e reflexões éticas conclusivas
xi. Epílogo/morte de Sócrates [115b-118a]

1 Estado de Sócrates em seu último dia de vida:


“O homem me parecia felicíssimo, Equécrates, tanto nos gestos como nas palavras,
reflexo exato da intrepidez e da nobreza com que se despedia da vida. Minha
impressão naquele instante foi que sua passagem para o Hades não se dava sem
disposição divina (...)”
Logo que abre a boca, Sócrates explica a proximidade entre dor e prazer, estados
alternados vinculados ao corpo, que experiência coisas contrárias em instantes
próximos. Primeira pista sobre a natureza do corpo (“jamais igual a si mesmo”). Em
seguida, fala sobre sua tentativa de descobrir o significado de um sonho (a música a
que deveria se dedicar); por fim, evoca a morte como alívio para os filósofos, em
seguida, menciona Filolau. A ambientação inicial do diálogo é matizada por elementos
que remetem às doutrinas órficas.
TEMA 01 – DISPOSIÇÃO DO FILÓSOFO PARA A MORTE
Se os deuses são nossos guardiões, a disposição para a morte não seria o desejo de
libertar-se dele, cabendo aos tolos?
Sócrates: NÃO. POR QUÊ? O destino das almas dos bons não é o mesmo que o destino
das almas dos maus. O destino das almas corresponde à sua qualidade moral.
FÉDON
O REAL INVISÍVEL

Associação entre homens bons/virtuosos & filósofos, aqueles que se dedicaram à


filosofia
Sócrates está confiante porque seu destino, provavelmente, é participar dos mais
valiosos bens.
QUAIS SÃO? A sabedoria plena.
Morte = separação entre corpo e alma; momento em que a alma se isola 4
O que distingue o filósofo entre os demais homens, a ponto de explicar porque não
teme a morte? O filósofo se empenha em retirar o quanto possível a alma, enquanto
perdura sua convivência com o corpo. Este é um entrave ao conhecimento. Como o
corpo é um fator de perturbação para a alma, impedindo-a de alcançar a verdade e o
conhecimento, “a alma do filósofo despreza o corpo e dele foge”.
SÓ A ALMA CONHECE
SABEDORIA, portanto, só será plenamente alcançada após a alma libertar-se do
corpo.
DURANTE A VIDA? É possível ficar mais próximo do pensamento abstendo-se de
comunicar-se demais com o corpo; de modo a não se deixar SATURAR de sua
natureza, evitando que ela nos macule.

PURIFICAÇÃO: EXERCÍCIO DAS VIRTUDES = ALMA LIBERTA DOS GRILHÕES DO CORPO


FILOSOFIA: ESFORÇOI DE LIBERTAÇÃO DA ALMA DOS GRILHÕES DO CORPO

VIRTUDE APARENTE VIRTUDE REAL


Trocar um mal maior por um menor A coragem aparente não está
associada a uma fraqueza, como
“trocar uns prazeres por outro; uns temores ≠ o temor; portanto, é pura, e não
por outros; umas tristezas por outras” a aparência exterior de algo
impuro (a tal fraqueza que
Ex. soldados cuja coragem nasce do medo de motiva um ato que parece
um mal pior que a própria morte virtuoso)

SOMBRA DE VIRTUDE SABEDORIA

Tema 02 – A IMORTALIDADE DA ALMA


Argumento: METEMPSICOSE/REENCARNAÇÃO.
Fundamento: a oposição universal. Um contrário engendra o outro. IMAGEM INICIAL
DO DIÁLOGO: o incômodo engendrou o alívio
FÉDON
O REAL INVISÍVEL

Viver e morrer são contrários que engendram um


A TEORIA DAS IDEÍAS ao outro: “cada coisa cresce à custa de outra, sendo
PLATÔNICA... recíproca a geração entre elas”.

Tal como aparece no SONO / VIGÍLIA = MORRER / REVIVER


Fédon, com todos os Se o morto provém do vivo, o vivo provém do
exemplos e imagens morto.
presentes ao diálogo, 5
está na raiz de todo o LOGO, “NOSSAS ALMAS ESTÃO NO HADES”
debate sobre o “O reviver é um fato, os vivos provém dos mortos,
conhecimento nos as almas dos mortos existem, sendo a melhor a sorte
escritos do século XVII. das boas e pior, a das más”.
Existem ideias inatas? Argumento: conhecer é recordar/ teoria da
Qual a natureza das reminiscência
ideias inatas? Fundamento: a capacidade dedutiva [assunto que
Como as alcançamos? será desenvolvido no diálogo Mênon]. Argumento
controverso, pois a capacidade de deduzir a
Qual a sua relação com conclusão forçosa com base em axiomas, ou
as coisas no interior das analítica, não abrange o domínio completo do
quais as vislumbramos? conhecimento humano.
Estão em nós ou estão no Prova da anterioridade do conhecimento das ideias
mundo? com relação à percepção da essência das coisas:
São ilusões ou realidades?
A comparação entre vários galhos nos conduz à ideia
Hipóteses ou
de galho.
conhecimento certo?
A ideia de galho é diferente dos vários galhos
Etc.
concretos.
Se ao olhar para vários galhinhos, remetemos todos
eles à ideia de galho, como se víssemos algo dentro de nós, há o conhecíamos
anteriormente.
Para Platão, o conhecimento da realidade é inato, e o aprendizado é um recordar-se.
Disto, conclui que a alma existe antes de assumir forma humana, separada do corpo.
E se as ideias existem e a elas referimos o que percebemos, como se a algo
preexistente, que encontramos em nós mesmos, e com o que o comparamos, LOGO,
elas existem na nossa alma antes de nascermos.
A ALMA existe antes do nascimento E É IMORTAL, isto é, INDISSOLÚVEL.
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O REAL INVISÍVEL

EXPLICAÇÃO: Pureza. O que não é composto, não se altera. Compostos se alteram (se
desfazem, como antes se formaram). Já o que é puro não se altera, de modo que a
alma não é um ser transitório, como o corpo.
Contudo, almas que sucumbem à ilusão de julgar real o que é transitório acaba
contaminando-se com o peso do corpo, das coisas compostas, perecíveis e desiguais
a si mesmas (ou instáveis). Portanto, a alma que entende sua natureza peculiar e,
portanto, se isola do corpo, resguarda sua pureza; enquanto a alma que sucumbe aos 6
traços do corpo não mantém-se recolhida em si mesma e se torna pesada, sendo
arrastada, após a morte, para a região das coisas materiais e visíveis, vagando “até
que o apetite do elemento corporal a que sempre estão ligadas volte a prendê-las
noutros corpos.
Quadro comparativo entre os vários tipos de vícios (pecados) e os tipos de animais
em que almas impuras revivem. Incluídos aí estão até mesmo os obedientes, que
praticam virtudes por hábito, sem “a participação da filosofia e da inteligência”
(revivem em animais gregários como formigas e abelhas, ou até em seres-humanos)

TEMA 03 – O alheamento ao divino; à verdade; ao bem afasta as almas da


liberdade
Definição de filósofo: aquele que “contempla o que é verdadeiro e divino e que paira acima
das opiniões.

IMAGEM DO CISNE. Canta perto de morrer não por angústia, mas para manifestar alegria. Aves
não cantam, quando tristes ou angustiadas. Da mesma forma, Sócrates raciocina e pensa
porque permanece confiante de que sua alma se libertará dos grilhões do corpo.

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