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A IMAGEM DO CORPO: AS
INTERPRETAÇÕES HISTÓRICAS DO CORPO
HUMANO E DE SUAS PRÁTICAS
COTIDIANAS
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- reconhecer que o corpo é construído na e pela cultura e que conta histórias marcadas em diferentes tempos e
espaços;
2- identificar o corpo como identidade de ser e de saber no e com o mundo; 3- refletir sobre a qualidade de ser
fenômeno social e cultural. O corpo é o que o ser humano tem de mais humano. Anterior às descobertas, às
O corpo humano existe na totalidade dos elementos que o compõem e se constitui socialmente a partir do
comportamento e das relações estabelecidas com os outros humanos, definindo-se como sujeito histórico de um
grupo de pertencimento. Como sujeito, marca sua individualidade, suas fronteiras, limites e possibilidades, que,
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O humano é um ser a um só tempo plenamente biológico e plenamente cultural, que traz em si
a unidualidade originária. É super e hipervivente: desenvolveu de modo surpreendente as
potencialidades da vida. Exprime de maneira hipertrofiada as qualidades egocêntricas e
altruístas do indivíduo, alcança paroxismos de vida em êxtases e na embriaguez, ferve de
ardores orgiásticos e orgásmicos, e é nessa hipervitalidade que o Homo sapiens é também
Homo demens.
O homem é, portanto, um ser plenamente biológico, mas, se não dispusesse plenamente da cultura, seria um
primata do mais baixo nível. A cultura acumula em si o que é conservado, transmitido, aprendido, e comporta
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Parece-nos estranho acreditar que o ser humano, que tem de mais humano o corpo, presente um determinado
grau de dificuldade para identificá-lo claramente com consciência de sua individualidade e sem preconceitos.
São muitas as histórias que jorram dos múltiplos contos curiosos e misteriosos sobre a construção cultural do
corpo, desde as culturas primitivas em que “o indivíduo não tinha consciência de possuir um corpo que interage
num mundo de corpos e objetos” (GALLO, 1997) até as culturas alienantes de “culto ao corpo”, geradoras de
descaminhos sintomáticos.
Ao longo da história da evolução humana, muitas escutas do corpo humano pontuaram diferentes interpretações
diante dos movimentos em contextos integrados à atividade geral de domínio de poder político, religioso ou
ideológico. O corpo humano por séculos está fadado à servidão e à obediência ditadas pelo domínio de poder
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Para ampliar os saberes sobre o corpo, busque, na internet, o texto do professor Sílvio Gallo, O
corpo, em: Ética e cidadania - caminhos da filosofia, disponível na biblioteca virtual e realize
uma leitura crítica para participar do debate no chat da aula, ratificar as ideias-chaves do
conteúdo sistematizado e melhor se autoavaliar.
Os procedimentos de ensino para esta aula serão dinamizados pela sua participação e pelo seu movimento de
• - Vá ao espelho e olhe seu rosto, fique olhando, sinta e registre o que sentiu;
• - Vá a um espelho maior, tire a roupa e se observe de frente, de costas, de lado, detenha-se nas regiões
• - Coloque uma música e deixe seu corpo responder a ela. Registre o que acontece.
•
- Sinta o seu corpo, acaricie-o, converse com ele.
• - O que você sente por ele? Como você lida com ele?
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Agora reflita sobre os exercícios e vamos arriscar outra reflexão: (TRINDADE, 2002, p. 69).
O exercício sugerido favorece o contato corporal consigo mesmo, tornando possível algumas percepções e
descobertas para a sua interação no e com o mundo, viabilizado pela “função de interiorização” que Le Boulch
(1987) define como a “possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu corpo próprio a fim de
A história vivida, percebida e representada nas práticas cotidianas é que proporciona as noções da realidade e
vir a ser seja diferente do presente e fortaleça a emoção e o desejo de viver a vida em paz.
Para tanto, salienta-se que cada emoção e cada desejo são construídos pelas e nas contradições sociais e
Nossa história tem sido marcada pelos fazeres padronizados e pelos apelos de conservas culturais direcionados
para os movimentos de repetições indesejáveis. Nesse caminho quase que viciado, o corpo, com tantas atitudes
equivocadas diante de tantas demandas nas práticas cotidianas, aumenta o risco de sua existência e se fragmenta
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Não se tem registro de ninguém que tenha escrito algo e que não tenha tido como referência uma história. Não se
pode negar que a vida é a relação com o outro, é história, muitas histórias. Fala-se da vida do ser humano em
Dessa forma, é fundamental que o corpo humano seja referenciado na sua construção histórica, que compõe um
cenário diferenciado para cada tempo e condição humana. As cenas marcam os movimentos e as manifestações
identitárias que caracterizam a figura humana, o corpo, e os tornam o grande centro das atenções.
As pesquisas e os debates sobre o desenvolvimento ecológico humano mostram que as realizações básicas de
existência promovidas pelo ser humano têm influenciado, direta ou indiretamente, suas demandas emergenciais
(segurança, alimentação, habitação...) e seus direitos sociais (educação, saúde, cultura e lazer...).
Assim, a compreensão articulada sobre o corpo e suas práticas educativas torna-se uma questão a ser pensada
criticamente pela sociedade organizada, por conta da realidade sociocultural que, pouco a pouco, tem produzido
contradições e numerosos descaminhos de alienação que violenta a humanidade enquanto corpo sociocultural
focado nas “virtudes para um outro mundo possível”, como salienta Leonardo Boff.
Percebe-se, no contexto das prioridades sociais, que o ser humano enquanto cidadão (sujeito político de direitos
e deveres, que cumpre ou não as leis), tem sofrido progressivamente tensões subordinadas a critérios
conflitando valores sociais e paralisando-a, afetiva e culturalmente, para lidar com a realidade.
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Entende-se que a busca pela transformação educativa do corpo em movimento passa pela articulação ativa dos
sujeitos cidadãos que exercem papéis sociais de diferentes perspectivas e hábitos culturais.
Steinberg (1997) ao afirmar que “[...] a educação ocorre numa variedade de locais sociais, incluindo a escola, mas
revistas, brinquedos, anúncios, videogames, livros, esportes, etc.”, promove o desenvolvimento de uma reflexão
pertinente às dinâmicas sociais sobre o corpo que, de fato, é moldado pela interação social.
Desde a cultura primitiva até o tempo presente, o corpo humano sofre mudanças significativas produzidas pelos
humanos em movimento que, a partir de novas descobertas, transformam ideias em realizações concretas.
Essas transformações marcam a potência corpórea e torna o corpo, mesmo como instrumento, um ator principal
da vida moderna.
Muitos são os desafios que se colocam hoje para a compreensão dos processos emergentes das relações sociais
em movimento. A cada tempo, surgem novas exigências fundadas nos apelos imediatos e manipuladas pelo
poder mercadológico que afirmam o corpo como objeto de uso diante do domínio econômico, político e
ideológico.
Sair, pois, da conserva do modelo cartesiano, que fragmenta o corpo humano como uma máquina composta por
várias partes, requer a diferenciação do corpo em movimento, compreendendo seus limites e possibilidades e
Esse movimento de complexidade deverá abrir caminhos para as necessárias superações dos paradigmas de
A socialização do corpo aponta para a importância da relação com o outro na formação da corporeidade;
constata de forma irrestrita a influência dos pertencimentos culturais e sociais na elaboração da relação com o
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corpo, mas não desconhece a adaptabilidade que, algumas vezes, permite ao ator integrar-se em outra sociedade
(migração, exílio, viagem) e nela construir, com o passar do tempo, suas maneiras de ser calcadas em outro
modelo. Se a corporeidade é matéria de símbolo, ela não é uma fatalidade que o homem deve assumir e cujas
manifestações ocorrem sem que ele nada possa fazer. Ao contrário, o corpo é objeto de uma construção social e
Portanto, propõe-se como exercício, após a aula, que se traga a memória da sua história, especificamente da
história do aluno no curso de Pedagogia. Reflita sobre a sua origem familiar, sobre sua base escolar desde os
primeiros anos do ensino fundamental, sobre sua escolha profissional e realize um breve comentário sobre a sua
trajetória como aluno do curso de graduação. Faça contato com a sua história, suas emoções, suas incertezas de
responsável pelo surgimento de uma nova pedagogia, voltada para a conformação do Corpo de um “novo
· O fenômeno conhecido como “globalização” tem exercido influência nociva à vida humana e, mais
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· A lógica social capitalista na contemporaneidade e sua relação com as manifestações culturais do movimento
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu que o corpo humano é sempre um corpo histórico e que, integrado ao seu tempo e espaço,
conta história aproximada da sua condição de existente neste mundo. Corpo não é apenas um corpo, é
todo um movimento de relações, conhecimentos, costumes, sensações;
• compreendeu que o corpo é marcado pelos processos educativo-pedagógicos instituídos pela sociedade
organizada;
• percebeu o significado das referências inscritas e prescritas pelos movimentos culturais que confere ao
corpo, que é único e que, ao mesmo tempo, compartilha consciência crítica, responsabilidade e cidadania.
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