Sei sulla pagina 1di 7

�.b.

Giulio Ubertis

struttura dei mezzo di prova considerato, la falsa deposizione e la reticenza non influiscono
T Provas atípicas e provas anômalas:
suUa regolarità deU'acquisizione probatoria, ma ne costituiscono il risultato.
In proposito, va evidenziato che la condotta illecita esterna e rilevante
inadmissibilidade da substituição
epistemologicamente perché la sua stessa esistenza insinua il dubbio deU'adulterazione
sul comportamento successivo della fonte di prova che ne sia stata vittima. Né, in questa
da prova testemunhal pela juntada
prospettiva, importa se le pressioni siano volte a impedire la conferma dibattimentale di
quanto a suo tempo veridicamente asserito ai di fuori dei contraddittorio oppure a far
de declarações escritas de quem
ritrattare dichiarazioni mendaci anteriormente rese in assenza della parte interessata: lo
scopo dei comportamento antigiuridico, in questo frangente, e in linea di massima poderia ser testemunha
conosciuto soltanto da chi lo mette in opera e da chi lo subisce, né il giudice puà presumeme
aprioristicamente la direzione. Gustavo Henrique Righi lvahy Badaró
Proprio in una dimensione sensibile ai compito giudiziale di verificare un enunciato Advogado criminalista. Mestre e doutor em direito processual penal pela Faculdade de Direito da
fattuale senza consentire che il comportamento illecito di rui sia vittima il teste raggiunga Universidade de São Pauh Professor dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade
il suo scopo, neutralizzando la fonte di prova con effetto per cosl dire retroattivo, l'ipotesi de Taubaté. Professor-coordenador dos cursos de pós-graduação em direito processual penal
da Universidade Católica de Santos. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual e do
costituzionale dei contraddittorio inquinato assolve la sua principale funzione. Essa con­
Instituto Ibero-Americano de Direito Processual e coordenador-chefe do Departamento de
sente ai giudice di decidere valutando anche Ie pregresse dichiarazioni rese senza osservare Estudos e Projetos Legislativos do Instituto Brasileiro de Ciências.
il contraddittorio da una persona, riguardo aUa qual e vengono a mancare Ie consuete
garanzie epistemologiche sulla attendibilità delle conoscenze ottenute in giudizio, perché
successivamente sottoposta •a violenza, minaccia, offerta o promessa di danaro o di altra
Sumário: 1.1\s "declarações escritas" de testemunhas.2. Processo penal e busca da verdade.
utilità, affinché non deponga ovvero deponga il falso·, come recita I'art. 500, comma 4, 3. Prova atípica e prova anômala. 4. Modelo legal da prova testemunhal e da pro•·a docu­
c:Jp in attuazione dell' art. 111 cost. mental. 5. O entendimento jurisprudencial. 6. Conclusões.

Piuttosto, va sottolineato che, nonostante la deroga appena individuata, il


contraddittorio non e sempre eludibile, pur sussistendo una condotta illecita a danno
dei testimone. Se un soggetto che l'avesse subita fosse chiamato a deporre contro piu 1. As "declarações escritas" de testemunhas
imputa ti, ma a solo uno di questi (o addirittura a un terza interessato ali'esito dei proces­
Cada vez mais vem se tomado comum, na praxe forense, a substituição da oitiva
so) fossero addebitabili le pressioni antigiuridiche, non sembra legittimo emanare una
de testemunha pela juntada de declarações escritas versando sobre fatos relevantes ao
decisione basandosi essenzialmente su dichiarazioni sfavorevoli, l'autore delle quali
processo.
non ne abbia reso conto all'accusato che sia incolpevole in relazione a tale comporta­
Durante muito tempo esse procedimento foi comumente utilizado pelos advoga­
mento illecito. Per un verso, rispetto ai coimputati, con riferimentb alia posizione di
dos, visando principalmente a comprovação dos Rbons antecedentes• do acusado. Certa­
siffatto testimone reticente potrebbe reputarsi applicabile I'art. 111, comma4, parte seconda,
sostenendosi che la sottrazione all'interrogatorio sia effetto di una libera scelta, essendo mente com o beneplácito e, não raro, até mesmo com o estímulo dos próprios magistra­

coartata solamente quella concernente il soggetto a rui favore e stato tenuto il compor­ dos, em vez de se ouvir em audiência as chamadas R testemunhas de antecedentes•',

tamento illecito. Per l'altro, piu in generale, una condanna fondata, esdusivamente o in juntavam-se aos autos declarações de pessoas que conheciam o acusado2•

maniera determinante, su quanto asserito da una persona per la quale nonsi sia realizzata
un'occasione adeguata e sufficiente di esame da parte di un accusato non responsabile <Ji
tale situazíone comporterebbe certamente per l'ltalia la conséguenza di vedersi addebitata 1. XAvtER DE AQUINO, José Carlos G.
A (lrol!a testemunhal no prousso penal. 2 ed. São Paulo, Saraiva, 1994,
p. 98, denomina-as "famigeradas 'testemunhas de beatificação'", acrescentando que "esse tipo de
dali a Corte europea dei diritti dell'uomo la violazione dell'art. 6, Convenzione europea testemunho, sob o ponto de vista objetivo, não deveria ser aceito com o rótulo de testemunha, uma
dei diritti deU'uomo, in caso di ricorso dell'interessato a tale organo di giustizia vez que o teor do depoimento não apresenta� mfnimo liame com o objeto da apreciação jurisdicional
·
e nem sequer abala o convencimento do magistrado no que pertine à culpabilidade do agente".
sovranazionale.
2. É verdade que tais declarações, e mesmo os testemunhos sobre antecedentes, sempre tiveram pouquíssima
importância prática. Sua influência no mérito nunca se fez sentir. No que toca à dosimetria da pena,
em que tais testemunhas poderiam forne�r dados importantes sobre os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do acusado (art. 5� do CP), a questão normalmente resume-se à análise da
certidão de antecedentes criminais.

-340- -341-
Provas atípicas .e provas anômalas� inadm ! ssibilidade da substituição da prova
Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró testemunhal pela JUntada de declraçoes escntas de quem poderia ser testemunha

declaração escrita de Todavia, a "verdade judicial", até mesmo por força de limitações legais decorrentes
A situação é diferente quando a defesa junta aos autos uma
irá prestar depoimento como das regras sobre a produção e valoração da prova, jamais será uma verdade absoluta6.
alguém que conhece os fatos objeto do processo, mas não
Trata-se, pois, de uma verdade necessariamente relativa, que tenha a "maior aproxima­
pelo juiz, que em uma ou
testemunha. Normalmente, tal prova é considerada sem valor
ção possível"7 com aquilo que se denomina verdade, tout courtB.
vez que não foi produzida
duas linhas assere: "a declaração não tem valor como prova,
De qualquer forma, mesmo aceitando-se a impossibilidade de se atingir um conhe­
em contraditório"3•
cimento absoluto, ou uma verdade incontestável dos fatos, não é possível abrir mão da
na medida em
Recentemente, contudo, a questão ganhou um colorido especial,
busca da verdade', que é o único critério aceitável como premissa para uma decisão justa.
Ministér Público levar
io
que vem se tomando uma prática freqüente o representante do
O juiz deve procurar atingir o conhecimento verdadeiro dos fatos para, diante da certeza
ões e as reduzir a
uma possível testemunha em seu gabinete, "colher" as suas declaraç
de sua ocorrência - ou inocorrência -, fazer justiça no caso concreto.
um advogad o - que,
termo, sendo que, em alguns casos, ainda, o faz na presença de
Partindo de tal premissa, não tem sentido procurar distinguir a denominada verda­
Tais declarações são posterior mente juntadas
certamente, não é o advogado do acusado.
de formal - que se aplicaria ao processo civil - daquela outra que, em contraposição,
documen to, quer como testemunhos
aos autos, para que sejam valoradas-, quer como
costuma-se chamar de verdade material- que seria buscada no processo pena110. Tanto
os fatos relevante s do
- pelo magistrado, na formação do seu convencimento sobre
a verdade formal, quanto a verdade material, não são verdades absolutas .
processo.
O reconhecimento do caráter relativo da verdade buscada em qualquer tipo de
de um meio de
Na verdade, nem sequer se trataria de uma prova atípica, mas sim
processo, inclusive no processo penal, impede que sejam utilizadas provas ilícitas ou
a princípio, sua juntada ao processo estaria de acordo
prova típico: o documento. Assim,
produzidas com violação de princípios que regem o justo processo, sob o fundamento de
ao regime jurídico
com o modelo legal de produção de prova documental. sujeita, pois,
que permitirão a descoberta da verdade material".
de tal meio de prova.
invocada
O fundamento para tal forma de atuação, como sempre, tem sido a tão
instrumento de
"busca da verdade real". Essa forma de agir consistiria num útil e eficaz
descoberta da verdade . 6. � doutri�a moderna tem n�a�o q�e a verdade judicial, por mais amplas que sejam as possibilidades
Há, porém, um outro lado que não pode ser esquecido: tal "procedimento probatório• mstrutónas das partes e do JUIZ, seJa uma verdade absoluta. Cf. IACOVIELLO, Francesco Mauro. •Prova
não consistiria em uma inadmissível afronta aos mais básicos princípios que regem a
e accerta��nto �el fatto nel processo penale riformato dalla corte costituzionale•. In: Cassazione
pena/e. Milao, GIUffre, 1992, p. 2.029; SARACENO, Pascoale. La decisione sul fatto incerto nel processo
atividade probatória, como o contraditório e a imediatidade? P�"'!le. P�do�, CEDAM, 1940, P: �;TAR�FFO, Michele. •Modelli di prova e di procedimento probatorio·.
R IVI�� �� dm�to process�ale. � ilao, GIUffre, 1990, p. 431; Usmrns, Giulio. La prova pena/e. Profili
.
JUndiCI ed eputemologlcl.. Tonno, liTET 1999, p. 5. Na doutrina nacional. cf. I<ARAN, Maria Lúcia.
,

2. Processo penal
�Sobre o �nus da p ova a ação p nal condenatória·. Revista brasileira de ciências criminais. São
� � �
ê busca da verdade4 Paulo, �1sta dos Tnbuna1s, n• .35; JUI./set. 2001, p. 57; PrroMBO, Sérgio Marco de M. •o juiz penal
e a pesqUJsa da verdade matenal . In: PoRTO, Hermínio Alberto Marques; SILVA, Marco Antonio
A busca da verdade processual traduz-se em um valor que legitima a atividade Marques �orgs.). Processo penal e. c�"!tituiçã.o �ederal. São Paulo, Acadêmica, 1993, p. 74; CAMBI,
jurisdicional. não se podendo considerar justa uma sentença que não tenha sido prece­ E�uardo. Verd.ade proce�sual ObJettvavel e hm1tes da razão jurídica iluminista•. Revista de Processo,
Sao Paulo, Revista dos Tnbunais, n• 96, out.fdez. 1999, p. 234-235.
dida de um processo que aspire a uma correta verificação dos fatos5• 7. c�. :ARUF�O, Michele. ·Note per una rifor m_a del diritto delle prove·. Rivista di diritto processua/e.
Mtlao, Gtuffre, 1986, p. �49; CoMocuo, LUJgt. Paolo. Le prove civile. Torino liTET 1998 p. 13· e
' • • •

UBERllS, op. cit., p. 10.


8. TAaurm, Michele. La prova dei fatti giuridici. Milão, Giuffre, 1992, p. 158
9. Cf. TARUFFO, op. cit., p. 157; LoMBARDO, Luigi Giovanni. ·rucerca delia verità e nuovo processo penal e• ·

In: Cassazione pena/e. Milão, Giuffre, 1993, p. 752.


3. Assim, entre tantos outros, decidiu o TACRIMSP, que é • inadmissível substituir a prova testemunha_! 10. N.eg�?do essa falsa dic?�omi�, cf. CAvALLONE, Bruno. •critica della teoria delle prove atipiche·. Rivista
de defesa por declarações escritas, sob pena de violação ao princípio do contraditório, eis que se exige d1 dmtto processuale. Mtlao, GIUffre, 1978, p. 721; TARUrro, op. cit., p. 248; RJcc1, Gian Franco· ·rrove
que o depoimento seja prestado oralmente, assegurando-se ao Ministério Público o direito de fazer penali e processo civil�·· Rivista trimestrale di diritto e procedura civile. Milão, Giuffre, 1990, p. 847,
perguntas, preservando-se a disciplina cogente na produção desta espécie probatória• (HC 11.424, nota 3; e '!�"�ns, op. cu., �· 5�. Na doutrina nacional, cf. MoamRA, José Carlos B. •A Constituição e
11• Câmara, Rei. Gonçalves Nogueira, j. 15.09.1986, v. u., rolo/flash 402/443). •
as provas 1hcttamente obttdas . In: Temas de direito processual: sexta série. São Paulo Saraiva 1997
4. Tratamos do tema com maior profund. idade em: BAOARO, Gustavo Henrique I. R. Ónus da prova no p. 118; Ga�NOVER, Ada P. •A iniciativa probatória do juiz no processo penal acusatórÍo•. A ma�cha n�
processo penal. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2003, p. 24 e segs. processo. Rio de Janeiro, Forense, 2000, p. 83.
5. Cf. GOMES FILHO, Antônio M. Direito à provà no processo penal. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1996, 11. �gundo FICUEIRE?O, Jorge D. Direito. processual penal. Coimbra, Coimbra Editores, 1974, v. I, p. 193,
p. 54; CAMBI, Eduardo. Direito constitucional à prova no processo civil. São Paulo, Revista dos Tribunais, � verdad� matenal deve ser entendtda em um duplo sentido: no sentido de uma verdade subtraída
2001, .p. 78; e BARROS, Marco Antônio de. A busca da verdade no processo penal. São Pàulo, Revista dos à mfluêncta que, através de seu comportamento processual, a acusação ou a defesa possam exercer
Tribunais, 2002, p. 137.
-343-
- 342-
Provas atípicas e provas anômalas: inadm ! ssibilidade da sub�tituição da prova
Gustavo Henrique Righi lvahy Badaró
testemunhal pela juntada de declrações escntas de quem podena ser testemunha

3. Prova atípica e prova anômala prova atípica não pode ser confundida com uma prova anômala, que é uma prova típica,
utilizada ou para fins diversos daqueles que lhes são próprios, ou para fins característicos
O art. 332 do Código de Processo Civil estabelece que "todos os meios legais, bem. de outras prova típicas17•
como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis
para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa w.
Embora não haja um dispositivo semelhante no Código de Processo Penal12, há 4. Modelo legal da prova testemunhal e da prova documental
consenso de que também não vigora no campo penal um sistema rígido de taxatividade
Tanto a prova testemunhal quanto a prova documental são provas típicas. Dificil­
dos meios de prova, sendo admitida a produção de provas não disciplinadas em lei, desde
mente existirá algum código de processo, penal ou civil, que deixe de disciplinar tais
que obedecidas determinadas restrições11•
meios de prova. Obviamente, são distintos os modelos probatórios criados pelo legisla­
Todavia, a admissibilidade de provas atípicas não pode servir de pretexto para a
dor para a produção de cada uma dessas provas típicas.
produção de provas anômalas. Quando a lei estabelece um determinado procedimento
Para a produção da prova testemunhal, o procedimento probatório prevê que a
probatório para a produção de um meio de prova, este procedimento não pode ser desvir­
testemunha seja ouvida na presença do juiz, mediante compromisso de dizer a verdade
tuado. Não se nega que o juiz possa produzir meios de prova atípicos. Não poderá, porém,
(art. 203 do CPP), e sob a advertência das penas cominadas ao crime de falso testemunho
a pretexto de produzir uma prova atípica, desviar-se de um meio probatório típico••.
(art. 210 do CPP). Salvo exceções expressamente previstas18, o depoimento é prestado
Nos casos em que a lei estabelece um determinado procedimento para a produção
oralmente (art. 204 do CPP), sendo permitido às partes formular perguntas (art. 212 do
de uma prova, o respeito dessa disciplina legal assegura a genuinidade e a capacidade
CPP), bem como contraditar a testemunha (art. 214 do CPP). Nada disso é observado,
demonstrativa de tal meio de prova. Toda vez que tal procedimento probatório não é .
porém, quando a prova testemunhal é transformada em um simples • documento •, isto
I
I
seguido, o problema que se coloca não é saber se o meio de prova produzido é típico ou
é, no instrumento que corporifica o registro escrito das declarações que alguém prestou
; '
I
atípico, mas sim se os requisitos e condições previstos em lei, mas que não foram obser­
perante uma das partes, mas sem a presença do juiz.
vaJ, >· •1a admissão ou produção da prova, eram ou não essenciais para tal meio probatório15•
Há, também, uma disciplina legal para a prova documental. O documento consiste
.. mma, é necessário distinguir a prova atípica da "prova irritual", isto é, da prova
em quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares (art. 232 do CPP),
típica prcduzida sem a observância de seu procedimento probatório16• Além disso, a
que, em regra19, podem ser juntados em qualquer fase do processo (art. 231 do CPP).
Com relação à produção da prova documental, é de se observar que o pronuncia­
mento judicial sobre a admissibÚidade da prova ocorre posteriormente à própria produ­
ção da prova, que é juntada nos autos, na própria petição em que é requerida. Diferen­
sobre ela; mas também no sentido de uma verdade que, não sendo 'absoluta' ou 'ontológica', há de temente do que ocorre com os meios de prova produzidos em juízo (por exemplo, a
ser, antes de tudo, uma verdade judicial, prática e, sobretudo, não uma verdade obtida a qualquer
prova testemunhal), não há uma prévia proposição da prova, que se sujeitará a um
custo, mas processualmente válida". O mesmo conceito é adotado por GRINOVER, Ada P. Liberdades
públicas e processo penal - as interceptações telefônicas. 2 ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1982, juízo de admissibilidade para, só então, ocorrer a sua produção. Na prova documental
p. 61.
12. O Código de Processo Penal Militar estabelece, em seu art. 295, que: •t admissível, nos termos deste
Código, qualquer espécie de prova, desde que não atente contra a moral, a saúde ou a segurança
individual ou coletiva, ou contra a hierarquia ou a disciplina militares·. No direito comparado, pode
ser citado o art. 189 do CPP italiano de 1988, que estabelece: "prove non disciplinate dalla legge. 1.
Quando e richiesta una prova disciplinata dalla legge, il giudice puõ assumerla se essa risulta idonea ad 17. 1-'>RONGA, op. cit., p. 9. CoMocuo, op. cit., p. 23, admitem que "l'atipicità possa riguardare, tutt'al piu, le
assicurare l'accertamento dei fatti e non pregiudica la libertà morale della persona•. possibili fonti di prova, ma non mai i mezzi tecnid o gli strumenti madali, sempre (e necessariamente)
.
13. Segundo GRECO F1wo, Vicente. Manual de processo penal. São Paulo, Saraiva, 1991, p. 177, além dos tipici, attraversoi quali sia consentito assicurame l'acquisizione ai processo".
meios legais, também admitem-se outros " desde que consentâneos com a cultura do processo 18. O § 1• do art. 221 do CPP, com a redação dada pela Lei 6.416/77. estabelece que: • O Presidente e o
moderno, ou seja, que respeitem os valores da pessoa humana e a racionalidade". No mesmo sentido Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do
posiciona-se ToURINHO FILHO, Fernando. da C. Processo penal. 22 ed. São Paulo, Saraiva, 2000, v. 3, Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as
p. 228, lembrando que ·o veto às prov�s que atentam contra a moralidade e dignidade da pessoa 'perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício". Também
humana, de modo geral, decorre de princípios constitucionais". . depõem, por escrito, os surdos-mudos, nos termos do disposto no art. 223, parágrafo único, c/c o
14. URONCA, Antonio. Le prove atipiche nel processo penale. Padova, CEDAM, 2002, p. 9. art. 192, III, ambos do CPP.
15. CAVALLONE, Bruno. 11 giudice e la prova nel processo civile. Padova, CEDAM, 1991, p. 350. No mesmo 19: Não podem ser juntados documentos na fase de alegações finais, no juízo de acusação, do procedi­
.
sentido, cf. UBER'ns, op. cit., p. 73-74. ' menta dos crimes dolosos contra a vida (art. 406, § 2•, do CPP), bem como nos três dtas que
16. Cf. 1-'>RONGA, op. cit., p. 13; UBER'ns, op. cit., p. 73. antecedem ao julgamento pelo Tribunal do Júri (art. 475 do CPP).

- 344- -345-
Gustavo Henrique Righi lvahy Badaró Provas atípicas e provas anômalas: inadm! ssibilidade da sub�tituição da prova
testemunhal pela juntada de declrações escntas de quem podena ser testemunha

o juízo de admissibilidade é realizado a posteriori, seja para manter a prova já produzida, da narrativa, o juiz também avalia o próprio sujeito da prova testemunhaP7• Substituin­

seja para determinar a sua exclusão. do-se o ato de ouvir a testemunha pela juntada de declarações escritas prestadas por
Importante ressaltar que o documento é um meio de prova típico, idôneo a intro­ quem poderia ter sido testemunha, será impossível ao juiz analisar o estado emotivo
duzir no processo elementos de prova pré-constituídos20, enquanto a prova testemunhal revelado ao prestar o depoimento28, bem como a sugestibilidade ou a firmeza da teste­
é constituída no próprio processo, em contraditório e na presença do juiz. Essa é uma munha diante das perguntas que lhe são feitas2', além de outros fatores, como a loquaci­
diferença fundamental: enquanto a produção da prova testemunhal já ocorre em contra­ dade da testemunha ou sua excessiva insegurança30•
ditório, a produção da prova documental foge ao método dialético, somente vindo o É fácil perceber que o •documento-declaração" sobre fatos do conhecimento de
contraditório a se operar na fase de admissão da prova no processo21• quem poderia ou deveria ser testemunha não pode ser aceito como meio de prova, por
A necessidade de respeito ao contraditório na produção da prova não se justifica em ferir frontalmente as garantias do contraditório e do devido processo legal (art. Sll, LV e
razão da garantia política de um justo processo, mas também por um fundamento LIV, da CF, respectivamente).
epistemológico: o contraditório é o melhor método de conhecimento22• A verdadeira Além disso, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 14, 3, e) e a
prova não se obtém em segredo ou com pressão unilateral, mas de modo dialético23• Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8ll, 2, f), que integram o nosso ordena­
Além do contraditório, também o princípio da imediação está presente no mo­ mento jurídico31, prevêem, expressamente, o direito da defesa de inquirir as testemunhas
mento da produção de prova testemunhal, mas ausente na prova documentaP4• presentes no tribunal. Nesse contexto, quando uma das partes pretende transformar a oitiva
A presença do juiz no momento da produção de prova testemunhal é fundamental de uma testemunha em uma prova documental, ela está suprimindo o direito da parte
para, posteriormente, haver uma correta valoração da provà25• Por isso, muitos dos fato­ contrária de inquirir tal testemunha. Há, pois, sob tal ângulo, inadmissível violação do direi­
res que o juiz analisa para formar o seu convencimento em relação à prova testemunhal to à prova. O acusado tem o direito de que as testemunhas de que se pretende valer a acusação,
perdem-se se não for observado o princípio da imediação26• Além do próprio conteúdO' sejam levadas perante o juiz para depor. Trata-se de um direito incondicionado, decorrente
da exigência de que as provas sejam abertas, controladas e legalmente produzidas32•
Ao se juntar aos autos a declaração de uma pessoa que tem ciência de um fato
relevante para o processo (fonte de prova), valendo-se para tanto da disciplina legal da
20. URONGA, op. cit., p. 86. prova documental (meio de prova), está se pretendendo atingir a finalidade da prova
21. GoMES FILHO, op. cit., p. 148, observa que: •A introdução contraditória da prova significa que, testemunhal- alguém dar ciência ao juiz de um fato de que teve conhecimento -com
admitida uma prova por decisão judicial, a participação dos interessados nos procedimentos de sua
produção deve ser ativa e efetiva. Assim, se se tratar de prova pré-constituída, suficiente será a o emprego de prova documental.
possibilidade de manifestação sobre a legalidade ou idoneidade do material probatório introduzido;
mas, no caso de provas que se formam no próprio procedimento, as partes devem ter oportunidade
de acesso a todos os atos de sua elaboração, formulando questões às testemunhas ou peritos, obtendo
e contestando informações e, ainda, podendo oferecer a contraprova·.
22. UBERTIS, op. cit, p. 55. 27. CAMARGO ARANitA, Adalberto José de Q. T. Da prova no processo penal. 3 ed. São Paulo, Saraiva, 1994,
23. ToNJNJ, Paolo. La prova penale. 4 ed. Padova, CEDAM, 2002, p. 14. VASSAW, Giuliano. •n diritto alia p. 130.
prova nel processo penale". Rivista italiana di diritto e procedura penale. 1968, p. 17, destaca que "non 28. ARANIIA, Da prova. . . , op. cit., p. 130.
e ammissibile che i testimoni a carico rimangano nell'ombra·. 29. Idem, ibidem, p. 130.
24. ToNJNJ, op. cit., p. 190. Deve-se destacar que no processo penal brasileiro, por não vigorar a regra da 30. BA"nSTA, João L. A prova no direito processual civil. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1999, p. 145.
identidade ffsica do juiz, todos os benefícios decorrentes da imediação podem ser perdidos se um juiz 31. O Brasil é signatário do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, adotado pela XXI Sessão
diverso daquele que colheu a prova vier a sentenciar o processo. O CPP italiano, em seu art. 525, da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 16. 12.1966. O Congresso Nacional aprovou o seu texto
§ 2•, estabelece que "alia deliberazione concorrono, a pena di nullità assoluta {179}, gli stessi giudici che por meio do Decreto J4islativo 226/91. A cana de adesão ao Pacto foi depositada em 24.01. 1992,
hanno participato ai dibattimento". tendo o tratado entrado em vigor para o Brasil, no âmbito internacional, em 24.04.1992, na forma
25. TORNAGHJ, Hélio. Curso de processo penal. 4 ed. São Paulo, Saraiva, 1987, v. I, p. 394. O autor inclui do art. 49, § 2•, que estabelece uma vacatio legis de três meses. No ordenamento jurídico interno, o
entre as características da prova testemunhal a judicialidade: "Tecnicamente só é prova testemunhal· Pacto foi recepcionado pelo Decreto 592/92. A Convenção Americana de Direitos Humanos, ado­
o depoimento prestado em juízo. Faltando o imediatismo, o contato direto do juiz com a testemu­ tada no âmbito da Organização dos Estados Americanos, em San Jose da Costa Rica, em 22. 12.1969,
nha, não pode aquele avaliar a sinceridade desta, sentir-lhe as reações e mesmo interrogá-la sobre o só entrou em vigor, internacionalmente, em 18.07.1978, na forma do parágrafo único do seu a�. 74.
que julgar necessário. A prova perde o calor do testemunho e cai sobre os sentidos do juiz com a O Brasil subscreveu a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. O Congresso NaClo�al,
frieza eas coisas mortas•. posteriormente, por meio de Decreto 27/92, aprovou o texto da referida convenção. u.ma vez
26. Esse aspecto foi ressaltado pelo TACRIMSP, em caso no qual a defesa juntou declarações escritas aprovada, o governo brasileiro, em 25.09.1992, depositou a cartil de adesão, isto é, raufico!J a
sobre o fato, em que se decidiu: "Induvid�amente colimou-se suprimir o Magistrado, no instante Convenção Americana. Para o Brasil, então, no plano internacional, som�nte nesta data a conven­
adequl!do do processo de conhecimento, a oportunidade de aquilatar-se, nas sobreditas nuances, o ção entrou em vigor, consoante o disposto no art. 74, § 2•, daquele documento internacional. Por
'
desem penho direto e pessoal dos então apenas subscritores de declarações escritas" (HC 1153.370/8, fim, o presidente de República promulgou o Decreto 678/92.
11' Câmara, Rei. Gonçalves Nogueira, j. 15.09.1986, v. u.) 32. VASSALU, op. cit., p. 17.

- 34 6- -347 -
Gustavo Henrique Righi Ivahy Badar ó . · as e pro vas anom a1as · 'nadmissibilidade da substituição da prova

Prov as attptc .
testemunhal pel a JUntada de d ecl raço:�5 escritas de quem poderia ser testemunha

S. 0 entendimento jurisprudencial
Ora, é lição sabid a e repetida que
a prova, para ser válida, deve ser prod
uzida em
contraditório, na presença das parte
s, e perante o juiz natural da caus
a33• A prova colhida
sem a presença das partes e do juiz
não é prova, não se submeteu ao
contraditório e não
O tema não tem sido debatido com muita freqüência na jurisp dência Entre os
:

.
pode, validamente, integrar o acerv
o sobr e o qual o juiz- togado
ou leigo - irá se oucos l ulgados encontrados sobre a matéria, merece destaque um acórda do Tnbunal de �
PJusuça de S ão Paulo' em que foi declarada a ilicitude de declarações produzidas em gabme­
debruçar para formar livremen . .
te o seu convencimento34•
O • documentow em que se consubsta
nciam as declarações• da pseudote
u

te do Ministério Público ela, posteriormente, juntadas aos autos c mo se fossem "doeu­ •.

� � �mpla def�a �;o


stemunha35,
produzido no gabinete do prom
otor de justiça, ou no escritório mentoswl9. Na oportunidade, considerou-se que tal prova viola o d!re! O
de advocacia, ou em
contraditório , assim como a sua forma de produção não se compatlbihza :om o evl o
qualquer outro local que não seja
a sala de audiência36, não foi prod
uzido na presença do
juiz e, via de regra, a colheita -
das declarações e sua redução
a termo acontecem na processo Iega1 40 . Conseqüentemente' sendo a prova ilegal, outro caminho nao resta senao
presença de apenas uma das parte
s, sem a participação da part e cont determinar seu desentranhamento, quando já juntada aos autos.
ra quem a declara­
ção, normalmente, será utilizada.
Por se tratar da supressão do cont
raditório em um meio de prov
a de característica
essencialmente dialética, com
o é a prova testemunhal, a prov
a produzida unilateral­
mente, no gabinete do Ministér --------- . -. to. . . -
io Público, não pode ser admitida informa que o Mmtsté � P �b�tco nao �od desenvolver . atividade integrativa da indagine, durante o
dibattimento, •quando SI trattl di attt_ per I qua�·e
como prova, devendo
ser desentranhada dos autos37• I prmsta /a partecipazione dell'imputatto o de/ difensore dl
questo".
.
38. Não se pretende, nesse. pass�, mgressar n� tormentosa questão sobre a possibilidade ou não de o
Ministério Público reah�r dtretame �t�t l �ves�rg ·o criminal. Importante, porém, observar que,
mesmo para os que a�mltem �� _POSS!bt Ida e, a ��:e que antecede a instauração da ação penal, tal
33. Nesse sentido, na doutrina italiana, em espeà poder não pode �igmficar ehmmaçao do t :0d'tório
I na fase processual da persecução penal.
Alfredo. Procedimento probatorio e giusto processo. al, em face do art, 526 do CPP de 1988, cf. BARCI, Merece ser transcnto passo �o mesm? acór��; . . . q ual se asseriu: •E nem se invoquem as atribuições
del diritto alia prova nel procedimento penal Napoli, Jovene, 1990, p. ll7; Uumrns, Giulio. "Con
fini
conferidas ao Mi�i stério Pl!�hco e rd t vas tn :a
�r à. iCJ �: das investigações ou à superintendência delas e
e". In: nem mesmo a dtspensabahda�e do mquént� po al a servir de bas� ao oferecimento da denúncia;
é que não se pode perder de VISta que tudo I�O.dev e anteceder a instauração da ação penal; uma vez
_.
Giappichelli, 1997, p. 1ll-1l2; ZAPPALÃ, Enzo. "Proc Verso un "giusto processo" pena/
e. Torino,
e sistema inquisitorio". Diritto pena/e e processo. esso penal e ancora in bilico tra sistema accusatorio
11 giusto processo. Milano, Giuffre,
1998, p. 887; StRACUSANO, Delfino. "Introduzio
1998, p. 25; TAORMINA, Carlos. •n processo ne•. In: instaurada a lide, toma se obri•at6ria
· · -..
. a observanCUJ do contradit6rio ' indispensdvel ao exercício . da. ampla
defesa e, pois, ao desenrolar do � processo 1 ai" (TJ SP, HC 368.417-3/9-00, 4• Câmara Cnmma 1 de
nuovo regime delle contestazioni e delle Ietture di parti di fronte ai
dibat timen tali". janeiro/2002, Rei. Des. Smésao.
d� S�uza, . e; 2.03 2002, m. v.). A mesma atitude foi adotada e�
outro julgado, no ��al se decidiU: Se na]·� hou �sse processo instaurado, com partes conheci­
doutrina nacional, analisando o processo penal pena/e. 1992, III,
italiano, cf. GoMES FrLHo, op. cit, p. 70. p. 458. Na .
Giust izia
34. GRtNOVER, Ada P. Novas tendências do direit
p. 22. A autora explica que "tanto será viciada o processual. Rio de Janeiro,
Forense Universitá 1991, das, poderia se admttar que? �r . Pror_n�t�: � l ';_� a colhesse declarações para tomar providência.s
como o será a prova que for colhida pelo juiz, a prova que for colhida SEM A PRESENÇA ria, no seu ofício" (TJSP, Correa�o paraa 5· 5 3/1 ' 2• Câmara Criminal, Rei. Des. Renato Tal h,
original). • SEM A PRESENÇA DAS PAIUES" (destDO JUIZ, J.· 22.08. 1993, v. u) . . Em senudo oposto, no caso em que 0 promotor de justiça requisitou . represenque a
35. Como bem destaca AQUINO, op. cit., p. 74:
aque do pessoa fosse ouvida �la auton. dade por.'�l. al, dea'd'm-se que· "Aliás poderia até o própno tan­
� ;
te do Ministério Púbhco ch�mar ou sol. .citar a pres�ça da ssiste te social em seu gabinete e ali bater
propriamente dita, isto é, juridicamente · o indivíduo somente assume a função de testemunha
órgão jurisdiàonal a comparecer em juízoconsi derada, quando, depois de ter sido convocad uma declaração que ela assmasse. pedmdo, posteno�ente, sua juntada aos autos• (TJSP, Correição
objeto da investigação judicial, efetivamente a fim de narrar os fatos relacionados como o proce o pelo parcial 57.396-3, 2• Câmara cnmma1 ' Rei· Des·. Weass de Andrade, J.. 21· 12· 87 ' v· u ., RT 627/293).
· ·

comp areça , prest sso, 39. A questão também foi enfren�da no aresto anteno:e�� t citado· "E também não afasta a ilegalidade
pela lei) e transmita seu conhecimento ao magi e comp romi sso (nos casos exigidos
cf. ToNtNI, Paolo. La prova pena/e. 4 ed. Pado strad o". No mesm o sentido, na doutrina estrangeira, dizer-se que as partes podem JUntar .do�mentos e quer f�se do processo; inquirição de teste­
36. Destaque-se que o art. 221, caput, do va, CEDAM, 2002, p. 97. munhas - e nisso se transfonn?u, ·�da�eta��nte �o-réu ouvido - se faz em audiência pública,
CPP,
Presidente e o Vice-Presidente da República com a redaç ão dada pela Lei 3.653/59, estab presentes as partes e sob a ."restdêncta '� ' �� é quem dirige o processo; a juntada de prova
Estado, os governadores de Estados e Territ , os senadores e deputados federais, os elece que: · o
ministros de obtida contra legem e, por �o mesmo, �1 10 - t�' 1esde que oferecida pela promotoria, o que fazer
Federal e dos Municípios, os deputados das Assem órios , os secre tário s de Estad o, os prefeitos do Distrito quando a defesa pretender JUntar aos autos p::;vas produzidas no escritório do advogado, sem a
Judiciário, os ministros e juízes dos Tribu bléias Legislativas Estaduais, os membros do Pode presença de ·JUIZ· e a participação
. . .to dedo promotor· (TJ S P. ' HC 368·417-3/9-00' 4• Câmara Criminal de
bem coruo os do Tribunal Marítimo serão inqui nais de Cont as da União, dos Estados, do Distrito Federal,r janeiro/2002, Rei. Des. Sm � �� uza, .
J. 12 03 · 2002 m. v.). Podemos acrescentar, a ta1 exemp1 o,
ridos em local, dia e hora previa a seguinte hipótese: podena um JUIZ chama · te;temunha em seu gabinete e ouvi-la, sem a
atos processuais serão, em regra, públicos ,ejáseprevê, como regra geral, que: •As aüdiências, sessões e os presença das partes e sem o res�a.�o �o co�tra����o reduzir a termo o que foi por ela dito e jun!ar
eles e o juiz". Além disso, o
art. 798, caput mente ajustados entre

§ 2• excepciona: •As audiências


realizarão nas sedes dos jufzos
e tribunais" , sendo que seu tal " documento" ao processo? Ta ec a�aça� �en. � váÍida como meio de prova? Certamente que nao,

, as
realizar-se na residência do juiz, ou sessõ es e os atos processuais, em caso de neces sidade, poderão sob pena de re�orna�mos ao peno�o m�u.ISltón�. Então or que permitir que assim o façam as
37. É a conclusão de GOMES FILHO, op. cit., p.ein outra casa por ele especialmente designada". partes? Em sentido daverso, o 11SP Já decidiu que: • D ecla� _
. ões reduzidas a termo se transformam,
ção da prova é absoluta, uma vez 169- 170, que acrescenta: "A impossibilidade de cons inequivocamente, em documento• (TJSP, Correrçao parcla1 57.396_3' 2• Câmara Criminal, Rei.
idera­ Des. Weiss. de Andr. ade, j. 21.12.87, v. u., RT 6271293>· .
simplesmente inviável". Comentanque unta renovação do ato, com observânc ia do contraditório, é
1 d.e ·Janearo
do tal situa . · /2002 ' Rel. Des. Sinésio
'
de. "L inutilizzabilità". In: MAAUNDURI, Enric ção no proce sso pena l italia no, GREGÓRIO, G. Giulio 40. Nesse senudo, cf. 11SP. HC 368.417 3/9-00 4• Câmara
·
_
Cnmma
. 1 145
o coord. Le prove. Torino, UTET, 1999 , t. I, p. 284, de Souza, j. 12.03.2002, m. v.; 11SP, Correaçao .' parcra .555_3/1 ' 2• Câmara Criminal, Rei. Des.
Renato Talli, j. 22.08.1993, v. u.
-34 8-
-349-
Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró
Provas atípicas e provas anômalas: inadmissibilidade da su bstituição da prova
testemunhal pela juntada de declrações escritas de quem poderia ser testemunha

_ . Tal situação mostra-se particularmente mais gravosa quando tais • documentos • documentação de um ato do procedimento investigatório, realizado pelo Ministério Pú­

sao )Unt dos aos autos de processo que será julgado pelo júri popularu. Como já teve
blico, e não um documento propriamente dito45•
oportumdade de destacar o Desembargador Renato Talli:
Em síntese, tem prevalecido na jurisprudência o entendimento de que as declara­
Fo�a um processo de competência do ções prestadas perante o Ministério Público não constituem provas atípicas, posto que
. juiz singular, sujeito a uma sentença
sena de mdagar se não bastaria verific motivada ainda
ar se a sentença se fundara ou na·o• : produzidas segundo as regras de uma prova típica - prova documental -, embora
�viciado. Mas, nu JU ' nesse depmmento
� · 1gamento de consciência, como o do júri! Só quem jamai
� .
ncwnar pode dl er que se pode evitar s viu um 'úri substancialmente não seja um documento, mas sim um "testemunho • travestido de
d� �
rtando para os Jurados sobre o princf
a influência de provas como esta,
pio constitucional do contraditório
simplesm nte i • documento •, o que lhe tira todo o valor e eficácia probatória46•
ten am como inexistente tal ou qual a fim de que eles
prova, que diz respeito ao fato que
se �stá julgando".


E sentido diverso, já se admitiu
a utilização de declarações produzida 6. Conclusões
. s pelo Minis­
téno Pubh. co, por considerar que
as mesmas seriam uma prova típic
�� :
nto . bem verdade que no caso
, não se tratava, propriamente,

a, no caso, um docu­
de declarações de uma
O Ministério Público e os advogados podem colher declarações de possíveis teste­
munhas, enquanto exercem seu direito à prova, em sua subespécie direito à investiga­
.
VIrtual testemunha, mas Sim de
uma assistente social que houvera
atuado anteriormente ção47, com o objetivo de obter informações e fontes de prova para que, posteriormente,
no processo, como auxiliar do
juízo, tendo elaborado um laud
o juntado aos autos43 por meio de prova próprio- o testemunho- sejam introduzidas no processo, respei­
Nesse passo n o se pode deix �
ar de registrar a confusão entre
.

� ento e documentaçao. Documento é meio


os conceitos de docu­
de prova pré-constituído, no
qual se materia­
tando o contraditório, a imediação e a oralidade.
Todavia, tais declarações colhidas unilateralmente não constituem documentos e,
IZ a a repres e taçã de um fato � �
estranho e, normalmente, ante
� . .
msa bem d1stmta e a documen
tação dos atos processuais, isto
rior ao processo. Outrà
é, 0 seu registro por meio
muito menos, podem ser utilizadas como uma espécie de •prova testemunhal atípica",
já que significam uma prova anômala, isto é, um desvirtuamento do procedimento
e símbolos. Enquanto o docu
mento representa algo que está
fora do procedimento' probatório estabelecido para a produção da prova testemunhal. suprimindo-se o contra­
sendt• .:xtraprocessual, a documen
tação representa um ato do próp
...
d •.>, .. . tanto, endoprocessua/44• Assi
' ·
m, pois, tal declaração da poss
n'o proced'Imento, sen-
ível testemunha é a
ditório entre as partes, além de desrespeitar o princípio da imediação, por não permitir
um contato direto do juiz com a prova produzida.
Trata-se de prova inadmissível no conjunto dos elementos de convencimento que
podem ser validamente valorados pelojuiz na sentença, para a formação do seu conven­
41. GRJNOVER, Ada P.; GOMES
FJLJJO, Antonio M., SCA
São Paulo, Revista dos Tribunais · �� . An
CE, ��mo F., (As nulidades no processo penal. 6 ed.
· ·
cimento, posto que produzida com violação do contraditório, não podendo ser utilizada
pelo juiz para a formação de seu convencimento, devendo ser desentranhada dos autos,
! :;
1999 1 m obs rvam que •alguma peculiarid
oferece a questão da prova ilícit
reformada pela via recursal ou
a n� júri . ded ã s:� � .
e pronu_ ncia tiver nela se apoiado, poderá ser
ade
mormente nos processos de júri.
habeas corpus não for impe
anulada mediante hab as orpus
trado não compete ao JUIZ . . � . Mas �se consu mar a preclusão e o

- o · veredicto
dos jurados, porém, será irrem residente qualquer providência:
. � dl'avelment e nulo at é porque a
ausênCJa ·
conheCimento das razões de julga
tiverem sido levadas em considera
.
r. Se as ov s I.'rICita
� .
��
.

.
l erem mgre �/ · d e mot1vaçao 1mpede 0
ssado no processo, mas não
ção na p nunCJa, o esldente mandard desentranh
delastomem conhecimento os jurad d-/as, antes que
os.
42. TJSP, Correição pardal
Em
.
145.555-3/ 1, 2• Câmara Crim
sentido contrário, admitindo a inal Re!. -' pes. Renato Talh,. J.. 22.08. 1993, v. u. 45. Os documentos podem ser narrativos quando contêm a declaração de um fato que é do conheci­

ou obrigações para o declarante ( cf. D IN


· . ,·untada de decIaraçoes na .orrna mento de alguém, ou constitutivos, quando contêm uma declaração de vontade apta a gerar direitos
JUn, cf . T)SP, Correição parcial 57.39
v. u., Irr 627/293.
6 _3, 2• Câmara Cnmm . . a1• Rei. Des. We1s
de doeumento, em processo de
.
s de Andrade, j. 21.12 . 1987,
AMA RCO, Cândido R. Instituições de direito processual civil. São
Paulo, Malheiros, 2001. v. III, p. 568). Se as declarações de uma possível testemunha fossem consi­
43. TJSP. Correição parci
al 57.396-3 , 2• Câmara Cnmm . . a' .
1 Rei. Des. We1ss de Andrade, j. 21.
deradas prova documental, seriam documentos narrativos ou declarativos e, neste caso, teria aplica­
u., RT 627/293. 12. 1987, v. ção, por analogia. o art. 368, parágrafo único do Côdigo de Processo Civil, que dispõe que tais
In. MAR7..AN� URJ, Ennco (coord.).
.
44. Seg ndo MA7.7..ARRA, Assun
� ta e PoNZEm, Roberta à. Documenu. . . . documentos provam o fato da declaraçM, •mas não o fato declarado, cabendo ao interessado em sua
Tormo, llTET. 1999, t. 11, p. 307, Le prove. veracidade o ônus da prova do fato•.
com relação prova document
italiano de 1998 foi a •chianifirn al, a novidade de maior relevo do
•' e de 1·1a d'1versa natura de/
�•on ·
CPP
·
46. A mesma conclusão aplica-se no caso de declarações juntadas pela defesa: •A toda evidência, revela­
documenta/e - e que/lo di conee tto d 1· documento - 1nt
atto interno de/ processo.. I.1 p . . . eso come prove se aqui um canhestro ensaio de menoscabar a ordem norteadora das provas em Juízo, de modo
a/ nm o fa rife nmen to a/la discip
di fuori ed independente a/ lina-d
el/e res preesistente especial quanto ao mecanismo a observar-se atinente a testemunhos• (TACRIMSP, HC 1153.370/8.
atti endoprocessua/i _ �he
P�ocesso e tr ovtt·.la sua regola
secondo riguarda, invece, gli mentazione ne//'amb ·to d�1.
mezzi di prova; i/ 111 Câmara, Rei. Gonçalves Nogueira, j. 15.09.1986, v. u.).
'

. rep p � esenta _ .
de/ processo� No mesmo senti no fattt e Sltuaz.loni verificatesi
do• cf TONJNJ, op. cit., p. l 90 al/'interno 47. Nesse sentido, na doutrina estrangeira, cf. ToNJNJ, op. cit., p. 67. Na doutrina nacional, cf. GOMES
- 191.
F1um, op. cit., p. 86.

- 350 -

-351-

Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró

Tal forma de pensar não impede ou dificulta a busca da verdade processualmente


atingível. S e a pessoa que prestou as declarações tem conhecimentos importantes sobre
os fatos debatidos no processo, deveria ter sido arrolada como testemunha no momento
lEs posible todavía la realización
dei proceso penal en el marco
do oferecimento da denúncia ou queixa {art. 41 do CPP), ou pela defesa, quando do
oferecimento da defesa prévia {art. 395 do CPP). E, mesmo que já não seja mais possível
à parte requerer a produção de tal prova, caberá ao juiz, considerando que os fatos de que
aquela pessoa tem conhecimento são relevantes e pertinentes para a descoberta da ver­ de un Estado de Derecho?
dade, determinar, ex officio, sua oitiva como testemunha do juízo {art. 209 do CPP).
O livre convencimento judicial permite que o juiz, togado ou leigo, valorar toda a
Julio B. J. Maier
prova existente nos autos, mas somente é prova aquela produzida licitamente, com ob­ Profesor de derecho penal y procesal penal,
servância das regras processuais e das garantias constitucionais aplicáveis . A prova ilícita Universidad de Buenos Aires.

não é prova, não podendo ser valorada pelo juiz. A questão, pois, não é de valoração da
prova, mas de formação do material probatório válido, que posteriormente será subme­ éfu/CIIcufo�cotdie.ne, IJ6i.cum etrl.e., fu·ca-ll(.e;renc.ia•'fll-e.. efall./o./1-p/'lo.ntuu.:-ió.
tido à apreciação judicial . Ji.�K"!J"'fodillm· ",}(�;,., d«<J-- Jit.,.afrecKf<>.tUul·deA·
po-t·Íll-olilacitf-. . . ���-,_f 17. ..

.}(�imillofwiddetldc/{a{let•? "{1; Jiimpo<Jio,flc/1-Íco.- "t.·(';.;<Ji<�e-Jefde-tec�o,peuaf


"'fa"'-ei"""'ia<�e-�-t
. im iuofu? ),.u/Ja';jadQ./po..-t-fa.{ff.xaml<X· <'-<w-."J(�u" fo..fJ/.
Jl!
'

�li/J•mtJ; ,_,_flJaml""fl ' !Jl�,.,;J/'i�u-:f.d<Vtafde {ffe,unia·, ell-1.-te.fo<>.·clla<J f)/'


5 de-a<olul.e-Je 2000. t!JffexlO/af.,,J,.j{t-e.l.-tadllcido, ettp.-till,.ipio, pOA· f!la!.-t iefo-
5_ t'Ó4Ja/a' J; con e f' /iempo; /ue- - -te(o/ltllaJo.- pa.-t· e f tu·Íd111a.- aulo/l: (�;n /�­
. aKOAa•dep,JI'ica·lfdu#a•a/f'"·aJece/f·l'a-a,,t�!atl·que,po."f-aÍÍo4-, �
/
�-eA4ÍÓ-il-''/lle
f..,;,,JJ... fa!f!ro(uO/la·CfJa� t'fe/l"'·
ini--E!J-t illaAle-r. lc:J
. ; <'O. 'fltienl.t!AIItÍnÓ,.u,,.f.-r.a
.fJ. o·
'lue lfa-l.etticlo·-t�p�4<'tt4iÓ..tt plíl/';�u·e/1 ...f>ulino.atllé..lfi<'((• puf?c·. mtt <·fio.J.pa/cf?C·
ele!. Ua·-te '/i,J,, adopfu...,on �fé'dc!t;'Jo#uto�le fo#pu....,u·,1ff?Aouml."ti<·a·o#tJc. inop r/calfOII
en Ifpa"la· fu•/f.e(o.-r.tuu- Je· fu. fe 'j'�.fu-cicf_,,, JV'O.Ceô.afpenaf. tJ-ef1Ín f'u, JllidiiiU·
,.
,. /
fl!r.o(u.oAa·mf�/l"ini- §..,;,.:M!-tVr·fo.. l/a- expu-e.d.fo_, en·fo4o.d·· iule!AtJacio.nafe.d.
{i Ua· a11u:t./acl-. lJitf!.. ·dJ.I'o,d�· iuicid, fujO/ efit�tpu . /1,o .. acacléllrico-. - cicnlf(i,·o;
feAD-''f'l·e- f,,.c!fjll-'de·exl-en.JiJ,,.a,dJ/tJ;co.Jua,al1ri4iaclp€A.d altaf.".;no; laorli / n, uf
.
-
11-t;c�o-de-p;.,.<>ollad.•<flt"- 1.-talajan ccut. fa-fl!.o(e<>o.ota·fleff./"ini f!l-tino.-.1-e.-t; Va·
/
cleJicaJa•u.fa·<'oJ'alo.-r.acÍÓ-It.

Sumário: 1. Introducción. 2. La "inllación dei derecho penal" y sus consecuencias. 3. Tiempo


y procedimiento penal. 4. lDebemos renunciar a/ procedimiento penal de/ Estado de
Derecho? 5. Conclusiones.

1. Introducción

Cuando se formula la pregtmta acerca de si el procedimiento penal de nuestros días


es aún realizable, se piensa inmediatamente en una constelación de problemas que
padece la justicia penal actual. Me ocuparé de algunos de esos problemas que, según creo,
constituyen el núcleo de la cuestión, y los nombra�é ya ai comenzar, pues así intento
facilitar la comprensión de su contenido. Naturalmente no pretendo agotar el tema,
p
sino que, por lo c:ontrario, só lo quiero abordar tres roblemas que, según mi opinión,
son de capital importancia. Del mismo modo, debo advertir que no puedo evitar el

-352- - 353-

Potrebbero piacerti anche