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Pensamento Científico

Unidade 1
Iniciação científica
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANDRÉ DE FARIA THOMÁZ
THALYTA MABEL NOBRE BARBOSA
AUTORIA
André de Faria Thomáz
Olá. Meu nome é André de Faria Thomáz. Sou bacharel em Ciências
Contábeis pela Faculdade de Minas (2006), pós-graduando em Docência
Superior pela Universidade Gama Filho (2009), pós-graduado em MBA
Executivo em Administração de Empresas (2009-2012), mestre em
Administração pela Pontifícia Universidade Católica (2011) e doutor em
Administração Prática nas Funções de Contador pela mesma instituição
(2018). Também sou professor universitário, conteudista e curador. Sou
apaixonado pelo que faço e adoro transmitir a minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!

Thalyta Mabel Nobre Barbosa


Olá. Meu nome é Thalyta Mabel. Sou graduada em Serviço Social
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e mestre
em Serviço Social, tendo como objeto de estudo o Serviço Social
na Previdência Social, pela mesma instituição. Possuo experiência
como docente nas áreas de Serviço Social e Metodologia Científica
na graduação e na pós-graduação de instituições públicas e privadas.
Atuo como autora, designer educacional e consultora educacional na
elaboração, gestão e implementação de materiais didáticos para a EaD.
Fui convidada mais uma vez pela Editora Telesapiens a integrar o seu
elenco de autores independentes e estou muito feliz em poder ajudar
você a conhecer o mundo maravilhoso da pesquisa científica e contribuir
para o seu aprendizado nesta fase. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Ciência e os tipos de conhecimento ................................................... 10
O homem e o conhecimento .................................................................................................10

1.2 Tipos de conhecimento ...................................................................................................... 14

Conceito de ciência ...................................................................................................................... 17

Ciência e seus métodos ...........................................................................20


Ciência e vida acadêmica ........................................................................................................ 20

Ciência e método científico ..................................................................................................... 21

Método e técnica ......................................................................................................... 22

Classificação dos métodos ...................................................................................24

Método experimental ............................................................................25

Método observacional ..........................................................................25

Método comparativo ..............................................................................26

Método estatístico ...................................................................................26

Método etnográfico ................................................................................27

Métodos indutivo e dedutivo ...........................................................28

A importância da pesquisa científica ..................................................30


Significado da pesquisa científica ...................................................................................... 30

O avanço da pesquisa científica............................................................................................32

Ciência como prática social ....................................................................................................34

Desafios da ciência e a ética na produção científica.................... 41


Desafios da ciência ........................................................................................................................ 41

Produção científica e ética .......................................................................................................45

Graduação no Brasil................................................................................................... 46

Pós-graduação no Brasil....................................................................................... 48
Pensamento Científico 7

01
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UNIDADE
8 Pensamento Científico

INTRODUÇÃO
Você sabia que, em um contexto marcado por rápidas mudanças
conceituais, teóricas e tecnológicas, o estudante de graduação deve ser
capaz de produzir conhecimento relevante? Atualmente, as complexidades
da nossa sociedade, as quais são refletidas no cotidiano acadêmico,
demandam por profissionais que estejam capacitados a ler, compreender,
questionar e a intervir nesse contexto. Nesse sentido, o instrumento
mais adequado para isso são os projetos de pesquisa ou projetos de
intervenção. Ao ingressar na universidade, você passa a conhecer o
mundo da ciência. Aos poucos, você deixa de ser um mero receptor
desse conhecimento e se torna um produtor dele, por meio da pesquisa
científica. No entanto, ao realizar a pesquisa científica, é necessário que
você se aproprie de algumas definições e seja instrumentalizado para tal.
Diante dessa afirmação, nesta unidade, estudaremos juntos: o significado
do conhecimento; os tipos de conhecimento; a importância da ciência e
do conhecimento científico; os métodos científicos; e a ética na pesquisa.
Por ser uma obra pensada e desenvolvida para a educação a distância,
ela possibilitará uma experiência singular de imersão individualizada em
um conteúdo rico em possibilidades de aprendizagem. Portanto, ao longo
desta unidade letiva, você mergulhará neste universo! Bons estudos!
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliá-lo no
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término
desta etapa de estudos:

1. Conceituar ciência e identificar os tipos de conhecimento.

2. Caracterizar a ciência e identificar os métodos científicos existentes.

3. Identificar a importância da pesquisa científica.

4. Conhecer os desafios da ciência e os aspetos importantes da ética


na produção científica.

Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao


trabalho!
10 Pensamento Científico

Ciência e os tipos de conhecimento


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de conceituar


ciência e de identificar os tipos de conhecimento. Isso será
fundamental para a ampliação da sua compreensão a
respeito do caminho percorrido diariamente por cientistas e
pesquisadores em sua constante busca pelo conhecimento.
Motivado para desenvolver essas competências? Vamos lá.
Avante!

O homem e o conhecimento
Você já parou para analisar com que velocidade a tecnologia nos
tem surpreendido? Há pouco tempo, a internet não existia e os aparelhos
de TV eram monocromáticos. A comunicação por telefone era privilégio
das classes sociais mais abastadas e grande parte das tecnologias que
utilizamos diariamente não havia sido inventada.

Além da intensa comunicação, hoje, dependemos cada vez mais


do desenvolvimento de novos medicamentos, de novas técnicas de
produção de alimentos, de novos meios para reverter os danos causados
ao meio ambiente, além de outras explicações e soluções para os
problemas que enfrentamos. Nesse contexto, a ciência assume papel de
destaque na construção da sociedade e no aperfeiçoamento individual
dos seres humanos.

Por meio da atividade científica, o conhecimento é produzido em


diversos locais e pode ser compartilhado, testado e reformulado, pois
é resultado do trabalho de cientistas espalhados ao redor do mundo.
Entretanto, quais foram os motivos que levaram a humanidade a realizar
investigações? O que seria conhecimento?
Pensamento Científico 11

Figura 1 – Conceito do conhecimento

Fonte: Freepik

Ao longo deste capítulo, responderemos a esses questionamentos.


Vejamos, a seguir, a relação do homem com o conhecimento.

Ao analisar a trajetória da humanidade, podemos perceber que o


homem sempre foi ávido por conhecimento desde o seu nascimento.
Exemplos disso são a descoberta do fogo, a impressão do pensamento
nos desenhos rupestres, as explicações dos fenômenos que cercam a
vida e a morte, os mitos, a filosofia, a criação e artefatos para a caça e
a alimentação, bem como o avanço da intelectualidade, com a criação
da roda e os pensamentos dos filósofos greco-romanos, que têm sido
instrumentos poderosos de conhecimento até hoje. Todavia, apenas nos
séculos XVI e XVII que a ciência ganhou status: verdade é aquilo que se
pode ser comprovado. Hoje, o método científico é considerado o saber
mais eficaz, o qual se encontra inserido no contexto do advento da ciência
moderna. A ciência é uma forma de conhecimento. Contudo, o que seria
conhecimento?
12 Pensamento Científico

Você aprendeu até aqui que o homem sempre foi ávido por
conhecimento e que, para adquiri-lo, ele realizava investigações.
Também já se sabe que a ciência é uma forma de conhecimento e que
ela está presente em seu cotidiano. Ainda sobre a relação do científico
com a história da humanidade, Fachin (2003) apresenta uma reflexão
sobre essa temática. A autora discorre que, desde a Antiguidade, já havia
uma atenção para o científico, embora não existissem, naquela época,
métodos e observações dos acontecimentos. Apenas após a advinda dos
cientistas modernos que houve avanços nos métodos de pesquisa, nas
técnicas e na ordenação nas coletas de dados. Esse será um assunto que
discutiremos ao longo desta disciplina.

Para Laville e Dionne (1999), há dois modos de aquisição do saber:


o espontâneo e o racional. Esses dois tipos de saberes servem para
conhecermos o funcionamento das coisas, a fim de melhor controlá-las
e realizar melhores previsões. Os saberes espontâneos são: a intuição, a
tradição e a autoridade, os quais, muitas vezes, são adquiridos a partir
das experiências pessoais e nem sempre se baseiam em dados de
experiências racionalizadas.

Devido à fragilidade do saber, o homem desenvolveu o desejo de


saber mais e de dispor de conhecimentos metodicamente elaborados
e mais confiáveis, o que chamamos de saber racional. Para explicar
a evolução do saber racional até a chegada, no século XIX, da ciência
triunfante, Laville e Dione (1999) explicam que esse saber foi iniciado com
os filósofos Platão e Aristóteles, a partir do desenvolvimento da lógica e,
em seguida, por intermédio das reflexões filosóficas realizadas no período
medieval. Não só, mas também houve a colaboração das superstições e
das magias da Renascença, da observação empírica do século XVII, que
objetivava o pensamento científico, e, no século XVIII, do desenvolvimento
dos princípios da ciência experimental.

REFLITA:

Você já consegue conceituar “conhecimento” com base


nas informações apresentadas até este momento?
Pensamento Científico 13

Acreditamos que sim. Portanto, prossigamos. Possivelmente, você


tenha conceituado “conhecimento” como o ato de conhecer algo ou a
reunião de informações armazenadas na mente humana.

EXPLICANDO MELHOR:

Com base na resposta, podemos dizer que o homem tem


diversos tipos de conhecimento. A mesma pessoa, por
exemplo, pode ser um pesquisador da área da criança
e do adolescente, conhecedor do Estatuto da Criança e
do Adolescente e ser uma pessoa religiosa, conhecedora
da bíblia.

Você também possui diversos tipos de conhecimento. Já parou


para pensar nisso? Consegue identificá-los? Um exemplo simples e que
faz parte da sua realidade é este: você está no ensino superior para obter
conhecimentos sobre a profissão a qual você escolheu, a fim de que,
posteriormente, seja um profissional devidamente qualificado. Quais são
os conhecimentos que você vai adquirir ou já adquiriu para atingir o seu
objetivo? É bem provável que você já tenha tido acesso às legislações que
norteiam o exercício profissional e todo o referencial teórico-metodológico
presente nas obras dos autores referencias da sua área.
Figura 2 – Exemplo de conhecimento adquirido no ensino superior

Fonte: Freepik
14 Pensamento Científico

Lakatos e Marconi (2005) explanam que, ao percebermos um


objeto, somos capazes de captar certas qualidades ou características
dele. Dessa maneira, tomamos consciência de nossas percepções e
acumulamos experiências que formam um “estoque” de conhecimento,
como na escola, local onde acumulamos conhecimentos produzidos por
outras pessoas. Isso significa que o conhecimento nem sempre é adquirido
mediante contato direto com um objeto, mas pode ser transmitido pelas
mais diversas formas de linguagem, tais como: fotografias, imagens,
vídeos, descrições textuais, gráficos, fórmulas, entre outras ferramentas
comunicativas de grande utilização para os momentos educacionais.

Ao longo do tempo, para facilitar os seus estudos, autores


classificaram o conhecimento em tipos, assim como também houve a
classificação da ciência. É válido ressaltar que, nas obras que abordam
a temática “metodologia científica”, estudiosos usam nomenclaturas
diferentes. Desse modo, serão os tipos de conhecimento que estudaremos
no tópico seguinte.

Tipos de conhecimento
O conhecimento é o ato ou o efeito de conhecer algo, de saber, de
ter informação e de buscar instrução. É a relação do homem (razão) com
determinado objeto/objetivo. O conhecimento é um conceito importante
para a Educação, uma vez que nos leva a conhecer disciplinas, conceitos,
teorias, princípios etc., que foram internalizados e aprendidos antes. Além
disso, é preciso ressaltar que, para falar de conhecimento, precisamos
abordar informações, dados e fatos, a fim de que o conhecimento possa
ser considerado uma informação útil para alguém.

Afinal, o que é conhecimento? Conhecimento é o resultado da


relação entre a percepção que temos do mundo, dada por meio de
nossos sentidos – visão, audição, tato, olfato, paladar –, e os objetos
que conseguimos perceber a nossa volta para, então, abstrairmos ideias
ou noções. Fachin (2003) cita alguns tipos de conhecimentos nos quais
os homens, por seu intermédio, evoluem e fazem evoluir o seu meio.
Entre esses conhecimentos, temos: o filosófico; o teológico ou religioso;
empírico (popular ou do senso comum); e o científico. Entretanto, é
Pensamento Científico 15

importante ressaltar que, aqui, usaremos basicamente o conhecimento


científico. Estudemos cada conhecimento.

De acordo com Alves (2007), o conhecimento empírico ou do senso


comum é produzido no dia a dia, sem a necessidade de comprovação
por meio de métodos sistemáticos ou científicos. Por esse motivo, é um
tipo de conhecimento superficial e subjetivo ligado a tradições, crenças
ou valores. Além disso, não possui uma forma sistemática e traz, como
solução para um problema, uma explicação popular que não é testada
como relação direta entre causa e efeito. É apenas observado um
resultado, independente de subinterações possíveis. Por exemplo: os
chás medicinais usados por nossas avós podem ser úteis para curar uma
indigestão ou para “acalmar os nervos”. Contudo, é improvável que nossas
avós saibam exatamente quais são as propriedades químicas desses chás
ou como elas agem no corpo humano.

O conhecimento teológico ou religioso é produzido por meio


da aceitação de saberes e de informações consideradas divinamente
reveladas e, como tais, são inquestionáveis e infalíveis. Por exemplo:
enquanto os cristãos acreditam que o conhecimento bíblico é de
origem divina e representa a verdade, os muçulmanos encontram os
conhecimentos que guiam as suas vidas no Alcorão, que é equivalente à
Bíblia para os cristãos. De maneira direta, a justificativa ou resposta sobre
um acontecimento é dada a um Deus, entendido como um ser supremo,
dependendo da cultura de cada povo. O ser humano se relaciona por
meio da fé religiosa. Podemos ter exemplos nos próprios livros utilizados
por algumas religiões.

O conhecimento filosófico é produzido por meio da reflexão e,


portanto, é sistemático e crítico. Nesse caso, a percepção direta dos
objetos concretos não é o mais importante, e sim a construção de ideias e
conceitos, por vezes, metafísicos e abstratos, na busca pelo conhecimento
da realidade em seu contexto mais universal. O conhecimento filosófico
busca descobrir aspectos relacionados ao sentido primordial da existência
e da realidade, se há, ou não, liberdade, quais valores devem direcionar
as ações humanas, entre outros conteúdos dessa natureza que são para
o bem em comum de todos.
16 Pensamento Científico

DEFINIÇÃO:

Já o conhecimento científico, o qual será explorado


ao longo desta disciplina, pode ser considerado o
conhecimento verdadeiro, visto que busca conhecer as
causas e as leis que regem determinado evento. Ele é
adquirido de modo racional, por meio de processos que
são sistematizados e organizados. Não só, mas entendido
quando o pesquisador retira o contexto em que o evento
está inserido e valida aquele acontecimento por intermédio
de procedimentos que possam levar o resultado a uma
possível comprovação da sua ocorrência.

Esse processo nunca é considerado finalizado e pronto, pois sempre


pode ser questionado e reavaliado. Em outras palavras, é um processo
em constante construção. Se tomarmos o mesmo exemplo apresentado
sobre chás, é o fato de se verificar exatamente qual é a causa e o efeito
quando se utiliza um determinado chá. Seguem exemplos simples e que
representam os tipos de conhecimento:
• Conhecimento empírico ou do senso comum – “Chá de camomila
é bom para acalmar os nervos”.
• Conhecimento teológico ou religioso – “Bem-aventurados os que
choram, porque Deus os consolará”.
• Conhecimento filosófico – “A finalidade essencial da razão humana
é a felicidade universal”.
• Conhecimento científico – “A temperatura média do universo
diminui à medida que o universo se expande”.
Assim como já fora explicado, apesar da classificação em
relação aos tipos de conhecimento para a apreensão da realidade
social, o sujeito pode percorrer diversas áreas do saber para conhecer
o seu objeto. Isso significa que as diversas formas de conhecimento
estudadas poderão coexistir. Neste tópico, foi evidenciado que todas
as formas de conhecimento são importantes. Apesar de sabermos que
usaremos basicamente o conhecimento científico, é fácil perceber que
algumas formas deram origem a ele. Nenhuma forma de conhecimento
Pensamento Científico 17

é descartável, pois a ciência, apesar de exigir processos e ditar muitas


regras, necessita da compreensão e da aplicação de contextos sociais,
os quais só podem ser aplicados e compreendidos de maneira correta
se considerado o ser humano como parte de todas essas interações. No
tópico seguinte, apresentaremos o conceito de ciência com base em
diversos autores.

Conceito de ciência
A ciência é o meio para identificar o nosso conhecimento e fazê-lo
crescer, ver como as coisas funcionam, tais como a natureza, o universo
etc. Ela trata de investigar/estudar os fenômenos, levando à descoberta de
informações sobre o mundo. Esse estudo e investigação são realizados de
acordo com o método científico, que nada mais é que o processo de avaliar
o conhecimento empírico com os conhecimentos adquiridos por estudos
e pesquisas. Vários autores, como Lakatos e Marconi (2000, 2003, 2005),
Koche (1997), Fachin (2003), Minayo (2007), conceituaram e classificaram a
ciência em suas obras. Vejamos algumas conceituações a seguir:

A ciência, segundo Fachin (2003, p. 27), “trata dos


conhecimentos de várias maneiras, procurando leis gerais que
abriguem certo número de fatos particulares. [...] As ciências
prosperaram e foram divididas para que pudessem ser melhor
compreendidas”. No século XIX, houve o progresso da ciência
e de suas aplicações práticas, as quais provocam mudanças
e melhoramentos na vida do homem. Já na segunda metade
desse século, houve o desenvolvimento das ciências humanas,
as quais seguiam uma concepção de construção do saber
científico nomeada “positivismo”. O positivismo tem, como
características, o empirismo, a objetividade, a experimentação,
a validade, as leis e a previsão. Assim, é com base nesse
modelo de ciência positiva que há o desenvolvimento das
ciências humanas na segunda metade do século XIX.

Ao analisar a história da ciência, constatamos que muitos de seus


princípios básicos foram modificados ou substituídos em função de novas
conjunturas ou de novos padrões. Segundo Lakatos e Marconi (2000, p. 24):
18 Pensamento Científico

A ciência, portanto, constitui-se em um conjunto de proposições


e enunciados, hierarquicamente correlacionados, de maneira
ascendente ou descendente, indo gradativamente de fatos
particulares para os gerais, e vice-versa [...], comprovados (com
a certeza de serem fundamentados) pela pesquisa empírica
(submetidos à verificação).

Já no que se refere à classificação e à divisão da ciência, elas


ocorreram devido à necessidade do homem de estudar, entender e
publicar os resultados das suas investigações científicas (nas próximas
unidades, veremos como se dá as apresentações dessas investigações).
Para Lakatos e Marconi (2003), em relação à classificação da ciência,
podemos classificá-la mediante o conteúdo, complexidade, objeto,
temas, metodologia e outros. No entanto, não há um consenso entre os
autores da área acerca dessa classificação. Observe, na figura a seguir, a
classificação da ciência de acordo com as autoras:
Figura 3 – Classificação da ciência

Lógica

Formais

Matemática

CIÊNCIAS

Naturais Física/Química/Biologia

Factuais

Sociais Direito

Economia/Política
Sociologia/Antropologia

Fonte: Lakatos e Marconi, 2003 (Adaptado).

Explicar e apresentar as características das ciências não faz parte


do objetivo desta unidade. Entretanto, é fundamental que você saiba da
existência dessa classificação.
Pensamento Científico 19

Já sobre o objetivo da ciência e a sua concepção na atualidade,


Koche (1997, p. 79) sustenta que:

[...] o objetivo da ciência ainda é o de tentar tornar inteligível


o mundo, é atingir um conhecimento sistemático e seguro
de toda a realidade. No entanto, a concepção de ciência na
atualidade é de ser uma investigação constante, em contínua
construção e reconstrução, tanto das suas teorias quanto dos
seus processos de investigação.

Baseando-se na citação apresentada e nas análises da realidade e


da história da ciência, podemos inferir que ela vem ganhando importância
ao longo dos anos. O avanço científico, aliado a tecnologia, possibilitou
transformações no mundo, como a Revolução Industrial. Todavia, é
somente a partir da segunda metade do século XX que temos um acúmulo
de conhecimentos e de transformações na sociedade. Ao pensarmos na
ciência que temos hoje, devemos pensar, também, em aliá-la à tecnologia,
já que esta é um instrumento para a realização da ciência. Para alguns
autores, é a ciência aplicada, ou seja, a tecnologia fornece precisão e
controle dos resultados à ciência, o que permite que o homem controle
o mundo. É válido ressaltar, contudo, que, apesar do desenvolvimento
científico-tecnológico que temos a nível mundial, esse progresso não tem
chegado a vias de transformar a realidade da população. Um exemplo
disso se refere às suas condições básicas de existência.

RESUMINDO:

Gostou do conteúdo apresentado? Compreendeu tudo?


Agora, para termos a certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, resumiremos
o que estudamos. Você deve ter aprendido o significado
do conhecimento, identificado os seus tipos e o que
significa ciência. Não só, mas também percebeu que todos
nós somos dotados de conhecimento dos mais diversos
tipos. Contudo, compreendeu, sobretudo, a importância
do conhecimento científico para você, estudante de nível
superior. Além disso, conheceu um pouco a história da
ciência, seu objetivo e classificação, bem como soube a
sua importância para o avanço da humanidade.
20 Pensamento Científico

Ciência e seus métodos


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de caracterizar


a ciência e identificar os métodos científicos que existem.
Isso será fundamental para você, aluno de nível superior.
Dessa forma, você terá contato com alguns elementos, a
fim de adquirir uma postura científica e ser capaz de obter
conhecimento com credibilidade e confiabilidade. Motivado
para desenvolver essas competências? Vamos lá. Avante!

Ciência e vida acadêmica


Ao ingressar na vida acadêmica, é necessário que tenhamos atitudes
de investigação científica, seja para interpretar a realidade social, seja para
a produção das nossas pesquisas. Essa postura científica é adquirida ao
cursar as diversas disciplinas, como a que está cursando agora, ao longo
da sua graduação. Dessa forma, antes de iniciarmos a apresentação de
alguns métodos que existem, é preciso discutir o significado de método e
metodologia. Vamos lá!

As pessoas, de forma geral, consideram a ciência porque acreditam


que o conhecimento científico desvenda a verdade absoluta, devido a sua
base empírica. Isso significa que as teorias científicas derivam diretamente
de observações e experimentações sobre os fenômenos da natureza
(ALVES, 2007).

De acordo com Alves (2007), os cientistas ou pesquisadores são


pessoas interessadas em investigar aspectos ou elementos que dizem
respeito ao mundo e aos seres humanos. Esses indivíduos podem realizar
investigações individuais, mas, em geral, estão reunidos em universidades
ou em departamentos de pesquisa dentro de empresas.

Outro aspecto importante a ser discutido é a metodologia. É possível


afirmar que a metodologia trata do caminho reflexivo e da prática exercida
na abordagem da realidade (ALVES, 2007). Portanto, incorpora, ao mesmo
Pensamento Científico 21

tempo, a teoria da abordagem, as técnicas (instrumentos de operação do


conhecimento) e a criatividade do pesquisador.

Genericamente, o termo “metodologia” pode ser entendido como


uma ação que visa investigar uma determinada realidade, desde que,
para isso, sejam aplicados métodos específicos. Ao longo da história, um
dos principais esforços do ser humano tem sido a busca constante pelo
aumento do conhecimento a respeito do mundo onde vive e de si mesmo.
Uma das razões para essa busca é muito simples: é preciso conhecer para
controlar e, assim, definir as estruturas da ciência e da pesquisa cientifica.

Por exemplo: o início de toda pesquisa é delineado por uma


problemática, a qual é permeada por questões de pesquisa que se baseiam
em conhecimentos prévios, que, se tratados cientificamente, são capazes
de construir novos referenciais, os quais são chamados de teoria e estão
inseridos em uma determinada área de conhecimento. Em algum momento
da vida, aprendemos que o fogo queima, que a água gelada refresca, que
os automóveis devem parar quando o sinal vermelho do semáforo está
aceso e que as pessoas geralmente reagem a certos estímulos, sejam eles
positivos ou negativos, com reflexos no pensamento e atos.

Diante do exposto, é plausível afirmar que a teoria e a metodologia


estão intimamente relacionadas e são fundamentais no processo de
elaboração de qualquer projeto de pesquisa ou intervenção. Sendo assim,
a metodologia deve dispor de um instrumento claro e suficientemente
capaz de resolver os impasses teóricos para o desafio da prática (ALVES,
2007). No tópico a seguir, apresentaremos o significado de método.

Ciência e método científico


Acredito que você, aluno, já ouviu algumas vezes a palavra
“método” em seu cotidiano e nas mais diversas situações e contextos.
Vamos apresentar alguns exemplos. Já ouvimos alguém dizer que uma
determinada pessoa é muito metódica e que, em consequência dessa
forma de agir, ela poderá atingir o seu objetivo. Já em outras situações,
percebemos que falta um método de ação em alguém ou até mesmo que
o método de trabalho de certa pessoa não é eficiente.
22 Pensamento Científico

De modo geral, a pesquisa sempre esteve voltada para a


investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de
métodos científicos. São vários os tipos de pesquisa que podemos utilizar
quando pretendemos desenvolver alguma investigação, quer seja de
ordem prática ou intelectual.

Baseando-se nas explicações apresentadas, podemos dizer que o


método seria o caminho o qual devemos percorrer para que possamos
alcançar um determinado objetivo, ou seja, é uma forma para se alcançar
uma meta. Então, por que devemos utilizar o método em nossas
pesquisas? É importante que você saiba que uma das características que
distingue a ciência de outros tipos de conhecimento é o seu método.

DEFINIÇÃO:

A etimologia da palavra “método” é a seguinte: vem


do grego methodus e significa “através, ao longo do
caminho”. É o conjunto de etapas e procedimentos que
orientam a investigação dos fatos ou a busca da verdade.
Em outras palavras, o método é guia e um caminho
(D’ONOFRIO, 1999).

Temos, na ciência, o método científico, o qual deve seguir as etapas


que objetivam provar, ou não, o fato real, a verdade.

Método e técnica
É importante entender que, quando falamos em método científico,
não estamos nos referindo apenas à ciência em si. Quando se diz que
você já é um cientista, isso se refere ao fato de que, na essência, todo
mundo tem um “quê” de pesquisador e/ou cientista. Estamos, a todo o
tempo, testando, agindo e aprendendo, o que consiste basicamente no
que os cientistas fazem de maneira metódica. No entanto, não podemos
dizer de maneira literal que estamos praticando ciência, se não houver
um processo sistematizado que possa ser testado e replicado, caso
necessário. Para isso, será apresentada a diferença entre a palavra
“método” e a “técnica”, assim como alguns conceitos do próprio método
Pensamento Científico 23

científico. Isso se deve, pois, dessa forma, você compreenderá melhor a


relação de tudo isso com a ciência.

Vamos, primeiramente, falar do método. Esse processo é como


um grande apanhado de atividades organizadas de maneira sistemática,
as quais fornecem uma maior segurança e permitem que alcancemos
o objetivo proposto. O método segue um caminho traçado, apto a
identificar falhas, erros e, ainda, auxiliar para que sejam tomadas as
melhores escolhas. Podemos afirmar, também, que ele é um conjunto de
critérios que servem como uma referência, na tentativa de explicação ou
construção de previsões para o que é proposto.

IMPORTANTE:

Para que haja um método na realização de uma pesquisa


ou comprovação científica, é indispensável que o objetivo
esteja bem definido e seja estabelecido, de maneira clara,
o que se quer responder. O método será, então, o conjunto
de etapas necessárias para responder aquilo que foi
proposto. Sendo assim, o método não é criado de acordo
com o pensamento ou vontade do cientista, mas escolhido
dependendo do tipo de objeto de pesquisa que se tem em
determinada situação.

Em outras palavras, uma investigação qualquer vem de um


problema ou um questionamento. Para tanto, são utilizados conjuntos
de processos ou etapas que se traduzem no método científico, o qual
tem como foco fornecer uma posição sobre a hipótese formada. Diante
disso, pode-se, por outro lado, afirmar que o método é uma forma de se
pensar, a fim de encontrar a compreensão de um problema, seja para fins
de estudo ou, ainda, para uma explicação. Sabe-se que a própria ciência
é constituída de um conhecimento extremamente racional, metódico
e ainda altamente sistemático, sendo implícita a possibilidade de sua
verificação por meio do uso de técnicas e métodos diversos.

Podemos traduzir o que foi apresentado até aqui de outra forma.


24 Pensamento Científico

VOCÊ SABIA?

Você sabia que estamos cercados, em nosso cotidiano,


por diversos métodos, mesmo sem percebermos? Se
fazemos um churrasco, por exemplo, para que a carne
seja colocada no fogo, é necessário que o tempero seja
colocado antes. Ao comer uma fruta, você naturalmente
tira a casca para, depois, consumir o que tem dentro. São
métodos simples que, se não aplicados, podem resultar
em situações desagradáveis ou até mesmo desastrosas
para a culinária. Podemos pensar na mesma construção
de utilização do método quando a relacionamos com a
nossa maneira de se vestir. Você coloca primeiramente a
sua roupa íntima para, depois, colocar a calça, a camiseta e
qualquer outra peça. Se você colocar a sua roupa superior
e posteriormente vestir a roupa íntima, ou seja, não seguir
os passos de maneira correta, o resultado não será o
adequado ou o esperado para o processo. Nessa situação,
no máximo, você estaria se parecendo com o Superman.

Fica claro que existe uma ordem natural para as coisas e para os
procedimentos do dia a dia. Portanto, isso pode ser traduzido como um
método de se fazer cada coisa. Se não for seguido, produzirá um resultado
não satisfatório na primeira tentativa. Assim, é possível resumir tudo o que
foi discutido de outra forma: o método nada mais é do que um caminho
para o fim que buscamos chegar. É o que vai ser percorrido, ou seja,
“como” é que pretendemos alcançar determinado aspecto ou resposta.
Observe outros processos do seu cotidiano.

Classificação dos métodos


Apresentaremos uma classificação dos métodos, para que possa
ser mais claro o que estamos querendo dizer. Entre os mais conhecidos,
podemos destacar os seguintes: experimental, observacional, comparativo,
estatístico e o etnográfico.
Pensamento Científico 25

Método experimental
O surgimento da ciência e, portanto, do seu método, está
diretamente vinculado às ciências da natureza, as quais foram as primeiras
a se desenvolverem no século XVII. Apenas no final do século XVIII é que
surgiram as ciências sociais e as humanas (psicologia, sociologia, entre
outras).

Em um primeiro momento, as ciências tentaram garantir um


estatuto de cientificidade e, para tal, utilizaram o método experimental
nas suas formulações teóricas. Aos poucos, os cientistas da época foram
percebendo a inadequação desse método para os fenômenos humanos.

REFLITA:

Com base nos exemplos citados ao longo do material e em


outras situações pelas quais passou ao longo da vida, você
deve ter percebido que, em algum momento, já atuou como
cientista e já realizou um experimento. Essa afirmação tem
total referência quando dissemos, no início deste capítulo,
que a ciência está presente em nosso dia a dia.

Na realização do método experimental, algumas condições


particulares são estabelecidas pelo pesquisador. Em outras palavras, no
ato da experimentação, o pesquisador compara o efeito de duas variáveis,
como as condições e um tratamento. Assim, antes da realização desse
método, é essencial que o pesquisador trace um plano experimental
em que estejam estabelecidas as condições da experiência, de forma
que, por meio delas, consiga-se obter as respostas do seu problema de
pesquisa.

Método observacional
É considerado o primeiro passo de um estudo, qualquer que seja
a sua natureza. Envolve desde as primeiras etapas de um estudo até os
mais avançados estágios. Além disso, difere-se de um simples conjunto
de curiosidades para algo sistematizado e planejado, com fins de alcançar
um objetivo ou procurar respostas para um possível problema de pesquisa.
26 Pensamento Científico

A atividade de pesquisa visa resolver problemas e nós fazemos isso


de forma cotidiana, seja na academia, seja no nosso ambiente profissional.
Em algumas áreas de estudo, o método experimental pode ser de difícil
aplicação, como nas ciências sociais e na biologia. Diante disso, o método
observacional adquire bastante importância e deve ser executado com
cuidado.

IMPORTANTE:

Diante do que foi apresentado, você conseguiria explicar


a diferença entre o método experimental e o método
observacional? No método experimental, o cientista
toma providências para que algo ocorra em relação ao
experimento, a fim de identificar o que ocorre a partir de
então. Já no método observacional, o cientista observa algo
que está ocorrendo sem interferir na realidade ou algo que
já ocorreu.

Método comparativo
Ao longo dos estudos sobre a história da ciência, verificamos que
há uma discussão sobre o método comparativo e o seu processo de
construção do conhecimento com base nos clássicos da Sociologia do
século XIX. Nas obras de autores, tais como Comte, Durkheim e Weber,
observamos o uso da comparação na construção do conhecimento.

De acordo com Fachin (2003), o método comparativo consiste em


investigar coisas ou fatos e explicá-los segundo as suas semelhanças
e suas diferenças. Perceba que é o método que possibilita o estudo
comparativo entre grupos, sociedades e outros fatores. É um procedimento
de comparação sistemática de casos de análise que, em sua maioria, são
aplicados com fins de generalização empírica e verificação de hipóteses.

Método estatístico
É o método desenvolvido tendo, como referência, a teoria estatística
de probabilidade. Sua utilização possibilita medir, quantificar e mensurar a
Pensamento Científico 27

realidade pesquisada. É um método que constitui um grande auxílio para


a área das ciências sociais.

Sem dúvidas, você já deve ter ouvido falar do Instituto Brasileiro


de Geografia e Estatística (IBGE). Essa instituição é um instituto de
pesquisa que realiza o recenseamento da população por meio do método
estatístico. Outro exemplo de instituição que realiza o método estatístico
é o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), que, por
exemplo, realiza pesquisa de intenção de voto no período eleitoral.

Apesar de ser utilizado de forma frequente, é comum ocorrer a


manipulação, de forma tendenciosa, dos dados estatísticos com fins
políticos e econômicos. Entretanto, é essencial que o pesquisador fique
atento aos dados para que não se tire conclusões precipitadas e possua
ética na realização da sua pesquisa.

Método etnográfico
Uma das abordagens metodológicas mais utilizadas no campo das
pesquisas empíricas é a etnografia. A partir do conceito de cultura traçado
por Lakatos e Marconi (2005), podemos afirmar que um dos modos pelo
qual podemos buscar os significados da cultura é por meio da etnografia,
que não será compreendida como um método permeado por regras, mas
como uma prática que deve estar longe de ser avaliativa e julgadora. Ao
pesquisador que se propor a realizar uma pesquisa etnográfica, é preciso
romper com a linearidade do método para perceber as nuances que
fogem a esse método.

Entretanto, dentro do campo conhecido como filosofia da ciência,


há uma reflexão mais profunda sobre as características específicas do
conhecimento científico. Como exemplo, temos a crítica ao método indutivo
relacionado à ciência, em que proposições gerais são formuladas a partir
de observações de casos particulares. Apesar da aplicabilidade prática, o
indutivismo não garante explicações definitivas sobre nenhum fenômeno
da natureza. Adicionalmente, existe o fato de que nenhuma observação
pode ser realizada de forma totalmente objetiva, pois todas as percepções
e interpretações do mundo exterior são influenciadas por fatores subjetivos,
como a cultura e as expectativas pessoais (ALVES, 2007).
28 Pensamento Científico

Métodos indutivo e dedutivo


No método indutivo, para que as generalizações sejam consideradas
legítimas, é preciso fazer numerosas observações do fenômeno em
estudo. Essas observações devem ser repetidas em várias condições
e não pode haver nenhum resultado contraditório (ALVES, 2007). Esse
método pode ser traduzido como a forma de se raciocinar por meio de
uma associação com base em dados prévios, quando se obtém uma
conclusão de algo já observado e estabelecido. Para exemplificar: o
cobre, o zinco e o ferro conduzem eletricidade. Dessa forma, todos os
metais conduzem eletricidade.

Já o método dedutivo é o ato de descobrir a verdade por meio de


conclusões já conhecidas. Pode-se dizer que ele parte do geral para o
particular. Ao utilizarmos o exemplo exposto, dizemos que todos os metais
conduzem eletricidade. O ouro é um metal, logo, conduz eletricidade. Ou,
ainda, podemos pensar da seguinte forma: o cobalto conduz eletricidade,
assim, sabemos que é um metal.

Diante do exposto, pode-se afirmar que, entre a dedução e a


indução, não há um isolamento de processo, uma vez que ambos são
complementares. A indução deve servir como base a uma possível
conclusão acerca de um tema. Na sequência, a dedução continua sendo
uma espécie de parâmetro e pode até mesmo servir como premissa para
próximas induções.

NOTA:

Com base nos tipos de métodos que apresentamos, saiba


que não há como dizer que o método científico é apenas
um. São várias as maneiras possíveis para a obtenção de
resultados científicos e todas elas são de fundamental
importância na construção do conhecimento. Cabe ao
pesquisador decidir qual é a mais adequada.
Pensamento Científico 29

Um resultado obtido em laboratório por meio de métodos científicos,


por exemplo, em condições controladas e de maneira reprodutível, ainda
não está qualificado como parte integrante do conhecimento científico.
Qualquer resultado experimental necessita passar pelo crivo de outros
investigadores, mediante a sua publicação em um periódico científico.
É de extrema importância, portanto, realizar a formalização da produção
científica e proceder a divulgação dos resultados obtidos a partir da
pesquisa para outros cientistas da área.

Assim, é fundamental que você saiba que produzir conhecimento


exige muita dedicação por parte do pesquisador.

RESUMINDO:

Gostou do que foi apresentado? Compreendeu tudo?


Agora, só para termos a certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, resumiremos
o que estudamos. Você deve ter relacionado a ciência e o
método. Também aprendeu o conceito de método e a sua
importância para a realização das atividades de pesquisa.
Identificou os principais métodos científicos utilizados
pela ciência e as características de cada um deles. Por
fim, verificou o quanto é significativa, para a construção do
conhecimento e, logicamente, para o avanço da ciência, a
utilização de um método científico.
30 Pensamento Científico

A importância da pesquisa científica


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar


a importância da pesquisa científica. Motivado para
desenvolver essa competência? Vamos lá. Avante!

Significado da pesquisa científica


Para você, o que seria pesquisa? Geralmente, nós associamos a
atividade de pesquisa aos cientistas vestidos de batas brancas, em seus
laboratórios, realizando experimentos. Com certeza, você já assistiu a
diversos filmes e desenhos animados nos quais aparecem os cientistas
em um laboratório realizando as suas experiências com vários tubos
de ensaio e outros utensílios. No entanto, essa é uma ideia equivocada
que temos acerca do que significa pesquisa. A atividade de pesquisa é
a de resolver problemas e nós fazemos isso de forma cotidiana, seja na
academia, seja em nosso ambiente profissional. Você já percebeu isso?

Avalie o seu dia a dia e veja como a pesquisa está presente nele.
Pesquisamos para saber o menor valor de um objeto que desejamos
comprar, para realizar os trabalhos da faculdade e, até mesmo, para
escolher uma escola para o filho estudar. Você já realizou algumas dessas
atividades? Claro que sim. Lembre-se que você, ao pesquisar, tem que
resolver alguma situação e, para isso, estabelece algum critério norteador
para que atinja o seu objetivo. Nas empresas e organizações, pesquisas
são realizadas para saber a satisfação do cliente, a aceitação do produto
e da marca perante os consumidores e a concorrência.

Minayo (2007, p. 47) sustenta que:

[...] a pesquisa é uma atividade básica das Ciências na sua


indagação e construção da realidade. [...] É uma atividade de
aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota,
fazendo uma combinação particular entre teoria e dados,
pensamento e ação.
Pensamento Científico 31

Perceba que, de acordo com a autora, o termo “pesquisa” atrelado


à ciência é uma aproximação da realidade munida de critérios, rigor,
metodologia e caráter científico.

A pesquisa científica tem a finalidade de propor respostas aos


problemas relevantes que o homem se coloca e realizar descobertas
significativas, ou seja, que aumentem a sua bagagem de conhecimentos.
Em suma, a pesquisa científica visa descrever, explicar e prever os
fenômenos.

Você já consegue conceituar o que é pesquisa científica? A


figura a seguir sintetiza as características da pesquisa científica que
foram apresentadas até aqui. Aconselhamos que internalize essas
características, pois elas serão necessárias ao longo da sua formação
profissional e até mesmo quando estiver nos ambientes de atuação da
sua prática profissional.
Figura 4 - Características da pesquisa científica

Problema

Investigação Conhecimento
contítua original

PESQUISA
CIENTÍFICA

Reflexão
Sistematizada
crítica

Planejada

Fonte: Lakatos e Marconi, 2003 (Adaptado).

Para Lüdke e André (1986), a melhor maneira de se aprender


a pesquisar é, precisamente, fazendo pesquisa, enfrentando os
problemas teóricos, metodológicos e técnicos que se apresentam no
32 Pensamento Científico

trabalho científico. Para realizá-la, é preciso haver um confronto entre as


informações coletadas sobre um determinado assunto e o conhecimento
teórico acumulado.

Entre outras informações pertinentes, é necessário entender que,


na pesquisa, existe uma relação entre teoria e prática e que é ao exercer
a atividade da pesquisa que o pesquisador delineará os limites e as
possibilidades em relação a essa atividade.

O avanço da pesquisa científica


O desenvolvimento científico sempre foi influenciado por aspectos
econômicos, políticos e religiosos, assim como já abordamos. Na atualidade,
por exemplo, o avanço de pesquisas com células-tronco embrionárias,
que podem possibilitar a cura de diversas doenças, é bastante criticado
por setores religiosos da sociedade. Nessa perspectiva, podem ser
citadas, também, as doenças negligenciadas, tais como a malária, a
esquistossomose, entre outras, que são enfermidades consideradas
endêmicas em populações de baixa renda e que apresentam investimentos
reduzidos em pesquisas científicas e produção de medicamentos.

Dessa forma, o conhecimento científico não é resultante da prática


investigativa e experimental por si só. A ciência se desenvolve a partir de
interações sociais complexas e, consequentemente, sofre a influência de
interesses pessoais, além de grupos políticos, econômicos e religiosos.
O porquê de se entender os processos sistemáticos que envolvem a
metodologia da pesquisa é parte integrante para a obtenção da segurança
dos dados, critérios, princípios e normas, os quais fornecerão orientação
e possibilitarão condições adequadas ao pesquisador na realização dos
seus trabalhos. Os resultados sempre devem ser os mais confiáveis
possíveis, para que possam ser usados como base de generalizações ou
para outras pesquisas.

Ao resgatarmos alguns aspectos da história, perceberemos que,


durante a Idade Média, o desenvolvimento do conhecimento científico
avançou lentamente, em consequência do predomínio do dogmatismo
religioso. Nessa época, houve a valorização do conhecimento religioso para
Pensamento Científico 33

explicar os fenômenos naturais, tendo Deus como o centro do Universo


(teocentrismo). Culturas pagãs, como a grega, foram perseguidas, combatidas
e menosprezadas. A Igreja restringiu o acesso à escrita e à cultura, o que
impactou negativamente o desenvolvimento da intelectualidade.

Já o desenvolvimento tecnológico resultou em inúmeros benefícios


para sociedade, como o processo de globalização econômico e social.
No entanto, pelo fato de os avanços tecnológicos terem ocorrido em uma
sociedade capitalista, que objetiva essencialmente o lucro, a natureza
é explorada de maneira inescrupulosa e o bem-estar social está sendo
cada vez mais comprometido.

Assim, a ciência (neste caso, apresentada como construção


do conhecimento) é capaz de oferecer respostas confiáveis sobre a
compreensão de determinados eventos e por que ocorrem. Ela também
pode ser compreendida como a observação dos fatos de maneira
sistêmica, com intuito de análise da experimentação e, desse processo, é
possível retirar resultados passíveis de utilização universal.

A ciência precisa ser entendida como a compreensão das relações


dos efeitos e suas possíveis/principais causas de acontecimentos em
determinados eventos quaisquer. Nesses eventos, é almejado demonstrar
a verdade dos fatos e suas implicações ou aplicações práticas. Assim, a
pesquisa científica, em si, é uma construção criada por meio de questões
específicas que precisam ser respondidas. Constatamos, portanto, que o
conhecimento se preocupa em explicar, mas também tem, como cerne, a
busca por relações e outros fatos, na tentativa de explicá-los.

Algo muito interessante de se observar é que o próprio senso


comum pode motivar a realização de uma pesquisa científica. Esse
processo é uma forma de testar algo que o senso comum não consegue
obter resposta e trazê-lo à luz da aplicação do método científico. Um bom
exemplo para entender a diferença entre os dois conhecimentos pode se
referenciar na realização dos tratamentos médicos.

Antigamente, um tratamento indicado pelos próprios índios ou


anciãs era proveniente do conhecimento comum, que também pode ser
dito como vulgar. Os remédios eram usados para diversas doenças ou
34 Pensamento Científico

situações. Após ser comprovada a melhora ou a cura de determinada


doença a partir do que foi aplicado, isso se tornava um conhecimento
científico. Como entender isso?

Anteriormente, a validação não existia, pois, mesmo que as doenças


tivessem sido curadas, não se havia aplicado um método científico e
não se tinha certeza da real eficácia de determinado remédio para uma
doença específica. Como realizar um link desse assunto com a sua própria
vida acadêmica? Na tentativa de resolução de um determinado problema,
será importante a aplicação de métodos/maneiras científicas para chegar
a sua solução sem a utilização de achismos. Compreenda a importância
de se utilizar o método científico, pois, de acordo com o olhar da pesquisa
acadêmica, você já é um cientista!

No mundo atual, é possível perceber que o conhecimento científico


é altamente relevante para a sociedade. De modo geral, as pessoas
atribuem confiabilidade a qualquer informação, dado ou raciocínio obtido
por meio dos chamados métodos científicos. Os sujeitos, de forma geral,
consideram a ciência porque acreditam que o conhecimento científico
desvenda a verdade absoluta devido a sua base empírica, na qual as teorias
científicas derivam diretamente de observações e experimentações sobre
os fenômenos da natureza (CHALMERS, 1993).

Ciência como prática social


O conhecimento científico é construído por meio da prática social e
é bastante influenciado pelos interesses das classes sociais dominantes.
Nesse sentido, segundo Chalmers (1993, p. 158), “[...] o desenvolvimento
de uma ciência ocorre de forma análoga à construção de uma catedral
enquanto resultado do trabalho combinado de certo número de indivíduos,
cada qual aplicando suas habilidades especializadas”.

Um resultado obtido em laboratório por meio de métodos científicos,


por exemplo, em condições controladas e de maneira reprodutível, ainda
não está qualificado a ser parte integrante do conhecimento científico.
Qualquer resultado experimental necessita passar pelo crivo de outros
investigadores, por meio de sua publicação em um periódico científico.
Pensamento Científico 35

É de extrema importância, portanto, realizar a formalização da produção


científica e proceder à divulgação dos resultados obtidos a partir da
pesquisa para outros cientistas da área.
Figura 5 – Divulgação da pesquisa

Fonte: Pixabay

No ato da pesquisa científica, é necessário que qualquer atividade


experimental produzida seja avaliada, testada, discutida e aceita pela
comunidade científica. Essa interdependência social para a construção
da ciência evidencia o caráter dinâmico do conhecimento científico. É
possível que resultados experimentais importantes sejam refutados,
mal interpretados ou não recebam a devida atenção pela comunidade
científica de uma determinada época, postergando grandes avanços
científicos por longos anos, como foi o caso das pesquisas científicas
realizadas pelo monge e botânico Gregor J. Mendel, que nasceu na
Áustria, em 1822. Os trabalhos que Mendel publicou sobre hibridização
de ervilhas não receberam nenhuma atenção de seus contemporâneos.
Entretanto, atualmente, Mendel é considerado o fundador da genética
(BATISTETI; ARAÚJO; CALUZI, 2010).

A população, de modo geral, tem uma visão descontextualizada


do trabalho de um cientista. A mídia tem grande influência sobre esse
tipo de visão, pois o estereótipo do cientista nos desenhos animados, nas
36 Pensamento Científico

histórias em quadrinhos e em outros meios de comunicação é uma figura


masculina, individualista, antissocial, com óculos, e que sempre tem
ideias mirabolantes.

NOTA:

Para entender a atual visão de mundo com base no


conhecimento científico, é preciso compreender as fases
da evolução do intelecto do homem, as quais refletem o
próprio processo de desenvolvimento da ciência. Não há
um consenso sobre a época histórica precisa do surgimento
da ciência: para alguns estudiosos, sua criação data das
primeiras civilizações; outros consideram a Grécia Antiga o
berço da ciência e há, ainda, aqueles que acreditam que o
surgimento da ciência se deu na Era Moderna. No entanto,
sabe-se que, nas mais diversas culturas e regiões do globo,
do ponto de vista mental e intelectual, houve, inicialmente,
a subordinação do mundo físico a um mundo superior,
o qual era habitado por entes e divindades responsáveis
pelos fenômenos da natureza e pelo destino do homem
(ROSA, 2012).

O pensamento grego começou a se diferenciar das outras culturas


contemporâneas por se basear na observação e no raciocínio para explicar
os fenômenos naturais. No curso dos séculos, a busca pelas causas e
pela essência dos fenômenos teve grande influência teológica, mantendo
as bases metafísicas gregas. O distanciamento da ciência em relação aos
pensamentos religiosos para explicar os fenômenos naturais se iniciou no
século XV, com o Renascimento. A ideia de racionalidade, que surgiu com
os filósofos iluministas no século XVIII, intensificou-se com o positivismo e
o construtivismo nos séculos seguintes (ROSA, 2012).

É importante salientar que o desenvolvimento do conhecimento


científico foi marcado por estagnação e retrocessos, como o período
da Idade Média, mas também por grandes avanços, como na época do
Renascimento, o que evidencia a complexidade da evolução histórico-
social da ciência (ROSA, 2012). Assim, para compreender melhor o
processo de construção do conhecimento científico, precisamos conhecer
alguns detalhes sobre as principais fases do pensamento humano, as
Pensamento Científico 37

quais envolvem o pensamento mitológico, o conhecimento religioso e a


racionalidade empírico-mecanicista.

A mente humana apresenta a mesma capacidade nos diferentes


povos, embora não seja possível desenvolver imediatamente e ao mesmo
tempo todas as capacidades mentais. Assim, cada cultura desenvolve os
potenciais cognitivos de acordo com o tipo de vida que leva e com o
tipo de relação que mantém com a natureza. Os povos antigos também
utilizavam meios intelectuais para tentar compreender o Universo, como
é o caso das civilizações pré-colombianas (maias, incas e astecas), que
possuíam grandes conhecimentos sobre astronomia e matemática. Não
se pode, portanto, desvalorizar a forma de pensar dessas culturas, pois
os indivíduos estavam inseridos em uma realidade material muito rude,
dominados pela necessidade de manter um nível mínimo de subsistência.

Contudo, trata-se de um modo intelectual de pensar que parte


do princípio de que é preciso compreender o todo para se explicar as
coisas, o que contradiz o proceder do pensamento científico, que avança
etapa por etapa na explicação dos fenômenos naturais. O fato é que o
mito não confere ao homem o domínio material sobre a natureza, o que é
alcançado por meio do pensamento científico.

REFLITA:

Enquanto nas culturas orientais desenvolvia-se o


espírito contemplativo, na Grécia Antiga formava-se uma
mentalidade crítica, impulsionada pelos filósofos da
época. A partir do questionamento de conceitos absolutos
(metafísica), buscou-se explicar os fenômenos naturais a
partir da lógica e da razão.

O pensador grego Aristóteles foi o fundador da lógica, influenciando


fortemente a formação do pensamento científico. Os campos filosófico e
científico se confundiam e se inter-relacionavam até o fim da Idade Média,
o que caracterizava um período de transição do pensamento humano
(ROSA, 2012).
38 Pensamento Científico

No entanto, após séculos de relativa estagnação, houve um avanço


extraordinário no conhecimento científico, propiciado pelas profundas
transformações sociais, políticas, econômicas e culturais iniciadas em
meados do século XV, no período denominado Renascimento (ROSA,
2012). A superação da preponderância do conhecimento religioso
ocorreu na época da Idade Moderna: as invenções e inovações técnicas
contribuíram decisivamente para a expansão do conhecimento científico.
Além disso, avanços revolucionários na Matemática, Astronomia e
Anatomia permitiram o desenvolvimento da Física, da Química e da
Biologia. O termo “biologia” surgiu no século XIX para nomear o campo da
ciência que estuda os seres vivos, herdando, assim, boa parte do que, até
então, chamava-se de história natural (ROSA, 2012).

Dessa forma, a formação do pensamento científico foi influenciada


pelo pensamento filosófico e teve um período de relativa estagnação em
seu desenvolvimento, devido ao predomínio do conhecimento religioso
durante a Idade Média. A expansão do pensamento científico foi, então,
retomada na época da Idade Moderna, em que foi superada a hegemonia
da religião.

Nesse sentido, houve a construção de competências pelos alunos,


como o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em grupo, debater,
questionar, expressar-se de forma oral, escrita ou artística, entre outras.
Enquanto as competências apresentam caráter genérico, as habilidades
estão relacionadas com situações mais específicas. Por exemplo, na área
de ciências, ler e interpretar gráficos relacionados à saúde e à ecologia,
e analisar situações-problema referentes às questões ambientais são
de extrema importância/exigência. Portanto, é plausível afirmar que
processo educacional está passando cada vez mais a ter, como tônica, o
desenvolvimento de competências e habilidades pelo aluno, para que ele
possa compreender os conhecimentos científico-tecnológicos e utilizá-
los para atuar no mundo como cidadão.

Até este momento, estudamos que o conhecimento científico


é construído por meio da prática social e é influenciado por aspectos
econômicos, políticos e religiosos. Assim, a ciência apresenta caráter
dinâmico e está em constante mudança e reformulação. A população, de
Pensamento Científico 39

modo geral, apresenta visões equivocadas sobre a ciência e o trabalho


dos cientistas, e cabe ao professor desmistificar as concepções de senso
comum dos alunos.

A tecnologia, que consiste em ser a aplicação prática da ciência,


representa o modo de vida de nossa sociedade atual. No entanto, o
desenvolvimento tecnológico não gera, necessariamente, bem-estar
social, visto que, no mundo contemporâneo, observa-se o aprofundamento
das desigualdades sociais e vários problemas ambientais. O papel da
escola e do ensino de ciências naturais, nesse contexto, é o de formar
cidadãos que possam atuar de maneira crítica e transformadora sobre
a realidade. Portanto, as práticas pedagógicas do educador devem
possibilitar que o aluno desenvolva competências e habilidades que
sejam significativas para a sua atuação como cidadão global.

NOTA:

De acordo com Alves (2007), a subjetividade é o modo


como cada indivíduo percebe o mundo. Objetividade é a
percepção do mundo de modo imparcial e independente
das preferências individuais do sujeito. Já a intersubjetividade
é um modo compartilhado de ver o mundo, utilizado pela
ciência para decidir o que e como deve ser estudado.

Figura 6 – Pesquisa científica

Fonte: Freepik
40 Pensamento Científico

Nesse ínterim, alguns questionamentos são importantes: de que


forma o pesquisador pode perceber essas nuances, captar os detalhes
contidos nas entrelinhas da cultura e do cotidiano dos sujeitos? Como
registrar os dados de forma que não sejam trazidos de maneira superficial
e não sejam alterados?

As necessidades e os interesses de cada ser humano também


interferem na interpretação da realidade e na busca da verdade. Consistem
em ser matizes ou vieses que limitam ou direcionam para o que lhes seja
mais útil ou conveniente enxergar, sem considerar a possibilidade de que
outros podem enxergar de maneira diferente.

Assim, podemos incluir em nossa história que a semente do


conhecimento é permeada pelos estudos de comunidades antigas, as
quais, por meio de uma comunicação, transmitiram a ciência de forma
rudimentar até atingirem o uso da tecnologia. É nesse momento que
houve a adesão aos fenômenos observados pela ciência moderna.

RESUMINDO:

Gostou do que lhe apresentamos? Compreendeu tudo?


Agora, só para termos a certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, resumiremos
o que estudamos. Você deve ter aprendido, ao longo do
capítulo, o que significa a pesquisa científica. Também
conheceu as suas características e importância para a
humanidade. Além desses aspectos, aprendeu que há
uma relação entre o conhecimento de senso comum e o
ato de se fazer pesquisa científica. Por fim, compreendeu a
importância de você, estudante, realizar pesquisas em sua
graduação.
Pensamento Científico 41

Desafios da ciência e a ética na produção


científica
INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar


os desafios da ciência e os aspectos importantes da ética
na produção científica. Motivado para desenvolver essas
competências? Vamos lá. Avante!

Desafios da ciência
O que leva uma pessoa a realizar uma investigação científica? O
desenvolvimento de uma pesquisa científica se refere à experiência
teórica e prática do pesquisador, da comunidade científica e da área
de conhecimento na qual está situado. A pesquisa científica deve ser
estabelecida a partir de duas abordagens: qualitativa e quantitativa.
Neste tópico, aprenderemos um pouco mais essas duas abordagens
científicas que devem ser determinadas pelo pesquisador ainda no início
do processo de pesquisa.

Dessa forma, é importante que, durante a produção cientifica, seja


justificado o que lhe impede de buscar respostas. O tema e até o subtema
que você escolheu podem promover mudanças significativas para a
profissão que você exerce? Trata-se de novas soluções para a comunidade?
Respondem às questões que há tempos não são investigadas?
Contribuem para o trabalho de outras pessoas ou para o desenvolvimento
de sua área de atuação? Questione-se sobre as contribuições práticas
de sua pesquisa científica e apresente ao leitor, aquele que terá acesso
posteriormente à sua pesquisa escrita e organizada, a relevância do tema,
as suas argumentações e as suas considerações pessoais sobre o assunto
e, principalmente, sobre os subtemas ao redor de sua pesquisa.

Assim como já foi explicado, a ciência é resultado do trabalho de


cientistas e de grupos de cientistas espalhados pelo mundo, reunidos em
universidades, empresas e instituições de pesquisa. Esses profissionais
42 Pensamento Científico

divulgam o seu trabalho para a avaliação de outros pesquisadores e para


contribuir com a realização de outras pesquisas.

Na visão de Alves (2007), é extremamente importante que as teorias


desenvolvidas por meio da pesquisa científica sejam divulgadas, de forma
que possam ser avaliadas, testadas e, quando necessário, reformuladas.
Desse modo, também é possível evitar a duplicação de esforços e de
gastos desnecessários de recursos. Para que essa divulgação aconteça,
são utilizadas várias formas:

a. Realização de eventos, como seminários e congressos científicos.

b. Publicação de artigos científicos em periódicos (publicações


impressas ou on-line) de cada área do conhecimento.

c. Defesa pública e publicação de monografias, dissertações e teses


em universidades.

d. Divulgação jornalística de resultados de pesquisas em jornais,


revistas, programas de televisão ou de rádio e portais de internet.

e. Publicação de livros técnicos.

Nesse sentido, a divulgação jornalística do conhecimento científico


é especialmente importante para que o grande público tenha acesso
à informação especializada. É importante “traduzir” termos e teorias
científicas em uma linguagem que seja compreendida mais facilmente,
pois, assim, contribui para uma melhor atuação da comunicação entre as
produções cientificas.

IMPORTANTE:

A busca do ser humano pelo conhecimento sobre o mundo


onde vive e sobre si mesmo tem servido tanto para suprir
suas necessidades intelectuais e materiais quanto para criar
outras. Pode-se verificar a utilidade da ciência ao observar
o conhecimento acumulado até hoje, por exemplo, sobre
as leis que regem as órbitas planetárias e outros corpos
celestes, o funcionamento do corpo humano, os efeitos
gerados pelo surgimento dos grandes centros urbanos,
entre outros assuntos.
Pensamento Científico 43

Você deve ter imaginado que é muito difícil ser um pesquisador,


mas, nestas poucas páginas, verá que isso é possível a qualquer um,
desde que haja muita dedicação. Quer saber como produzir e desenvolver
conhecimento?

Estudar o que é verdade consiste em analisar a relação existente


entre o pensamento humano e o objeto a ser conhecido. Assim, voltamos
à limitação humana e a sua relação com a realidade. O homem tem como
portas de entrada (de sua aprendizagem e de seu relacionamento com
a realidade), primeiramente, seus sentidos (visão, audição, tato, olfato
etc.). Algumas vezes, precisa de instrumentos adequados para conhecer
um mundo que, aos olhos naturais, não conseguiria perceber. Um bom
exemplo são os microscópios para ampliar a visão. Sem o instrumento
adequado, como é possível saber que vírus, bactérias e microrganismos
existem? Entretanto, o fato de o homem não os perceber não significa que
não existam.

Outras vezes, há obstáculos que impedem ou distorcem o


entendimento da realidade pelo ser humano. Exemplo disso são os
dogmas, verdades prontas e acabadas que se baseiam em crenças que
lhes foram impostas ou que tacitamente foram aceitas ao longo de seu
crescimento, desde criança até a fase adulta. Além disso, a pesquisa não
é a única forma de obter conhecimento e fazer descobertas. A pesquisa
bibliográfica é um exemplo claro de obtenção do conhecimento,
pois esclarece dúvidas, e não é necessário o emprego de processos
metodológicos rigorosos. Embora seja válido, esse tipo de pesquisa não
se caracteriza como uma pesquisa científica. Em sua vida acadêmica, se
ainda não a fez, é provável que você faça pesquisas bibliográficas.

É importante lembrar que a pesquisa científica sempre parte de


uma dúvida ou um problema e, por meio da utilização de um método
científico, talvez sejam encontradas respostas e soluções. Muitas vezes,
não encontramos respostas às nossas indagações imediatamente ou
apenas com a aplicação de um método de pesquisa. É possível que, antes
de encontrarmos as respostas às nossas dúvidas, tenhamos de recorrer
a vários tipos e métodos de pesquisa. Para ser considerada científica,
uma pesquisa pode levar anos, porque ela precisa ser comprovada e
44 Pensamento Científico

experimentada inúmeras vezes, a fim de comprovar se as respostas


encontradas são válidas.

ACESSE:

O filme “O dia depois de amanhã” (EUA, 2004) mostra os


possíveis efeitos do aquecimento global. O cientista vivido
pelo ator Dennis Quaid alerta as autoridades mundiais para
a necessidade de se tomarem medidas urgentes, capazes
de impedir uma nova Era do Gelo.

Lembre-se que o trabalho científico original é fruto de uma pesquisa


que foi realizada pela primeira vez e apresenta as novas descobertas,
contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento científico. Nesse
tipo de pesquisa, o pesquisador é movido pela necessidade de contribuir
com o progresso da ciência e com o desenvolvimento de soluções
concretas para os problemas estudados.
Figura 7 – Controle da ciência

Fonte: Freepik

Além das limitações relacionadas ao desenvolvimento da ciência,


há uma série de desafios ligados à atividade científica. Primeiramente,
é preciso lembrar que o desenvolvimento da ciência interessa a todos.
Quando dizemos “todos”, estamos nos referindo aos governos dos países,
à comunidade científica, às empresas privadas, aos grupos sociais, aos
indivíduos e à sociedade em geral, em todas as atribuições da pesquisa
científica.
Pensamento Científico 45

Dessa forma, as práticas científicas, que deveriam ser um dos


desejos de qualquer estudante universitário, são uma etapa fundamental
para a formação de pesquisadores. Nossa nação carece de pesquisadores
capazes de produzir, ampliar o conhecimento e, consequentemente,
desenvolver o Brasil, a fim de diminuir a nossa dependência das nações
mais desenvolvidas. Isso porque as práticas científicas contribuem para o
desenvolvimento da capacidade intelectual de uma nação.

Produção científica e ética


Ao longo da história, diversos filósofos e cientistas investiram seu
tempo e recursos, com o intuito de encontrar uma forma de classificar
o conhecimento humano em diferentes áreas. Como resultado desses
esforços, muitas classificações surgiram ao longo do tempo e é bastante
provável que novas ainda sejam criadas, à medida que as áreas do
conhecimento científico se ampliem ou se especializem.

Atualmente, uma das principais formas de se classificar a ciência


é por meio da divisão entre a ciência pura e a ciência aplicada. A ciência
pura ou básica é constituída por investigações nas quais não existe uma
preocupação em encontrar uma utilidade prática imediata para as teorias
formuladas. Já a ciência aplicada é constituída por investigações nas quais
há uma busca por soluções concretas para problemas reais, o que possibilita
a aplicação prática imediata dos resultados da pesquisa científica.

Também podemos dividir a ciência em ciências naturais, focadas no


estudo da natureza e de seus fenômenos, e ciências sociais, que estudam as
pessoas e os agrupamentos humanos. Historicamente, as ciências naturais
são mais antigas; já as ciências sociais são mais recentes. Dessa forma,
muitos procedimentos de pesquisa utilizados pelas ciências sociais são
adaptações dos procedimentos originariamente desenvolvidos no campo
das ciências naturais. No atual momento de desenvolvimento científico, há
um grande debate acerca da necessidade de se desenvolverem métodos
científicos apropriados para cada área do conhecimento e para cada objeto
de estudo. Portanto, passamos por um momento histórico em que diversas
áreas do conhecimento, as quais denominamos “ciências”, encontram-se
em diferentes estágios de desenvolvimento.
46 Pensamento Científico

Ao comparar a situação apresentada com o ser humano, seria


conveniente afirmar que algumas ciências já estão na fase adulta, enquanto
outras estão ainda na infância. O que seria, afinal, uma ciência mais
“adulta”? Seria uma ciência que já tem várias teorias bem desenvolvidas
e testadas, além de uma metodologia científica bem definida, como é o
caso da Física, por exemplo.

Outras ciências ainda estão desenvolvendo suas teorias e sua


metodologia. É o caso das ciências mais novas, como a Sociologia e a
Psicologia. Entretanto, isso não significa dizer que uma ciência seja melhor
que a outra. Apenas chama a atenção para o fato de que algumas áreas
do conhecimento humano já são mais desenvolvidas, principalmente
porque são mais antigas e estão sendo estudadas há mais tempo.

A atual classificação oficial das áreas de conhecimento utilizada no


Brasil foi proposta pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes).

EXPLICANDO MELHOR:

A Capes, que é um órgão oficial do governo federal


brasileiro, definiu nove grandes áreas que agrupam
conhecimentos e que têm afinidades entre si. Em outras
palavras, são áreas que compartilham temas, objetos de
estudo e metodologias de pesquisa. Observe que cada
grande área do conhecimento apresenta subáreas que
tratam de assuntos de natureza semelhante. Por exemplo:
em ciências da saúde, todas as subáreas têm como foco de
estudo o corpo humano e a saúde tanto em nível individual
quanto em nível coletivo. Em ciências biológicas, por sua
vez, o foco de estudo é o meio ambiente natural e todas as
suas propriedades.

Graduação no Brasil
De acordo com Alves (2007), no Brasil, a graduação é um curso de
nível superior realizado após a conclusão do Ensino Médio. Ela busca a
formação profissional do estudante em diversas áreas do conhecimento e,
em alguns casos, essa formação é obrigatória para o exercício da profissão.
Pensamento Científico 47

Os cursos de graduação, no Brasil, têm, em média, quatro anos de


duração, embora haja diferenças de duração entre diferentes cursos. Além
disso, são divididos em: (1) bacharelado, (2) licenciatura e (3) tecnologia.

O bacharelado dura de quatro a seis anos e é voltado ao exercício da


profissão relacionada a cada área do conhecimento. Exemplos: Arquitetura,
Medicina, Direito, Engenharias, Comunicação Social. A licenciatura
também dura, em média, de quatro a seis anos, e é um curso superior
voltado à formação de professores para níveis inferiores à graduação.
Exemplos: Letras, Educação Artística. Já os cursos de tecnologia duram,
em geral, de dois a três anos, e são voltados à formação de tecnólogos,
ou seja, profissionais especializados em áreas técnicas do conhecimento,
especialmente, as voltadas à indústria. Exemplos: Tecnólogo em
Construção Civil, Tecnólogo em Gestão.

Os cursos de graduação são regulamentados e avaliados


periodicamente por órgãos vinculados ao Ministério da Educação (MEC),
como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) ou o Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e
Controle (Simec). Em 2008, de acordo com a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, o Brasil tinha cerca de 06 milhões
de estudantes matriculados em cursos de graduação. A maior parte deles
(cerca de 60%) estava matriculada em instituições privadas.

Diante do exposto, precisamos refletir sobre a pesquisa na


graduação, o que chamamos de iniciação científica. Muito se tem
falando sobre a pesquisa nas instituições de nível superior do nosso
país. Sabemos que a quase totalidade das pesquisas são realizadas em
instituições públicas. Todavia, qual seria a relação da pesquisa com o
aluno de graduação? Primeiro, precisamos explicar que um dos grandes
desafios das universidades é a de, além da formação, fazer com que
os graduandos sejam capazes de utilizar os conhecimentos. Assim, as
atividades curriculares que tenham por objetivo a resolução de problemas
são importantes instrumentos para a formação dos alunos.

Você já realizou uma pesquisa? Quais foram os aspectos que


sentiu mais dificuldade? Com certeza, houve vários obstáculos em vários
momentos da sua graduação, seja em sala de aula, seja durante a iniciação
48 Pensamento Científico

científica. Saiba que, nos próximos capítulos da disciplina, você receberá


mais conhecimentos para ser um pesquisador.

Para que você se instrumentalize nessa área, é necessário que


você seja envolvido na elaboração de projetos de pesquisa, inclusive,
para estimular os alunos que possuem a vocação para seguir a carreira
de pesquisadores. As formas institucionais para ingressar nessa área ainda
durante a graduação são os estágios curriculares e a iniciação científica.
Recomendamos que você se aproprie das pesquisas realizadas pela sua
instituição. Perceba que elas têm total ligação com a sociedade em que
estamos vivendo, pois objetivam transformar a realidade por meio da
busca por respostas para um problema ou situação.

Pós-graduação no Brasil
Na visão de Lakatos e Marconi (2005), no Brasil, a pós-graduação
é formada por cursos que podem ser realizados após a conclusão da
graduação. Esses cursos dividem-se em dois tipos: lato sensu e stricto
sensu. Os cursos lato sensu são especializações voltados à atualização
profissional nas mais diversas áreas do conhecimento. A carga horária
mínima de um curso de especialização é de 360 horas, em geral,
distribuídas no período de um ano a um ano e meio. No Brasil, os MBAs
(do inglês: Master in Business Administration) também são cursos de
especialização.

Já os stricto sensu são cursos voltados à formação científica e


acadêmica, ou seja, formam pesquisadores e professores universitários.
Dividem-se em mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado.
Em todos os tipos de pós-graduação stricto sensu, há uma séria
preocupação com o desenvolvimento da autonomia científica, ou seja,
da capacidade de o indivíduo aprender e produzir conhecimento por si
mesmo.

Além disso, Alves (2007) explana que os cursos de pós-


graduação são regulamentados e avaliados periodicamente pela Capes.
Outras agências ligadas ao governo, como o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), concedem bolsas
Pensamento Científico 49

(auxílios financeiros) para a realização de cursos de pós-graduação no


Brasil e no exterior. A principal tendência, atualmente, é a concessão de
bolsas para doutorado sanduíche, quando o aluno faz apenas uma parte
do curso no exterior.

REFLITA:

Após essa apresentação, qual seria a importância dos


cursos de pós-graduação para o nosso país?

Já sabemos a importância da pesquisa científica para o


desenvolvimento de um país e para o avanço da sociedade. Primeiramente,
é fundamental que a ciência seja plural e dialogue com os problemas da
sociedade. Isso significa que é preciso aproximar o que se é discutido
e pesquisado nos ambientes acadêmicos com a população em geral.
Portanto, perceba que há desafios científicos e sociais a serem enfrentados
e superados na atividade da pesquisa científica.

Para finalizarmos este capítulo e esta unidade, esperamos que


fique claro que nenhuma nação consegue evoluir sem pesquisa científica.
Se, hoje, vivemos em um mundo e em uma sociedade tecnológica, isso
se deve aos inúmeros pesquisadores que criam projetos de pesquisa,
que encontram resultados, que os validam ou refutam e os publicam,
atribuindo-lhes visibilidade.

Já no que se refere à ética, ela é algo que deve permear todo o


trabalho do pesquisador, desde o ato de elaboração do projeto de
pesquisa. Isso significa que nada impede que seja realizada uma pesquisa
na Internet, mas se deve verificar se as informações são confiáveis ou não.
Não só, mas atribuir os devidos créditos aos autores e não plagiar.

Por fim, acreditamos que a pesquisa científica em nosso país e os


cientistas que temos precisam ser creditados por todos nós.
50 Pensamento Científico

RESUMINDO:

Gostou do que lhe apresentamos? Compreendeu tudo?


Agora, só para termos a certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, resumiremos
tudo o que estudamos. Atualmente, o conhecimento
se depara com um aspecto bastante significativo nos
mercados: os recursos utilizados por ele estão espalhados
por todo o globo e esses recursos atendem aos leitores
de todos os cantos do mundo. Em virtude das facilidades
proporcionadas pelo desenvolvimento intenso da
tecnologia nas últimas décadas e da transnacionalização
do conhecimento e do aprendizado, um estudante
brasileiro tem condições de adquirir, por meio da Internet,
conhecimento, ao realizar a sua leitura em qualquer
lugar do mundo, o que contribui para que todos tenham
uma excelente educação. Contudo, além do acesso a
informação, é preciso que sejamos capazes de identificar
as informações científicas.
Pensamento Científico 51

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