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ABSTRACT- The discussion of the theme of social inclusion in the school environment of
people with autism becomes necessary, since beyond socialization it is necessary to provide
their academic learning. This is not a priority in education networks, since the acquisition of
skills that minimize the commitments related to communication, behavior and especially
social interaction are considered essential by many education professionals. This study aimed
to present strategies that facilitate the teaching and learning of mathematics in elementary
school by children of the autistic spectrum, in addition to clarifying some characteristics and
singularities of this syndrome. For this, a qualitative research was carried out through the
observation, in both the family and school environment, of the difficulties presented by a
child diagnosed with autism. It was noticed that the diversity of methods presented to the
subject of the research, as well as the consideration of its specificities made possible his better
academic performance in the mathematics discipline. It is concluded that it is important to
provide, besides the advancement of the social skills of these individuals, to implement
learning strategies that simultaneously applied to the knowledge of the characteristics of
autism, can provide the amplification of their mathematical knowledge.
KEYWORDS: Autism. Learning Strategies. Mathematics Learning.
1 INTRODUÇÃO
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não é prioritário nas redes de ensino, já que a aquisição de habilidades que minimizem os
comprometimentos relacionados à comunicação, ao comportamento e especialmente à
interação social, são tidas como essenciais por muitos profissionais da educação. Contudo, é
necessário frisar que a verdadeira inclusão social diz respeito não somente a socialização, mas
também ao aprendizado. Essas crianças têm o direito de ter seu potencial explorado e de
receberem uma educação de qualidade que proporcione sua evolução conceitual.
Inicialmente um aspecto a ser considerado é a necessidade que os autistas têm em
manter as rotinas e a resistência que apresentam frente às mudanças e às transições. Segundo
Silva, Gaiato e Reveles (2012, p. 46) “[...] esses traços parecem ser uma tentativa de paralisar
o mundo para torná-lo mais coerente”. Essa rigidez tanto de comportamento quanto de
pensamento pode resultar em dificuldades de transição de uma atividade para outra, e também
resistência a passar da forma pensada usando a decomposição dos números para a forma
direta que é o registro do algoritmo (conta armada).
Observa-se também que além dessa dificuldade para transitar de um processo ao outro
na resolução de algoritmos, essa criança tem dificuldade em ter uma visão global e
consequentemente possui a tendência a perceber detalhes, o que interfere na percepção dos
estímulos e no estabelecimento da relação entre as partes e o todo. Essa característica
influencia diretamente na maneira como ela reage às atividades propostas, e interfere no
processo de ensino-aprendizagem.
Importa ainda dizer que o uso de regras é extremamente relevante tanto na vida
pessoal quanto na vida acadêmica de crianças autistas, já que elas tendem a seguir de forma
literal os comandos recebidos. Essa criança, especificamente, sente a necessidade de saber
previamente o que tem que fazer e de certa forma as regras a tranquiliza e traz previsibilidade
ao seu cotidiano.
Nota-se também, sua dificuldade em compreender conceitos abstratos e
consequentemente sua necessidade em estabelecer relações concretas acerca dos conceitos
matemáticos aos quais teve contado.
Ao se falar em materiais concretos cabe ressaltar o trabalho desenvolvido pela médica
e educadora italiana Maria Montessori que trabalhou com crianças com necessidades
especiais tidas na época como “desequilibradas”. Ela acreditava que o potencial de aprender
estava em cada indivíduo e isso se tornou o grande diferencial de sua metodologia que hoje é
difundida e utilizada pela comunidade escolar.
Segundo Silva e Araújo (2011, p. 3) “Montessori construiu ferramentas que
possibilitassem de maneira mais sistemática, a ‘experimentação’ por parte dos mesmos, e com
isso deixou para a Educação uma série de materiais didáticos”. Seu objetivo ao desenvolver
esses métodos foi favorecer o desenvolvimento cognitivo de seus pacientes e posteriormente
os utilizou no ensino-aprendizagem de todas as crianças, visto que ela acreditava que a única
coisa que as diferenciava era o desenvolvimento cognitivo em estágios diferentes.
Dentre os diversos materiais desenvolvidos por Maria Montessori destaca-se o
Material Dourado, que é muito eficiente para o ensino da numeração decimal e operações
fundamentais da aritmética.
Este, por sua vez, é constituído de pequeninos cubos também chamado de cubinhos
que representam uma unidade; de barras que são formadas por 10 (dez) cubinhos
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2 MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia utilizada neste trabalho teve como abordagem estudos qualitativos por
meio da observação das dificuldades apresentadas por uma criança com um diagnóstico de
Síndrome de Asperger, que faz parte do espectro autista, na disciplina de matemática durante
seu percurso no 4º ano do Ensino Fundamental. Essa observação foi feita tanto no ambiente
familiar quanto no ambiente escolar, já que se acredita que a observação é primordial para a
aproximação do pesquisador com o objeto de estudo. Para a manutenção da integridade dessa
criança ela foi nomeada criança “D”. Foram utilizadas neste artigo algumas atividades
pedagógicas, realizadas por essa criança que foram anexadas à pesquisa por meio de imagens.
O intuito foi demonstrar de forma prática como essas estratégias diferenciadas auxiliaram o
processo de ensino e aprendizagem da criança “D”. Foi feito levantamento bibliográfico com
estudiosos especialistas na temática abordada simultâneo à análise das dificuldades
apresentadas por essa criança.
Uma das metodologias utilizadas foi de Gomes (2007) que contribui com o
aprendizado da matemática, a saber, algoritmo partindo-se situações mais simples para as
mais complexas. Entretanto, por conta das observações feitas, essas atividades foram
realizadas repetidamente para facilitar a memorização.
Para manter a atenção da criança no que realmente é relevante foi utilizado como
instrumento a construção de esquemas simples e com estímulos visuais em cores distintas, o
que manteve seu foco na realização dos algoritmos (FIGURA 1), ou nas etapas da atividade
que deviam ser realmente realizadas.
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[...] estudantes com SA [Síndrome de Asperger] são capazes de lidar com conceitos
básicos por causa de sua prodigiosa memória para decorar, mas apresentam
dificuldades em resolver problemas e processos com muitos passos. Para o estudante
que tem dificuldade em resolver problemas com passos múltiplos, como (2x4)-3, os
blocos em base 10 (material dourado) podem ser usados para “quebrar” o problema
em passos menores [...] Esse método demonstra o processo envolvido em problemas
de múltiplos passos usando blocos contáveis e movimentáveis o que fixa o processo
na memória do estudante, porque o método de ensino inclui componentes visuais e
cinestésicos. (MOORE, 2005, p. 102-103).
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2: forma pensada usando a decomposição Figura 3: forma direta. Registro do algoritmo
Autora: arquivo da mãe da criança “D” (2014) Autora: arquivo da mãe da criança “D” (2014)
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As crianças mais funcionais, como a observada nesse estudo, podem ser orientadas a
se organizarem, não necessitando de esquematizações tão rígidas e prontas. O objetivo é
proporcionar a autonomia desse sujeito, que mesmo necessitando, inicialmente de uma
metodologia diferenciada tem condições de paulatina e sistematicamente adquirir meios de se
organizar por si só.
Uma das habilidades mais importantes que uma criança com Síndrome de Asperger
deve aprender é ser FLEXÍVEL! As crianças aprendem a se ajustar às mudanças
inesperadas, se as mudanças forem introduzidas na rotina de maneira planejada e
sistemática. Aqueles que nunca forem ensinados a lidar com mudanças, terão grande
dificuldade tanto na escola como em situações sociais. (MOORE, 2005 p. 49, grifo
da autora).
Notou-se que a criança não conseguia manter a sequência lógica durante a resolução
dos algoritmos de multiplicação. Percebeu-se que a utilização das setas (FIGURAS 5-8)
possibilitou a manutenção dessa habilidade para a resolução desses algoritmos e
consequentemente seu aprendizado.
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“afirmam que prover estrutura visual para crianças com autismo ajuda-os a organizar-se e
responder de forma mais apropriada ao ambiente: ‘o que é visual é concreto e portanto fácil
para as crianças aprenderem e entenderem’.” Dessa forma a utilização do material dourado foi
de extrema importância na assimilação de conceitos matemáticos pela criança observada
nesse estudo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
SILVA, A. B. B.; GAIATO M. B.; REVELES L. T. Mundo Singular: entenda o autismo. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2012.
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