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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/08/2023

Número: 1014414-16.2022.4.01.3600
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 2ª Vara Federal Cível da SJMT
Última distribuição : 24/06/2022
Valor da causa: R$ 10.000,00
Assuntos: Repetição de indébito, PIS, Prazo, Devolução, Contagem de Prazo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
UNIAO AGRONEGOCIOS COMPRA E VENDA DE CEREAIS CANDIDO NISVALDO FRANCA COELHO JUNIOR
EIRELI - ME (IMPETRANTE) (ADVOGADO)
. DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM
CUIABÁ (IMPETRADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (LITISCONSORTE)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
17199 23/05/2023 17:32 Decisão Terminativa Decisão Terminativa
24949
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Gab. 21 - DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS
PJE/TRF1-Processo Judicial Eletrônico

REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) Nº 1014414-16.2022.4.01.3600


PARTES (ATIVA/PASSIVA): AS QUALIFICADAS NO PROCESSO/AUTUAÇÃO
REMETENTE: JUÍZO SENTENCIANTE

DECISÃO TERMINATIVA

1 - Trata-se de remessa oficial em face da sentença (CPC/2015) que – em MS – concedeu,


em parte, a segurança, em matéria sob a competência recursal da S4/TRF1.

2 – Eis o dispositivo da sentença:

Diante do exposto, confirmo a liminar parcialmente concedida e concedo


parcialmente a segurança, para reconhecer o direito líquido e certo da impetrante
em ter analisados os PER/DCOMP 02779.30570.191020.1.1.18-0774 e
41056.03579.191020.1.1.19-8038, observado o prosseguimento aos trâmites da IN
RFB n.º 1.717/17, no prazo de 30 dias contados da completa instrução do processo,
devendo eventuais valores a serem compensados ou restituídos ser atualizados
pela taxa Selic, a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar
o pedido do contribuinte, que é de 360 (trezentos e sessenta) dias da data do
protocolo do pedido, até a data do efetivo ressarcimento e/ou compensação.

A extinção se dá com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do


Código de Processo Civil. Custas em reembolso. Sem condenação em honorários
advocatícios, por expressa vedação legal (Lei nº 12.016, de 2009, art. 25).
Sentença sujeita ao reexame necessário (Lei nº 12.016, de 2009, art. 14, § 1º).

Fundamento e decido:

3 – A teor do art. 557 do ex-CPC/1973 e do art. 932 do CPC/2015, pode-se, com amparo na
SÚMULA-253/STJ, resolver monocraticamente a remessa necessária.

4 – A remessa oficial é sempre obrigatória em se tratando de MS concessivo, consoante o §1º do


art. 14 da LMS (nº 12.016/2009): “Concedida a segurança, a sentença estará sujeita
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição”, regra que, por sua especialidade, não sofre as
mitigações do CPC/1973-2015.

5 – Em se tratando, todavia, de ação ordinária, embora a remessa necessária seja - em tese –


cabível pelo só mero fato de se cuidar de sentença contrária a ente público, tal resta dispensada,
contudo, nas hipóteses legais (§§2º e 3º do art. 475 do CPC/1973 ou §§3º e 4º do art. 496 do
CPC/2015), quando, pelo valor econômico da demanda ao tempo da sentença, ou pelo quilate da
jurisprudência ou da orientação administrativa em que se funda, tal providência for legalmente

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dispensada.

6 - Quanto ao mérito, invoca-se - "per relationem" - a sentença, abaixo transcrita, por sua ampla
e adequada fundamentação, retratando a jurisprudência pacificada de então e a legislação
específica de regência, sem qualquer resíduo de controvérsia fático-jurídica que a desabone:

Trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar, impetrado por UNIÃO


AGRONEGÓCIOS COMPRA E VENDA DE CEREAIS EIRELI – ME contra ato
atribuído ao DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL NO ESTADO DE
MATO GROSSO, no qual requer seja determinado que a autoridade coatora julgue e
conclua os pedidos de ressarcimentos PER/DCOMP 02779.30570.191020.1.1.18-
0774 e 41056.03579.191020.1.1.19-8038, protocolados em 19/10/2020, bem como
que, sendo deferidos os pedidos de ressarcimentos, pugna-se para que sejam
corrigidos monetariamente pela SELIC a partir do protocolo. Alegou, em síntese, que
formalizou perante a Receita Federal do Brasil os referidos pedidos de
Ressarcimento de Créditos de PIS/COFINS não cumulativos, por meio de
PER/DCOMP, todavia, ultrapassados 360 (trezentos e sessenta) dias, seus pedidos
ainda não foram analisados, o que tem lhe causado sérios prejuízos financeiros. O
pedido de liminar foi parcialmente concedido para determinar à autoridade impetrada
que apreciasse e concluísse a análise dos PER/DCOMP
02779.30570.191020.1.1.18-0774 e 41056.03579.191020.1.1.19-8038, dando
prosseguimento aos trâmites da IN RFB n.º 1.717/17, no prazo de 30 dias contados
da completa instrução do processo, devendo eventuais valores a serem
compensados ou restituídos ser atualizados pela taxa Selic, a partir do fim do prazo
de que dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360
(trezentos e sessenta) dias da data do protocolo do pedido, até a data do efetivo
ressarcimento e/ou compensação (Id. 1275665255). Na ocasião, determinou-se o
cumprimento dos arts. 7º, incisos I e II, e 12, caput, da Lei nº 12.016, de 2009. A
União manifestou interesse na demanda, tendo requerido seu ingresso no feito, com
a intimação de todos os atos praticados no processo (Id. 1329743794).
Regularmente notificada, a autoridade impetrada prestou informações (Id.
1348606771), comunicando que a equipe responsável pela análise do direito
creditório informou que os PER/DCOMPs em questão seriam analisados no prazo
fixado pelo juízo, e que o art. 152 da IN RFB nº 2.055/2021 passou a prever a
aplicação da Selic sobre os pedidos de ressarcimento, após o período de 360 dias
da data do protocolo do pedido, nos mesmos termos da decisão judicial. Quanto ao
mérito, teceu considerações a respeito do prazo para analisar pedidos de
ressarcimento formulados pelo contribuinte, bem como a atuação vinculada da
autoridade administrativa. Em manifestação, o Ministério Público Federal informou
que não interviria no feito, em razão da ausência de interesse público que
justificasse a sua intervenção (Id. 1372678793).

É o relatório. DECIDO.

De início, esclareço que os processos de mandado de segurança (individual ou


coletivo), por gozarem de prioridade legal (Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009,
art. 20), estão abrangidos pela norma de exclusão constante do art. 12, § 2º, inciso
VII, do Código de Processo Civil de 2015, independentemente de sua posição no
relatório "Ordem Cronológica de Conclusão – NCPC Art. 12" disponibilizado pelo
Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Presentes os pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular da

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relação jurídica processual.

Por ocasião da análise do pedido de liminar, foi prolatada, em 19/08/2022, a


seguinte decisão (Id. 1275665255), deferindo-o parcialmente, conforme trecho
abaixo transcrito, que ora utilizo como razão de decidir:

Para a concessão da medida liminar, devem concorrer os dois pressupostos legais


esculpidos no artigo 7º, inciso III da Lei n. 12.016/09, quais sejam, a relevância do
fundamento e a possibilidade de ineficácia da medida no caso de concessão de
segurança quando do julgamento definitivo.

(A) MORA ADMINISTRATIVA

Pretende a impetrante a análise dos pedidos de ressarcimento, alegando omissão


abusiva por parte da autoridade impetrada, tendo em vista que foram protocolados
há mais de 360 dias.

A Constituição da República garante ao cidadão o direito fundamental de petição ao


Poder Público (art. 5º, inciso XXXIV, alínea a), bem como a razoável duração do
processo administrativo (art. 5º, inciso LXXVIII).

Os direitos fundamentais acima mencionados ganharam efetividade na legislação


ordinária por meio da Lei n.º 9.784/99, que em seu artigo 48 afirmou que a
Administração Pública tem o dever de decidir explicitamente, enquanto que o artigo
49 fixou o prazo de 30 dias, prorrogáveis pelo mesmo prazo, para que a
Administração Pública, uma vez concluída a instrução, decida sobre o pedido
formulado pelo cidadão.

A Lei n.º 11.457, de 16 de março de 2007, que dispõe especificamente sobre a


Administração Tributária Federal, em seu art. 24, estendeu o prazo de 30 (trinta)
para 360 (trezentos e sessenta) dias para que seja proferida decisão administrativa.
In verbis:

Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de
360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou
recursos administrativos do contribuinte.

Na hipótese, restou configurada a mora da Administração e a paralisação dos


processos administrativos, situação que consubstancia violação aos arts. 48 e 49 da
Lei n.º 9.784/99, e art. 24 da Lei n.º 11.457/2007 e, também, ao princípio insculpido
no art. 5º, inciso LXXVIII da Constituição da República.

Pontuo que a Instrução Normativa RFB nº 1.717/17, que estabelece normas sobre
restituição, compensação, ressarcimento e reembolso, no âmbito da Secretaria da
Receita Federal, dispõe, quanto ao procedimento para ressarcimento, que após a
análise dos pedidos deverão ser adotados os seguintes procedimentos: 1)
Despacho Decisório (art. 117); 2) verificação de débitos sujeitos à compensação de
ofício (excetuados os que estão com a exigibilidade suspensa, como determinado na
liminar), intimação do contribuinte (art. 89 e parágrafos); 3) e ordem de pagamento
(art. 97, inciso V).

Assim, existe um procedimento para verificação da existência de débitos passíveis

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de compensação, intimação do contribuinte, e requisição para pagamento, se
existente saldo positivo, ao Tesouro Nacional, de acordo com a IN RFB n.º 1.717/17.

Por fim, tratando-se de análise complexa, o prazo para análise pela impetrada deve
ser mais elástico do que o requerido (48 horas).

(B) ATUALIZAÇÃO PELA SELIC

A impetrante pretende, ainda, compelir a autoridade coatora a restituir os valores


devidamente atualizados pela Taxa SELIC até o efetivo ressarcimento e/ou
compensação.

Os artigos 13 e 15 da Lei 10.833/03 estabelecem que, na sistemática de


aproveitamento, quando se tratar de crédito escritural ou presumido, não há
incidência de correção monetária, pois, em tal modalidade, o contribuinte não
depende do Fisco para tirar proveito do benefício, in verbis:

Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§


1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não
ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores.

Art. 15. Aplica-se à contribuição para o PIS/PASEP não-cumulativa de que trata a


Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº
10.865, de 2004) I - nos incisos I e II do § 3o do art. 1o desta Lei; (Incluído pela Lei
nº 10.865, de 2004) II - nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1o e 10 a 20 do art.
3o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004)

III - nos §§ 3o e 4o do art. 6o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV -
nos arts. 7o e 8o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)

V - nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1o e 2o do art. 10 desta Lei;


(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)

VI - no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)

Todavia, caracterizada a mora do Fisco em reconhecer o direito do contribuinte de


aproveitar-se do crédito escritural ou presumido, legítima se mostra a incidência de
correção monetária, de forma a evitar que a fiscalização se aproveite da própria
mora e que ocorra enriquecimento sem causa.

Essa matéria, inclusive, já foi apreciada pelo e. Superior Tribunal de Justiça, sob o
rito dos recursos repetitivos, disciplinado no art. 543-C do Código de Processo Civil.
Confira-se:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA
NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO
PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO
MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de
IPI decorrentes do princípio constitucional da não-cumulatividade (créditos
escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal,
administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da

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aplicação do princípio da não-cumulatividade, descaracteriza referido crédito como
escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em
sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito
impele o contribuinte a socorrer-se do Judiciário, circunstância que acarreta demora
no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos
judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses
créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, posterga-se o reconhecimento
do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizá-los
monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da
Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005,
DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em
09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda,
julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman
Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro
Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS,
Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5.
Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime
do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ, REsp 1035847/RS,
Rel. Ministro LUIZ FUX, Primeira Seção, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009)

A diferença entre a situação do crédito escritural e do crédito objeto do pedido de


ressarcimento, este último apto a ensejar a correção monetária, foi muito bem
elucidada por ocasião do julgamento dos embargos de divergência em agravo n.º
1220942/SP, pela Primeira Seção do STJ, de relatoria do Ministro Mauro Campbell
Marques, cuja ementa transcrevo a seguir:

TRIB UT ÁR IO . IPI. CRE DI TAM E NTO. DI FERE NÇA ENTRE CRÉDIT O


ESCRITURAL E PEDIDO DE RESSARCIMENTO EM DINHEIRO OU MEDIANTE
COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS. MORA DA FAZENDA PÚBLICA
FEDERAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 411/STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA.
TERMO INICIAL. PROTOCOLO DO PEDIDO. TEMA JÁ JULGADO PELO REGIME
CRIADO PELO ART. 543-C, CPC, E DA RESOLUÇÃO STJ 08/2008 QUE
INSTITUÍRAM OS RECURSOS REPRESENTATIVOS DA CONTROVÉRSIA. 1. É
pacífico o entendimento do STJ no sentido de que, em regra, eventual possibilidade
de aproveitamento dos créditos escriturais não dá ensejo à correção monetária,
exceto se tal creditamento foi injustamente obstado pela Fazenda. Jurisprudência
consolidada no enunciado n. 411, da Súmula do STJ: "É devida a correção
monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento
decorrente de resistência ilegítima do Fisco". 2. No entanto, os equívocos na
aplicação do enunciado surgem quando se está diante de mora da Fazenda Pública
para apreciar pedidos administrativos de ressarcimento de créditos em dinheiro ou
ressarcimento mediante compensação com outros tributos. 3. Para espancar de vez
as dúvidas a respeito, é preciso separar duas situações distintas: a situação do
crédito escritural (crédito de um determinado tributo recebido em dado período de
apuração e utilizado para abatimento desse mesmo tributo em outro período de
apuração dentro da escrita fiscal) e a situação do crédito objeto de pedido de
ressarcimento (crédito de um determinado tributo recebido em dado período de
apuração utilizado fora da escrita fiscal mediante pedido de ressarcimento em
dinheiro ou ressarcimento mediante compensação com outros tributos). 4. Situação
do crédito escritural: Deve-se negar ordinariamente o direito à correção monetária
quando se fala de créditos escriturais recebidos em um período de apuração e
utilizados em outro (sistemática ordinária de aproveitamento), ou seja, de créditos

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inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de
dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados em
períodos de apuração subseqüentes. Na exceção à regra, se o Fisco impede a
utilização desses créditos escriturais, seja por entendê-los inexistentes ou por
qualquer outro motivo, a hipótese é de incidência de correção monetária quando de
sua utilização, se ficar caracterizada a injustiça desse impedimento (Súmula n.
411/STJ). Por outro lado, se o próprio contribuinte acumula tais créditos para utilizá-
los posteriormente em sua escrita fiscal por opção sua ou imposição legal, não há
que se falar em correção monetária, pois a postergação do uso foi legítima, salvo,
neste último caso, declaração de inconstitucionalidade da lei que impôs o
comportamento. 5. Situação do crédito objeto de pedido de ressarcimento: Contudo,
no presente caso estamos a falar de ressarcimento de créditos, sistemática diversa
(sistemática extraordinária de aproveitamento) onde os créditos outrora escriturais
passam a ser objeto de ressarcimento em dinheiro ou ressarcimento mediante
compensação com outros tributos em virtude da impossibilidade de dedução com
débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos (normalmente porque isentos,
não tributados ou sujeitos à alíquota zero), ou até mesmo por opção do contribuinte,
nas hipóteses permitidas por lei. Tais créditos deixam de ser escriturais, pois não
estão mais acumulados na escrita fiscal para uso exclusivo no abatimento do IPI
devido na saída. São utilizáveis fora da escrita fiscal. Nestes casos, o ressarcimento
em dinheiro ou ressarcimento mediante compensação com outros tributos se dá
mediante requerimento feito pelo contribuinte que, muitas vezes, diante das
vicissitudes burocráticas do Fisco, demora a ser atendido, gerando uma defasagem
no valor do crédito que não existiria caso fosse reconhecido anteriormente ou caso
pudesse ter sido utilizado na escrita fiscal mediante a sistemática ordinária de
aproveitamento. Essa foi exatamente a situação caracterizada no Recurso
Representativo da Controvérsia REsp.nº 1.035.847 - RS, Primeira Seção, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 24.6.2009, onde foi reconhecida a incidência de correção
monetária. 6. A lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI,
PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos
são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento
enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza também a
chamada "resistência ilegítima" exigida pela Súmula n. 411/STJ. Precedentes:
REsp. n. 1.122.800/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 1.3.2011; AgRg no REsp. n. 1082458/RS e AgRg no AgRg no REsp. n.
1088292/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgados em
8.2.2011. 7. O Fisco deve ser considerado em mora somente a partir da data do
protocolo dos pedidos de ressarcimento. 8. Embargos de divergência providos.
(EAg 1220942/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 10/04/2013, DJe 18/04/2013)

Em 22/02/2018, a Primeira Seção do STJ concluiu o julgamento dos EREsp


1.461.607/SC e alterou sua jurisprudência para consolidar o posicionamento
segundo o qual o termo inicial da correção monetária de ressarcimento de crédito de
PIS/COFINS não-cumulativo ocorre somente após escoado o prazo de 360 dias
para a análise do pedido administrativo pelo Fisco, ocasião em que a resistência se
torna ilegítima pelo transcurso do prazo legal.

Destaco, por oportuno, a ementa:

TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO DE PIS/COFINS. PEDIDO DE


RESSARCIMENTO. APROVEITAMENTO OBSTACULIZADO PELO FISCO.

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SÚMULA 411/STJ. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. INCIDÊNCIA
SOMENTE DEPOIS DE ESCOADO O PRAZO DE 360 DIAS A QUE ALUDE O ART.
24 DA LEI Nº 11.457/07. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA DESPROVIDOS. 1. A
Primeira Seção desta Corte Superior, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o
rito do art. 543-C do CPC/73 (Rel. Min. Luiz Fux, j. 24/6/2009), firmou entendimento
no sentido de que o crédito presumido de IPI enseja correção monetária quando o
gozo do creditamento é obstaculizado pelo fisco, entendimento depois cristalizado
na Súmula 411/STJ: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando
há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco". 2.
Nos termos do art. 24 da Lei nº 11.457/07, a administração deve observar o prazo
de 360 dias para decidir sobre os pedidos de ressarcimento, conforme sedimentado
no julgamento do REsp 1.138.206/RS, também submetido ao rito do art. 543-C do
CPC/73 (Rel. Min. Luiz Fux, j. 9/8/2010). 3. O termo inicial da correção monetária de
ressarcimento de crédito de PIS/COFINS não-cumulativo ocorre somente após
escoado o prazo de 360 dias para a análise do pedido administrativo pelo Fisco.
Nesse sentido: AgRg nos EREsp 1.490.081/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Seção, DJe 1º/7/2015; AgInt no REsp 1.581.330/SC, Rel. Ministro Gurgel
de Faria, Primeira Turma, DJe 21/8/2017; AgInt no REsp 1.585.275/PR, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 14/10/2016. 4. Embargos de divergência a
que se nega provimento. (EREsp 1461607/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, Rel. p/ Acórdão Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 22/02/2018, DJe 01/10/2018)

Reafirmando sua jurisprudência, em 06/05/2020, a Primeira Seção do Superior


Tribunal de Justiça definiu, em julgamento de recursos especiais repetitivos reunidos
sob o Tema n.º 1.003, que o marco inaugural de incidência da correção monetária
no ressarcimento administrativo de créditos tributários escriturais de PIS/Cofins
ocorre somente após o prazo legal de 360 dias de que dispõe o fisco para a análise
do pedido:

TRIBUTÁRIO. REPETITIVO. TEMA 1.003STJ. CRÉDITO PRESUMIDO DE


PISCOFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. APROVEITAMENTO
ALEGADAMENTE OBSTACULIZADO PELO FISCO. SÚMULA 411STJ.
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. DIA SEGUINTE AO
EXAURIMENTO DO PRAZO DE 360 DIAS A QUE ALUDE O ART. 24 DA LEI N.
11.45707. RECURSO JULGADO PELO RITO DOS ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO
CPC2015. 1. A Primeira Seção desta Corte Superior, a respeito de créditos
escriturais, derivados do princípio da não cumulatividade, firmou as seguintes
diretrizes: (a) "A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes
do princípio constitucional da não-cumulatividade (créditos escriturais), por ausência
de previsão legal" (REsp 1.035.847RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe
03082009 - Tema 164STJ); (b) "É devida a correção monetária ao creditamento do
IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima
do Fisco" (Súmula 411STJ); e (c) "Tanto para os requerimentos efetuados
anteriormente à vigência da Lei 11.45707, quanto aos pedidos protocolados após o
advento do referido diploma legislativo, o prazo aplicável é de 360 dias a partir do
protocolo dos pedidos (art. 24 da Lei 11.45707)" (REsp 1.138.206RS, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 01092010 - Temas 269 e 270STJ). 2. Consoante
decisão de afetação ao rito dos repetitivos, a presente controvérsia cinge-se à
"Definição do termo inicial da incidência de correção monetária no ressarcimento de
créditos tributários escriturais: a data do protocolo do requerimento administrativo do
contribuinte ou o dia seguinte ao escoamento do prazo de 360 dias previsto no art.

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24 da Lei n. 11.4572007". 3. A atualização monetária, nos pedidos de
ressarcimento, não poderá ter por termo inicial data anterior ao término do prazo de
360 dias, lapso legalmente concedido ao Fisco para a apreciação e análise da
postulação administrativa do contribuinte. Efetivamente, não se configuraria
adequado admitir que a Fazenda, já no dia seguinte à apresentação do pleito, ou
seja, sem o mais mínimo traço de mora, devesse arcar com a incidência da correção
monetária, sob o argumento de estar opondo "resistência ilegítima" (a que alude a
Súmula 411STJ). Ora, nenhuma oposição ilegítima se poderá identificar na conduta
do Fisco em servir-se, na integralidade, do interregno de 360 dias para apreciar a
pretensão ressarcitória do contribuinte. 4. Assim, o termo inicial da correção
monetária do pleito de ressarcimento de crédito escritural excedente tem lugar
somente após escoado o prazo de 360 dias para a análise do pedido administrativo
pelo Fisco. 5. Precedentes: (....) 6. TESE FIRMADA: "O termo inicial da correção
monetária de ressarcimento de crédito escritural excedente de tributo sujeito ao
regime não cumulativo ocorre somente após escoado o prazo de 360 dias para a
análise do pedido administrativo pelo Fisco (art. 24 da Lei n. 11.4572007)". 7.
Resolução do caso concreto: recurso especial da Fazenda Nacional provido. (REsp
1.768.415 – SC, Relator Ministro Sérgio Kukina, DJe: 06/05/2020)

Assim, somente após decorrido o prazo previsto no art. 24 da Lei n. 11.457/2007


(360 dias) é que se pode considerar resistência ilegítima ou demora injustificável a
admitir a incidência de correção monetária.

E o índice de correção monetária é a taxa SELIC.

A Primeira Seção do o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial n.º


1.111.175/SP sob o rito do art. 543-C do CPC (Rel. Ministra DENISE ARRUDA, DJe
de 01/07/2009), decidiu que, na restituição de tributos federais, aplica-se a taxa
SELIC, a partir de 1º de janeiro de 1996, na atualização monetária do indébito
tributário, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de
juros ou atualização monetária.

A Primeira Seção, no julgamento do Recurso Especial 1.073.846/SP, de relatoria do


Ministro Luiz Fux, também submetido à sistemática dos recursos repetitivos, decidiu
que é legítima a utilização da SELIC como índice de correção monetária e de juros
de mora na atualização dos débitos tributários pagos em atraso, conforme disposto
no art. 13 da Lei 9.065/1995, conforme pronunciamento da Primeira Seção do STJ

Posteriormente, no julgamento do Recurso Especial n.º 1.495.146-MG, de Relatoria


do Min. Mauro Campbell Marques (DJe de 22/02/2018), julgado sob a sistemática
dos recursos repetitivos, o STJ decidiu que:

“A correção monetária e a taxa de juros de mora incidentes na repetição de


indébitos tributários devem corresponder às utilizadas na cobrança de tributo pago
em atraso. Não havendo disposição legal específica, os juros de mora são
calculados à taxa de 1% ao mês (art. 161, § 1º, do CTN). Observada a regra
isonômica e havendo previsão na legislação da entidade tributante, é legítima a
utilização da taxa Selic, sendo vedada sua cumulação com quaisquer outros
índices.”

Assim, não obstante se saiba da indivisibilidade da Taxa SELIC, que engloba tanto
os juros de mora quanto a correção monetária, o STJ tem entendido pela sua

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aplicabilidade:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI.


RESSARCIMENTO. DEMORA NA ANÁLISE DO PEDIDO. INCIDÊNCIA DA TAXA
SELIC. TERMO INICIAL: PROTOCOLO DOS PEDIDOS DE RESSARCIMENTO 1.
A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art.
543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento de créditos
escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quando
obstaculizado injustamente o creditamento pelo fisco. 2. O Fisco deve ser
considerado em mora (resistência ilegítima) somente a partir do término do prazo de
360 (trezentos e sessenta) dias contado da data do protocolo dos pedidos de
ressarcimento. Agravo regimental improvido. . (AARESP - AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - 1548446 2015.01.97756-
0, HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:10/12/2015
..DTPB:.)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. INEXISTÊNCIA DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/1973.
APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS ESCRITURAIS. MORA INJUSTIFICADA DO
FISCO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. TESE FIRMADA SOB O RITO
DO ART. 543-C DO CPC/1973. PRECEDENTE DO STF NO MESMO SENTIDO. 1.
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial
1.213.082/PR, sob o rito dos recursos repetitivos, firmou a orientação de que a
imposição da compensação de ofício aos débitos do sujeito passivo, que se
encontram com exigibilidade suspensa, na forma do art. 151 do CTN, extrapola os
ditames legais. 2. A tese relativa à incidência da correção monetária após o decurso
do prazo legal para analisar o requerimento administrativo, que é de 360 (trezentos
e sessenta) dias, prevista no art. 24 da Lei 11.457/2007, foi apresentada a esta
Corte apenas por ocasião da interposição do agravo regimental, configurando
inadmissível inovação recursal. 3. O Superior Tribunal de Justiça firmou
posicionamento de que a demora no ressarcimento de créditos reconhecidos pela
Receita Federal enseja a incidência de correção monetária. Esse posicionamento,
inclusive, corresponde à orientação constante da Súmula 411 deste Tribunal
Superior: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há
oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco." 4. A
Taxa Selic é legítima como índice de correção monetária e de juros de mora, na
atualização dos débitos tributários pagos em atraso, ex vi do disposto no art. 13 da
Lei 9.065/1995, conforme pronunciamento da Primeira Seção do STJ no julgamento
do Recurso Especial n. 1.073.846/SP, de relatoria do Ministro Luiz Fux. 5. Agravo
interno a que se nega provimento. (AIRESP - AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL - 1206927 2010.01.49884-1, OG FERNANDES, STJ - SEGUNDA
TURMA, DJE DATA:26/02/2018 ..DTPB:.)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DECISÃO. PRAZO PARA RESPOSTA.


LEI Nº 11.457/2007, ART. 24. TAXA SELIC. 1. A Lei nº 11.457/2007, em seu art. 24,
prescreve que: "É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo
máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições,
defesas ou recursos administrativos do contribuinte". 2. Protocolado o pedido de
ressarcimento em 13/01/2014, com deferimento em 16/12/2014, o crédito ainda não
havia sido ressarcido em 07/04/2015, data do ajuizamento do mandado de
segurança, quando já transcorridos mais de 360 dias. 3. Embora tenha sido
proferida decisão de reconhecimento do direito de crédito no prazo legal, a apelante

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admite a demora para concretização do ressarcimento "em razão da ausência de
funcionalidades nos sistemas informatizados da Receita Federal", o que evidencia
injustificável mora no cumprimento da obrigação. 4. Ademais, esta Sétima Turma
reconheceu que: "A aplicação da SELIC na composição monetária dos créditos e
débitos tributários (cobrança e restituição) é prevista na Lei nº 9.250/95 e abonada
pela jurisprudência desta Corte, do STJ e do STF, pois traduz rigorosa igualdade de
tratamento entre o contribuinte e o Fisco" (AC 0063809-66.2008.4.01.9199/MG, Rel.
Desembargadora Federal Ângela Catão, Sétima Turma, e-DJF1 p.1451 de
11/09/2015). 5. Apelação e remessa oficial não providas. (AC 0029673-
06.2015.4.01.3700, DESEMBARGADOR FEDERAL HERCULES FAJOSES, TRF1 -
SÉTIMA TURMA, e-DJF1 26/01/2018 PAG.)

Portanto, tratando-se o caso dos autos de pedido de ressarcimento de créditos de


PIS e COFINS e tendo sido reconhecida a mora do Fisco, cabível a aplicação da
Taxa SELIC para fins de atualização e correção monetária dos valores
eventualmente compensáveis ou restituíveis, a partir do fim do prazo de que dispõe
a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias da data do
protocolo do pedido.

Registre-se, por oportuno, que o objeto da presente ação não é a apuração de


valores ou a existência do direito à restituição, mas apenas e tão somente ver
reconhecido o direito da impetrante à razoável duração do processo administrativo
fiscal e, caso o Fisco decida pela procedência dos pedidos de ressarcimento, que
promova a atualização dos créditos pela taxa SELIC.

Ante os argumentos dos itens acima, verifica-se a relevância do fundamento, sendo


que a urgência decorre da necessidade de que seja sanada a mora administrativa.
Anote-se que o pedido relativo à correção pela SELIC foi analisado em sede de
recursos repetitivos, sendo aplicável a tutela de evidência, nos termos do art.311,
inciso II, do Código de Processo Civil.

Diante do exposto, concedo parcialmente a liminar para determinar ao impetrado


que: (a) que aprecie e conclua a análise dos PER/DCOMP
02779.30570.191020.1.1.18-0774 e 41056.03579.191020.1.1.19-8038, dando
prosseguimento aos trâmites da IN RFB n.º 1.717/17, no prazo de 30 dias contados
da completa instrução do processo; (b) eventuais valores a serem compensados ou
restituídos deverão ser atualizados pela Taxa SELIC, a partir do fim do prazo de que
dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias da
data do protocolo do pedido, até a data do efetivo ressarcimento e/ou compensação.

Sendo assim, não havendo nenhum argumento jurídico ou fático novo a ensejar uma
mudança no entendimento acima, ou seu afastamento, entendo que em sede de
sentença deve ser mantida aquela decisão.

6.1 – A higidez da sentença se reforça se e quando pode-se verificar que ela foi cumprida e/ou
quando há manifestação do ente público renunciando/abdicando ao direito de recorrer, por força
de norma interna.

7 – Pelo exposto, pela fundamentação supra, NEGO PROVIMENTO à remessa oficial.

8 – Publique-se. Intime-se. A tempo e modo, certifique-se o trânsito em julgado e baixem à origem


para arquivamento.

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Brasília/DF, na data da assinatura digital certificada.

Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXAS

Relatora

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