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GOVERNO DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

MATERIAL DE APOIO DE
LÍNGUA PORTUGUESA
ENSINO SECUNDÁRIO

Docente: Jenilson Manuel Ngola


Iª Edição, 2021
Sumário

Capítulo I – Tipos e géneros textuais


Texto Informativo …………………………………………………………………………………………… 04
Texto Narrativo……………………………………………………………………………………………… 07
Texto Poético/Lírico ……………………………………………………………………………………… 10
Texto Argumentativo/Dissertativo ………………………………………………………………… 15
Texto Dramático …………………………………………………………………………………………… 17
Texto Injuntivo/Apelativo ……………………………………………………………………………… 18
Texto Descritivo ……………………………………………………………………………..……………… 18
Texto Explicativo………………………………………………………….………………………………… 19

Capítulo II – Classes de palavra


Classe dos Substantivos …………………………………………………………………………….…… 22
Classe dos Adjectivos …………………………………………………………………………………… 23
Classe dos Artigos ……………….………………………………………………………………………… 24
Classe dos Pronomes ………………………………………….………………………………………… 25
Classe dos Verbos …………………………………………………………………………………………… 25
Classe dos Numerais …………………………………………………………………………………… 28
Classe dos Advérbios ……………………………………………………………………………………… 28
Classe das Conjunções ………………………………………………………………………………… 29
Classe das Preposições…………………………………………………………………………………… 30
Classe das Interjeições …………………………………………………………………………………… 30

Capítulo III – Bloco gramatical


Pontuação ……………………………………………………………………………………………….……… 32
Processo de formação de palavras ……………………………………………………………… 33
Tipos e formas de frase ……………………………………………………….………………………… 35
Elementos da frase/oração …………………………………………………………………………… 36
Relação entre palavras ………………………………………………………………………………… 38
Voz activa, passiva e reflexiva ……………………………………………………………………… 39
Denotação e conotação ………………………………………………………………………………… 39
Coesão e coerência textual …………………………………………………………………………… 39
Classificação dos fonemas ……………………………………………………………………………. 40
Classificação das palavras quanto ao número de sílabas …………………………… 41
Classificação das palavras quanto ao acento tónico……………………………………. 41
Pronominalização …………………………………………………….…………………………………… 42
Conectores …………………………………………………………………………………..………………… 43
A comunicação………………………………………………………………………………………………… 44
Funções da linguagem………………………………….………………………………………………… 44
Níveis da língua …………………..………………………………………………………………………… 45
A crase …………………………………………………………………………………………………………… 46
Variações linguísticas …….……………………………………………………………………………… 48
Sintagmas …………………………………………………….……………………………………………… 49

Bibliografia ……………………………………………………………………………………………………… 50

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CAPÍTULO I

TIPOS E
GÉNEROS
TEXTUAIS

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Texto Informativo

Tal como o nome indica, o Texto Informativo tem como objectivo


principal transmitir informações, fazendo recurso a uma linguagem objectiva,
clara e directa.
Estrutura do texto informativo
 Introdução (tese) – exposição das informações necessárias para
apresentar o tema que será informado.
 Desenvolvimento (antítese) – exposição completa da informação onde
contém as partes fundamentais e mais relevantes.
 Conclusão (nova tese) – encerramento do texto com exposição da ideia
central.
O texto informativo pode ser:
 Técnico (carta, acta, requerimento, currículo, relatório);
 Jornalístico (notícia, reportagem, entrevista, publicidade, debate);

Texto Informativo Técnico

A carta
É um texto escrito que permite a correspondência entre dois
interlocutores fisicamente separados.
Estrutura:
- cabeçalho; - assunto;
- endereço; - texto;
- sua referência; - despedida;
Acta
É um texto que relata exaustivamente o teor de uma reunião de
carácter administrativo. É um documento oficial para consultas e verificações
futuras. Exige fidedignidade absoluta, sendo obrigatoriamente aprovado pela
maioria presente na reunião.
Estrutura:
- Indicação e número da acta;
- dados da hora e local da reunião;
- referência a organização da reunião, indicando a presidência e
secretaria;
- indicação das pessoas presentes e ausentes na reunião;
- transcrição da ordem de trabalho;
- reproduzir tudo o que foi decidido e aprovado;
- indicação da hora do término da reunião.

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Requerimento
É uma petição usada pelo cidadão para solicitar algo de seu interesse a
uma entidade, instituição. Exige objectividade, formalidade e deve ser escrito
na 3ª pessoa.
Estrutura
- destinatário;
- saudação;
- identificação do requerente;
- objecto do requerimento;
- despedida;
- local e data;
- assinatura do requerente

Currículo vitae
É um documento composto por um conjunto de informações pessoais,
académicas e profissionais de uma pessoa, utilizado, sobretudo, em
candidaturas de emprego e apresentação de projectos.
Estrutura
- dados pessoais;
- habilitações literárias;
- formação profissional;
- experiência profissional;
- domínio de línguas;
- contactos e informações adicionais

Relatório
É um texto que apresenta o relato final e completo de um estudo,
investigação, pesquisa ou de uma auditoria. Utiliza-se uma linguagem lógica e
concisa, fornecendo informações que coincidem na tomada de decisões.
Estrutura
- título e autoria;
- preâmbulo ou resumo onde se apresenta a ideia geral;
- introdução;
- corpo do texto;
- conclusões;
- recomendações;
- anexos

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Texto Informativo Jornalístico

Notícia
É uma informação que se reveste no interesse jornalístico, apuração
dos factos. Não deixa marca de comentário nem interpretação, a exactidão é
o seu ponto-chave.
Estrutura
- título principal (manchete) e título auxiliar (subtítulo);
- lide;
- corpo da notícia

Lide – trata-se do primeiro parágrafo da notícia que responde:


O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Porquê?

Reportagem
É o testemunho directo dos factos. Tem o intuito de informar ao mesmo
tempo que prevê criar uma opinião nos leitores.
Estrutura
- título principal (manchete) e título auxiliar (subtítulo);
- lide;
- corpo da notícia

Entrevista
Trata-se de uma texto marcado pela oralidade produzida pela
interacção entre duas pessoas, ou seja, o entrevistador (responsável por fazer
perguntas) e o entrevistado (quem responde às perguntas).
Estrutura
- escolha do tema;
- elaboração do roteiro;
- título;
- revisão

Debate
É caracterizado por um confronto de opiniões divergentes ou
semelhantes que constitui uma forma de resolução de problemas ou
apreciação de possíveis soluções.

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Texto Narrativo

É um relato de uma história, real ou imaginária, contada por um


narrador, cujas personagens se envolvem numa acção que decorre num
determinado espaço durante um período de tempo.
Estrutura da narrativa
- Apresentação: também chamada de introdução, nessa parte inicial o
autor do texto apresenta os personagens, o local e o tempo em que se
desenvolverá a trama.
- Desenvolvimento: aqui grande parte da história é desenvolvida com
foco nas acções dos personagens.
- Clímax: parte do desenvolvimento da história, o clímax designa o
momento mais emocionante da narrativa.
- Desfecho: também chamada de conclusão, ele é determinado pela
parte final da narrativa onde, a partir dos acontecimentos, os conflitos vão
sendo desenvolvidos.
Elementos fundamentais da narrativa:
- narrador; - espaço; - discursos
- tempo; - enredo;
- personagens; - acção;

 Narrador – é aquele que conta a história.


Pode ser:
- Narrador personagem/participante: a história é narrada na 1ª pessoa
onde o narrador, geralmente, é o protagonista e participa das acções.
- Narrador observador/não participante: narrado na 3ª pessoa, esse tipo
de narrador conhece os factos porém, não participa da acção.
- Narrador Omnisciente: esse narrador conhece todos os personagens e
a trama. Nesse caso, a história é narrada na 3ª pessoa, no entanto, ele narra
até os sentimentos, pensamentos e emoções do personagem.
 Tempo: refere-se à duração da acção e ao desenrolar dos
acontecimentos.
Pode ser:
- Tempo cronológico: indica a sucessão cronológica dos factos, pelas
horas, dias, anos.
a) Analápse - recuo no tempo.
b) Prolípse – avanço no tempo.
- Tempo psicológico: refere-se às lembranças e vivências dos
personagens.

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 Personagem - são aqueles que compõem a narrativa.
Pode ser:
- Personagem principal (protagonista): personagem à volta do qual se
desenrola a história, individual ou colectiva.
- Personagem secundária (adjuvante): personagem de menor
importância para a acção. Participa e influencia o desenrolar da história.
- Figurante: não participa, é apenas referida. Aparecem para deixar o
espaço mais “real”.

 Espaço – refere-se ao local onde se desenrola a acção.


Pode ser:
- Espaço físico – lugar onde a acção se realiza;
- Espaço psicológico - vivências, pensamentos e sentimentos do
personagem.

 Enredo - trata-se da estrutura da narrativa, ou seja, a trama em que se


desenrolam as acções. O enredo pode ser fechado (estando definido o
final da história) ou aberto (não havendo um final definitivo).

 Acção – refere-se aos acontecimentos que ditam o percurso da história.

Pode ser:

- Acção principal: é o acontecimento principal.


- Acção secundária: acontecimentos de menor importância.

 Discurso – é uma comunicação oral ou escrita que obedece às regras do


código linguístico.

Discurso directo: o narrador faz uma reprodução exacta da fala da


personagem. É introduzido por um verbo declarativo (dizer, falar, responder
etc.); dois pontos, introduzido por um travessão e apresentado na 1ª pessoa.
Ex: O Pedro disse:
— Gosto de comer pão.

Discurso indirecto – aqui o narrador sobrepõe-se às personagens e


incorpora as suas palavras e frases no seu próprio discurso. É apresentado na
3ª pessoa e introduzido por um verbo discendi (disse, falou, respondeu etc.).
Ex: O Pedro disse que gostava de comer pão.

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Transposição do discurso directo para o discurso indirecto

Discurso directo Discurso indirecto


Enunciado na 1ª e 2ª pessoa Enunciado na 3ª pessoa
Pronomes pessoais Pronomes pessoais
a) eu, tu b) nós, vós a) ele, ela b) eles, elas
c) me, te d) nos, vos c) o(s) a(s) d) lhe, lhes, se
Pronomes possessivos Pronomes possessivos
a) meu, minha b) teu, tua a) seu, sua b) dele, dela
c) nosso(a), vosso(a) c) deles, delas
Pronomes demonstrativos Pronomes demonstrativos
a) este(a); isto, isso; esse(a) a) aquele, aquela, aquilo
Tempos e modos verbais Tempos e modos verbais
a) presente a) pretérito imperfeito
b) pretérito perfeito b) pretérito mais-que-perfeito
c) futuro c) modo condicional
d) modo imperativo d) modo conjuntivo
Advérbio de tempo Advérbio de tempo
a) agora a) naquele momento, então
b) hoje b) naquele dia
c) amanhã c) no dia seguinte
d) ontem d) no dia anterior
e) logo e) depois
Advérbio de lugar Advérbio de lugar
a) aqui, cá a) ali, lá, acolá, além
b) aí, ali, lá b) lá
Frase interrogativa directa Frase interrogativa indirecta
Vocativo Desaparece ou passa a
complemento indirecto

Textos narrativos de tradição popular

Conto - é um relato simples de situações imaginárias, com intenções


lúdicas. Apresentam sempre a mesma fórmula inicial ("Era uma vez...") e
final ("... e foram felizes para sempre.").

Fábula - é uma narrativa curta cujos protagonistas são animais


personificados dotados de comportamentos e acções humanas.

Lenda - é uma pequena história localizada no tempo e no espaço. Não


se conhecem os autores das lendas, mas as suas personagens são, de uma
maneira geral, bem identificadas.
Mito - é uma narrativa tradicional, relativa a tempos antigos, de
carácter religioso, que procura explicar os acontecimentos importantes da
vida através do sobrenatural.

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Texto Lírico/Poético

O Texto Lírico é um texto de carácter subjectivo e conotativo, onde o


sujeito poético expõe os seus sentimentos, pensamentos e emoções. É
geralmente organizado em versos agrupados em estrofes.
Características do texto lírico
- Escrito em versos agrupados em estrofes;
- Há um “eu” que fala das suas emoções, do que sente em relação ao
que o rodeia, expressa a suas impressões e explora o seu mundo interior;
- Existe uma certa musicalidade, ritmo, um ou vários tipos de rima;
- É subjectivo e há presença de figuras de estilo/recursos expressivos;
- Há predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa;
- Faz recurso a uma linguagem plurissignificativa

Na análise de um texto lírico, deve ter-se em atenção o seguinte:


• Análise da estrutura externa - diz respeito a aspectos formais do
mesmo, por isso estrutura externa é equivalente a análise formal.
Neste tipo de análise, devem considerar-se os seguintes itens: número
de estrofes, número de versos que constituem cada estrofe, nome de cada
uma das estrofes, número de sílabas métricas, nome de cada um dos versos,
tipos de rimas, ritmo.
• Análise da estrutura interna - consiste na análise do conteúdo da
mensagem, encontram-se o tema e o assunto, relaciona-se o título com o
conteúdo, etc.
Na análise de conteúdo podem igualmente intervir situações de estilo
do autor, do período literário em que o mesmo se insere e outras
condicionantes
contextuais ou culturais.
Estrutura do texto poético/lírico
Verso – cada uma das linhas do poema.
Estrofe – conjunto de versos.

Classificação da estrofe quanto ao número de versos:


Nº de versos Designação da estrofe Nº de versos Designação da estrofe
1 Monóstico 6 Sextilha
2 Dístico 7 Sétima
3 Terceto 8 Oitava
4 Quadra 9 Nona
5 Quintilha 10 Décima
11 ou mais Irregular

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Rima - consiste na semelhança de sons no meio ou nos finais dos versos.

Classificação da rima quanto à sonoridade


Tipo Designação Exemplo
Rima quando, a partir da vogal da última sílaba
consoante ou tónica de cada verso, se verifica a bola/escola
perfeita correspondência de todos os sons, vogais e amigas/antigas
consoantes.
Rima quando apenas existe correspondência de bailarinas/raparigas
assonante ou vogais espelho/zelo
imperfeitas choro/imploro

Classificação da rima quanto à riqueza


Tipo Designação Exemplo
Rima rica quando a rima acontece entre palavras de cicatriz/ feliz
diferentes classes gramaticais. cantar/mar
Rima pobre quando a rima acontece entre palavras da coração/ razão
mesma classe gramatical dizer/fazer

Classificação da rima quanto à posição


Tipo Designação Exemplo
os versos rimam Nunca julgues quem canta A
Rima cruzada alternadamente, o 1º com o 3º É feliz porque é ilusão: B
e o 2º com o 4º. Nem sempre diz a garganta A
esquema: ABAB O que sente o coração. B
As horas pela alameda A
Rima os versos rimam seguidos. Arrastam vestes de seda A
emparelhada esquema: AABB Vestes de seda sonhada B
Pela alameda alongada. B
os dois versos que rimam são Ó meu relógio de sol A
Rima separados por dois ou mais Agulha de marear.
interpolada versos de rima diferente. Minha rota sobre o mar B
esquema: ABBA; ABCDA Faixa da luz do farol! A
Rima quando a palavra final de um Perdição da minha vida
encadeada verso rima com a outra no Uma vida sem rumo
interior do verso

Um verso que não rima designa-se verso solto ou verso branco.

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A métrica
Métrica - medida do número de sílabas poéticas de um verso.
Escansão é a designação que se dá à medição dos versos através da contagem
de sílabas métricas.
Atenção:
• As sílabas métricas podem não corresponder às sílabas gramaticais, pois
contam-se até à última sílaba tónica da última palavra de cada verso.
Ex:
Pes/ca/dor/da/bar/ca/be /la → 8 sílabas gramaticais
Pes/ca/dor/da/bar/ca/be(la) → 7 sílabas métricas

Classificação dos versos quanto à quantidade de sílabas métricas:

Nº de sílabas Designação da estrofe


1 monossílabo
2 dissílabo
3 trissílabo
4 tetrassílabo
5 pentassílabo ou redondilha menor
6 hexassílabo
7 heptassílabo ou redondilha maior
8 octossílabo
9 eneassílabo
10 decassílabo
11 hendecassílabo
12 dodecassílabo ou alexandrino
13 ou mais bárbaros

Tipos de poema
Soneto: forma fixa constituída por duas estrofes com quarto versos e
por duas estrofes com três versos.
Ode: de origem grega, designa um poema entusiástico, de exaltação,
significando o mesmo que “canto”. Estrutura-se, geralmente, em estrofes de
quatro versos. Tem como temática assuntos ligados à natureza.
Hino: poema destinado a glorificar a pátria ou louvar entidades.
Estrutura semelhante à da ode.
Elegia: poema que trata de acontecimentos tristes ou da morte de
alguém.
Sátira: poema que censura os defeitos humanos, evidenciando o
ridículo de determinada situação.

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Figuras de estilo / recursos expressivos

1. Nível fónico
consiste na repetição
intencional de mesmos sons Que, onde o vento a leve, o vai
Aliteração consonânticos em várias levar.
palavras seguidas, ou em sílabas
da mesma palavra.
consiste na imitação dos ruídos Sino de Belém bate bem-bem-bem
Onomatopeia da natureza, de animais, Sino da paixão bate bão-bão-bão
pessoas ou de objectos

2. Nível morfossintáctico
consiste na repetição de uma
Anáfora palavra ou expressão no início Sem ti, tudo me enjoa e aborrece
de verso ou frases sucessivas Sem ti, nada sou
consiste na inversão da ordem “Minh’alma, de sonhar-te, anda
Anástrofe natural dos elementos na frase perdida.”

consiste na supressão dos


elementos de ligação entre as “lavo, refresco, limpo os meus
Assíndeto palavras ou frases sucessivas sentidos”
(frequentemente o elemento
suprimido é a conjunção
copulativa «e»)
consiste na apresentação “Eles não sabem que o sonho é
Enumeração sucessiva de vários elementos tela, é cor, é pincel, base, fuste,
(frequentemente da mesma capitel”
classe gramatical)
consiste na repetição de uma ou “Não sou nada.
Epífora mais palavras no fim de dois ou Nunca serei nada.
mais versos ou segmentos de Não posso querer ser nada.”
prosa
consiste numa enumeração que “os dois olhos do velho (…) caíram
Gradação sugere uma intensidade sobre ele, ficaram sobre ele,
crescente ou decrescente da varando-o até às profundidades da
ideia alma…”
´ pergunta que não espera
resposta, colocada para sugerir “E à terra, que se não deixa salgar,
Interrogação um diálogo, apelar à que se lhe há-de fazer?”
retórica aproximação do receptor, ou,
simplesmente, para reforçar o
que se está a dizer

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3. Nível semântico
consiste no contraste entre “Em todas as ruas te encontro
Antítese dois elementos ou ideias Em todas as ruas te perco”
consiste em transmitir de “Alma minha gentil que te
Eufemismo forma atenuada uma ideia ou partiste
realidade que é desagradável Tão cedo desta vida”
consiste em transferir uma
qualidade ou acção) de um “Fumava o pensativo cigarro”
Hipálage elemento da frase para outro,
por exemplo do sujeito para o
objecto
consiste no emprego de uma “Ela só viu as lágrimas em fio,
Hipérbole expressão que exagera o Que se acrescentaram em grande
pensamento para dar mais e largo rio.”
ênfase ao discurso
consiste em dizer por várias “Pelo neto gentil do velho Atlante
Perífrase palavras o que poderia ser dito [Mercúrio].”
por algumas ou apenas uma
Pleonasmo é a utilização de uma palavra “Segui os passos e subi para cima”
ou que reforça a ideia já expressa,
redundância quer por inépcia, quer para
intensificar o que foi referido
consiste na fusão de “E fere a vista com brancuras
Sinestesia percepções provenientes de quentes,
diferentes sentidos a larga rua macadamizada.”
consiste em designar a parte “ (…) ocidental praia lusitana
Sinédoque pelo todo e vice-versa [Portugal]”
exprime um pensamento
Ironia oposto ao significado das Era só o que me falatava!
palavras utilizadas
é uma espécie de comparação “Essa mulher é uma flor
Metáfora abreviada, pois não possui Nos seus olhos encontro amor”
partícula comparativa.
confronto entre duas A raiz e os troncos envelhecem
Comparação realidades através de juntos como dois amigos num
partículas comparativas ermo
atribuição de qualidades ou “Havia na minha rua
Personificação comportamentos humanos a Uma árvore triste”
seres que não o são

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Texto Argumentativo/Dissertativo



É um texto que tem total compromisso com a opinião, contra ou a favor
de algum assunto.
Já na antiguidade, houve quem criasse escolas de argumentação,
Sócrates (470-400 AC) e Aristóteles (384-322 AC). Os filósofos gregos definiram
argumentação como: arte de falar de modo a convencer. Entre os romanos,
Síceros (103-46 AC) foi o mais eloquente (persuasivo).
Características do texto argumentativo
- o texto argumentativo é concebido de forma a convencer ou
persuadir;
- a tese defendida deve ser claramente identificada pelo destinatário;
- o texto deve ter um registo adequado ao tema;
- os argumentos utilizados devem ser diversificados, universais,
experiência pessoal, históricos científicos, citações de fontes, exemplos;
- o texto deve obedecer à seguinte estrutura: introdução,
desenvolvimento e conclusão;

Estrutura do texto argumentativo


Introdução – desempenha o papel de informar a posição assumida pelo
autor do texto diante de algum assunto. Faz-se uma brevíssima apresentação
do tema, de modo a situar o leitor, familiarizando-o com a questão que o
motivou na escolha da tema.
Desenvolvimento - os argumentos e contra-argumentos são listados e
aprofundados. É nesta fase que, verdadeiramente, a tese é defendida.
Conclusão –sintetiza o texto, retomando à afirmação inicial provada ou
contrariada.
Marcas estruturais da argumentação
Dissertação – texto oral ou escrito baseado num estudo teórico de
natureza reflexiva que consiste na defesa de um determinado assunto.
Artigo de opinião – apresentação do ponto de vista sobre determinado
tema.
Carta de reclamação – utilizado para manifestar alguma insatisfação
para algum destinatário que tenha poder ou responsabilidade sobre o
problema.
Editorial – expressa a opinião sobre certo assunto, falando em nome
colectivo, com marcas de formalidade.
Crónica argumentativa – funde aspectos do artigo de opinião, o autor
expressa o seu ponto de vista sobre cero assunto.
Resenha crítica – resumo comentado sobre dada obra ou texto.

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Recursos do texto argumentativo
Detalhamento – usado para aumentar o poder de convencimento,
garante maior credibilidade e a ideia ganha aceitação do grupo. É como se o
autor guiasse os leitores “pela mão”.
Citações de fontes e exemplos – com a finalidade de fortalecer a tese
defendida, citam-se autores ou figuras de renome que partilharam a mesma
ideia, aliada a exemplos práticos, de modo a unir a teoria e a prática.
Experiência pessoal – é uma das armas mais poderosas da
argumentação. Faz-se um relato verídico de uma situação similar vivenciada
ou testemunhada por alguém.
Raciocínio lógico – por mais que o leitor não concorde totalmente com a
posição defendida pelo autor, ele pensará sobre o assunto e o levará em
conta.
Planeamento – antes de apresentar a tese, convém elaborar um plano
daquilo que será abordado. Esta planificação servirá como ponte para o
sucesso do texto.

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Texto Dramático



É um tipo de texto que é escrito para ser representado.
Estrutura do texto dramático
 Estrutura externa
Os actos dividem-se em cenas e/ou quadros. As cenas começam e
acabam com a entrada e a saída das personagens da acção. Os quadros
correspondem a séries de acções que se desenrolam num mesmo cenário.
 Estrutura Interna
Uma peça teatral divide-se em:

Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da


acção.
Conflito – peripécias, momentos-chave: momentos de expectativa, de
retardamento, clímax.
Desenlace – desfecho da acção dramático.
As personagens
Principal – desempenha o papel de maior importância.
Secundária – desempenha papéis de menor relevo.
Figurante – não desempenha qualquer papel específico, embora a sua
presença física seja importante para a compreensão da acção.

Intencionalidade do autor:
Moralizadora – distinguir o bem e o mal;
Lúdica – entretenimento, diversão, risos;
Crítica – em relação à sociedade do seu tempo;
Didáctica – transmitir um ensinamento.

Formas do género dramático:


- Tragédia;
- Comédia;
- Farsa;
- Drama;
- Teatro épico

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Texto Injuntivo/Apelativo

Indica o procedimento ou explicação para realizar uma determinada


acção.
Exemplos de texto injuntivo:
- regras ou instruções;
- anúncios;
- cartazes;
- rótulos;
- etiquetas;
- propagandas;
- receitas

Texto Descritivo

O texto descritivo é um tipo de texto que envolve a descrição de algo,


seja de um objecto, pessoa, animal, lugar, acontecimento, e sua intenção é,
sobretudo, transmitir para o leitor as impressões e as qualidades de algo.
Estrutura Descritiva
A descrição apresenta três passos para a construção:
1. Introdução: apresentação do que se pretende descrever.
2. Desenvolvimento: caracterização subjectiva ou objectiva da
descrição.
3. Conclusão: finalização da apresentação e caracterização de algo.

Tipos de Descrição
Conforme a intenção do texto, as descrições são classificadas em:
Descrição Subjectiva: apresenta as descrições de algo, todavia,
evidencia as impressões pessoais do emissor (locutor) do texto. Exemplos são
nos textos literários repletos de impressões dos autores.
Descrição Objectiva: nesse caso, o texto procura descrever de forma
exacta e realista as características concretas e físicas de algo, sem atribuir
juízo de valor, ou impressões subjectivas do emissor. Exemplos de descrições
objetivação os retratos falados, manuais de instruções, verbetes de
dicionários e enciclopédias.

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Texto Explicativo

O texto explicativo tem sempre uma questão como ponto de partida e


transmite informações hierarquizadas com o objectivo de compreender
determinados factos. Distingue-se do texto informativo por ter uma função
didáctica.
Permite explicar as razões de uma determinada obra ou da estética
desenvolvida por um autor; fazem também parte desta tipologia histórias
onde surja um problema para resolver, a forma de solucionar e a conclusão
final.
O texto explicativo tem características próprias: expõe, esclarece,
explana com clareza e evidencia factos, assuntos, temas de várias ciências e,
eventualmente, instruções.
Como suporte linguístico, este tipo de texto utiliza:
- preposições causais;
- frases conclusivas;
- uma organização lógica das ideias.

A estrutura explicativa desenvolve-se em três fases:


- fase de questionação;
- fase de resolução;
- fase conclusiva;

Assim, corresponde, frequentemente, uma estrutura elementar do tipo:


Porquê? (ou como) + porque... (ou se fizermos isto) + avaliação

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CAPÍTULO II – MORFOLOGIA

CLASSES
DE
PALAVRA

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Morfologia: é a parte da gramática que trata da forma das
palavras.
As dez classes gramaticais são:
•Variáveis:
1.Substantivo;
2.Artigo;
3.Adjectivo;
4.Numeral;
5.Pronome;
6.Verbo

• Invariáveis:
1.Advérbio;
2.Preposição;
3.Conjunção;
4.Interjeição.

Sintaxe
A palavra Sintaxe é de origem grega e significa o estudo das funções
que as palavras, numa perspectiva genérica, desempenham na frase.
Se a Morfologia se ocupa dos morfemas e dos seus arranjos na formação
das palavras, à Sintaxe vai interessar a combinação das palavras, na frase,
com a finalidade de expressar um juízo. Para esta parte da gramática, as
palavras-chave são frase e construção.

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Classe dos Substantivos

Substantivos são classes de palavras que designam seres animados ou


inanimados, qualidades, acções, estados e sentimentos.
Podem dividir-se em:
• Próprios: designam seres ou objectos individualizados (pessoas,
cidades, estados, províncias, países, rios, nomes de animais
domésticos e outros).
Ex: João, Angola, Nilo, Nova York, Malanje.

• Comuns: designam seres ou objectos não individualizados.


Ex: macaco, país, pão.

Os substantivos comuns podem ser:


- Concretos: indica seres reais ou imaginários. Aqueles que podemos
apalpar.
Ex: lapiseira, chapéu, carro.

- Abstratos: designam acções, sentimentos, estados e qualidades.


Aqueles que não podemos apalpar.
Ex: juventude, alegria, velhice, altura, emoção.
- Colectivos: aqueles que, no singular, indicam um conjunto de seres
ou objetos da mesma espécie.
Ex: multidão (pessoas);
cardume (peixes);
pomar (árvores de frutos);
enxame (abelhas)

Flexão dos substantivos


Os substantivos podem variar em número, gênero e grau.
Número
- Singular: quando designam um ser único ou um conjunto de seres
considerado como um todo.
Ex: menino, gato, mesa, multidão, batalhão.

- Plural – quando designam mais de um ser ou mais de um conjunto de


seres.
Exemplos: meninos, gatos, mesas, multidões, batalhões.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 22


Género
- O género masculino indica os seres machos: homem, gato, galo.
- O género feminino indica os seres femininos: mulher, gata, galinha.

Alguns são diferentes

menino – menina cavalo – égua


homem – mulher barão – baronesa
boi – vaca carneiro – ovelha

Grau
Grau normal Grau aumentativo Grau diminutivo
rapaz rapagão rapazinho/rapazito
boca bocarra boquinha/boquita
casa casarão casinha
mulher mulherona mulherzinha

Classe dos Adjectivos

Adjectivos são palavras variáveis que qualificam os substantivos.


Flexão dos substantivos
Os adjectivos podem variar em número, gênero e grau.
Número
O adjetivo assume a forma singular ou plural do substantivo que
qualifica.
Exemplos:
flores perfumadas crianças chatas
homens inteligentes negócio pequeno

Género

- Biformes: possuem duas formas, uma para o masculino e outra para o


feminino.
Exemplos:
belo – bela
seco – seca
cru – crua

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 23


- Uniformes: possuem apenas uma forma tanto para o masculino como
para o feminino.
Exemplos:
inteligente
jovem
pontual

Grau
Grau Exemplo
Normal O Pedro é inteligente.

Inferioridade O Pedro é menos inteligente que o Rui.

Comparativo Igualdade O Pedro é tão inteligente como o Rui.

Superioridade O Pedro é mais inteligente que o Rui.

Sup. Relat. superioridade O Pedro é o mais inteligente.

Sup. Relat. inferioridade O Pedro é o menos inteligente.


Superlativo
Sup. Absoluto sintético O Pedro é inteligentíssimo.

Sup. Absoluto analítico O Pedro é muito inteligente.

Classe dos Artigos

Artigos são palavras variáveis que se juntam aos substantivos para lhes
particularizar o sentido.

Artigos definidos Artigos indefinidos


Singular Plural Singular Plural
o, a os, as um, uma uns, umas

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 24


Classe dos Pronomes

Pronomes são palavras que dão a conhecer os objectos, simplesmente,


indicando-os.

Pronomes pessoais: indicam pessoas gramaticais.

Pronomes Pronomes pessoais oblíquos Pronomes pessoais


pessoais rectos átonos tónicos reflexivos
eu me mim, comigo me
tu te ti, contigo te
ele/ela o, a, lhe ele/ela se, si, consigo
nós nos nós, connosco nos
vós vos vós, convosco vos
eles/elas os, as, lhes eles/elas

Pronomes pessoais de tratamento:


Você
Senhor (a)
Vossa Excelência
Vossa Majestade...
Pronomes possessivos meu(s), minha(s), nosso(a), teu, tua, seu, sua
Pronomes demonstrativos este(s), esta(s), esse(s), essa(s), isto, isso, aquele(s),
aquela(s)
Pronomes relativos qual, cujo(a), quanto, quanta, que, quem
Pronomes indefinidos todo(a), todos(s), muito(a), muita(s), pouco(a),
nenhum(a), certo, qualquer, algum
Pronomes interrogativos qual, quais, quanto(s),quanta(s), que, quem, onde

Classe dos Verbos

Verbos são palavras variáveis com que se enuncia e atribui, a uma


pessoa ou coisa, uma acção, um estado ou qualidade.
Os verbos classificam-se em transitivos, intransitivos, regulares,
irregular, auxiliares, abundantes e defectivos.
Verbos transitivos – são aqueles que precisam de um complemento
para lhe completar o sentido.
Ex: Os alunos comem as frutas.

Podem ser: transitivos directos e indirectos.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 25


- Verbos transitivos directos: a acção expressa pelo verbo transita
directamente para o complemento directo para lhe completar o sentido.
Ex: O David comprou um carro.

- Verbos transitivos indirectos: a acção expressa pelo verbo transita


directamente para o complemento indirecto para lhe completar o sentido.
Ex: O menino entregou ao director.

Verbos intransitivos - são aqueles que não precisam de um


complemento para lhe completar o sentido.
Ex: Os alunos fugiram.

Nota: Os verbos intransitivos podem ser acompanhados muitas vezes


por complementos circunstanciais, o que pode ser confundido com os
complementos directo ou indirecto.
Ex: Os alunos fugiram rapidamente da escola.

Verbos regulares – aqueles que o radical não muda durante a


conjugação.
Ex: amar, dever, partir.

Verbos irregulares – aqueles que o radical altera durante a


conjugação.
Ex: ir, perder, pôr.

Verbos auxiliares - aqueles que se empregam para formar a voz


passiva, a conjugação perifrásica e os tempos compostos da voz activa.
Ex: ter, haver.

Verbos abundantes – aqueles que possuem duas formas no particípio


passado.
Ex: entregue/entregado; matado/morto; impresso/imprimido

Verbos defectivos – aqueles que só se usam em algumas formas ou


flexões.
Ex: adequar, chover, ladrar.

Flexões dos verbos

Os verbos variam em vozes, modos, tempos, números, pessoas e


conjugações.

Modos – são as diferentes maneiras de enunciar a acção de um verbo.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 26


São três as vozes do verbo: activa, passiva e reflexiva.

Voz activa – quando o sujeito pratica a acção expressa pelo verbo.


Ex: O José comprou o livro.

Voz passiva – quando o sujeito sofre a acção expressa pelo verbo.


Ex: O livro foi comprado pelo José.

Voz reflexiva – quando o sujeito sofre a acção praticada por ele


mesmo.
Ex: O José feriu-se.

Modos
São cinco os modos verbais: indicativo, condicional, imperativo,
conjuntivo e infinitivo.
Indicativo – apresenta como positivas e reais a acção, estado ou
qualidade expressas pelo verbo.
Conjuntivo – apresenta, sob a forma de desejo, concepção ou
possibilidade, a acção, estado ou qualidade expressa pelo verbo.
Condicional – apresenta como dependentes de condições a acção,
estado ou qualidade expressa pelo verbo.
Imperativo – exprime pedido, ordem, exortação, desejo.
Infinitivo – não determina, nem número, nem pessoa.
Tempos
Tempos – são as formas que servem para exprimir a época em que se
dá a acção.
São três os tempos principais:
Presente – indica que a acção tem lugar na ocasião em que se
comunica.
Pretérito – indica que a acção teve lugar numa ocasião que já passou.
Futuro – indica que a acção há-de ter lugar em ocasião que ainda não
chegou.
São dois os números: singular e plural.
São três as pessoas: primeira, segunda e terceira.

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Classe dos Numerais

Numerais são palavras que determinam os objectos em relação ao


número.
Numerais cardinais – exprimem simplesmente o número do objecto.
Ex: um, dois, três, quatro, cinco, seis...
Numerais ordinais – designa o lugar numérico que objecto ocupa.
Ex: primeiro, segundo, terceiro, quarto...
Numerais multiplicativos: expressa ideia de multiplicação, indicando
quantas vezes a quantidade foi aumentada.
Ex: dobro, triplo...

Numerais fracionários: expressa ideia de divisão, indicando em


quantas
partes a quantidade foi dividida.
Ex: meio, terço...

Numerais colectivos – indicam conjuntos de seres numericamente


definidos.
Ex: dezena, centena, milhar.

Classe dos Advérbios

São palavras que indicam as circunstâncias em que ocorre a acção


verbal.
Advérbio de modo bem, mal, melhor, pior, assim, devagar, facilmente...
Advérbio de lugar aqui, ali, lá,, além, onde, aonde, algures, perto, longe...
Adv. de quantidade muito, tão, mais, menos, pouco, bastante, assaz...
Advérbio de tempo hoje, ontem, amanhã, agora, logo, depois, então,
tarde...
Adv. de afirmação sim, certamente, efectivamente...
Adv. de negação não, nunca, jamais...
Adv. de dúvida acaso, talvez, porventura...
Adv. de exclusão somente, sequer, apenas, unicamente, senão...
Adv. de designação eis
Adv. interrogativo como, quando, onde, porquê

Existem também as locuções adverbiais que são expressões com o


mesmo valor de advérbios.
Ex: em geral, de vez em quando, nem menos, em resumo, por baixo,
em vão, com certeza.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 28


Classe das Conjunções

Conjunções são palavras invariáveis que ligam orações, ou outras


partes duma oração, que desempenham a mesma função.
Podem ser: conjunções locucionais coordenativas e superlativas.
Conjunções coordenativas – ligam entre si orações independentes.
Podem ser:

e, nem, não só, mas


Copulativas ligam orações da mesma natureza também, outrossim...
mas, porém, contudo,
Adversativas opõem duas orações todavia, entretanto, ainda
assim, não obstante...
Disjuntivas indicam inclusão ou alternativa ou, ora...ora, quer...quer...
já...já, seja...seja
Conclusivas indicam conclusão logo, pois, portanto, pelo
que, por conseguinte...
Explicativas acrescentam explicação isto é, ou seja, quer dizer, a
saber, ou melhor...

Conjunções subordinativas – ligam entre si orações em que uma delas


é dependente da outra. Podem ser:

Causais exprime causa ou motivo que, porque, visto que,


porquanto, como, já que...
Finais exprime finalidade para, para que, por que, a
fim de que...
Condicionais exprime uma condição ou não se, a não ser que, salvo se,
para a realização de algo a menos que...
Comparativas estabelecem comparação como, segundo, que,
conforme, assim como
Temporais exprime uma ideia de tempo. quando, enquanto, logo que,
à medida que, desde que...
introduzem uma oração que pode que, se, se por ventura,
Integrantes servir de sujeito, nome se por acaso...
predicativo ou de complemento
directo
Consecutivas indicam consequência da oração que (depois de tal, tão,
anterior. tanto), de maneira que...

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Classe das Preposições

Preposição é a palavra invariável que liga dois termos. Nessa ligação,


há uma relação de subordinação (dependência) em que o segundo termo se
subordina ao primeiro.
Exemplos: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. conforme, consoante, segundo,
durante, mediante, como, salvo, fora, que etc.
Chamam-se locuções prepositivas as expressões que equivalem a
preposições.
Exemplos: perto de, dentro de, cerca de, antes de, apesar de...

Classe das Interjeições

Interjeições são palavras invariáveis com que exprimimos as impressões


súbitas da nossa alma.
As principais interjeições podem ser:
De alegra Ah! Oh! Ih! Eia!
De dor Ai! Ui!
De riso Ah! Ah! Ah!
De aplauso Bravo! Apoiado!
De desejo Oh! Oxalá!
De advertência Cuidado! Cautela!
Para chamar Ó! Olá! Psi! Psiu!
De surpresa Olá! Viva! Oh! Eia!
Para afirmar Pudera!
Indignação Irra! Apre! Fora!

Locuções interjectivas – são duas ou mais palavras que correspondem a


uma interjeição.
Ex: Muito bem! Ainda bem! Deus queira! Mal haja! Deus proverá!

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CAPÍTULO III

BLOCO
GRAMATICAL

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 31


Pontuação

Ponto (.) - é usado no fim da frase ou oração para indicar uma pausa no
discurso.
Ex: O Filipe saiu.

Vírgula (,) – assinala uma breve pausa no discurso. Usa-se geralmente:


- depois dos advérbios sim e não, quando aparecem no início da oração
e dizem respeito à oração anterior.
Ex: Sim, aceito ser sua namorada.

- para separar o vocativo (todo e qualquer nome que usamos para tratar
ou chamar alguém).
Ex: João, o filme estava óptimo.

Ponto de interrogação (?) – usado no final de uma pergunta directa.


Ex: como é que estás ?

Ponto de exclamação (!) – usado no final de frases exclamativas.


Expressa diversas emoções: surpresa, dor, alegria, espanto, revolta, etc.
Ex: Não saias!

Travessão (—) – usado no discurso directo para introduzir as falas de


cada personagem.
Ex: — Olha lá — disse o João.

Ponto e vírgula (;) – marca uma pausa mais longa. Não é equivalente ao
ponto, pois não termina a frase. Usa-se minúscula depois do ponto e vírgula.
Ex: Por um lado, o João queria sair; por outro, a Maria não tinha ainda
telefonado.

Dois pontos (:) – são utilizados para introduzir frases no discurso


directo, citações, enumerações.
Ex: Compre as seguintes frutas: banana, maçã, uva e manga.

Aspas ou comas (« ») – usadas no início e fim de uma citação.


Ex: Estava escrito em letras grandes: «Não fumar».
Ex: A mãe diz sempre: «Menino, estude e terás um grande futuro».

Reticências (...) – assinalam interrupções da fraes e a omissão de uma


ou mais palavras no discurso. Podem exprimir dúvida, hesitação, sarcasmo,
etc.
Ex: É que...não sei... é certo fazer isto?

Parênteses ( ) – usados para isolar palavras ou expressões que servem


para explicar, comentar, precisar ou destacar algo na frase.
Ex: Mal o encontrei, perguntou-me (persistente, como sempre) se ia ver
o filme novo.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 32


Processo de formação de palavras

Ao conjunto de palavras que constituem uma língua chama-se léxico


geral. Desta, apenas uma parte é do conhecimento de cada individuo, que
utiliza em função da cultura e do meio social e profissional em que está
inserido – é o léxico individual.
A língua é uma entidade dinâmica em constante mudança e evolução.
Assim sendo, há palavras que vão caindo em desuso; outras são introduzidas
quando aparecem novos conceitos ou objectos; outras formam-se a partir de
palavras já existentes.
Temos pois:
• Arcaísmos – palavras que desaparecem da língua por não se fazer o
uso delas.
Ex: asinha (depressa), soer (costumar), samica (talvez).

• Neologismos – palavras criadas, ou já existentes, param designar


novos conceitos.
Ex: digitar, multimédia, clicar, selfie.

• Estrangeirismos: palavras pertencentes a línguas estrangeiram que


vão sendo inseridas no português.
Ex: Email, collant, pen drive, smartphone, take away.

Os estrangeirismos são designados segundo a língua de origem:


- galicismos (do francês);
- anglicismos (do inglês);
- germanismos (do alemão);
- italianismos (do italiano), etc

Derivação

Derivação é o processo de formação de novas palavras a partir de uma


palavra mãe ou primitiva.

Palavra mãe ou primitiva: é aquela que não se forma a partir de uma


outra.
• Derivação por prefixação: anteposição de um elemento (prefixo) a
uma palavra primitiva.
Ex: leal / desleal.

• Derivação por sufixação: posposição de um elemento (sufixo) a uma


palavra primitiva.
Ex: leal / lealdade

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 33


• Derivação por prefixação e sufixação: anteposição e posposição de
um prefixo e sufixo à palavra primitiva. A palavra primitiva permanece com
um significado lógico.
Ex: feliz / infelizmente

• Derivação parassintéctica ou circunfixação: anteposição e


posposição de um prefixo e sufixo à palavra primitiva. A palavra primitiva não
permanece com um significado lógico.
Ex: amadurecer (maduro); anoitecer (noite); engordar (gordo)

• Derivação regressiva: consiste em retirar um elemento à palavra


primitiva (formação de substantivo a partir do verbo).
Ex: alcance (alcançar); demora (demorar); erro (errar)

• Derivação imprópria: consiste na alteração da classe de uma palavra


e do seu significado, sem que verifiquem modificações formais.
Ex: O jantar está pronto. (verbo usado como substantivo)
A Neusa é um anjo. (substantivo usado como adjectivo)

Composição

• Composição por justaposição: junção de palavras, geralmente por


hífen, numa só, mantendo as palavras primitivas independência de
acentuação.
Ex: couve-flor; caminho-de-ferro; pré-acordo

• Composição por aglutinação: junção de palavras numa só, sendo que


a segunda palavra primitiva mantém acento tónico.
Ex: planalto; aguardente; boquiaberto

• Onomatopeia lexicalizada: criação lexical que procura imitar sons da


Natureza, vozes, animais, ruídos de objectos etc.
Ex: miar; tiquetaque; ´murmúrio

• Abreviação lexical: omissão de uma palavra final de palavra sem


prejuízo para o seu significado.
Ex: foto (fotografia); hiper (hipermercado); moto (motorizada)

• Sigla: redução de uma palavra ou de um grupo de palavras às suas


iniciais. São pronunciadas letra por letra.
Ex: OMS (Organização Mundial da Saúde); CD (Compact Disc)

• Acrónimo: redução de uma palavra ou de um grupo de palavras às


suas iniciais. São pronunciadas juntas como de uma palavra se tratasse.
Ex: UNITA; PALOP; ISCED

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 34


Tipos e formas de frases

Chama-se frase a um conjunto de palavras com sentido. Podem ser:


- Frases simples – quando tem apenas um verbo, portanto uma oração.
Ex: A Ana comeu a fruta.
- Frases complexas – quando tem mais de um verbo, portanto mais de
uma oração.
Ex: A Ana comeu a fruta e bebeu um sumo.
Tipos de frase
Frase declarativa - transmite informações ou descreve situações.
Ex: Hoje vou à praia.

Frase interrogativa - formula perguntas.


Ex: Vais à praia hoje?

Frase imperativa - ordena, aconselha, pede, exprime desejos.


Ex: Vamos já para a praia!

Tipo exclamativo - exprime sentimentos e emoções.


Ex: A festa estava muito fixe!

Frase optativa: este é um tipo relativamente recente, pois não consta


na classificação tradicional de frases e são definidas como aquelas que servem
para exprimir um desejo.
Ex: Deus te abençoe!

Formas de frase
Forma afirmativa - exprime uma afirmação.
Ex: O João joga a bola.

Forma negativa - exprime uma negação.


Ex: O João não joga a bola.

Forma activa - o sujeito pratica a acção expressa pelo verbo.


Ex: O João levou a bola.

Forma passiva - o sujeito sofre a acção expressa pelo verbo.


Ex: A bola foi levada pelo João.

Forma enfática - contém uma palavra ou expressão de realce (é que,


cá, já, lá, foi).
Ex: Foi o João que levou a bola para a praia.

Forma neutra - não contém qualquer palavra de realce.


Ex: O João levou a bola para praia.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 35


Elementos da frase/oração

Elementos constituintes (acessórios) da frase

• Aposto – elemento que se junta ao nome, pronome ou a um


equivalente destes para os completar com uma explicação adicional. É sempre
delimitado por vírgulas.
Ex: Messi, melhor jogador do mundo, joga no Barcelona.

• Atributo – adjectivo que se junta a um nome para caracterizá-lo.


Geralmente aparece antes do nome, porém também aparece antes.
Ex: O macaco azul está na árvore.

• Vocativo – todo e qualquer nome que usamos para chamar ou tratar


alguém, no discurso directo (quando falamos directamente com a pessoa). É
sempre delimitado por vírgulas.
Ex: Pedro, preciso falar contigo.
Não vá, querido, aguarda mais um pouco.
Vou comer, mãe.

Elementos fundamentais da frase

 Sujeito – designa o ser ou objecto sobre o qual se afirma ou nega


algo.

Pode ser:

- Sujeito simples: formado por um só núcleo/elemento.


Ex: O Lau faz a tarefa.

- Sujeito composto: formado por mais de um núcleo/elemento.


Ex: O Lau e o Teodor fazem a tarefa.

- Sujeito subtendido ou oculto: quando não está na frase, mas


facilmente se subtende. É representado pelas pessoas gramaticais.
Ex: Fizeram a tarefa. (sub. ELES)

- Sujeito indeterminado: aquele que, embora existindo, não se pode


determinar exactamente. Geralmente representado pela 3ª pessoa.
Ex: Faz-se cópias.

- Sujeito inexistente: quando o mesmo não existe ou a informação é


veiculada por um verbo impessoal.
Ex: Chovia muito.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 36


 Predicado: designa aquilo que se declara sobre o sujeito. O seu
núcleo é sempre um verbo.

Pode ser:

- Predicado verbal: constituído por um verbo significativo, ou seja,


aquele que por si só contém uma ideia completa.
Ex: As zungueiras correram.

- Predicado nominal: constituído por um verbo copulativo (verbos que


não contêm uma ideia, servem apenas para estabelecer uma ligação entre o
sujeito e o predicado).
Ex: O Nelo é inteligente.

Elementos complementares da frase

- Complemento/Objecto directo: indica o ser ou objecto sobre o qual


recai directamente a acção expressa pelo verbo. Responde o quê?
Ex: A mãe comprou maçãs.

- Complemento/Objecto Indirecto: indica o ser ou objecto sobre o


qual recai indirectamente a acção expressa pelo verbo. Responde a quê?
Ex: A mãe entregou aos filhos.

- Nome predicativo do sujeito: nome/termo que atribui


características, qualidade ou estado ao sujeito.
Ex: O João é inteligente. / O Pedro está doente.

- Nome predicativo do complemento/objecto: nome/termo que


atribui características, qualidade ou estado ao sujeito.
Ex: Comprou um carro vermelho.

- Complementos circunstanciais: exprimem, como indicam, as


circunstâncias em que a acção é praticada. Classificam-se em:

a) Complemento circunstancial de lugar;


Ex : Os alunos estão na sala.

b) Complemento circunstancial de tempo;


Ex: O Pedro acorda cedo. / A Ana saiu às 18h.

c) Complemento circunstancial de modo;


Ex: Acordei muito cansado. / Fiz bem a prova.

d) Complemento circunstancial de causa;


Ex: A Eva atrasou devido o táxi.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 37


e) Complemento circunstancial de fim;
Ex: Cheguei cedo para estudar.

f) Complemento circunstancial de companhia;


Ex: O Filipe foi à festa com os amigos.

g) Complemento circunstancial de meio;


Ex: Vim de carro.

Relação entre as palavras

Quanto à relação de sentido e forma, as palavras podem ser:


Fonia Grafia
(som) (escrita) Exemplos
Significado
Comprei meia dúzia de ovos.
Homónimas igual igual diferente A meia do Luís é azul.
Aqui se fabrica roupas.
Homográfas diferente igual diferente A fábrica de roupa é aquela.

Não sinto nada por ti.


Homófonas igual diferente diferente O cinto está muito apertado.

A Rosa está com a perna inchada.


Parónimas idêntica idêntica diferente O avó comprou uma inxada.

Sinónimas - - idêntico Bonito – lindo


Antónimas - - contrário Bonito – feio

Polissemia: são palavras que adquirem vários significados, os quais


só são idênticos consoante o contexto em que se inserem.
Ex: Aquele quadro é uma excelente obra arte.
Gosto de ler a obra de Agostinho Neto.
O pedreiro entrou na obra.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 38


Voz activa, passiva e reflexiva

Voz activa – quando o sujeito pratica a acção expressa pelo verbo.


Ex: O José comprou o livro.

Voz passiva – quando o sujeito sofre a acção expressa pelo verbo.


Ex: O livro foi comprado pelo José.

Voz reflexiva – quando o sujeito sofre a acção pratica por ele mesmo.
Ex: O José feriu-se.

Denotação e conotação.

Denotação: é o significado real e objectivo que as palavras possuem.


Ex: O Pedro é veloz.
Conotação: é o significado subjectivo e figurado das palavras
consoante o contexto.
Ex: O Pedro é uma máquina.

Coesão e coerência textual

A coesão e a coerência são elementos fundamentais que garantem


um melhor entendimento sobre o que se deseja informar.

Coesão – refere-se aos aspectos gramaticais, estrutura e organização


de um texto, garantindo a ligação entre frases, orações e parágrafos.
Ex: A Sílvia come a maçã. A Sílvia bebe o leite.
 O texto não é coeso porque não estabelece uma ligação entre as
orações.
- A Sílvia come a maçã e bebe o leite.
 Agora apresenta-se coeso porque, ao adicionarmos a conjunção e,
estabelecemos uma ligação entre as orações..

Ex: O Filipe é um rapaz inteligente. Ele é o melhor da turma.


 O termo sublinhado é um elemento da coesão que permite que o nome
seja repetido.

Coerência – refere-se ao encadeamento lógico de ideias e o sentido


do texto, pois ele pode estar perfeitamente coeso (ligado uma parte na
outra), mas incoerente.
Ex: O leite bebeu a Sílvia.
 O texto é incoerente pelo facto de ser impossível que o leite tenha a
capacidade de beber alguém.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 39


Classificação dos fonemas

Semivogais
As semivogais são os fonemas /i/ e /u/ quando, colocados ao lado de
uma vogal, não formam o centro de uma sílaba.
Exemplos:
em pito e viu, o /i/ é vogal
em dói e Mário, é semivogal
em duro e rui, o /u/ é vogal
em céu e ouvido, é semivogal
Encontros vocálicos
Os encontros vocálicos destacados acima são, respectivamente:
tritongo, ditongo, hiato e hiato.
Ditongo
Ditongo é o encontro de uma vogal com uma semivogal
ou vice-versa.
Exemplos: musicalização (vogal + semivogal)
comércio (semivogal + vogal)
O ditongo pode ser:
a) crescente : formado por semivogal + vogal.
Exs.: qual, qua dro, lingüi ça

b) decrescente : formado por vogal + semivogal.


Exs.:tou ro, coi sa, mui to

c) oral : formado por vogal oral.


Exs.: pai, mau

d) nasal : formado por vogal nasal.


Exs.: mãe, mão, põe
Tritongo
Tritongo é o encontro entre uma semivogal, uma vogal e outra
semivogal.
Exemplos: Uruguai, saguão, enxaguou
O tritongo pode ser:
a) oral: Uruguai , enxaguou
b) nasal: saguão
Hiato
Hiato é o encontro de duas vogais.
Exemplos: deficiente, visual, saída

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 40


Dígrafo
Dígrafo é o encontro de duas consoantes que representam um único
fonema.
Exemplos: carro, filha
Encontro consonantal
Como o nome já diz, o encontro consonantal se dá entre consoantes,
sem vogal intermediária.
Exemplos: bloco, cravo, flor

Classificação das palavras quanto ao número de sílabas

As palavras (ou vocábulos) são classificadas de acordo com o número de


sílabas. Assim, temos:
a) monossílabos – uma única sílaba (o, quer, pão)
b) dissílabos – duas sílabas (ru-a, ca-sa, lá-pis)
c) trissílabos – três sílabas (ca-der-no, car-tei-ra, a-mi-go)
d) polissílabos – mais de três sílabas (u-ni-ver-si-da-de, tra-ba-lha-dor,
te-le-vi-são)

Classificação das palavras quanto ao acento tônico

Dependendo do lugar onde esteja a sílaba tônica, as palavras com mais


de uma sílaba podem ser classificadas em oxítonas, paroxítonas e
proparoxítonas.
Oxítonas – a sílaba tônica (sílaba forte) recaem na última sílaba.
Exemplos: futebol, herói, computador
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima sílaba.
Exemplos: menina, aniversário, sacola
Proparoxítonas – a sílaba tônica recaem na antepenúltima sílaba.
Exemplos: pássaro, matemática, botânica

Os monossílabos podem ser átonos ou tônicos.


Os átonos são pronunciados levemente.
Exs.:
– artigos definidos (o, a, os, as) e indefinidos (um, uns)
– pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as,
lhes) e suas variantes (mo, to, lho etc.)
– o pronome relativo que
– as preposições a, com, de, em, por, sem, sob
– combinações de preposição e artigo (à, ao, da, do, na, no, num etc.)

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 41


– as conjunções e, mas, nem, ou, que, se
– as formas de tratamento dom, frei, são
Os monossílabos tônicos são pronunciados fortemente.
Exemplos: céu, flor, lá, lei, mão, pó, sou, três, vós, zás

Pronominalização

Pronominalizar é substituir o complemento directo ou indirecto pelo


pronome correspondente.
Regras:
1- Quando a forma verbal terminar em vogal, o pronome não sofre
alterações.
Ex: A Ludmila viu o Nuris.
A Ludmila viu-o.

2- Quando a forma verbal terminar em –r, -z, -s, são substiuídos por –lo(s), -
la(s).
Ex: O Mateus faz a massa.
O Mateus fá-la.

3- Quando a forma terminar em –m/õe/ão, são substituídos por -no(s), na(s)


Ex: O Simão e o Belmiro viram a onça.
O Simão e o Belmiro viram-no.

4- Quando a forma verbal estiver no futuro, o pronome coloca-se entre o


radical do verbo e as terminações verbais (-á/-ás/-emos/-eis/ão). No
entanto, como o radical termina em r, este cai e o pronome ganha um I,
tomando a forma: -lo(s)/la(s).
Ex: O Mendes levará o saco.
O Mendes levá-lo-á.

5- Quando a frase estiver na negativa e, às vezes, na interrogativa, o


pronome vai para antes do verbo, sem sofrer alterações.
Ex: O Sérgio não lavou a mesa.
O Sérgio não a lavou.

Colocação dos pronomes oblíquos átonos


- Ênclise: quando o pronome oblíquo é empregado depois do verbo.
Ex: Amo-te.
- Mesóclise: quando o pronome oblíquo é empregado no meio do verbo.
Ex: Chamar-te-ei, quando ele chegar.
- Próclise: quando o pronome oblíquo é empregado no antes do verbo.
Ex: Não os vejo desde ontem.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 42


Conectores

Conectores: são palavras ou expressões que servem para conectar


(ligar, unir as frases no período, os períodos no parágrafo e os parágrafos no
texto. Incluem-se neste grupo várias subclasses gramaticais de palavras:
- conjunções (e; pois...)
- locuções conjuncionais (além disso; no entanto...)
- advérbios (depois; finalmente...)
- locuções adverbiais (em seguida; por último...)

Função Conectores
e; além disso; não só...mas também; depois; finalmente;
seguidamente; em primeiro lugar; em seguida; por um
Adicionar lado...por outro; adicionalmente; ainda; do mesmo modo;
pela mesma razão; igualmente; também; de novo;...
logo; pois; assim; por isso; por conseguinte; portanto; enfim;
Concluir / SIntetizar em conclusão; concluindo; em suma;
especificamente; nomeadamente; por exemplo; em
Particularizar particular;...
pois; porque; porquanto; por causa de; uma vez que;
especificamente; nomeadamente; isto é; ou seja; quer
Explicar/Exemplificar dizer; por exemplo; em particular; como se pode ver; é o
caso de; é o que se passa com;...
porém; contrariamente; em vez de; pelo contrário; por
Contrariar / Opor oposição; ainda assim; mesmo assim; apesar de; contudo; no
entanto; por outro lado;...
assim; consequentemente; daí; então; logo; pois; deste
Inferir: modo; portanto; em consequência; por conseguinte; por esta
razão; por isso;..
para; para que; com o intuito de; a fim de; com o objectivo
Fim de;...
se; a menos que; supondo que; admitindo que; salvo se;
Hipótese / Condição excepto;...
do mesmo modo; tal como; assim como; pela mesma
Semelhança: razão;...
por outras palavras; ou melhor; ou seja; em resumo; em
Reafirmar / Resumir suma;...
é evidente que; certamente; decerto; com toda a certeza;
Certeza naturalmente; evidentemente;
como, conforme, também, tanto...quanto, tal como, assim
Comparar como, pela mesma razão;...
mais correctamente; mais precisamente; ou melhor; quer
Substituir/Reformular dizer; dito de outro modo; por outras palavras;...
Dúvida talvez; é provável; é possível; provavelmente; porventura;...
a meu ver; estou em crer que; em nosso entender;
Opinar parece-me que;...

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 43


A comunicação

Comunicação: é a troca de informação entre o emissor e o receptor.


Tipos de comunicação:
- Verbal: (falada/escrita);
- Não verbal: (sons, gestos, símbolos, sinais);
- Mista: (verbal e não verbal)

O termo comunicação deriva do latim communicare significa partilhar,


participar de algo, tornar comum”, sendo o elemento essencial da interação
humana.
Os elementos da comunicação são:
• Emissor ou destinador: é aquele que emite a mensagem para um ou
mais receptores.
• Receptor ou destinatário: é aquele quem recebe a mensagem
emitida pelo emissor.
• Mensagem: é o conjunto de informações, o conteúdo. É aquilo que se
informa.
• Código: é o sistema de signo ou sinais partilhados pelo emissor e o
receptor.
• Canal: é o meio através do qual o emissor e o receptor comunicam-
se.
• Contexto ou referente: trata-se da situação comunicativa em que
estão inseridos o emissor e o receptor.
• Ruído: ocorre quando a mensagem não é descodificada de forma
correcta pelo interlocutor. São perturbações na comunicação.
Exemplos: cacografia (grafia feia), poluição sonora, feedback, má
pronúncia das palavras, voz baixa, distração por parte do emissor ou do
receptor, falar ao mesmo tempo, erros ortográficos etc..

Funções da linguagem

Funções da linguagem determinam o objectivo ou finalidade dos actos


comunicativos, sendo classificados em:
- Função referencial ou denotativa: é a função da informação. É
directa e objectiva.
Ex.: textos dissertativos, técnicos, instrucionais e jornalísticos.

- Função expressiva ou emotiva: focada no emissor. No eu (1ª pessoa),


é subjectiva. Reflete emoções, sentimentos etc.
Ex.: músicas, depoimentos, relatos, poesias.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 44


- Função apelativa ou conativa: focada no receptor. Seu objectivo é
influenciá-lo, convencê-lo, manipulá-lo. Foco no vocativo e no imperativo.
Ex.: campanhas publicitárias e campanhas políticas.

- Função poética: se expressa na estrutura da mensagem, utilizando-se


de criação de ritmos, rimas, trocadilhos, tonalidade etc.
Ex.: poesias, campanhas publicitárias.

- Função fática: normalmente usada quando o emissor testa o canal, a


fim de manter a comunicação.
Ex.: Alô, Oi?, Entendeu?, Hum.

- Função metalinguística: nesta, o emissor explica um código usando o


próprio código. É a mensagem sobre a mensagem.
Ex.: Textos sobre escrita, filmes sobre a indústria cinematográfica.

Níveis de língua
Classificação das palavras quanto ao acento tônico
A linguagem é qualquer conjunto de sinais que nos permite realizar
actos de comunicação. Em decorrência do carácter bastante individual da
língua, é necessário destacar algumas modalidades:
Norma culta/padrão: é aquela utilizada em situações formais,
principalmente na escrita – mais planejada e bem elaborada. Caracteriza-se
pela correção da linguagem em diversos aspectos: um cuidado maior com o
vocabulário, obediência às regras estabelecidas pela Gramática, organização
rigorosa das orações e dos períodos, etc.
Linguagem coloquial/informal: é adotada em situações informais ou
familiares. Caracteriza-se pela espontaneidade, já que não existe uma
preocupação com as normas estabelecidas (aceita o uso de gírias e de
palavras não dicionarizadas).
Linguagem técnica: é utilizada por alguns profissionais (policiais,
vendedores, advogados, economistas etc.) no exercício de suas actividades.
Literária (artística): tem finalidade expressiva, como a que é feita
pelos artistas da palavra (poetas e romancistas, por exemplo).
Gírias: são palavras características da linguagem de um grupo social
(jovens), que, por sua expressividade, acabam sendo incorporadas à
linguagem coloquial de outras camadas sociais.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 45


A crase
Classificação das palavras quanto ao acento tônico
Crase é a fusão da preposição a com o artigo a, e assinalada mediante
o uso do acento grave (`). Há crase sempre que o termo antecedente exige a
preposição a e o termo consequente aceite o artigo a.
Ex: A Ruth dedica-se a (preposição) + a (artigo) igreja.
A Ruth dedica-se à igreja.

Há crase:
- quando se indica o número de horas:
Ex: Chegamos às doze horas.
Ex: A reunião começará às 09h.
- antes de substantivos ou nomes femininos, quando houver uma
palavra de sentido incompleto que venha seguida da preposição a, mais o
artigo feminino a.
Ex: Vou a (preposição) + a (artigo) escola.
Vou à escola.
Ex: Estou à procura da minha lapiseira.
Ex: Tu deves obedecer às leis do teu país.
Ex: O José entregou o lenço à senhora.
Ex: Vou à comissão de moradores.

- nas expressões adverbiais femininas, aquelas que se referem a verbos,


exprimindo tempo, lugar, modo.
Ex: Chegaram à noite. (tempo)
Comeram à força. (modo)
A canoa estava à margem do rio. (lugar)
Saiu à procura da menina.

- os pronomes “aquele(s), aquela(s) e aquilo” podem ser “craseados” ,


quando antes dele vier uma palavra com sentido incompleto, seguido da
preposição a.
Ex: Referiu-se a aquele livro de Camões.
Referiu-se àquele livro de Camões.
Ex: Ele entrega tudo a aquela moça.
Ele entrega tudo àquela moça.
Ex: Tecemos críticas a aquilo tudo que fizeram de errado.
Tecemos críticas àquilo tudo que fizeram de errado.

Não há crase:

- antes de pronomes pessoais.


Ex: Digo isto a eles.

- antes de verbos.
Ex: A Eva está a cantar.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 46


- antes do artigo “uma”.
Ex: Entreguei a flor a uma jovem.
- antes de substantivos ou nomes masculinos.
Ex: Estou a caminho.
Andaram a pé.
Não irás a lado nenhum.
- antes de palavras repetidas.
Ex: Cara-a-cara.
Frente-a-frente.
No entanto, quando queremos dizer que algo é feito à maneira de, à
moda ou à forma de, ocorrerá crase em nomes masculinos.
Ex: Ele marcou um golo à Cristiano Ronaldo.
Ex: Ele desenha à Picasso.

- antes dos vocábulos: cuja, quem, eles, você, esta, essa, minha, vossa
senhoria, vossa excelência.
Ex: Este é o policial a quem devo a minha vida.
Parabéns a você.
- antes de nomes de cidades e da palavra “casa”.
Ex: Amanhã regressarei a Benguela.
Ex: Chegou tarde a casa.
No entanto, se o nome da cidade ou termo “casa” vierem
determinados, ocorrerá crase.
Ex: Amanhã regressarei à Benguela dos meus sonhos.
Ex: Chegou tarde à casa dos seus pais.

O uso de crase antes de nomes próprios é relativo.

Lista de expressões mais comum que exigem crase


à altura de à mão à sua disposição
à bala à falta de à deriva
à beca à máquina à custa
à beira às mil maravilhas à noite
à boca pequena à margem à mesa
à busca à medida à mercê
à caça às pressas à parte
à direita à esquerda à primeira vista
à disposição à entrada à procura
à espera à prova de à exceção
às escondidas à luz às armas!
à proporção de/que às escuras à toa e à-toa
à légua às favas à larga

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 47


Variações linguísticas

Variação linguística é o conjunto das diferenças de realização


linguística falada pelos locutores de uma mesma língua. Elas podem ser:
• Variação geográfica ou diatópica: diferenças linguísticas observáveis
entre falantes oriundos de regiões distintas de um mesmo país ou oriundos de
diferentes países.
Ex: betão (PT); concreto (BR) – Amendoim (PT); jinguba (AO)

• Variação social ou diastrática: está relacionada a factores


concernentes à organização socioeconômica e cultural da comunidade.
Entram em jogo factores como a classe social, o sexo, a idade, o grau de
escolaridade, a profissão do indivíduo.
São exemplos típicos de variação social: a vocalização do -lh- > -i- como
em mulher/muié; a rotacização do -l- > -r- em encontros consonantais como
em blusa/brusa; arroz/aroz.
• Variação histórica ou diacrónica: trata-se do conjunto de mudanças
que ocorrem com o passar do tempo. As mudanças linguísticas ocorrem em
estados sucessivos de uma língua em função das acções dos falantes, que
contribuem para que determinada forma caia em desuso ou para que outra,
por eles adotada, sobreviva.
A variação histórica pode ser exemplificada com textos escritos na fase
arcaica do português, como os versos de uma cantiga de amor que data do fim
do século XII:

“A dona que eu am’e tenho por senhor


amostrade-me-a Deus, se en uos prazer for,
se non dade-me-a morte.

A que tenh’eu por lume destes olhos meus


e por que choram sempre amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte...”
Podemos exemplificar com uma simples frase:
“Sabeis vós com que dinheiro vos pago?”

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 48


Sintagmas

Sintagma é um termo que foi estabelecido pelo linguista Saussure com


o objectivo de designar a combinação de formas mínimas numa unidade
linguística superior.
Ainda segundo Barreto, sintagma é um conjunto de elementos que
forma uma unidade significativa dentro da sentença. Esses elementos possuem
entre si relações de dependência e de ordem.
No sintagma, os elementos organizam-se à volta de um elemento
fundamental, denominado núcleo, o qual, às vezes, pode constituir sozinho o
próprio sintagma. A natureza do sintagma depende do tipo de elemento o qual
constitui o seu núcleo, logo temos:
• Sintagma nominal (SN) / núcleo - nome:
O ISCED de Luanda é pequeno.

• Sintagma verbal (SV) / núcleo - verbo:


Os estudantes fizeram o trabalho.

• Sintagma adjectival (SA) / núcleo - adjectivo:


Os palhaços são engraçados demais.

• Sintagma adverbial (SADV) / núcleo - advérbio:


Os trabalhos foram feitos mais cedo.

• Sintagma preposicional (SP) / núcleo - preposição:


De repente, todos os estudante falaram.

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA 49


Bibliografia

Manual de Língua Portuguesa 9ª Classe, Editoras das Letras, 2014


Manual de Língua Portuguesa 12ª Classe, Editoras das Letras, 2014
GARCIA, Maria; DOS REIS, Benedita, Gramática da Língua Portuguesa, Teoria e
Prática, Editora Rideel, 2ª Edição, 2010
Gramática Moderna da Língua Portuguesa, 2012
BECHARA, Evanildo, Moderna Gramática Portuguesa, 37ª Ed, Editora Lucerna,
Rio de Janeiro, 1999;
CUNHA, Celso; CINTRA, L. F. Lindley, Nova Gramática do Português
Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 8ª Edição, 1991;

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