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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ECONOMIA E DA EMPRESA

Turismo Cinegético

Autoras:

Ana Bretes nº 11082808

Jéssica Martins nº 11044609

Natacha Soares nº 11055709

Orientadora: Professora Doutora Manuela Sarmento

Co-Orientadora: Mestre Ana Afonso

Lisboa, Janeiro de 2010


Índice

ÍNDICE

INTRODUÇÃO……….…………………………………………………………………………… 4

RESUMO……………………………………………………………………………………………6

CAPÍTULO 1: TURISMO CINEGÉTICO……………………………………………….…..….. 7


1.1. INTRODUÇÂO……………………………………………………………………….…… 7
1.2. CAÇA E PESCA COMO ACTIVIDADES TURÍSTICAS……….…………..……….… 7
1.2.1. ACTIVIDADES COMPLEMENTARES…………………………………..……… 8
1.3.TURISMO CINEGÉTICO INTERNACIONAL………………………….………...….… 8
1.3.1 BRASIL…………………………………………………………………..………… 8
1.3.2 EUROPA…………………………………………………………………………… 8
1.3.3 ÁFRICA……………………………………………………………...……………… 9
1.4. TURISMO CINEGÉTICO NACIONAL……………..…………………………………... 9
1.5. PROMOÇÃO DO TURISMO CINEGÉTICO………………….……………………….. 9
1.6. SEGMENTAÇÃO DO TURISMO CINEGÉTICO…...………………....……….……. 10
1.7. MERCADO CINEGÉTICO……………………...……………………………………… 11
1.8. VANTAGENS DO TURISMO CINEGÉTICO………………………………………… 12

CAPÍTULO 2: CAÇA…………..……………………………………………………………….. 13
2.1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………... 13
2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA CAÇA EM PORTUGAL..………………………………. 13
2.3 TIPOS DE CAÇA………………………………………………………………………... 14
2.4 PROCESSOS DE CAÇA………………………………………………………………..15
2.4.1. Outros Processos……………………………..……….…………………..……. 18
2.5 MEIOS DE CAÇA……………………………………………………………………….. 18
2.5.1. ARMAS DE CAÇA……………………….……..……………………..………… 20
2.6 ORDENAMENTO TERRITÓRIAL……………………………………………………...22
2.6.1. TERRENOS CINEGÉTICOS.………………………………….………………. 22
2.6.1.1. Zonas de Caça Nacionais (ZCN)..…………….…….………………. 23
2.7.1.2. Zonas de Caça Municipais (ZCM)…………………… ………………23
2.7.1.3. Zonas de Caça Associativas (ZCA)………………………………….. 23
2.7.1.4. Zonas de Caça Turísticas (ZCT)……………………………………... 24
2.7.2. REQUISITOS DE EXPLORAÇÃO DAS ZONAS DE CAÇA……….……….. 24
2.8. CAÇA EM PORTUGAL………………………………………………………………….27

TURISMO CINEGÉTICO 2
 
Índice

2.8.1. ALGARVE……………………………………………..…………………….……. 28
2.8.2. ALENTEJO……………………………………………………………………….. 28
2.9. ÉPOCA VENATÓRIA…………………………………………………...……………..29
2.10. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS AO EXRCÍCIO VENATÓRIO………..……….. 29
2.10.1. CARTA DO CAÇADOR……………………….………………………………30
2.10.1.1. Requisitos de Obtenção……………...…………………………… 31
2.10.1.2. Especificações………………………………………………………31
2.10.1.3. Infracções…………………………………………………………... 31
2.10.1.4. Cartão do Caçador………………………………………………… 32
2.10.2. LICENÇAS DE CAÇA…………………………………………………………32
2.11. CÓDIGO DE COMPORTAMENTO DO CAÇADOR………………………………. 32
2.12. SINALIZAÇÃO VENATÓRIA………………………………………………………….35
2.13. CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES CINEGÉTICAS………………………………. 37
2.13.1. ESPÉCIES INTEGRALMENTE PROTEGIDAS…………………………… 38
2.14. ANÁLISE SWOT………………………………………………………………………. 40
2.14.1. MEDIDAS TÁCTICAS E ESTRATÉGICAS……..…………………………. 41
2.15. FACTORES NEGATIVOS…………………………………………………….……… 43
2.15.1. INICIATIVAS – LIGA PARA A PROTECÇÃO DA NATUREZA………….. 44

CAPÍTULO 3: PESCA.…………………………………………………………………….…….45
3.1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………... 45
3.2. TURISMO DE PESCA….………………………………………………………….…… 46
3.3. ZONAS DE PESCA……….……………………………………………………………..47
3.4. IMPACTES…...………………………………………………………………………….. 48
3.5. PERIGOS E COMPORTAMENTO NA PESCA……………………………………… 49
3.6. TURISMO DE PESCA SUSTENTÁVEL……………………………………………… 50

CONCLUSÃO…………………………………………………………………………….……… 51

ANEXO A……………………………………………………………………………….…………52

BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………………..……… 54

WEBGRAFIA…………………………………………………………………………….………. 55

GLOSSÁRIO………………………………………………………………………….…………. 57

TURISMO CINEGÉTICO 3
 
Introdução

INTRODUÇÃO

Este trabalho enquadra-se no âmbito da Universidade Lusíada de Lisboa, no primeiro ano


do curso de Turismo, na disciplina curricular de Introdução à Problemática do Turismo, e
tem como tema o “Turismo Cinegético”.

Como ponto fundamental na realização do trabalho é necessário afirmar a importância


deste sector turístico na economia nacional. É ainda de grande necessidade salientar que
sem as características históricas e culturais que o nosso país possui não seria possível
desenvolver a actividade cinegética, visto que depende fundamentalmente dos recursos
disponíveis em território nacional, além das infra-estruturas e apoio oferecidos em
complemento com a actividade cinegética.

Esta dissertação, no seu primeiro capítulo, abordará inicialmente o turismo cinegético


propriamente dito, onde serão expostos o seu conceito, as suas vantagens, a sua
promoção e ainda o perfil do turista cinegético. Neste primeiro capítulo, serão também
referidos os efeitos produzidos pelo Turismo Cinegético, que têm como principal
consequência o fortalecimento da oferta turística nacional. Serão identificados os
principais actores desta actividade turística, a segmentação do mercado ligado a ela e a
sua análise SWOT; após esta última, serão apresentadas medidas tácticas e estratégicas
que possibilitarão a diminuição dos efeitos negativos referentes aos pontos fracos e às
ameaças detectadas durante a análise.

O segundo capítulo irá abordar o tema da Caça em Portugal, onde será apresentada uma
breve resenha sobre a caça em seu estado actual, e ainda sobre o seu desenvolvimento
histórico. Mais tarde serão identificados de forma sucinta os tipos de caça, bem como as
suas técnicas e meios de execução. O foco deste capítulo será a abordagem relativa às
Zonas de Caça Turísticas, fundamentais para o crescimento da actividade cinegética em
Portugal. Serão identificados os documentos essenciais à prática venatória, e a
sinalização a ter em conta neste tipo de actividade. Após isso, serão apresentadas as
regras comportamentais do caçador, bem como os efeitos negativos da caça em
Portugal, e por último, mas não menos importante, serão referidas dez preocupações da
Liga para a Protecção da Natureza, relativamente à prática e gestão venatória nacional.

No último capítulo, será tratado, de modo bastante breve, o tema da pesca. Será
primeiramente abordada a contribuição da pesca como actividade turística e serão
diferenciados os tipos de segmentos desta actividade. Logo depois serão referidos alguns
eventos desportivos ligados à pesca, que contribuíram para o crescimento, não só do

TURISMO CINEGÉTICO 4
 
Introdução

turismo cinegético, mas também de outros tipos de turismo complementares. A secção


seguinte tratará de forma sintética os impactes positivos e negativos do turismo de pesca,
e logo depois serão identificadas e caracterizadas as zonas de pesca em Portugal. Após
estas referências serão abordados os diferentes tipos de pesca, bem como as
características das técnicas e equipamentos utilizados durante a prática desta actividade.
Por fim, serão abordados os perigos que podem ser encontrados durante a prática da
pesca e os comportamentos a seguir a fim de evitá-los, sendo então seguidos pela última
secção, que abordará a importância da sustentabilidade no turismo de pesca.

Estes três capítulos apresentam temas de relativa importância para o turismo, visto ser
uma actividade complexa cujo funcionamento equilibrado depende de um variado
conjunto de outros sistemas: divulgação, distribuição, transporte, alojamento,
restauração, gastronomia, preservação de recursos, entre outros, com os quais
estabelece uma relação de interdependência.

Deve-se ainda referir que a prática do turismo cinegético é na maioria das vezes
complementada com outros tipos de turismo e outras actividades, desportivas,
ambientais, ecológicas, gastronómicas, etc.

Inerentes à realização deste trabalho, foi possível traçar alguns objectivos, como: o
aprofundamento de conhecimentos dentro dos temas de turismo cinegético, caça e
pesca, bem como do reconhecimento de conceitos inerentes aos temas referidos; a
integração dos assuntos, a sua análise e possível aplicação em exemplos práticos; a
demonstração e compreensão da importância destes sectores face às economias a nível
regional e nacional; e o fornecimento de um instrumento de avaliação preciso e
fundamental

TURISMO CINEGÉTICO 5
 
Resumo

RESUMO

O trabalho que se segue pretende apresentar algumas reflexões e informações relativas


ao turismo cinegético, dando especial ênfase à esta actividade em território Português.

Neste relatório serão focadas com maior profundidade as características do sector da


caça em Portugal, e da sua crescente evolução, bem como das especificidades relativas
às Zonas de Caça Turísticas (ZCT).

O turismo cinegético constitui uma fonte de promoção do desenvolvimento, tanto das


comunidades onde se insere, como também de outras actividades que complementam-se
com este tipo de turismo, como a caça fotográfica, o birdwatching, e outras actividades
ambientais, ecológicas e desportivas, como o golfe.

Ainda neste tema, será dada ênfase à sustentabilidade e à análise SWOT do Turismo
Cinegético.

TURISMO CINEGÉTICO 6
 
Capítulo 1 – Turismo Cinegético

1. TURISMO CINEGÉTICO
1.1. INTRODUÇÃO
O capítulo que se segue pretende apresentar algumas reflexões sobre a sustentabilidade
do turismo cinegético, caracterizando-o nos seus vários aspectos e integrando-o numa
lógica de desenvolvimento turístico sustentável. Portugal aposta numa oferta turística
diversifica, assente numa estratégia de desenvolvimento sustentado apoiada nos
recursos existentes nas diversas regiões. O turismo cinegético enquanto produto turístico
será amplamente explorado, abrangendo o estudo das várias sinergias e sustentabilidade
desta actividade turística, bem como com as suas vantagens, complementaridade com
outras actividades, análise SWOT, e as possíveis medidas a serem implementadas.

1.2. Caça e Pesca como Actividades Turísticas


O turismo cinegético pode ser definido como uma actividade onde desenvolve-se a
prática de caça e/ou da pesca desportiva, por indivíduos que visitam destinos, locais ou
áreas onde é permitida a prática de caça de fauna silvestre de carácter cinegético ou no
seu meio natural e de pesca. Para tal, utiliza serviços logísticos e turísticos para facilitar a
prática destes desportos, num contexto de conservação e sustentabilidade da vida
silvestre. O Turismo cinegético é uma actividade que desenvolveu-se por volta dos anos
80 (na Europa), visto que as leis actuais ofereciam condições favoráveis á sua expansão,
pois eram práticas desportivas menos degradantes e não predadoras.

Com a associação da caça e da pesca com o turismo, foram adquiridos muitos benefícios
ambientais, havendo uma diminuição dos impactes nos ecossistemas, e também uma
diminuição do debate centrado em torno da falta de consciência ambiental. Para além
das vantagens para o ambiente este tipo de turismo trouxe também benefícios para a
economia, pois veio complementar o rendimento em muitos sectores turísticos.

O Turismo Cinegético teve o seu pico com aprovação da lei da Caça em 1987. No ano de
1992, estavam definidas 394 zonas de Caça Turística que ocupavam 561816 hectares. A
região onde o Turismo Cinegético tem maior impacto é no Alentejo.

Ao falar-se de turismo cinegético, há que se ter em conta os impactes produzidos pela


caça e pela pesca. Se estas actividades forem permitidas em ambientes sem
regulamento e sem consideração a comportamentos de sustentabilidade irão destruir as
populações dos animais. O impacto da caça e da pesca é um parâmetro muito variável
que é determinado por factores como: tipos de caça e pesca praticados; espécies
caçadas; intensidade em que a actividade é relacionada (ocasional, regular, contínuo);

TURISMO CINEGÉTICO 7
 
Capítulo 1 – Turismo Cinegético
 

características da estação; jornadas (períodos de descanso, períodos de alimentação);


ferramentas utilizadas (armas de fogo, curva, armadilha, linha, rede); transportes (a pé,
cavalo, carro, barco, helicóptero).

1.2.1. Actividades Complementares

Existem muitos turistas cinegéticos que realizam actividades de pesca e caça como
complementos entre si, visto que muitos caçadores aproveitam a viagem também para
pescar e vice-versa. As actividades desportivas são também importantes complementos
para as actividades cinegéticas, podendo ser incluídos o tiro aos pratos, o golfe ou outros
desportos, como práticas habituais pelos turistas durante as suas viagens de caça e
pesca. Existem também outros turistas, principalmente caçadores, que combinam as
suas caçadas com outras actividades relacionadas com a natureza, como a observação e
fotografia de flora e fauna ou então a prática do turismo de aventura e campismo.

1.3. Turismo Cinegético Internacional

1.3.1. Brasil

Ao falar-se sobre turismo cinegético a nível internacional, é sem dúvida fundamental


destacar o Brasil, relativamente ao turismo de pesca. Pela sua quantidade de rios e por
seu extenso litoral, este país é capaz de oferecer óptimas preferências de pesca em
praticamente todo o seu território. Um importante exemplo a dar é a pesca na Amazónia,
onde pesca-se uma variedade de peixes que ode atingir as centenas. Um bom exemplo
de um peixe mundialmente famoso é o Tucunaré. Encontrado maioritariamente em toda a
região amazónica este peixe é considerado um gigante que pode pesar ate 12 quilos.
Outras cidades onde predomina a pesca são:

1.3.2. Europa

O número de caçadores, em grande parte da Europa, aumentou durante os anos setenta,


mas permaneceu estável ou declinou ligeiramente a partir de 1980. A Europa é um
continente diverso, composto por um ambiente complexo, com leis bem definidas em
relação à caça e à pesca. O continente europeu constitui o segundo maior bloco de caça
do mundo, a seguir aos Estados Unidos da América, possuindo quase 6,5 milhões de
caçadores activos e registados.

Estima-se que cerca de 30% dos europeus viajam para o exterior para ir caçar. Os
caçadores Alemães preferem a Europa Ocidental, os caçadores italianos permanecem
dentro da Europa ou viajam para o Sul da América e Cuba. Os espanhóis preferem a

TURISMO CINEGÉTICO 8
 
Capítulo 1 – Turismo Cinegético
 

América do Norte e os caçadores da Bélgica, Luxemburgo e Holanda preferem deslocar-


se para África.

1.3.3. África

Tem vindo a crescer o número de caçadores que procuram uma experiência única no
meio da caça. Esta experiência pode incluir a caça de espécies muito raras nas regiões
mais remotas e selvagens do mundo. O turismo cinegético em África é muito dispendioso
pois o preço não é nem um pouco barato, para além de se pagar a passagem, caso o
turista queira realmente caçar um animal tem de pagar muito caro por um. Existem em
África parques especiais para este tipo de caça, geralmente participam caçadores
profissionais e que pagam a peso de ouro por uma caçada literalmente africana.

1.4. Turismo Cinegético Nacional


Em Portugal o turismo cinegético não é tão desenvolvido quanto se espera, mas ainda
assim é destino de muitos caçadores europeus, principalmente espanhóis. Os destinos
que estão mais apelativos á caça são o Algarve e o Alentejo. No Algarve existem 27
áreas delimitadas para a caça turística, 135 áreas de caça associativas e mais 24 zonas
de caça municipais o que resume-se se num total de 185 reservas, esta região de
Portugal é pretendida por muitos turistas.

Para se caçar nesta região as épocas de caça definem-se em três períodos diferentes:
Agosto a Setembro (caça de aves migratórias), Outubro, Novembro e Dezembro
(espécies sedentárias) e Janeiro e Fevereiro (caça maior). Predominam no Algarve, as
perdizes, lebres, coelhos, codornizes, mas o principal atractivo é o veado e o javali.

1.4.1. Promoção do Turismo Cinegético

Hoje em dia, existem diversas iniciativas de promoção do turismo nacional no estrangeiro


embora estas mesmas iniciativas não incluam o turismo cinegético, pelo menos com o
realce que é dado a outros sectores como por exemplo o golfe, a equitação ou as rotas
dos vinhos.

Em diversos países europeus ou mesmo de outros continentes, o turismo cinegético é


uma forte aposta, e assim deve ser em Portugal. A Espanha possui uma oferta de caça
semelhante á portuguesa, contudo, este país tem-se beneficiado de iniciativas que
reflectem-se fortemente na economia do país, pois o sector da caça tem um lugar de
destaque, contribuindo para o desenvolvimento da economia espanhola, este é um bom
exemplo do que pode ser feito para cativar turistas cinegéticos estrangeiros.

TURISMO CINEGÉTICO 9
 
Capítulo 1 – Turismo Cinegético
 

Um factor importante a ter em conta para promover o turismo de caça em Portugal, é


saber aproveitar o facto de esta actividade diminuir os efeitos da sazonalidade, ou seja, é
importante saber utilizar o benefício de a caça ser praticada fora dos períodos tradicionais
de férias, coincidindo com a época baixa no turismo de Portugal, permitindo assim
equilibrar a economia proveniente do turismo, mesmo em época baixa, rentabilizando a
ocupação das infra-estruturas turísticas e diminuindo as divergências entre época alta e
época baixa, que tradicionalmente marcam os ciclos turísticos.

Portugal deve então apostar na promoção do turismo cinegético, pois esta aposta pode
permitir a rentabilização das magníficas condições naturais que o território nacional
possui e o facto do sector da caça ter começado a entrar numa fase de equilíbrio, graças
às alterações da nova legislação da caça, sobretudo no que toca às Zonas de Caça
Turísticas (ver secção 2.7.2.4). Este equilíbrio que Portugal agora atingiu permite
seguramente fortalecer as zonas de caça existentes, melhorando assim as suas ofertas
de caça, assim como também certamente levará a um crescimento do sector cinegético
do qual a economia nacional só terá a beneficiar.

Promover o turismo cinegético é um tema que deve ser abordado e enfatizado, dado a
importância que poderá vir a ter, quer para as empresas que se dedicam à exploração do
turismo cinegético, quer para os proprietários rurais e populações locais que têm na caça
e na pesca um importante complemento ao seu rendimento, quer também para a
economia nacional e para o desenvolvimento de zonas rurais onde o turismo cinegético
são das poucas actividades desenvolvidas e com futuro.

1.5. Segmentação do Turismo Cinegético


O perfil do turista cinegético predomina numa faixa etária entre os 25 e os 65 anos,
podem pertencer às classes baixa, média e alta, normalmente os turistas cinegéticos
estrangeiros possuem um elevado poder de compra, e efectuam gastos elevados. A
maioria dos caçadores agrupa em grupos de amigos ou então em grupos organizados.

De forma a aprofundar o estudo sobre os turistas cinegéticos, é possível distinguir os


diversos segmentos característicos deste tipo de turismo, que diferenciam-se em função
das necessidades e características da procura e oferta. Podemos pois apresentar a
seguinte segmentação, visto existirem três tipos de turistas cinegéticos:

• Sofisticado – Geralmente é um turista internacional com um elevado poder de


compra, é exigente na qualidade dos serviços cinegéticos e turísticos que lhe são
prestados. As ofertas existentes para este tipo de turista são: caçadas, como
montarias aos veados e javalis organizadas de forma profissional, e só caçam em

TURISMO CINEGÉTICO 10
 
Capítulo 1 – Turismo Cinegético
 

zonas de caça com prestígio e qualidade, garantindo a obtenção de “troféus” de


alto valor. Este turista usufrui ainda da prestação de serviços de alojamento,
restauração, guias, serviço de acompanhantes e transporte de qualidade.

• Desportivo – Este turista, tanto pode ser nacional como internacional, possui um
alto grau de especialização, procurando, por isso, um tipo de caça e pesca
específicas. Tem grande mobilidade e a ele estão ligadas ofertas como caçadas
independentes ou organizadas à medida, em espaços turísticos rústicos como o
Turismo em Espaço Rural, procura por peças de caça com maiores níveis de
dificuldade e características determinadas, preferindo sobretudo as grandes
caçadas, ou a pesca por peixes exóticos e mais difíceis de apanhar.

• Informal – São caçadores e pescadores nacionais, que têm um poder de compra


mais reduzido, bem como a sua exigência, as suas jornadas de caça e pesca são
independentes e geralmente na área de residência; dispensa os serviços
turísticos, caça geralmente em zonas de caça associativas, municipais, preferindo
quase sempre a caça menor. Já no caso dos pescadores, preferem a pesca de
peixes com menores dificuldades de captura, em rios e lagos próximos às suas
casas.

1.6. Mercado Cinegético


Como em qualquer actividade, o turismo cinegético depende de actores, como os
prestadores de serviços e as autoridades, capazes de gerir e promover o
desenvolvimento da actividade cinegética em Portugal. Os principais actores que apoiam
o turismo cinegético são:

Os prestadores de serviços de aproveitamento turísticos – podem ser nacionais ou


internacionais. Pessoas independentes relacionadas com a procura, empresas
especializadas ou associações cinegéticas. A principal vantagem estratégicas destes
actores é conhecer todos os processos e meios que facilitam os a realização da
actividade, assim como as condições de oferta e as necessidades da procura, permitindo
aumentar a possibilidade de satisfação do cliente. Estes actores tornam possível a
promoção da integração da oferta e o acesso a novos mercados, facilitando a gestão e
organização da actividade.

Os prestadores de serviços complementares – Constituem os actores responsáveis


pela incorporação dos diversos serviços adicionais como ofertas de mercado, serviços
como: transportes públicos e turísticos, rent-a-car, alojamentos, restaurantes e centros de

TURISMO CINEGÉTICO 11
 
Capítulo 1 – Turismo Cinegético
 

diversão, que complementam as jornadas de caça e pesca. Isto permite distribuir de


modo mais equilibrado as receitas entre as comunidades receptoras.

As autoridades – A actuação coordenada das autoridades é determinante para o


desenvolvimento adequado da actividade. Visto que o turismo cinegético está dentro do
âmbito de acção de diferentes instâncias governamentais, devido à sua ligação com
temas referentes ao aproveitamento e conservação do habitat das espécies, a
diversificação económica de zonas rurais subaproveitadas e a importação de armas e
equipamentos assim como a operação de serviços turísticos determinados. As
autoridades, como importantes actores do turismo cinegético, permitem uma melhor
gestão, bem como a criação de políticas gerais do turismo cinegético.

1.7. Vantagens do Turismo Cinegético


O turismo cinegético permite um maior proveito e controlo dos recursos locais assim
como a revalorização e conservação da fauna e flora. O sector de caça está inteiramente
ligado ao sector agrícola originando assim receitas adicionais para os agricultores e
comunidades rurais fornecendo assim uma melhoria da qualidade de vida destas
comunidades. Contudo, não se pode esquecer que estas vantagens só serão possíveis
se existir um desempenho adequado e ordenado do turismo cinegético. No Quadro 1.1
são apresentadas as vantagens do turismo cinegético e respectivos efeitos nas regiões
em que as actividades cinegéticas são praticadas

Quadro 1.1: Vantagens do Turismo Cinegético

VANTAGENS EFEITOS
A dependência directa da actividade cinegética em relação à fauna e flora local – o que
Aproveitamento e
coloca em evidência a importância da protecção e controlo das espécies e do habitat
controlo de recursos
em que se desenvolvem.

A rentabilidade que as espécies silvestres produzem através do seu aproveitamento


Revalorização e
cinegético, traduzindo-se numa revalorização e maior preservação da população
preservação
existente, assim como na protecção e melhoramento do seu habitat.

A actividade cinegética apresenta uma alternativa para complementar as receitas do Receitas


sector agro-pecuário, que se viu lesado nos últimos anos pela expansão da complementares para
concorrência e pela perda de competitividade dos produtos tradicionais. o sector agro-pecuário.

O turismo cinegético realiza-se em zonas rurais, oferecendo oportunidades de trabalho Melhoria da qualidade
e aprendizagem a comunidades distantes dos grandes centros, com escassas de vida das
expectativas de desenvolvimento. comunidades rurais.

TURISMO CINEGÉTICO 12
 
Capítulo 1 – Turismo Cinegético
 

A prática de turismo cinegético complementa-se com outros tipos de turismo (pesca, sol
e praia, monumentos, natureza, actividades ao ar livre, golfe, enoturismo, turismo de
Complementaridade da
natureza, turismo rural, etc.), especialmente no caso de visitantes estrangeiros. Desta
oferta turística.
forma a procura dos turistas cinegéticos distribui-se entre uma ampla gama de
segmentos turísticos.

Fonte: Adaptado de Mário José, dissertação: Turismo Cinegético no Alentejo como Produto Turístico.

TURISMO CINEGÉTICO 13
 
Capítulo 2 – Caça

2. CAÇA

2.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo será explorado o tema da caça, que constituiu inicialmente uma
necessidade básica de subsistência tendo evoluído ao longo dos tempos até se tornar
num desporto e numa actividade de ar livre. A caça faz parte da cultura de um povo,
longe vão os tempos em que se caçava por necessidade. Actualmente a caça em
Portugal e em particular nas zonas rurais assume grande importância para o seu
desenvolvimento As zonas de caça turística serão um dos elementos chave para a
exploração do tema embora todas as restantes zonas de caça existentes possam
igualmente dar o seu contributo para o aumento do Turismo Cinegético. O sector da caça
goza de uma má imagem em Portugal sendo esta considerada como uma actividade
pouco sustentável do ponto de vista dos impactos que produz na natureza. A caça é sem
dúvida um factor de desenvolvimento rural extremamente importante pois contribui para a
diversidade económica da região.

2.2. Contextualização da caça em Portugal


A nova Lei da Caça, aprovada em Novembro de 2006, reconhece o importante contributo
da actividade cinegética para a economia do meio rural. A necessidade de
compatibilização permanente desta actividade com a conservação da natureza, com a
diversidade biológica e com as actividades que se desenvolvem nesses espaços, sem
esquecer os aspectos lúdicos, culturais e sociais associados faz com que a caça adquira
complexidade acrescida.

Para se ter a ideia do potencial que a caça tem na Europa, segundo os últimos dados da
FACE (Federação das Associações de Caça e Conservação da Europa) existem 7
milhões de caçadores distribuídos pelos vários países Europeus que integram esta
federação. Em Espanha por exemplo onde o turismo cinegético está consolidado e tem
grande importância existe 1 milhão de caçadores sendo neste país o volume de receitas
gerado por esta actividade equivalente a metade das receitas turísticas externas
portuguesas (Dados de – CUNHA, Licínio – Economia e Politica do Turismo). São
indicadores suficientemente elucidativos da importância da caça como produto turístico.

Actualmente existem em Portugal 300 mil caçadores, dos quais apenas cerca de 230 mil
renovam a licença anualmente. Todos os anos surgem novos caçadores formados,
aparentemente com um novo conhecimento e mentalidade sobre a caça.

TURISMO CINEGÉTICO 14
 
Capítulo 2 – Caça
 

Portugal está dividido em 5 regiões cinegéticas: Algarve, Alentejo, Lisboa, Centro e Norte.
Segundo os últimos dados publicados pela Direcção Geral dos Recursos Florestais
(D.G.R.F.), a grande maioria dos caçadores reside no Distrito de Lisboa e Porto. Estes
caçadores são, regra geral, obrigados a efectuar deslocações para caçar fora da região
cinegética da sua residência reforçando assim o impacto desta actividade no sector
turístico das regiões com maior aptidão cinegética como é o caso do Alentejo.

Em termos económicos estima-se que o sector da caça represente hoje em Portugal mais
de 270 milhões de euros, estando ainda muito aquém das suas reais potencialidades.
Estes valores terão certamente em conta os gastos dos caçadores em equipamentos,
licenças e taxas, caçadas, deslocações, restauração e alojamento. Em relação ao
emprego directo e indirecto que este sector gera pode afirmar-se que será certamente
elevado tendo em conta o número de intervenientes que agem no sector da caça, como
por exemplo armeiros, guardas florestais, matilheiros, batedores, gestores e produtores
de caça.

2.3. Tipos de Caça


Caça Maior

A Caça Maior em tempos era abundante em todo o Território Nacional. Nos nossos dias
tem vindo a recuperar, especialmente o Javali. Este devido a sua facilidade de
reprodução, como também pelo abandono dos terrenos agrícolas, favorecendo a sua
proliferação (terrenos com densos matagais e giestais). São 5 as espécies de Caça
Maior: o Veado, o Muflão, o Gamo, o Javali e o Corço.

Caça Menor

Grande parte dos caçadores Portugueses, prefere a caça menor, mais concretamente a
caça ao coelho e à perdiz. Não só pela grande variedade de espécies que se podem
caçar, mas como também pelo grau de dificuldade que algumas espécies proporcionam.
A caça menor é sem dúvida a mais preferida por todos os caçadores. São estas todas as
espécies que de Caça Menor em Portugal:

Pombo Bravo Pato Real Galinha de Água

Pombo Torcaz Pato Trombeteiro Pombo Torcaz

Pombo-da-Rocha Zarro Comum Galinhola

Rola Brava Pombo Bravo Pombo-da-Rocha

TURISMO CINEGÉTICO 15
 
Capítulo 2 – Caça
 

Galeirão Dourada Coelho

Arrabio Comum Frisada

Rola Brava Zarro Marreco

Arrabio Negro Lebre

Abibe Zarro Sacarrabos

Real Estorninho Narceja

Pato Tordo Comum

Pato Piadeira Galega

Trombeteiro Marrequinha Narceja

Faisão Codorniz Raposa

Tarambola Bravo

2.4. Processos de Caça


Os processos legais de caça são estes:

Espera

O processo de caça DE ESPERA é aquele em que o caçador se coloca (ou posta) em


local de visibilidade privilegiada sobre um ponto de alimentação, de água ou de
passagem para poder observar, seleccionar e cobrar um animal, seja ele de caça maior
seja de caça menor. Apesar de tudo, este é o processo mais especificamente destinado á
caça do Javali, realizada durante a noite.

Desta forma e com o auxílio de excelentes ópticas, que os caçadores, comodamente


instalados, podem observar a "entrada" dos animais ao posto de caça, avaliar, as suas
características e cobrarem, de forma eficaz, o animal pretendido. O posto de espera pode
ser de vários tipos: aberto ou fechado, elevado ou ao nível do chão ou ainda uma
combinação de ambos.

Aproximação

A aproximação é dos processos de caça maior mais apaixonante e desportivo se


comparado com os restantes processos. Através dele o caçador tem a possibilidade de
se deslocar livremente pelos terrenos de caça, apreciando todo o ambiente que o rodeia,
mas sempre tentando vislumbrar os mais leves e distantes movimentos ou pormenores

TURISMO CINEGÉTICO 16
 
Capítulo 2 – Caça
 

que possam não fazer directamente parte do meio envolvente. Este é o processo de
caça, por excelência para todo o tipo de cervídeos (Veados, Gamos e Corços) e para os
carneiros (Muflão).

Para se poder ter algum sucesso na caça de aproximação é fundamental que se escolha
criteriosamente o equipamento a utilizar e se tenham algumas precauções ou cuidados,
sob pena de se passar vários dias no terreno sem se pôr a vista em cima de qualquer
bicho.

Montaria

A Montaria é o processo (exclusivamente de caça maior) mais conhecido, provavelmente,


de todos os caçadores portugueses. Organizam-se montarias em todo o território
português, em zonas de caça ordenada (turísticas, associativas, nacionais e municipais)
e até mesmo em terrenos livres ou não ordenados.

Actualmente, é possível obter-se um posto de montaria por valores muito distintos, que
variam de 0€ a valores acima de 5000€. Esta acentuada variação não está
necessariamente relacionada com a qualidade ou grau de organização das montarias, ou
seja, o preço não é um referencial de qualidade, a não ser em raras excepções.

Trata-se de um processo de caça que envolve muitos indivíduos (caçadores, postores –


pessoas contratadas para montar os postos de cada armada - carregadores, matilheiros
e outros representantes da organização) e por isso deve ser realizado numa área
significativa de terreno, preferencialmente onde existam efectivos razoáveis de animais,
que neste processo específico são o Javali, o Veado e pontualmente o Gamo e o Muflão.

É possível comparar a organização de uma montaria à uma grande batalha medieval


(onde os combates seriam realizados a pé e com armas brancas) devido ao trabalho de
preparação e pelos cuidados e regras a observar na realização deste tipo de evento.

Batida

A batida é um processo de caça igualmente bem conhecido dos caçadores portugueses.


Trata-se de um processo colaborativo que pode ou não exigir a utilização de cães ou de
matilhas. Este é um processo mais frequentemente praticado pelos caçadores de caça
menor e aplicado sobre espécies sedentárias como o coelho e a perdiz. O processo
apenas tem utilidade se as áreas a bater forem de reduzida dimensão (até 5 hectares).

A batida é um processo de caça em tudo semelhante à montaria, mas com dimensões


muito menores: menos caçadores, menor área a bater, menos cães a serem utilizados.

TURISMO CINEGÉTICO 17
 
Capítulo 2 – Caça
 

É um processo de caça muito utilizado em França onde as áreas privadas de caça maior
(normalmente designadas por Domínios) se encontram vedadas e têm dimensões
microscópicas se comparadas com a área média dos coutos de caça maior existentes na
Península Ibérica.

Devido ao número reduzido de participantes, os resultados obtidos são também bastante


reduzidos, sendo vulgar, cobrarem-se apenas uma, duas ou três rezes por batida (e
quando tal acontece, o facto é considerado como um resultado excelente).

Uma das poucas vantagens das batidas é que, sendo um processo de caça a utilizar por
um grupo de amigos, sócios de um pequeno clube ou grupo de caçadores que para o
efeito se organiza (normalmente até 20 participantes, apesar de não haver regras para
estes quantitativos), durante uma jornada se podem realizar várias batidas dependendo
do tempo que demora cada uma.

Salto

Este processo é provavelmente aquele que todos os caçadores conhecem. O


Regulamento da Caça em vigor define este processo como "aquele em que o caçador se
desloca para procurar, perseguir ou capturar exemplares de espécies cinegéticas que ele
próprio levanta, com ou sem auxílio de cães de caça". No entanto, o processo é
vulgarmente utilizado sobre a caça menor e constitui, por si, o processo de caça mais
natural e mais vulgar para todos os praticantes da caça.

Tratando-se de caça maior, a mesma legislação refere que este processo só é permitido
para o javali, pelo que as restantes espécies, apenas podem ser caçadas por montaria,
batida, espera e aproximação. E contrariamente à ronda este processo só pode ser
praticado de dia e com armas de fogo.

Tratando-se de um processo de caça com características tão especiais para o javali, é


um método muito pouco vulgar e pouco usado no nosso país. Sendo limitado o número
de caçadores e de cães, este processo torna-se incerto pelos resultados sempre
duvidosos que é possível obter.

Portanto, verifica-se que se trata de um processo de caça apenas para puristas, ou seja,
para um grupo muito restrito de caçadores. Os resultados para além de incertos são
sempre seguramente escassos.

Ronda

A ronda é o processo de caça mais desconhecido da maioria dos caçadores


portugueses. É um processo requintado, de caça maior, que por sua vez exige meios e

TURISMO CINEGÉTICO 18
 
Capítulo 2 – Caça
 

recursos nem sempre disponíveis ou fáceis de manter. Para além disso, exige do caçador
muito saber, coragem e uma vontade indómita de correr riscos.

Trata-se de um processo de caça parecido com o método de salto, praticado com a ajuda
de cães de caça maior, a cavalo, e como armas apenas se utilizam as armas brancas - a
lança de ronda ou a faca de remate. Tanto se pode desenvolver de noite como de dia,
apesar da verdadeira tradição obrigar a que se realize de noite quando as diferentes
espécies de caça maior se encontram fora do mato, nas áreas abertas, mais descuidadas
e desprevenidas.

2.4.1. Outros Processos

A Corricão: Processo em que o caçador se desloca a pé ou a cavalo, para capturar


espécies cinegéticas apenas com o auxílio de cães de caça e com ou sem pau.

De cetraria: Processo em que o caçador, para capturar espécies cinegéticas, utiliza aves
de presa para esse fim adestradas, com ou sem auxílio de cães de caça.

Com lança: Processo em que o caçador, para capturar exemplares de caça maior, utiliza
lança, com ou sem auxílio de cavalo e de cães de caça.

Com furão: Processo em que o caçador se coloca à espera para capturar coelhos
bravos com auxílio de furão. A caça ao coelho-bravo com furão só pode ser permitida em
zonas de caça, para efeitos de ordenamento das suas populações e desde que previstos
no plano de ordenamento e exploração cinegética ou no plano de gestão devidamente
aprovado, e com autorização prévia da Direcção-Geral dos Recursos Florestais.

2.5. Meios de Caça


No exercício da caça apenas podem ser utilizados os seguintes meios:

Armas de fogo: espingardas ou carabinas – legalmente classificadas como de caça as


armas semi-automáticas – espingardas ou carabinas – isto é, aquelas que se recarregam
automaticamente por acção do tiro, apenas podem ser utilizadas no exercício da caça se
estiverem previstas ou transformadas para que não possam conter mais de três
munições.

Arco e besta: No exercício venatório às espécies de caça maior, é obrigatório que a


ponta da flecha ou do virotão esteja munida de duas ou mais lâminas, convenientemente
afiadas, com uma largura mínima de corte de 25 milímetros.

Pau: O uso do pau só é permitido na caça a corricão e de salto.

TURISMO CINEGÉTICO 19
 
Capítulo 2 – Caça
 

Lança: As lanças são armas de caça constituídas por uma lâmina curta adaptada a uma
haste suficientemente longa que possibilite ser empunhada com ambas as mãos
afastadas uma da outra, ou o conjunto formado pelo punhal e haste amovível de
adaptação, destinado a prolongar o seu punho com vista à utilização como lança.

Negaças: O uso de negaças só é permitido na caça aos pombos, aos patos e à gralha-
preta. Em terrenos ordenados, a Direcção-Geral dos Recursos Florestais pode ainda
autorizar o uso de negaças em acções de gestão de populações de perdiz-vermelha, nos
meses de Fevereiro a Abril.

Chamarizes: O uso de chamarizes só é permitido na caça aos patos, à raposa, ao veado


e ao corço. Em terrenos ordenados, a Direcção-Geral dos Recursos Florestais pode
ainda autorizar o uso de chamariz em acções de gestão de populações de perdiz-
vermelha, nos meses de Fevereiro a Abril.

Barco: A utilização do barco só é permitida na caça aos patos, galeirão e galinha-d’água,


nas esperas ou para a deslocação entre locais de espera. É proibida a sua utilização para
perseguir a caça. É proibido atirar com o motor em funcionamento ou com o barco em
movimento.

Aves de presa: Só podem ser soltas duas aves de presa a cada peça de caça.

Cavalo: Na caça com utilização de cavalo é proibido o uso de arma de fogo, arco ou
besta. A utilização de cavalo só é permitida na caça às espécies de caça maior, à raposa
e à lebre e na caça de cetraria.

Cães de caça: Nas montarias e na caça de salto ao javali não é limitado o número de
cães a utilizar, podendo apenas ser utilizadas matilhas de caça maior. No exercício da
caça a espécies de caça menor, cada caçador só pode utilizar no máximo dois cães, com
excepção das seguintes situações:

• Caça ao coelho-bravo de batida em que o número de cães não é limitado;

• Caça ao coelho-bravo por processo diferente do de batida em que cada caçador


ou grupo de caçadores pode utilizar até dez cães;

• Caça à raposa a corricão em que podem ser utilizados no máximo cinquenta cães;

• Caça à lebre a corricão em que podem ser utilizados, no máximo, dois cães de
busca e dois cães galgos a cada lebre.

TURISMO CINEGÉTICO 20
 
Capítulo 2 – Caça
 

2.5.1. Armas de Caça

As armas de caça podem ser do tipo mais variado. Utilizam-se armas de fogo, arcos e
bestas, e armas de mão (também conhecidas por "armas brancas") podendo estas
últimas apresentar várias formas, distintos comprimentos de lâminas e múltiplos tipos de
suporte.

Armas de fogo

As armas de fogo utilizadas na caça são constituídas por cano, báscula, coronha e fuste.
As armas de caça podem ser de dois tipos: Espingardas “Caçadeiras” e
Carabinas:

• Espingardas “Caçadeiras”: São armas de cano liso, concebidas para disparar uma
carga (a chumbada) de múltiplos pequenos projécteis esféricos (chumbos), mas
também podem disparar um projéctil único (bala). As caçadeiras são vulgarmente
utilizadas na caça menor, mas também podem ser utilizadas na caça maior desde
que utilize a munição adequada para este caso: a bala. As Caçadeiras podem ser
de um cano, com repetição manual ou semi-automática e de dois canos,
composta por canos justapostos ou canos sobrepostos.

• Carabinas: Armas de cano estriado, concebidas para disparar um único projéctil, a


maior distância e com maior precisão de que uma espingarda. Este grupo de
armas foi desenvolvido para a Caça Maior (Ex: Veado, Javali, Muflão, Corço) pois
tem maior precisão, maior alcance e maior energia.

Nas Figuras 2.1 e 2.2 estão representadas uma espingarda “caçadeira” e uma carabina.

Figura 2.1: Espingarda “caçadeira”. 
Fonte: armas e munições – www.captiare.net

Figura 2.2: Carabina. 
Fonte: armas e munições – www.captiare.net

TURISMO CINEGÉTICO 21
 
Capítulo 2 – Caça
 

Arcos e Bestas

Hoje, a caça com arco é praticada por um número imenso de caçadores por todo o
mundo, que consideram este tipo de arma como mais desportivo, dando mais vantagens
aos animais. Pelo facto de se necessitar de distâncias curtas de tiro (até aos 40/50
metros no máximo), pela necessidade de considerar os efeitos do vento lateral, pelas
compensações necessárias no processo de apontar, entre outros factores. Os arcos e as
bestas tanto podem ser usadas na caça maior como na caça menor, sendo nesta última
mais difícil porque se trata de animais em fuga, de muito pequeno porte, com movimentos
de deslocação nem sempre rectilíneos, o que dificulta o tiro.

Para a caça menor, as pontas das flechas são de tipo diferente das de caça maior;
enquanto as primeiras podem ter a forma de "pés de aranha" ou arredondadas para
apenas provocar forte impacto, as de caça maior são sempre munidas de lâminas de aço
em forma triangular (duas, três ou quatro lâminas) muito cortantes, com o objectivo de
penetrarem no corpo do animal e destruírem os órgãos, provocando ao mesmo tempo
grande hemorragia.

Uma das desvantagens da caça com este tipo de instrumentos é a morte lenta e
agonizante do animal batido. A morte dos animais atingidos com flechas sobrevém ao
cabo de algum tempo – dependendo da corpulência do animal e dos órgãos vitais
atingidos pela flecha – devido à progressiva perda de sangue. Com a correspondente
dose de sofrimento e lenta agonia.

Na caça com arco ou besta não é permitido o uso de flechas envenenadas ou portadoras
de qualquer produto destinado a acelerar a captura dos animais. Exemplo: Com pontas
explosivas, com barbelas ou com farpas.

Armas Brancas

A designação Armas Brancas refere-se de uma forma geral às facas e lanças que, pelas
suas características e de acordo com a recente legislação de armas, apenas podem ser
utilizadas em processos de caça. Tal significa que o seu transporte e porte apenas é
possível quando em deslocação para actos ou jornadas de caça, com as devidas
medidas de segurança.

Na Caça Maior estas armas têm uma única funcionalidade: permitir o remate de uma rês
ferida ou simplesmente agarrada pelos cães das matilhas. São facas de lâmina comprida,
normalmente com duas linhas de corte e eventualmente cânula sangradora central (linha
afundada no centro da lâmina, destinada a possibilitar uma mais fácil e rápida saída de

TURISMO CINEGÉTICO 22
 
Capítulo 2 – Caça
 

sangue através do golpe). Devem ser usadas com extremo cuidado e precaução pois,
devido á sua agudeza e afio, são extraordinariamente cortantes.

2.6. Ordenamento Territorial


Em Novembro de 2006 foi aprovado o novo regulamento (Decreto - lei nº 201/2005, de 24
de Novembro) da lei de bases gerais da caça que reformula a politica cinegética nacional,
orientada para o ordenamento de todo o território cinegético. A adequação da legislação
em vigor às novas realidades do país, bem como as preocupações de conservação do
meio ambiente, constituíram os principais motivos da aprovação da Lei de Bases Gerais
da Caça (Lei nº 173/99 de 21 de Setembro).

Actualmente existem em Portugal 300 mil caçadores dos quais apenas cerca de 230 mil
tiram licença anualmente. Todos os anos surgem novos caçadores formados,
aparentemente com um novo conhecimento e mentalidade sobre a caça.

2.6.1. Terrenos Cinegéticos

Para efeitos de organização da actividade venatória e do ordenamento do património


cinegético nacional, a actual Lei da Caça define terrenos cinegéticos. Os terrenos
cinegéticos, ou seja, aqueles onde é permitido o exercício de caça, podem ser de dois
tipos: Ordenados e Não Ordenados.

• Terrenos Cinegéticos não Ordenados – Terrenos livres onde não existem


quaisquer tipos de reservas e a caça é livre para todos os caçadores que
naqueles terrenos queiram caçar. Enquanto todo o território nacional não estiver
ordenado, o exercício da caça nestes terrenos é permitido de acordo com as
limitações gerais estabelecidas por lei.

• Terrenos Cinegéticos Ordenados – Nestes terrenos, o exercício da caça deve


processar-se de acordo com normas que garantam a conservação, o fomento e a
exploração dos recursos cinegéticos ao longo dos tempos.

2.6.2. Zonas de Caça

Para efeitos de ordenamento cinegético do país os terrenos cinegéticos são constituídos


em Zonas de Caça. Nas Zonas de Caça, para além das limitações gerais estabelecidas
por lei, o exercício da caça está sujeito a normas especiais de acordo com os respectivos
planos de gestão, de ordenamento e exploração. A constituição de zonas de caça (sejam
de que tipo for) é efectuada por prazos mínimos de 6 anos e máximos de 12 anos,
podendo ser renovados automaticamente, no máximo, por dois períodos. A área global
abrangida por zonas de caça que não sejam nacionais ou municipais, não pode exceder

TURISMO CINEGÉTICO 23
 
Capítulo 2 – Caça
 

50% da área total do municípios em que foi constituída. As zonas podem ser de quatro
tipos: nacionais, municipais, associativas e turísticas.

2.6.2.1. Zonas de Caça Nacionais (ZCN)

São constituídas em terrenos cinegéticos não ordenados cujas características físicas e


biológicas devem ser promovidas e preservadas como potencialidades cinegéticas, ou
que, por questões de segurança, justifiquem ser o Estado o responsável pela sua
administração.

São geridas pelas Direcções Regionais de Agricultura, conjuntamente com o Instituto de


Conservação da Natureza quando abranjam áreas classificadas. A gestão destas zonas
de caça pode, em situações particulares, ser transferida para associações e federações
de caçadores, associações de agricultores, de produtores florestais, de defesa do
ambiente, autarquias locais ou para outras entidades colectivas integradas por estas. O
acesso dos caçadores a estas zonas está sujeito a inscrição prévia e sorteio público, ou
outro sistema que garanta a igualdade de oportunidades a todos os caçadores
interessados sejam eles nacionais ou estrangeiros, obrigando ao pagamento de uma
taxa.

2.6.2.2. Zonas de Caça Municipais (ZCM)

Têm como objectivo proporcionarem o exercício da caça a um número maximizado de


caçadores em condições acessíveis. O acesso dos caçadores é feito pela seguinte ordem
de prioridade:

• Proprietários;

• Usufrutuários e arrendatários dos terrenos nelas inseridos;

• Caçadores que integrem a direcção da entidade que gere a ZCM, bem como os
membros das associações que participam na sua gestão;

• Caçadores residentes nos municípios onde as mesmas se situem, não associados


em zonas de caça integradas na mesma região cinegética;

• Caçadores não residentes nos municípios onde as mesmas se situam, não


associados em zonas de caça integradas na mesma região cinegética;

2.6.2.3. Zonas de Caça Associativas (ZCA)

Deverão ser constituídas de preferência em terrenos dos sectores privado ou


cooperativo, desde que haja a concordância das respectivas entidades titulares e
gestoras. Têm como objectivo principal possibilitar que as associações e clubes de

TURISMO CINEGÉTICO 24
 
Capítulo 2 – Caça
 

caçadores assegurem o exercício venatório aos seus associados, em terrenos


cinegéticos ordenados, realizando simultaneamente acções de fomento e conservação
da fauna. Nestas zonas é permitida a caça somente por caçadores associados e
respectivos convidados.

2.6.2.4. Zonas de Caça Turísticas (ZCT)

São zonas de interesse turístico que se constituem e são geridas por entidades
concessionárias públicas ou privadas (Clubes, associações, empresas) que tenham como
objectivo o aproveitamento económico e turístico dos recursos cinegéticos associado à
prestação de serviços turísticos de alojamento, animação, restauração e infra-estruturas
de apoio aos caçadores (pavilhão de caça). Têm por objectivo o aproveitamento
económico dos recursos cinegéticos, garantindo a prestação dos serviços turísticos
adequados. São constituídas com base em acordos estabelecidos com proprietários,
usufrutuários e arrendatários cujo contrato de arrendamento inclua a gestão cinegética
dos terrenos envolvidos.

As primeiras ZCT surgiram aquando da regulamentação da Lei da Caça de 1988.


Diversas empresas investiram nesta oportunidade de negócio e de aproveitamento do
espaço agrícola. Em 1995 existiam em Portugal 146 ZCT das quais 117 existiam no
Alentejo. Em 1996 já existiam no Alentejo 438 ZCT. Esta preferência do Alentejo para a
instalação de ZCT prende-se pela existência de grandes propriedades e excelente
apetência dos terrenos para a cinegética. De acordo com os últimos dados
disponibilizados no site da Direcção Geral dos Recursos Florestais existem actualmente
803 ZCT no país, destas 525 (65,37%) localizam-se no Alentejo o que demonstra bem a
importância destas para a região. O Distrito de Beja regista 214 ZCT sendo o distrito do
país com mais ZCT. Nas Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3 são apresentados o total de ZCT por
distrito e o total de ZCT no Alentejo e a comparação deste número com o total em
Portugal, respectivamente.

Depois de um abrandamento na criação destas zonas de caça por restrições impostas à


percentagem de ocupação em cada município de ternos ordenados e no decorrer destes
anos várias foram as alterações à lei no que diz respeito às ZCT. Em 2003 na 4ª edição
do Manual de Procedimentos Administrativos da Direcção Geral do Turismo surgiram
vários aspectos referentes ao processo de instalação e funcionamento das ZCT.O acesso
às ZCT é disponível a todos os caçadores que cumpram as normas privativas de
funcionamento das mesmas, desde que devidamente publicitadas.

TURISMO CINEGÉTICO 25
 
Capítulo 2 – Caça
 

Tabela 2.2: ZCT existentes no Alentejo.

Tabela 2.1: Distribuição das ZCT por


Distrito.

Fonte: Adaptado Direcção Geral dos Recursos.

Tabela 2.3 e Gráfico 2.1: Comparação das ZCT


existentes no Alentejo com o Resto do País.

Fonte: Adaptado Direcção Geral dos


Fonte: Adaptado Direcção Geral dos
Recursos Florestais.
Recursos.

Para além do exercício da caça, as concessionárias, devem assegurar a prestação de


serviços turísticos, de alojamento, animação, restauração e infra-estruturas de apoio aos
caçadores:

• Estas zonas devem dispor de alojamento turístico quando não existirem, num raio
de 50 quilómetros (contado a partir de qualquer ponto de delimitação da
concessão) outras formas de alojamento turístico (parques de campismo não
contam). Esta exigência não se aplica às zonas com área inferior a 1000 hectares
e cujos concessionários sejam proprietários de todos os terrenos nelas incluídos.

• No caso de não serem prestados serviços de alojamento turístico dentro das ZCT,
os respectivos concessionários devem assegurar a prestação desse tipo de
serviços através de vínculo contratual adequado com entidades prestadoras desse
tipo de serviços na região.

• Nas ZCT devem ainda existir infra-estruturas de apoio aos caçadores, em edifício
já existentes ou a criar para o efeito, devendo o mesmo respeitar a traça
arquitectónica da região onde se insere. Quando a mesma pessoa, singular ou

TURISMO CINEGÉTICO 26
 
Capítulo 2 – Caça
 

colectiva, for simultaneamente concessionária de duas ou mais zonas de caça


turísticas e as mesmas perfizerem uma área igual ou superior a 5000 hectares, a
implementação da infra-estrutura de apoio poderá seguir um regime específico:

o A infra-estrutura de apoio ou pavilhão é uma infra-estrutura recuperada ou


criada para esse fim dentro da ZCT e que serve de apoio ao caçador. Esta
tem de ter:

ƒ Cozinha e Copa;

ƒ Salas de Estar e de Refeições;

ƒ Quarto de emergência com kit de primeiros socorros;

ƒ Equipamento de comunicação com rede fixa;

ƒ Instalações sanitárias divididas por sexos;

ƒ Armeiro.

• As ZCT devem, sempre que possível, desenvolver iniciativas, projectos ou


actividades de animação turística que se destinem à ocupação dos tempos livres
dos caçadores e contribuam para a divulgação das características, produtos e
tradições das regiões onde se inserem, designadamente do seu património
natural, paisagístico, histórico, arquitectónico e cultural, da gastronomia, do
artesanato, do folclore e dos jogos tradicionais.

Cerca de 90% dos caçadores que procuram as ZCT são de nacionalidade portuguesa
sendo os 10% restantes caçadores estrangeiros. Não existem dados que permitam
quantificar a procura pelas ZCT no país. Como já foi referido, em Portugal cerca de 300
mil caçadores, destes cerca de 230 mil tiram licença de caça anualmente o que constitui
uma potência bastante importante em termos de procura. O número é elevado mas nem
todos os caçadores caçam nas ZCT, também os fazem nas restantes zonas de caça
existentes.

2.6.3. Requisitos de Exploração das Zonas de Caça

Os concessionários de zona de caça têm de apresentar na respectiva direcção regional


de agricultura uma proposta anual de exploração em cada época venatória. Esta deve ser
apresentada em impresso da Direcção Geral das Florestas e deve conter:

• A identificação das espécies a explorar e estimativa das populações das espécies


cinegéticas sedentárias;

TURISMO CINEGÉTICO 27
 
Capítulo 2 – Caça
 

• O número de exemplares de caça das espécies sedentária a abater, devendo, no


caso da caça maior (com excepção do javali) serem indicados o sexo e a idade;

• Os processos de caça a serem utilizados;

• Os dias da semana em que serão realizadas caçadas.

São algumas das obrigações dos titulares de Zonas de Caça:

• Efectuar a sinalização da zona de caça e conserva-la em bom estado;

• Efectuar o pagamento da taxa anual (a colocação da sinalização inicial depende


do pagamento da taxa respeitante ao primeiro ano da concessão);

• Cumprir e fazer cumprir as normas reguladoras do exercício da caça;

• Cumprir o Plano de Ordenamento bem como o Plano Anual de Exploração;

• Cumprir o Plano de Aproveitamento Turístico;

• Não permitir que, nos dois últimos anos de concessão, seja caçado um número de
exemplares de espécies cinegéticas superior à média dos 2 anos precedentes,
salvo nos casos autorizados pelas direcções regionais de agricultura;

• Comunicar às direcções regionais de agricultura, com um mínimo de 15 dias de


antecedência, a data e o local de realização de montarias e batidas a espécies de
caça maior.

São algumas das obrigações das Entidades Gestoras:

• Efectuar a sinalização da zona de caça e conserva-la em bom estado;

• Cumprir e fazer cumprir as normas reguladoras do exercício da caça,


designadamente os planos de gestão e exploração cinegéticos;

• Apresentar à Direcção Regional de Agricultura da área onde se situa a zona de


caça um plano anual de exploração, até 15 de Julho de cada ano, propondo:

o Espécies e processos de caça autorizados;

o Número previsto de jornadas de caça e limite de peças a abater.

São algumas das obrigações do Estado:

• Inspeccionar as infra-estruturas turísticas e os serviços nelas prestados, cujos


resultados devem ser comunicados à Direcção Regional de Agricultura. Compete
à Direcção Geral de Turismo executar a inspecção.

TURISMO CINEGÉTICO 28
 
Capítulo 2 – Caça
 

• Apoiar tecnicamente a gestão das zonas de caça e proceder a inspecções


destinadas a avaliar o cumprimento das obrigações referidas anteriormente. Este
apoio é oferecido, juntamente com a inspecção, pelas Direcções Regionais de
Agricultura, pela Direcção Geral das Florestas e pelo Instituto de Conservação da
Natureza (nas áreas classificadas).

No Anexo A.1, é apresentada a distribuição espacial das zonas de caça em Portugal no


ano de 1997.

2.7. Caça em Portugal


A caça é hoje vista mais como um desporto do que uma actividade para garantia da
sobrevivência humana. A caça é geradora de riqueza e de mão-de-obra, além de
promover as localidades do interior, que daí podem retirar dividendos, escoando produtos
regionais e oferecendo alojamento e alimentação a quem as visita.

2.7.1. Algarve

Destino turístico cada vez mais procurado por caçadores nacionais e estrangeiros, o
Algarve assume-se como uma região privilegiada da cinegética nacional. Com 27 zonas
de caça turística definidas, a que se juntam 135 zonas de caça associativas e 24 zonas
de caça municipais, num total de 185 reservas, o Sul de Portugal é hoje um paraíso para
os amantes da modalidade.

Cerca de 60% do território algarvio já está integrado no regime cinegético ordenado, o


que permite aos cerca de 114 mil caçadores da região, e aos muitos turistas que durante
a época de caça se deslocam ao Algarve, percorrer mais de 295 mil hectares. Uma
actividade que não destrói o equilíbrio do ecossistema, uma vez que muitas das peças
são criadas e sempre abatidas controladamente.

Em termos turísticos, as zonas de caça disponíveis na região distribuem-se por seis


concelhos, mas é Alcoutim que detém o maior número de reservas e as melhores
condições para o exercício da modalidade, a que se aliam as excelentes características
cinegéticas que permitem a coexistência de um grande número de peças de caça menor
e o javali. Actualmente, estão atribuídas 13 zonas de caça turística a Alcoutim, cinco a
Silves, três a Tavira e o mesmo número a Portimão, duas a Castro Marim e uma a Loulé.
Para que se possa praticar este desporto no Algarve, é apenas necessário possuir carta
de caçador e ter licença para caçar em Portugal, trâmite legal que pode ser obtido junto
da Federação de Caçadores do Algarve.

TURISMO CINEGÉTICO 29
 
Capítulo 2 – Caça
 

2.7.2. Alentejo

A oferta das ZCT no Alentejo é bastante grande como se pode constatar na Tabela 2.2, já
referenciada. Quanto à sua dimensão, a maioria tem entre 300 e 7.900 hectares de área
não existindo uma restrição legal para a sua dimensão. A oferta de caça nestas zonas
depende do tipo de terreno onde se encontram, do investimento em melhoramentos do
habitat da fauna, repovoamentos efectuados. Assim podem oferecer caçadas às espécies
de caça menor (perdiz, coelho, lebre, pombo, tordo, coelho, etc.) ou caça maior (javali,
veado, gamo, corso e muflão).

Mais de 90% das zonas de caça nesta região têm pavilhão de caça e cerca de 355
oferecem alojamento. Algumas ZCT oferecem ainda actividades complementares como
serviço de refeições e actividades de animação para acompanhantes como BTT, caça
fotográfica, birdwatching, passeios, entre outras actividades complementares.

2.8. Época Venatória


O período venatório é o intervalo de tempo em que cada uma das espécies pode ser
caçada e que é estabelecido dentro dos limites máximos legalmente definidos. A lei da
caça estabelece a necessidade de definir anualmente os períodos de caça, bem como as
espécies cinegéticas que é permitido caçar, os respectivos limites diários de abate e
outros condicionamentos venatórios.

Considera-se Época Venatória o período anual que decorre entre o dia 01 de Junho de
cada ano e o dia 31 de Maio do ano seguinte. O calendário venatório, publicado
anualmente por portaria, estabelece em cada época venatória as espécies cinegéticas
que podem ser caçadas, os períodos venatórios para cada espécie ou grupos de
espécies, incluindo a duração da jornada de caça a algumas espécies, os limites diários
de abate e os processos de caça autorizados e outros condicionantes venatórios.

Segundo o calendário de 2009/2010, na época venatória é permitida a caça às seguintes


espécies cinegéticas:

• Rola–comum; • Tarambola-dourada;

• Patos (pato-real, marrequinha, arrabio, • Galinhola;


piadeira);
• Narcejas (comum e galega);
• Galeirão-comum; galinha-d’água;
• Tordos (tordo-comum, tordo-ruivo, tordo–
• Pombos (bravo, torcaz e da rocha); zornal e tordeia) e estorninho-malhado;

• Codorniz; • Perdiz-vermelha;

TURISMO CINEGÉTICO 30
 
Capítulo 2 – Caça
 

• Faisão; • Javali;

• Coelho-bravo; • Veado;

• Lebre; • Gamo;

• Raposa; • Corço;

• Saca-rabos; • Muflão.

Os limites diários de abate para as espécies cinegéticas referidas, bem como os


respectivos períodos e outros condicionamentos venatórios, são os constantes dos
Anexos A.2, A.3, A.4.

2.9. Documentos Necessários ao Exercício Venatório


Durante o exercício da caça, o caçador deve trazer consigo os documentos abaixo
indicados aplicáveis ao acto venatório que ande a praticar e apresentá-los às entidades
fiscalizadoras sempre que estas os solicitem.

• Carta de Caçador, sempre que não esteja dispensado nos termos da lei (ver carta
de caçador);

• Recibo comprovativo da detenção de Seguro de Caça;

• Quando menor, autorização escrita do representante legal indicando período para


que é válida;

• Bilhete de Identidade ou Passaporte;

• Título de registo das Aves de Presa;

• Licença de Caça (ver licença de caça e seguro de caçador);

• Licença dos cães que acompanhem o caçador;

• Licença de Uso e Porte de Arma, Livrete de Manifesto e Declaração de


Empréstimo, quando a arma não seja do próprio caçador. No caso de estrangeiros
e portugueses não residentes em território português ou de membros do corpo
diplomático ou consular acreditados no nosso país, estes documentos tornam-se
substituíveis por outros que legitimem o uso da arma.

2.9.1. Carta do Caçador

A carta de caçador é um dos documentos indispensáveis para o exercício de caça e


destina-se a habilitar o seu titular para o exercício da caça.

2.9.1.1. Requisitos de Obtenção

TURISMO CINEGÉTICO 31
 
Capítulo 2 – Caça

A carta de caçador pode ser emitida a favor dos requerentes que reúnam
simultaneamente as seguintes condições:

• Sejam maiores de 16 anos;

• Não sejam portadores de anomalia psíquica ou de deficiência orgânica ou


fisiológica que torne perigoso o exercício da caça no âmbito da especificação
pretendida;

• Não estejam sujeitos a proibição de caçar por disposição legal ou decisão judicial;

• Tenham obtido aprovação no Exame de Caçador, destinado a apurar a aptidão e


o conhecimento necessário ao exercício da caça no âmbito da especificação
pretendida;

• Requeiram a concessão de carta de caçador até 31 de Maio do ano imediato ao


da realização de exame com aproveitamento.

2.9.1.2. Especificações

A carta de caçador admite as quatro especificações abaixo identificadas, as quais


condicionam o seu titular ao uso exclusivo, no exercício da caça, dos meios de caça que
as mesmas abrangem:

Sem arma de caça nem ave de presa: São consideradas armas de caça as armas de
fogo legalmente classificadas de caça, o arco, a besta e a lança;

Com arma de fogo: habilita o seu titular a exercer os actos venatórios com arma de fogo
legalmente classificada de caça e com lança, bem como com os meios de caça
correspondentes à especificação anterior;

Arqueiro-caçador: habilita o seu titular a exercer actos venatórios com arco ou com
besta e com lança, bem como com os meios correspondentes à primeira especificação;

Cetreiro: habilita o seu titular a exercer actos venatórios com ave de presa e com lança
bem como com os meios correspondentes à primeira especificação.

2.9.1.3. Infracções

Caçar sem estar habilitado com carta de caçador, quando exigida por lei: crime punido
com pena de prisão até 3 meses ou com pena de multa até 90 dias.

Caçar sem se fazer acompanhar da carta de caçador, quando exigida: contra-


ordenação punida com coima de 49,88 € a 498,80.

TURISMO CINEGÉTICO 32
 
Capítulo 2 – Caça

Caçar com carta de caçador que tenha ultrapassado a data de validade, mas no
período estabelecido para a sua renovação (5 anos) - contra-ordenação punida com
coima de 249,40 a 2493,99 euros.

2.9.1.4. Cartão do Caçador

O Cartão do Caçador é um cartão de descontos personalizado e nominativo que abrange


praticamente todos os sectores da vida económica nacional. Pensado fundamentalmente
para o caçador, tem particular incidência no sector cinegético e permite a realização de
compras com descontos imediatos e sem complicações. O seu objectivo é beneficiar
todos os caçadores portugueses com vantagens e descontos aliciantes aquando da sua
utilização que os cativem para o início ou continuidade da prática desta actividade,
promovendo, divulgando e beneficiando, simultaneamente, todas as empresas aderentes.

2.9.2. Licenças de caça

Nos termos do disposto na Portaria n.º 1509/2007, de 26 de Novembro, as licenças de


caça autorizam o exercício da caça a todas as espécies cinegéticas permitidas no
período venatório vigente. As licenças podem ser de tipo Nacional, Regional e para Não
Residentes em Território Nacional.

Licença Nacional – Permite caçar, sem prejuízo de outras limitações impostas por lei,
em todo o território nacional, durante uma época venatória. O montante da taxa devida
pela sua emissão é de 60 euros;

Licença Regional – Permite caçar na respectiva região cinegética, durante uma época
venatória, sendo o montante da taxa devida pela sua emissão de 30 euros;

Licença para Não Residentes em Território Nacional – Permite caçar, sem prejuízo de
outras limitações impostas por lei, em todo o território nacional, durante uma época
venatória. O montante da taxa devida pela sua emissão é de 100 euros; Para caçar
espécies cinegéticas de caça maior ou aquáticas, já não é, assim, necessário obter
qualquer outra licença.

2.10. Código de Comportamento do Caçador


O “Código de Comportamento do Caçador” foi elaborado tendo como base a publicação
do “Le Passeport du Chasseur”, editado pela Union Nationale des Federations
Departementales des Chasseurs. O objectivo deste código é o de promover uma ética de
caça fundamentada nas realidades de hoje. Responsável por um capital que importa
transmitir às gerações futuras, o caçador deve respeitar não somente as leis e os
regulamentos da caça, mas igualmente as regras do jogo biológico.

TURISMO CINEGÉTICO 33
 
Capítulo 2 – Caça

A seguir, listam-se algumas regras fundamentais do Código de Comportamento do


Caçador:

• Não confundir quantidade com qualidade: O melhor caçador não é


necessariamente o que abate mais peças.

• Respeitar as limitações ao exercício da caça: As limitações destinam-se a garantir


as necessidades ecológicas das espécies e do seu habitat. Não utilize meios de
captura desleais ou não selectivos.

• Identificar bem o alvo antes de atirar: O abate, mesmo involuntário, duma espécie
proibida não é digno de um caçador.

• Evitar caçar quando as condições facilitam a captura: não correspondendo ao


exercício normal da caça. Contribua para a sobrevivência da fauna na ocorrência
de circunstâncias anormais (secas prolongadas, incêndios e nevões fortes).

• Respeitar as distâncias e as condições normais de tiro: evitando ferir o animal, o


caçador deve evitar o sofrimento inútil da caça.

• Procurar sistematicamente a caça ferida ou morta: A caça abatida deve ser


encarada com respeito. Deve ser-lhe dada a melhor utilização possível.

• Não praticar a caça com espírito de lucro: Tentar sempre aperfeiçoar e actualizar
conhecimentos sobre as espécies cinegéticas e a legislação da caça.

• Ser um caçador responsável: apoiar sempre que possível os programas de estudo


e inquéritos sobre a fauna.

• Manter o melhor entendimento com os agricultores e proprietários da terra: Eles


são aliados na preservação da vida selvagem.

• Manter boas relações: com as autoridades e associações responsáveis pela caça


e pela protecção da natureza.

• Ser consciente das responsabilidades próprias: relativamente a um património


comum da Humanidade. Encarar com especial cuidado e ponderação a caça às
espécies migradoras.

• Controlar o número de peças de abate: Apoiar e cumprir os planos de exploração


e ordenamento da zona de caça escolhida.

• Reconhecer as funções úteis dos predadores: não os considerar como inimigos.

TURISMO CINEGÉTICO 34
 
Capítulo 2 – Caça

• Evitar os repovoamentos em excesso ou tecnicamente mal concebidos e as


largadas para tiro.

• Participar e apoiar a luta contra o furtivismo.

• Contribuir para a protecção e diversificação dos habitats da fauna selvagem. Lutar


pela conservação das zonas húmidas.

• Colaborar na protecção das áreas arborizadas por forma a evitar os incêndios


florestais.

• Preocupar-se com o ordenamento das zonas de caça. A fauna tem de ser ajudada
todo o ano, e não somente durante a época de caça.

• Esclarecer os agricultores para limitar as práticas agrícolas nocivas à fauna.

• Evitar perturbações inúteis na época de criação.

• Respeitar os agricultores e os proprietários dos terrenos de caça.

• Respeitar os outros “utilizadores da natureza” e aqueles que apreciam a sua


simples contemplação.

• Adoptar as regras: elementares de boa educação e civismo. Preservar a


tranquilidade dos residentes.

• Adoptar vestuário apropriado e correcto: não usar cores agressivas nem


camuflado militar.

• Evitar o uso de cães desobedientes: manter os cães à trela em estradas e


caminhos.

• Nunca esquecer a documentação.

2.11. Sinalização Venatória


O exercício da caça, ao ser entendido como a exploração racional de um recurso natural
renovável em harmonia com os limites impostos por condicionamentos nomeadamente
de ordem ecológica, económica e social e no respeito pelas convenções internacionais e
as directivas comunitárias transpostas para a legislação portuguesa, implica o
estabelecimento de regras e limitações a esta actividade.

A seguir, será apresentada uma informação estruturada sobre a sinalética venatória, que
deve ser tida como de extrema importância a qualquer que queira exercer o seu direito de
caça.

TURISMO CINEGÉTICO 35
 
Capítulo 2 – Caça

Modelo de Sinal Indicativo de Proibição de Caçar - Este sinal, nas cores vermelha e
branca, com as dimensões de 25×12,5 cm, indica que é proibido caçar (Figura 2.3).

Figura 2.3: Sinal de indicação – Proibido caçar.


Fonte: Manual para Exame – Carta de Caçador, p.17.

Este sinal indicativo da proibição de caçar utiliza-se isoladamente ou, em conjunto com
tabuletas do respectivo modelo indicado, como apresentado nos exemplos: Refúgios de
Caça (Figura 2.4) e Campos de Treino de Caça (Figura 2.5).

Figura 2.5: Sinal de indicação – Campos de Treino.


Figura 2.4: Sinal de indicação – Área de Refúgio.
Fonte: Manual para Exame – Carta de Caçador,
Fonte: Manual para Exame – Carta de Caçador,
p.18.
p.17.

Modelo de Sinal Indicativo de Áreas de não Caça - Os proprietários, usufrutuários e


arrendatários que não sejam caçadores podem requerer a proibição da caça nos seus
terrenos. Os terrenos onde por esta via seja proibida a caça denominam-se áreas de não
caça. As áreas de não caça são delimitadas com a tabuleta apresentada na Figura 2.6,
nas cores branca e verde, com as dimensões de 35×25 cm e utilizada conjuntamente
com o sinal de proibição de caçar.

Modelo de Sinal Indicativo de Área Interditas à Caça em Áreas Classificadas - Para


além do sinal indicativo de proibição de caçar apresentado inicialmente, na delimitação

TURISMO CINEGÉTICO 36
 
Capítulo 2 – Caça

de áreas interditas à caça em áreas classificadas pode também ser utilizado o sinal
representado na Figura 2.7.

Figura 2.6: Sinal de indicação – Área de Não Caça.


Fonte: Manual para Exame – Carta de Caçador, p.18.
Figura 2.7: Sinal de indicação – Proibição de
Caça em Áreas Classificadas.
Fonte: Manual para Exame – Carta de Caçador,
p.18.

Sinalização das Zonas de Caça - As tabuletas dos modelos de sinalização que


identificam as Zonas de Caça utilizam-se conjuntamente com o modelo de sinal indicativo
de proibição de caçar sem consentimento de quem de direito para identificar terrenos
incluídos em zonas de caça. Tal como é mostrado nas Figuras 2.8, 2.9, 2.10, 2.11.

Figura 2.8: Sinal de indicação – Área de Caça Nacional.


Fonte: Sinalização Venatória – Autoridade Florestal Nacional
(site).

Figura 2.9: Sinal de indicação – Área de Caça Municipal.


Fonte: Sinalização Venatória – Autoridade Florestal Nacional
(site).
TURISMO CINEGÉTICO 37
 
Capítulo 2 – Caça

Figura 2.10: Sinal de indicação – Área de Caça Associativa.


Fonte: Sinalização Venatória – Autoridade Florestal
Nacional (site).

Figura 2.11: Sinal de indicação – Área de Caça Turística.


Fonte: Sinalização Venatória – Autoridade Florestal Nacional
(site).

2.12. Conservação das Espécies Cinegéticas


A Lei da Caça estabelece princípios orientadores que devem nortear a actividade
cinegética nas suas diferentes vertentes, com especial ênfase para a conservação da
natureza, criação e melhoria das condições que possibilitam o fomento das espécies
cinegéticas e exploração racional da caça, na perspectiva da gestão sustentável dos
recursos cinegéticos. Segundo o Artigo 4º do Regulamento Lei de Bases Gerais da Caça,
tendo em vista a preservação da fauna e das espécies cinegéticas, é proibido:

a) Capturar ou destruir ninhos, covas e luras, ovos e crias de qualquer espécie, salvo
quando autorizado;

b) Caçar espécies não cinegéticas;

c) Caçar exemplares de espécies cinegéticas fora das condições legais do exercício


da caça;

d) Caçar nas queimadas, áreas percorridas por incêndios e terrenos com elas
confinantes, numa faixa de 250 m, enquanto durar o incêndio e nos 30 dias
seguintes;

TURISMO CINEGÉTICO 38
 
Capítulo 2 – Caça

e) Caçar em terrenos cobertos de neve, com excepção de espécies de caça maior;

f) Caçar nos terrenos que durante as inundações fiquem completamente cercados


de água e numa faixa de 250 m adjacente à linha mais avançada das inundações,
enquanto estas durarem e nos 30 dias seguintes;

g) Abandonar os animais que auxiliam e acompanham o caçador no exercício da


caça.

2.12.1. Espécies Integralmente Protegidas

Aves de Rapina

Ocorrem em Portugal, com regularidade, 26 espécies de


aves de rapina diurnas (abutres, águias, milhafres,
açores, gaviões, falcões e peneireiros) e 7 espécies de
rapinas nocturnas (bufos, corujas, mochos).

Frequentemente as aves de rapina são acusadas de exterminarem os recursos


cinegéticos. No entanto, embora a maior parte inclua na sua alimentação espécies
cinegéticas, o número de exemplares normalmente predadores, raramente é de molde a
influenciar negativamente a dinâmica populacional das presas.

As aves de rapina capturam preferencialmente as espécies mais abundantes,


contribuindo para a adequação à capacidade de suporte, e as presas mais fáceis (crias,
doentes, velhos), contribuindo para a manutenção quer da sanidade da população quer
da sua estrutura etária.

Pelas razões apontadas, as rapinas não devem obrigatoriamente ser relacionadas com a
diminuição da caça. Pelo contrário, a sua abundância e diversidade são indicadores
seguros de que uma região possui comunidades animais ricas e saldáveis.

Lince-Ibérico

O lince-ibérico (Lynx Pardina) é um felino que existe


unicamente em Portugal e Espanha. É uma espécie
exclusivamente carnívora, cuja alimentação baseia-
se no coelho-bravo e é completada por roedores,
aves e eventualmente pequenos ungulados (crias e
juvenis de gamo, veado ou javali). Só esporadicamente caça a lebre e a perdiz. O habitat
do lince-ibérico é tipicamente constituído por matagais densos, em áreas de escassa
influência humana. Por ser muito dependente destes matagais, o lince escasseia sempre
que eles são destruídos. Tornou-se, assim, uma das espécies mais ameaçadas de

TURISMO CINEGÉTICO 39
 
Capítulo 2 – Caça

extinção. Em Portugal, sobrevive apenas em pequenos núcleos dispersos pela Beira-


Baixa, Alentejo e Algarve, de modo geral em baixa densidade.

Abetarda

A abetarda (Otis tarda) é uma das aves mais


corpulentas da fauna portuguesa. Encontrando-se
extinta na maior parte da Europa, tem sido objecto
de protecção nos países onde ainda existe. Em
Portugal podem ser observadas no Alentejo, nas
planícies cerealíferas abertas ou com muita baixa
densidade de coberto arbóreo, alimentando-se de grãos, rebentos de plantas, insectos e
mesmo ratos e lagartixas.

Apesar de ser uma ave residente maioritariamente em Portugal, os efectivos que


constituem a população portuguesa de abetardas são reduzidos. A destruição do seu
habitat, especialmente devido ao abandono das práticas agrícolas tradicionais, tem
diminuído drasticamente as áreas disponíveis para esta espécie.

Lobo-Ibérico

O Lobo (Canis lupus, Linnaeus) é um mamífero da


família dos canídeos. É o canídeo selvagem de
maiores dimensões da actualidade. Outrora
abundante e com uma grande distribuição territorial,
encontra-se hoje confinado a uma pequena porção do
seu território ancestral.

Em Portugal, este lobo possui o estatuto de conservação de espécie em perigo, sendo


considerada prioritária. São diversas as ameaças à sua conservação em território
nacional, das quais se destacam a escassez de presas selvagens, desaparecimento da
vegetação autóctone, fragmentação de habitat por implementação de grandes infra-
estruturas, conflitos de diversa ordem com o Homem.

2.13. Analise SWOT


Na sua tese de licenciatura, Mário José, baseado num questionário efectuado a vários
empresários do sector enumera uma série de pontos fortes e fracos, bem como ameaças
e oportunidades do turismo cinegético que aqui são apontados de uma forma resumida
no Quadro 1.2.

TURISMO CINEGÉTICO 40
 
Capítulo 2 – Caça

Quadro 1.2: Análise SWOT do turismo cinegético em Portugal.

Fonte: Adaptado de Mário José, dissertação: Turismo Cinegético no Alentejo como


Produto Turístico.

Esta análise auxilia na sistematização dos vários aspectos que têm sido e que ainda
serão referidos ao longo deste trabalho efectuando uma análise à envolvente interna e
externa ao Turismo de Caça em Portugal. Esta análise revela que a caça é uma
actividade com futuro e que mostra um grande dinamismo e potencial ainda por explorar.

2.13.1. Medidas Tácticas e Estratégicas

Como complemento da análise apresentada na secção anterior, foram identificadas as


medidas a serem aplicadas de forma a minimizar os efeitos negativos das ameaças e
oportunidades. Estas medidas dividem-se em tácticas e estratégicas, que deverão
desenvolver-se para estimular o turismo cinegético em Portugal.

Medidas Estratégicas

• No Âmbito da Liderança importa:

TURISMO CINEGÉTICO 41
 
Capítulo 2 – Caça

o Posicionar o segmento de turismo cinegético como um alternativo de alto


valor agregado em termos de desenvolvimento rural e conservação de
espécies e habitat.

o Conseguir a participação coordenada e adequadamente orientada dos


diversos actores, que intervêm na actividade para assegurar a pertinência
e permanência das políticas na matéria e na realização de programas e
projectos integrados.

• Para promover o desenvolvimento, é necessário:

o Melhorar as condições de operação da actividade através, primeiramente,


do melhoramento da gestão das reservas de caça, e em segundo lugar,
dos serviços cinegéticos e turísticos.

o Melhorar e desenvolver a oferta cinegética no que diz respeito às espécies


(quantidade, qualidade e diversidade) e aos serviços (turísticos e
cinegéticos).

o Desenvolver a procura de caçadores através da incorporação dos


caçadores furtivos na procura formal nacional, entre outras medidas.

• No Âmbito do Incremento e Distribuição dos Benefícios, é preciso:

o Complementar a oferta cinegética com outros segmentos relacionados


com a natureza para compensar temporadas de caça.

o Desenvolver a integração das pequenas e médias empresas locais de


suporte: empresas turísticas e de abastecimento, por exemplo.

Medidas Tácticas

• No âmbito da liderança, as medidas tácticas que se deve aplicar são as seguintes:

o Elaborar de um plano de desenvolvimento do turismo cinegético e


estabelecer de um sistema de controlo avaliação que permita ajustar as
acções pertinentemente.

o Desenvolver um sistema permanente de análise da oferta e da procura,


desenvolver mecanismos de coordenação e concertação para os sectores
público e privado que participam na actividade, nomeadamente na matéria
de designação de tarefas, normativas, custos das caçadas, supervisão.

TURISMO CINEGÉTICO 42
 
Capítulo 2 – Caça

o Rever o plano normativo para que o turismo cinegético contribua para a


sustentabilidade das suas regiões de influência, sem impedir a eficiência
operativa do negócio.

• No âmbito do desenvolvimento do mercado, as medidas necessárias são:

o Simplificar os trâmites e a abertura de canais de comunicação entre as


autoridades responsáveis, associações de caçadores e prestadores de
serviço.

o Promover o financiamento adaptado aos projectos orientados a


complementar a oferta num padrão de sustentabilidade, especialmente
para a pequena e média empresa.

o Estabelecer programas para sensibilizar a atenção com o meio ambiente,


assim como o respeito pela cultura e costumes locais.

o Fortalecer a capacidade e qualidade do alojamento, alimentos e bebidas.

o Qualificar a assistência técnica tanto para a conservação das espécies


como para a administração eficiente e rentável dos espaços de
aproveitamento cinegético.

o Desenvolver mecanismos de informação: nos pontos de entrada do país,


em clubes ou associações de caça, centros de distribuição de informação
turísticas.

o Desenvolver campanhas de promoção que permitam posicionar a imagem


e o produto cinegético português, através de meios específicos como
revistas especializadas, eventos e organizações de caçadores.

2.14. Factores Negativos


Como qualquer outra actividade, a caça também possui os seus impactes negativos,
como por exemplo o uso de venenos, o abandono dos cães de caça, a falta de uma
gestão sustentável dos recursos cinegéticos etc.

• O uso de venenos em Portugal está intimamente ligado à actividade cinegética.


Apesar de não ser uma prática exclusiva deste sector, um grande número de
casos de envenenamento detectados estão relacionados com a Caça. A
passividade e a impunidade têm gerado um conformismo e uma aceitação quase
generalizada do veneno por parte dos responsáveis pelo sector da Caça. Um dos
melhores exemplos é a posse de Apomorfina por parte de um grande número de

TURISMO CINEGÉTICO 43
 
Capítulo 2 – Caça

caçadores, que é utilizado para provocar o vómito imediato aos animais, sendo o
recurso de eleição por parte de muitos caçadores no momento em que detectam
que um dos seus cães ingeriu um isco envenenado.

• O controlo ilegal de predadores que é levado a cabo por um grande número de


zonas de caça.

• A ignorância e falta de formação no que respeita à biologia das espécies


silvestres, tanto predadoras como presas (cinegéticas).

• O desrespeito total pela Natureza e pela Biodiversidade.

• A necessidade de rentabilizar a Caça quando se recorrem a práticas cinegéticas


insustentáveis e que apenas visam o lucro fácil e imediato (largadas,
repovoamentos incorrectos).

• A falta de fiscalização séria e o fácil acesso a produtos que podem ser usados
como veneno têm contribuído para que o controlo ilegal de predadores seja uma
prática corrente e bem conhecida e admitida por todas as pessoas que estão
envolvidas com o sector cinegético.

• A total impunidade, a falta de preocupação e/ou formação das autoridades para


lidar com os casos que são detectados e notificados, e pior ainda, as
insuficiências da legislação actual têm impedido uma mudança de atitude,
mentalidade e de práticas de gestão cinegética.

• Para além do controlo ilegal de predadores, existem os conflitos entre zonas de


Caça, ou entre as populações locais e os caçadores. O ordenamento
cinegético (ou a falta dele e/ou a forma como é realizado) têm estado na origem
destes conflitos, mas também nestes casos, é a total impunidade que permite a
seu perpetuação.

• Outro problema frequentemente relacionado com a actividade cinegética é o


abandono de cães no final das épocas de Caça. Pelas mais diversas razões,
estes animais são deixados de forma deliberada nos montes e não há
mecanismos nem preocupação das autoridades responsáveis para proceder à
recolha destes animais. Estes cães abandonados tornam-se predadores das
espécies cinegéticas causando tanto ou maior impacte negativo sobre as mesmas
do que os predadores silvestres.

TURISMO CINEGÉTICO 44
 
Capítulo 2 – Caça

2.14.1. Iniciativas – Liga para a Protecção da Natureza

Em Abril de 2009, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) teve a oportunidade de


expor ao Governo algumas das questões sobre o sector da caça que preocupam a
associação. Em 15 de Agosto, dia da abertura da caça, a LPN tornou públicas estas
questões, protestou contra a abertura da época de caça a 15 de Agosto, para as 10
espécies de aves migradoras, e lamentou a falta de diálogo sério sobre a gestão
sustentável da caça, tão importante para a economia no meio rural.

A LPN expôs aos Secretários de Estado do Ambiente, Prof. Dr. Humberto Rosa, e do
Desenvolvimento Rural e das Florestas, Dr. Ascenso Simões, um documento que
manifesta as 10 grandes preocupações da LPN sobre o sector da caça em Portugal:

Adequação do calendário venatório às características das espécies cinegéticas -


Os períodos venatórios devem ser adequados à época de reprodução e de migração
para que as caças não ocorram durante tais fases.

Revisão da legislação de caça - É fundamental e estratégico que as ONGA


(Organizações Não Governamentais de Ambiente) e em particular, a LPN tenham a
possibilidade de oferecer contributos sobre a Gestão da Caça, e que estes mesmos
sejam ouvidos e debatidos pelas tutelas.

Avaliação das espécies cinegéticas que devem constar como exploráveis - A LPN
solicita que se constitua um grupo de trabalho transversal com o objectivo de compilar
toda a informação possível sobre as 40 espécies cinegéticas presentemente autorizadas
de serem exploradas e corrigidas e, posteriormente, rever a lista actual tendo em conta
os princípios de sustentabilidade referidos na Lei de Bases Gerais da Caça.

Substituição do chumbo nos projécteis - A Comissão Europeia promoveu a eliminação


progressiva do uso de munições com chumbo (metal pesado presente nos projécteis de
caça que provoca contaminação das aves e posterior morte por saturnismo - intoxicação
pelo chumbo). No entanto, o compromisso do Estado português não foi cumprido dado
não terem existido qualquer transposição deste acordo para o quadro jurídico nacional.

Agilização dos processos de direito à não caça - A LPN solicita que sejam agilizados
todos os pedidos de direito à não caça ainda pendentes. Os direitos venatório e de não
caça estão ambos legalmente reconhecidos, pelo que seria de se esperar atenção e
actuação idêntica por parte das tutelas.

Terrenos cinegéticos não ordenados - A LPN solicita que os 12% do território


português identificados como terrenos cinegéticos não ordenados, sejam transformados

TURISMO CINEGÉTICO 45
 
Capítulo 2 – Caça

em terrenos ordenados, para que as obrigações de gestão e ordenamento sustentado


sejam imputadas aos caçadores que exercem o direito venatório nestas áreas.

Áreas de Refúgio de Caça e de Zonas de Interdição à Caça - A LPN solicita que seja
estabelecida uma Rede Nacional de Terrenos Não Cinegéticos (terrenos que abrangem
as áreas de refúgio de caça e as zonas de interdição à caça) integrada e articulada.

Zonas de Caça Nacionais - A LPN solicita que as ZCN (Zonas de Caça Nacionais)
possam conceder a exploração dos recursos cinegéticos ao sector privado (sendo então
desvirtuada a designação de ZCN) a fim de que a preservação dos valores ambientais
existentes nestas Zonas possam ser tidos como prioridade absoluta.

Consulta às ONGA nos processos de decisão - A LPN solicita que esta, e as outras
ONGA, possam participar nos processos de gestão cinegética nacionais.

Reactivação do Conselho Nacional da Caça e da Conservação da Fauna - O


Conselho Nacional da Caça e da Conservação da Fauna (CNCCF) é o órgão consultivo
de apoio ao Governo para a definição da política cinegética nacional, entre outros
assuntos. A LPN solicita ao Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das
Pescas que reactive o CNCCF, como espaço de diálogo e consenso, o mais breve
possível.

TURISMO CINEGÉTICO 46
 
Capítulo 3 – Pesca

3. PESCA
3.1. INTRODUÇÃO
Este capítulo é dedicado ao turismo de pesca, e a actividade da pesca em si. Será
caracterizado o turismo de pesca, e analisados os seus os impactes, tanto positivos,
como negativos. Os métodos de pesca serão identificados, juntamente com as zonas de
pesca em que estão divididas o território Nacional. Por fim será realizada uma breve
referência ao turismo de pesca sustentável.

3.2. Turismo de Pesca


O turismo de pesca refere-se ao deslocamento de turistas com interesse na pesca
amadora ou profissional, cuja consciência ecológica dos pescadores prevalece como
forma de preservar os recursos naturais. O turismo de pesca pode tornar-se importante
no cenário do turismo nacional se for bem explorado, pois além de movimentar a
economia, pode trazer benefícios como o estímulo à pesca desportiva e a sensibilização
dos pescadores amadores.

O turismo de pesca é praticado por muitos, como actividade secundária, como fuga à
vida quotidiana, ou simplesmente como uma forma de passar o tempo. Nos dias de hoje
é uma actividade bem desenvolvida e praticada tanto pelos mais novos como pelos mais
velhos.

Nas últimas décadas, desenvolveu-se em Portugal e um pouco por todo o mundo,


diferentes conceitos de pesca: a pesca profissional é aquela exercida como actividade
comercial, praticada por indivíduos devidamente licenciados; a pesca desportiva é a
pesca exercida em competição organizada tendo em vista a obtenção de marcas
desportivas, incluindo o treino e a aprendizagem; e a pesca lúdica, exercida como
actividade de lazer ou recreio em que não podem ser comercializados os exemplares
capturados.

A pesca lúdica é aquela que pertence ao turismo cinegético, visto que nas outras duas o
indivíduo visa ou trabalho, ou aprendizagem, o que deixa de ser qualificado como
turismo. Contudo, pode-se dizer que a pesca desportiva contribui indirectamente para o
turismo, visto que em períodos de grandes competições, em que os desportistas deixam
o seu país para participar dos campeonatos, é mais que possível que além de virem
competir, também façam turismo, seja ele de pesca ou qualquer outro tipo de turismo.

TURISMO CINEGÉTICO 47
 
Capítulo 3 – Pesca

A pesca não é uma actividade recente, porém, o turismo de pesca é um segmento


relativamente novo e possui poucos concorrentes. Muitos turistas procuram por este tipo
de viagem, estando dispostos a pagar altos preços para praticar o seu desporto favorito
aliado ao bem-estar que sentem pelo contacto com a natureza.

Eventos turísticos em Portugal

Em 2006 decorreram em Portugal os Mundiais de Pesca Desportiva com várias provas a


serem disputadas no Alentejo como o campeonato do mundo de pesca embarcada.
Realizou-se também em Alqueva a maior prova europeia de pesca embarcada ao achigã,
que contou com a participação de várias equipas estrangeiras e trouxe ao Alentejo entre
participantes e acompanhantes mais de 1000 pessoas. O público também marcou uma
forte presença. O Torneio de pesca embarcada ao achigã realiza-se todos anos e
dinamiza bastante as aldeias ribeirinhas de Campinho, Luz e Monsaraz através das
provas. Estes grandes eventos integram-se perfeitamente na lógica do turismo cinegético
como afirma Licínio Cunha na obra Economia e Politica do Turismo (1997), defendendo
que nesta área muita há ainda por explorar.

3.3. Zonas de Pesca


Tendo em conta a elevada procura dos recursos aquícolas por parte dos pescadores e no
sentido de desenvolver a sua gestão sustentada, são estabelecidas normas específicas
de utilização que têm como principal objectivo a protecção. O estabelecimento destas
normas é feito através da criação de zonas que exigem diferentes graus de protecção
que vão até à proibição da pesca:

Zonas de Abrigo e Zonas de Desova: nestas zonas é proibida a prática da pesca. Estas
zonas visam a protecção e preservação das espécies que se encontram nestes locais por
serem propícios ao seu desenvolvimento.

Zonas de Pesca Reservada: Têm como propósito racionalizar a utilização dos recursos
aquícolas sendo só permitida a prática de pesca desportiva ou de lazer. Estas zonas têm
um regulamento adequado ao seu objectivo, que estabelece o número diário de pessoas,
os períodos, processos e meios de pesca, dimensões mínimas e os tipos de licenças
obrigatórias.

Zonas de Pesca Condicionada: São zonas que não têm um regulamento próprio, no
entanto restringem o material de pesca à cana e linha de mão. Tem como principal
objectivo a proibição da pesca profissional em locais onde a pesca é prejudicial ao
desenvolvimento de certas espécies.

TURISMO CINEGÉTICO 48
 
Capítulo 3 – Pesca

Zonas de pesca profissional ou comercial: A pesca profissional ou comercial deixou


de ser vista como meio de subsistência que era indispensável no passado, e passou a
ser vista como uma actividade com grande impacte socioeconómico, pelos elevados
valores que chegam a atingir certas espécies. É também uma actividade geradora de
conflitos entre pescadores profissionais e desportivos. Por esta razão, houve
necessidade de restringir a pesca profissional a estas zonas, onde existem igualmente
regulamentos a seguir. Estas regras visam a gestão e exploração adequada a cada
pesqueiro, tendo em conta certos métodos tradicionais.

3.4. Impactes
Tal como qualquer outra actividade turística, o turismo de pesca possui impactes
negativos e positivos, que devem ser analisados a fim de ser possível desenvolver os
impactes positivos, de modo a minimizar os impactes negativos.

Impactes negativos

• Comprometimento da fauna e da biodiversidade com a redução do número de


indivíduos de algumas espécies de peixes;

• Diminuição de stocks pesqueiros, ou seja, aqueles peixes de maior valor


económico;

• Surgimento de aterros, desflorestação e barragens, criadas a fim de serem


construídas infra-estruturas turísticas;

• Poluição dos mares, rios e lagos, e invasão de áreas de praia;

• Prática da pesca predatória e com o uso de produtos e apetrechos proibidos:


pescas com explosivos, com cloro, com lixívia e com venenos, consideradas de
alto valor destrutivo, que afectam a fauna, a flora e o substrato de fundo;

• Se o turismo de pesca representar uma actividade de grande procura e forte


geração de renda local, é possível que se torne massificada;

• Sazonalidade, ou seja, nos períodos de proibição da pesca, a falta de visitantes


pode gerar problemas económicos e sociais à população local;

Impactes positivos

• Preservação das áreas naturais nos destinos onde se é praticada a pesca, pois o
meio ambiente natural é a própria matéria-prima do turismo;

TURISMO CINEGÉTICO 49
 
Capítulo 3 – Pesca

• Possibilita aos turistas o contacto directo com a natureza, sendo orientados em


como agir no meio natural, rios, florestas e no próprio trajecto do passeio.

• Utilização da mão-de-obra local, restaurantes, hotéis e comércio, gerando a


melhoria da qualidade de vida da população local.

• Lazer e entretenimento através dos eventos desportivos, bem como o intercâmbio


cultural entre os visitantes e população local.

• Geração de emprego e renda para as empresas turísticas que actuam no sector


receptivo bem como as empresas que oferecem infra-estrutura de apoio ao
visitante como lojas especializadas em equipamentos desportivos.

3.5. Perigos e Comportamentos na Pesca


A pesca é uma excelente forma para fugir ao stress do dia-a-dia, no entanto, o não
cumprimento de algumas regras de segurança podem levar a problemas graves.

Grande parte dos acidentes ligados à pesca ocorrem porque o pescador se descuida da
sua segurança e põe em primeiro plano a pescaria. Por vezes são escolhidos locais
pouco seguros mas que estão carregados de peixe. Estes desleixos por parte da
segurança têm vitimado pescadores dos menos aos mais experientes, deste modo, a
segurança deve estar sempre em primeiro lugar.

É importante ter em conta que é possível acontecer mudanças repentinas das condições
atmosféricas que podem fazer com que a pescaria termine;

O aumento da maré e a força do vento podem causar surpresas desagradáveis;

O pescador deve verificar se o lugar onde se encontra permite uma saída rápida e em
segurança;

Muitas vezes, durante a pesca nocturna, o pescador perde a noção da altura. É


importante manter a noção da diferença entre o local e a água utilizando objectos
adequados que ajudem a manter a percepção;

O pescador deve sempre ter iluminação suficiente;

No caso de ir pescar para rios e albufeiras, o pescador deve verificar se o lugar onde se
encontra não é propício a desmoronamentos ou outros acidentes semelhantes;

O pescador deve verificar se existem linhas de alta-tensão próximas e devem ter cuidado
com os lançamentos para que não atinjam pessoas ou objectos;

Nunca se deve pescar durante uma trovoada;

TURISMO CINEGÉTICO 50
 
Capítulo 3 – Pesca

Deve-se sempre verificar se a ondulação não põe o pescador em risco, visto que a
agitação marítima pode alterar-se;

O pescador nunca se deve por em risco para recuperar material, e se o material ficou
preso deve cortar a linha;

O pescador deve conhecer formas de lidar com as espécies de peixes mais perigosas;

Deve-se sempre usar calçados não escorregadios;

É preciso evitar vestuário onde os aparelhos de pescas tenham a possibilidade de ficar


presos;

Deve ser usado vestuário leve, que não interfira com a necessidade de nadar, caso
alguma coisa caia na água.

3.6. Turismo de Pesca Sustentável


Para prevenir os impactos ambientais do turismo, principalmente o turismo desportivo,
que se utiliza na grande maioria de recursos naturais, é preciso concentrar esforços no
desenvolvimento do turismo sustentável, não apenas do património ambiental, mas
também do cultural.

Para tal, deve-se desenvolver o turismo sustentável, ou seja, racionalizar o uso, a


conservação e a protecção adequada aos recursos do património natural, ambiental e
cultural, em harmonia com a sobrevivência humana e o bem-estar social, não apenas na
actualidade, mas principalmente visando às gerações futuras, podendo satisfazer as
necessidades económicas e sociais, mantendo, simultaneamente, a integridade cultural e
ecológica.

Para obter sucesso, a exploração do turismo de pesca na comunidade receptora


necessita ser planeado e gerido de modo a melhorar a qualidade de vida dos residentes
e proteger os locais em que esta actividade é praticada. A protecção do ambiente e o
desenvolvimento de uma actividade turística de sucesso são indispensáveis.

TURISMO CINEGÉTICO 51
 
Capítulo 3 – Pesca

CONCLUSÃO
Da análise que foi realizada durante o processo de construção deste relatório é possível
apontar o turismo cinegético, principalmente a caça, como uma actividade com grandes
impactes no território e também nas economias regionais e locais. O trabalho permitiu
ainda verificar que a caça, enquanto atractivo turístico, tem o seu maior exemplo nas
zonas de caça turísticas, que se constituem e são geridas por entidades concessionárias
que tenham como objectivo o aproveitamento económico e turístico dos recursos
cinegéticos, associado à prestação de serviços turísticos de alojamento, animação,
restauração e outras infra-estruturas de apoio aos caçadores.

O turismo cinegético é sustentável a nível económico, cultural, social e ambiental


interagindo com outros sectores de actividade. Ficou provado que o turismo cinegético é
um produto turístico sustentável mas que ainda não encontrou um tratamento adequado.

A maioria dos caçadores, através das organizações a que pertencem tem revelado um
forte empenho em colocar a preservação da natureza como prioridade pois sem esta
consciência a caça, e de igual modo, a pesca, estariam em perigo. Em prol da
concretização do objectivo de preservar ao mesmo tempo que se pratica a caça, os
caçadores criaram um código do caçador que prevê sobretudo medidas de preservação
da natureza como, não abandonar lixo e cartuxos vazios no campo.

Apesar da sustentabilidade identificada no turismo cinegético, como todas as actividades


turísticas, foi possível descobrir factores negativos provenientes da prática deste tipo de
turismo, tornando então necessário apostar na formação e sensibilização de praticantes,
além de uma maior participação das Organizações não Governamentais de Ambiente na
gestão cinegética em Portugal.

Espera-se que com este trabalho tenha sido possível provar que o turismo cinegético:
provê um maior desenvolvimento às localidades em que é praticado; constitui-se numa
actividade de crescente importância e alargamento tanto em Portugal como em outras
partes do mundo; envolve outras actividades complementares tanto desportivas, como
ambientais e ecológicas; possui maior intensidade no Alentejo; e possui tanto pontos
fortes, como pontos fracos, e ainda oportunidades e ameaças, que devem ser analisados
de modo a que sejam aplicadas as medidas estratégicas mais adequadas.

Ao longo da realização deste trabalho foram encontradas algumas dificuldades em


termos de síntese e compilação de informações recolhidas durante o processo de
pesquisa. Felizmente, após um período de análise e identificação das informações mais
relevantes, foi possível concluir-se, sinteticamente, o presente relatório.

TURISMO CINEGÉTICO 52
 
Anexo A

Anexo A

Anexo A.1: Reservas e concessões de Caça em


1997. 

Anexo A.2: Calendário Venatório das Espécies Sedentárias – Terrenos ordenados.

Fonte: Diário da República nº 60 – Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas –


Portaria n.º 308-A/2009.
TURISMO CINEGÉTICO 53
 
Anexo A

Anexo A.3: Calendário Venatório das Espécies Sedentárias – Terrenos não ordenados.

Fonte: Diário da República nº 60 – Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das


Pescas – Portaria n.º 308-A/2009.

Anexo A.4: Calendário Venatório das Espécies Migratórias – Terrenos ordenados e não ordenados.

Fonte: Diário da República nº 60 – Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das


Pescas – Portaria n.º 308-A/2009.

Bibliografia

TURISMO CINEGÉTICO 54
 
Bibliografia

CUNHA, Licínio (1997), Economia e Política do Turismo. Alfragide: Editora McGraw-


hill.
Direcção-Geral dos Recursos Florestais. (2005). Carta de Caçador – MANUAL para
EXAME. Impresso da Divisão de Documentação. Comunicação e Imagem
– Direcção de Serviços de Estratégia e Política Florestal: Lisboa.
SOUZA, Álvaro Santos. (2007). Novo Guia da pesca – Mar e Água Doce. Lisboa:
Editora Presença.

TURISMO CINEGÉTICO 55
 
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TURISMO CINEGÉTICO 57
 
Glossário

Glossário
Águas interiores: Todas as águas superficiais doces e as águas de transição não
submetidas à jurisdição da autoridade marítima.

Águas livres: Águas públicas não submetidas a planos de gestão e exploração nem a
medidas de protecção específicas.

Águas particulares: Águas patrimoniais pertencentes, de acordo com a lei, a entes


privados ou públicos.

Águas públicas: Águas pertencentes ao domínio público e as águas patrimoniais


pertencentes, de acordo com a lei, a entes públicos.

Águas de transição: Águas superficiais na proximidade das fozes dos rios, parcialmente
salgadas em resultado da proximidade de águas costeiras, que são também
significativamente influenciadas por cursos de água doce.

Aquicultura: Cultura de organismos aquáticos, nomeadamente peixes, crustáceos,


bivalves ou anfíbios, entendendo -se por cultura qualquer forma de intervenção no
processo de desenvolvimento destinada a aumentar a produção.

Áreas classificadas: Áreas de particular interesse para a conservação da natureza,


onde o exercício da caça poderá ser sujeito a restrições ou condicionamentos, a regular.

Áreas de protecção: Áreas onde a caça possa vir a causar perigo para a vida, saúde ou
tranquilidade das pessoas ou constitua risco de danos para os bens.

Áreas de refúgio de caça: Áreas destinadas a assegurar a conservação ou fomento das


espécies cinegéticas, justificando-se a ausência total ou parcial do exercício da caça, ou
locais cujos interesses específicos da conservação da natureza justifiquem interditar a
caça.

Batedor: Auxiliar de caçador com a função de procurar, perseguir e levantar caça maior
sem ajuda de cães ou caça menor com ou sem ajuda de cães.

Caça: Forma de exploração racional dos recursos cinegéticos.

Caçador: Indivíduo que, com excepção dos auxiliares, pratica o acto venatório, sendo
titular de carta de caçador ou dela está dispensado nos termos previstos na lei.

Campo de treino de caça: Área destinada à prática, durante todo o ano, de actividades
de carácter venatório, nomeadamente o exercício de tiro e de cães de caça, a realização
de provas de cães de parar sobre espécies criadas em cativeiro.

TURISMO CINEGÉTICO 58
 
Glossário

Caudal ecológico: Regime de caudais que permite assegurar a conservação e


manutenção dos ecossistemas aquáticos naturais, o desenvolvimento e a produção das
espécies aquícolas com interesse desportivo ou comercial, assim como a conservação e
manutenção dos ecossistemas ripícolas.

Dias de Caça: Consideram-se dias de caça, aqueles em que o exercício venatório pode
ser praticado. Nos concelhos em que todos os terrenos cinegéticos estejam ordenados o
exercício da caça pode ser praticado nos dias previstos nos planos anuais de exploração
das zonas de caça. No caso de espécies cinegéticas migradoras o número de dias de
caça por semana não pode ser superior a dois dias em zonas de caça municipais, zonas
de caça nacionais, nem a três dias em zonas de caça turísticas. Nos restantes concelhos
e com excepção das situações abaixo indicadas, a caça só pode ser praticada aos
domingos, quintas-feiras e feriados nacionais obrigatórios, excluindo o dia de Natal.

Direito à não caça: Faculdade dos proprietários ou usufrutuários e arrendatários, neste


caso quando o contrato de arrendamento rural inclua a gestão cinegética, de requererem,
por períodos renováveis, a proibição da caça nos seus terrenos.

Domínio hídrico: Conjunto de bens que integra as águas, doces ou salobras, das
correntes de água, dos lagos, lagoas e albufeiras e os terrenos que constituem os leitos
dessas águas, bem como as respectivas margens e zonas adjacentes e ainda o subsolo
e espaço aéreo correspondentes.

Enclave: Terrenos situados no interior de zona de caça não incluídos na mesma, ou que
confinam com ela em, pelo menos, quatro sétimos do seu perímetro.

Exercício da caça ou acto venatório: Considera-se exercício da caça ou acto venatório


a procura, a espera e a perseguição, visando capturar, vivo ou morto, qualquer exemplar
de uma espécie cinegética que se encontre em estado de liberdade natural.

Época venatória: Período que decorre entre 1 de Junho de cada ano e 31 de Maio do
ano seguinte.

Jornada de caça: São as caçadas propriamente ditas em que a caça só pode ser
praticada de dia, ou seja entre o começo do crepúsculo da manhã e o fim do crepúsculo
da tarde.

Largadas: Libertação, em campos de treino de caça, de espécies cinegéticas criadas em


cativeiro e de variedades domésticas para abate no próprio dia.

Leito: Terreno coberto pelas águas quando não influenciadas por cheias extraordinárias,
inundações ou tempestades, nele se incluindo os mouchões, lodeiros e areais nele

TURISMO CINEGÉTICO 59
 
Glossário

formados por depósito aluvial, limitado pela linha que corresponde à estrema dos
terrenos que as águas cobrem em condições de cheias médias, sem transbordar para o
solo natural, habitualmente enxuto, e que é definido, conforme os casos, pela aresta da
crista superior do talude molhado das motas, cômoros, valados, tapadas ou muros
marginais.

Jornada de pesca: Período que decorre entre a meia hora que antecede o nascer do Sol
e meia hora após o pôr do Sol, excepto em situações a regulamentar.

Margem: Faixa de terreno contígua ao leito ou sobranceira à linha que delimita o leito
das águas, de largura variável em função da classificação do curso de água para efeitos
de navegação ou flutuação.

Matilha de caça maior: Conjunto de cães utilizados em montarias, com número máximo
de 25 animais.

Matilheiro: Auxiliar do caçador que tem a função de procurar, perseguir e levantar caça
maior com ajuda de cães.

Meios de pesca ou aparelhos de pesca: Conjunto de artes e instrumentos utilizados na


captura de espécies aquícolas, incluindo aqueles que são destinados apenas a ser
usados como auxiliares.

Montaria: Processo de caça em que o caçador aguarda em local previamente definido


para capturar exemplares de caça maior levantados por matilhas de cães e matilheiros.

Negaceiro: Auxiliar do caçador que tem a função de atrair espécies cinegéticas com a
utilização de negaças.

Património aquícola das águas interiores: Ecossistemas aquáticos entendidos como o


conjunto das espécies da fauna e da flora e seus habitats, incluindo água, leitos e
margens, vegetação ripícola (que encontram-se às margens de um rio), bem como as
suas relações de dependência funcional.

Pesca: Prática de quaisquer actos conducentes à captura de espécies aquícolas no


estado de liberdade natural exercida nas águas interiores ou nas respectivas margens.

Pesca lúdica: Pesca exercida como actividade de lazer ou recreio em que não podem
ser comercializados os exemplares capturados.

Pesca desportiva: Pesca lúdica exercida em competição organizada tendo em vista a


obtenção de marcas desportivas, incluindo o treino e a aprendizagem.

TURISMO CINEGÉTICO 60
 
Glossário

Pesca profissional: Pesca exercida como actividade comercial, praticada por indivíduos
devidamente licenciados.

Pesqueira fixa: Obra hidráulica permanente, construída no leito ou margens de um curso


de água, destinada a instalar aparelhos de pesca profissional.

Processos de pesca ou métodos de pesca: Conjunto das diferentes técnicas de


utilização dos meios de pesca.

Recursos aquícolas ou espécies aquícolas: Conjunto de espécies da fauna passível


de ser considerado alvo intencional de pesca ou aquicultura, tais como peixes,
crustáceos, bivalves e anfíbios ocorrentes nas águas interiores, e que figurem na lista de
espécies a publicar com vista à regulamentação da presente lei, considerando o seu valor
aquícola, em conformidade com as convenções internacionais e as directivas
comunitárias transpostas para a legislação portuguesa.

Recursos cinegéticos: Engloba animais terrestres, aéreos ou marítimos que se


encontrem em estado de liberdade natural, quer os que sejam sedentários no território
nacional quer os que migram através deste, ainda que provenientes de processos de
reprodução em meios artificiais ou de cativeiro e que figurem na lista de espécies que
seja publicada com vista à regulamentação legislativa, considerando o seu valor
cinegético e em conformidade com as convenções internacionais e as directivas
comunitárias transpostas para a legislação portuguesa.

Reforço cinegético: Actividade de carácter venatório que consiste na libertação de


exemplares de espécies cinegéticas criadas em cativeiro para captura no próprio dia ou
nos três dias seguintes.

Repovoamento venatório: Libertação num determinado território de exemplares de


espécies cinegéticas com o objectivo de atingir níveis populacionais compatíveis com as
potencialidades do meio e a sua exploração sustentável

Repovoamento aquícola: Disseminação ou libertação, num determinado território ou


massa de água, de um ou mais espécimes de uma espécie aquícola indígena ou de uma
espécie não indígena aí previamente introduzida e apresentando populações já bem
estabelecidas e espontâneas.

Secretário «Mochileiro»: Auxiliar do caçador que tem a função de transportar


equipamentos, mantimentos, munições ou caça abatida e aves de presa.

Taxidermia: A taxidermia é considerada um complemento à actividade da caça. Popular


e vulgarmente associada à ideia de “embalsamamento”, a TAXIDERMIA, termo

TURISMO CINEGÉTICO 61
 
Glossário

designativo correcto, deriva do grego “Táxis” e “Derma”, que em conjunto significam


“Movimento da Pele”. A taxidermia consiste em remover a pele natural de um animal já
sem vida para, depois de devidamente tratada, ser reutilizada para a reconstrução desse
mesmo animal sobre um corpo artificial, dando-lhe posteriormente uma aparência viva e
recriando, na maioria das vezes, o habitat natural em que este se movimentava/inseria.

Terrenos Cinegéticos: Consideram-se terrenos cinegéticos, aqueles onde é permitido o


exercício da caça, incluindo as áreas de jurisdição marítima e as águas interiores.

Terrenos de caça condicionada – Terrenos onde o exercício da caça é condicionado ou


é considerado sem apetência cinegética.

Terrenos cinegéticos não ordenados: Terrenos livres onde não existem quaisquer tipos
de reservas e onde a caça é livre para todos os caçadores que naqueles terrenos
queiram caçar.

Terrenos não cinegéticos: Consideram-se terrenos não cinegéticos, aqueles onde é


proibido o exercício da caça. São constituídos pelas áreas de protecção, de refúgio e de
treino de caça.

Terrenos cinegéticos ordenados: São todos os terrenos onde existem os vários tipos
de zonas de caça.

Turismo:  Actividade desenvolvida por indivíduos que deslocam-se para locais situados
fora do seu enquadramento habitual, por um período superior a 24 horas e inferior a um
ano, motivados por diversos factores.

Turismo Cinegético: Corresponde à actividade desenvolvida por um caçador desportivo,


nacional ou estrangeiro, que visita destinos, localidades ou áreas onde é permitida a
prática de caça de fauna silvestre de carácter cinegético ou no seu meio natural e de
pesca. Para tal, utiliza serviços logísticos e turísticos para facilitar a prática destes
desportos, num contexto de conservação e sustentabilidade da vida silvestre.

Utilizador dos recursos aquícolas das águas interiores: Toda a pessoa singular ou
colectiva que usufrua dos recursos aquícolas das águas interiores.

Zonas de não caça: Zonas onde por vontade dos proprietários não é exercido qualquer
acto venatório.

Zonas de caça Associativas (ZCA): Deverão ser constituídas de preferência em


terrenos do sector privado ou cooperativo desde que haja a concordância das respectivas
entidades titulares e gestoras. Têm como objectivo principal possibilitar que as
associações e clubes de caçadores assegurem o exercício venatório aos seus

TURISMO CINEGÉTICO 62
 
Glossário

associados, em terrenos cinegéticos ordenados realizando simultaneamente acções de


fomento e conservação da fauna.

Zonas de caça Municipais (ZCM) – Têm como objectivo proporcionarem o exercício da


caça a um número de caçadores em condições acessíveis.

Zonas de Caça Nacionais (ZCN): São constituídas em terrenos cinegéticos não


ordenados cujas características físicas e biológicas conducentes à formação de núcleos
de potencialidades cinegéticas a preservar ou que por questões de segurança justifiquem
ser o estado o responsável pela sua administração.

Zonas de Caça Turísticas (ZCT): São zonas de interesse turístico que se constituem e
são geridas por entidades concessionárias públicas ou privadas (Clubes, associações,
empresas) que tenham como objectivo o aproveitamento económico e turístico dos
recursos cinegéticos associado à prestação de serviços turísticos de alojamento,
animação, restauração e infra-estruturas de apoio aos caçadores (pavilhão de caça).

TURISMO CINEGÉTICO 63
 

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