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Nota Técnica nº 02/2012 – COTAN/CGPAE/DIRAE/FNDE

Assunto: Regulamentação de cantinas escolares em escolas públicas do Brasil.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é regulamentado pela Lei nº


11.947 de 16 de junho de 2009 e atende aos alunos matriculados na educação básica da
rede pública de ensino. Seguindo os ideais do Direito Humano à Alimentação Adequada, o
programa busca ofertar refeições saudáveis, seguras e balanceadas com o intuito de suprir
as necessidades nutricionais dos alunos durante o período letivo, mas também, em caráter
orientador, reconhecendo a escola como um espaço propício à formação de hábitos
saudáveis (BRASIL, 2009).
Assim as ações do PNAE abrangem de forma integrada a oferta de refeições e a
realização de ações de educação alimentar e nutricional, abordando a alimentação como
um ato pedagógico e tema essencial na formação dos estudantes brasileiros. Entretanto a
oferta de alimentos por outras fontes no interior da escola é fato presente e sempre muito
polêmico. A existência de cantinas no ambiente escolar é constante tema de debate.
Segundo Gabriel et al (2010), a cantina é uma dependência dentro do
estabelecimento de ensino destinada a fornecer serviços de alimentação a alunos,
professores e demais funcionários mediante pagamento. A presença desse estabelecimento
no ambiente escolar propicia ao estudante uma maior autonomia e variedade no que diz
respeito à sua alimentação (DANELON; DANELON; SILVA, 2006). No entanto, tal fato
pode representar um grande problema para a saúde dos alunos, pois a maioria dos lanches
comercializados nas cantinas escolares encontra-se com baixo teor de nutrientes e com alto
teor de açúcar, gordura e sódio (BRASIL, 2007). Vários estudos sinalizam que quando o
escolar dispõe de recursos para compra de alimentos em cantinas de unidades de ensino, as
preferências recaem sobre aqueles com alta densidade energética, como balas, salgadinhos
do tipo chips, doces, salgados caseiros, biscoitos e refrigerantes (COROBA, 2002;
DANELON; SILVA, 2004; STURION; PANCIERA; SILVA, 2005). A facilidade de
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acesso por parte dos escolares a esses alimentos contribui para uma menor aceitação e
adesão à alimentação escolar, podendo provocar desvios nutricionais que interferem no
crescimento e no desenvolvimento (GROSS; CINELLI, 2004). Assim, estudos apontam
que atualmente o ambiente escolar pode contribuir de forma sistemática para a adoção de
práticas alimentares consideradas não saudáveis. Do mesmo modo, a existência de cantinas
escolares gera uma profunda incoerência entre o que é aprendido em sala de aula e as
práticas e posturas da escola, principalmente com relação ao tema “alimentação saudável”.
Segundo Silva e Boccaletto (2009) no ambiente escolar a cantina configura-se como um
entrave para a educação nutricional e a formação de hábitos alimentares saudáveis.
Sturion et al (2005) com o objetivo de avaliar o nível de adesão dos alunos ao
Programa de Alimentação Escolar e identificar as principais variáveis que o afetam,
realizaram pesquisa, tendo por base amostra de 2.678 escolares, com no máximo 14 anos
de idade. A maioria (70%) dos escolares que afirmou não participar do Programa
frequentava unidades de ensino que apresentavam cantinas escolares. Em relação à adesão
dos estudantes de escolas públicas ao PNAE, as variáveis de renda familiar per capita,
escolaridade dos pais, idade e estado nutricional dos alunos e a maior frequência de
consumo de alimentos nas cantinas escolares se revelaram inversamente associadas à
adesão diária ao PNAE.
Este cenário associado a outros elementos contribui para o aumento da incidência
da obesidade infantil, que é um problema de saúde pública presente em todas as classes
sociais (OLIVEIRA; RUIZ; WILLHERM, 2010). Dados da última Pesquisa Nacional de
Orçamentos Familiares - POF, indicam que 1 entre cada 3 crianças brasileiras apresentam
sobrepeso e 1 entre cada 5, apresentam obesidade (IBGE, 2010).
Diante do exposto, inúmeras alternativas e estratégias vem sendo lançadas no
sentido de intervir nos crescentes índices de sobrepeso e obesidade. O debate em torno da
regulamentação ou da adoção de medidas que possam transformar as cantinas escolares em
locais que garantam o fornecimento de alimentos e refeições saudáveis, principalmente no
que ser refere ao aumento da oferta de frutas, legumes e verduras e restrição de alimentos
de baixo valor nutricional vem tomando dimensão internacional (BRASIL, 2007).
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No Brasil, o Ministério da Saúde e o FNDE/Ministério da Educação publicaram em


2010 a Portaria Interministerial n.º 1.010 de 08 de maio de 2006, a fim de instituir as
diretrizes para a alimentação saudável no ambiente escolar (BRASIL, 2006).
Experiências de regulamentação da comercialização de alimentos não saudáveis em
cantinas escolares têm sido desenvolvidas em alguns estados e municípios brasileiros, cita-
se como exemplo:
Florianópolis/SC - Lei municipal n.º 5.853, de 04 de junho de 2001. Abrangência:
Unidades educacionais públicas e privadas que atendem a educação básica do Município.
Santa Catarina/SC - Lei estadual n.º 12.061, de 18 de dezembro de 2001.
Abrangência: Unidades educacionais públicas e privadas que atendem a educação básica
do Estado.
Paraná/ PR - Lei estadual n.º 14.423, de 02 de junho de 2004 e Lei estadual n.º
14.855, de 19 de outubro de 2005. Abrangência: Unidades educacionais públicas e
privadas que atendam a educação básica do Estado.
Rio de Janeiro/RJ - Decreto municipal n.º 21.217, de 01 de abril de 2002, Portaria
n.º 02/2004, da I Vara da Infância e da Juventude e Lei estadual n.º 4.508, de 11 de janeiro
de 2005. Abrangência: Rede pública e privada do município e Estado.
Distrito Federal/DF - Lei n.º 3.695, de 8 de novembro de 2005. Abrangência:
Escolas de educação infantil e de ensino fundamental e médio das redes pública e privada.
São Paulo/SP - Portaria conjunta COGSP/CEI/DSE, de 23 de março de 2005.
Abrangência: Rede pública do Estado.
Ribeirão Preto/ SP - Resolução municipal n.º 16/2002, de 29 de julho de 2002
(BRASIL, 2007).
Goiás/GO – Secretaria de Estado de Educação. Portaria GAB/SEDUC nº 3405,
de 18 de maio de 2011. Resolve que fica terminantemente proibido, dentro das
dependências permanentes à Secretaria de Estado de Educação, o comércio de qualquer
tipo de produto ou mercadoria, seja por servidores ou por terceiros.
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É importante destacar que tais documentos têm por objetivo a regulamentação de


alimentos que podem ou não ser comercializados nas cantinas escolares, contando com a
proibição de refrigerantes, doces e alimentos considerados não saudáveis.
De forma geral estas regulamentações abordam (Gabriel et al, 2010):
- Proibição do comércio dos seguintes itens: bebidas alcoólicas; balas, pirulitos e
gomas de mascar; refrigerantes, sucos artificiais; salgadinhos industrializados; salgados
fritos e pipocas industrializadas;
- Oferta de duas opções de frutas sazonais diariamente;
- Presença obrigatória de mural ou material de comunicação visual para divulgação
de informações relacionadas à alimentação e nutrição;
- Proibição de exposição de cartazes publicitários que estimulem a aquisição e o
consumo de balas, chicletes, salgadinhos e refrigerantes.
Ressalta-se que, em novembro de 2011 na cidade de Salvador-BA ocorreu a 4ª
Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional a qual foi a culminância de um
processo amplo e participativo que envolveu aproximadamente 75 mil pessoas de mais de
3.200 municípios de todos os estados brasileiros. Os delegados presentes na conferência citada,
aprovaram a moção em defesa da alimentação saudável e adequada no ambiente escolar,
solicitando aprovação de uma lei por parte do congresso Nacional, orientado pelo CONSEA,
pelo fechamento das cantinas escolares no Brasil.
Diante das prerrogativas apresentadas acima, a Coordenação Técnica de
Alimentação e Nutrição defende a não existência de cantinas nas escolas públicas e seu
posicionamento é que, caso vigore a iniciativa legislativa de regulamentação das cantinas
escolares, tanto nas escolas públicas quanto nas escolas privadas, que esta ação seja
extensiva a todos os equipamentos públicos, tais como as Unidades Básicas de Saúde, os
hospitais e os restaurantes populares, entre outros, pois parte-se do pressuposto que esses
equipamentos também fazem parte do lócus das ações de combate ao sobrepeso e
obesidade, contidas nos Planos Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Plano de
Doença Crônica Não Transmissível e do Plano Intersetorial de Combate à Obesidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Regulamentação da Comercialização de Alimentos em


Escolas no Brasil: Experiências estaduais e municipais. Brasília, 2007. Disponível em:
http://nutricao.saude.gov.br/pas.php?conteudo=publicacoes_pas. Acesso: 03 de jul de
2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o


atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos
alunos da educação básica, altera a Lei 10.880, de 9 de junho de 2004, e dá outras
providências.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº


1010, de 8 de maio de 2006. Institui as diretrizes para a promoção da alimentação
saudável nas escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes públicas e
privadas, em âmbito nacional. Brasília, DF: MS, MEC, 2006[citado 2012 abr 12].
Disponível em:<http://dtr2001.saude.gov.br/sas /PORTARIAS/ Port2006/ GM/GM-
1110.htm>.

COROBA, D.C. R. A escola e consumo alimentar de adolescentes matriculados na


rede pública de ensino. 2002. 162f. Dissertação (mestrado), Escola de Agricultura Luiz de
Queiroz, Universidade de São Paulo (USP), Piracicaba. 2002.

DANELON, M. A. S.; DANELON, M. S.; SILVA, M. V. Serviços de alimentação


destinados ao público escolar: análise da convivência do Programa Nacional de
Alimentação Escolar e das cantinas. Segurança Alimentar e Nutricional. Campinas, v.
13, n.1, p.85-94, 2006.

DANELON, M. S.; SILVA, M. V. Consumo de alimentos entre alunos de escolas


particulares de Piracicaba (SP). In: Anais do 12° Simpósio Internacional de Iniciação
Científica da Universidade de São Paulo. Piracicaba – SP, 2004.

GABRIEL, C. G.; SANTOS, M. V.; VASCONCELOS, F. A. G.; MILANEZ, G. H. G.;


HULSE, S. B. Cantinas escolares de Florianópolis: existência e produtos comercializados
após a instituição da Lei de Regulamentação. Revista de. Nutrição, Campinas, v.23, n.2,
p.191-199, 2010.

GROSS S. M; CINELLI, B. Coordinated School Health Program and dietetics


professionals: partners in promoting healthful eating. Journaul of the American Dietetic
Association, v. 104, n. 5, p 793-798, 2004.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de


Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009. Rio de Janeiro, 2010.

OLIVEIRA, A.B.; RUIZ, E; WILLHELM, F.F. Cantina Escolar: Qualidade Nutricional e


adequação à legislação vigente. Revista do Hospital de Clinicas de Porte Alegre, v.30,
n.3, p.266-270, 2010.

SILVA, C.C.; BOCALETTO, E.M.A. Educação para alimentação saudável na escola. In:
BOCCALETTO, E.M.A.; MENDES, R.T (org.). Alimentação, Atividade física e
qualidade de vida dos escolares do município de Vinhedo/ SP. Campinas: Ipes
Editorial, 2009. p.23-39. Disponível em:
http://www.fef.unicamp.br/departamentos/deafa/qvaf/livros/alimen_saudavel_ql_af/estrate
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STURION, G. L.; PANCIERA, A. L.; SILVA, M. V. Alimentação escolar: opções de


consumo na unidade de ensino. In: Anais do 6o Simpósio Latino-Americano de Ciência de
Alimentos. Campinas, 2005.

STURION, G.L.; SILVA, M. V.; OMETTO, A. M. H.; FURTUOSO, C. O. M.;


PIPITONE, M. A. P. Fatores condicionantes da adesão dos alunos ao Programa de
Alimentação Escolar no Brasil. Revista de Nutrição. v.18, n.2, p.167-181, 2005.

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