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GUIDELINES
PARA CUIDADOS

GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS


DE SAÚDE ORAL
EM DOENTES
ONCOLÓGICOS

Paulo Palmela
Assistente Graduado de Estomatologia
do Serviço de Estomatologia do Hospital de Santa Maria

Francisco Salvado
Director do Serviço de Estomatologia
do Hospital de Santa Maria
GUIDELINES
PARA CUIDADOS
DE SAÚDE ORAL
EM DOENTES
ONCOLÓGICOS

Paulo Palmela
Assistente Graduado de Estomatologia
do Serviço de Estomatologia do Hospital de Santa Maria

Francisco Salvado
Director do Serviço de Estomatologia
do Hospital de Santa Maria
Prefácio

O tema desta publicação faz-me relembrar o tempo em que frequentei e concluí a minha Li-
cenciatura em Medicina e Cirurgia na Faculdade de Medicina de Lisboa, e como evoluiu o co-
nhecimento Médico ao longo destes anos.
Doentes que hoje passaram a ser seguidos pelos Estomatologistas, Médicos Dentistas e ou-
tros profissionais da área da saúde oral e maxilar, tinham naquela altura uma esperança de vida
diminuta sendo os cuidados orais e maxilares também limitados.
A evolução da terapêutica da patologia oncológica, a possibilidade de efectivação do trata-
mento em ambulatório e o consequente aumento da esperança de vida levou a uma maior pre-
sença destes doentes na nossa consulta quotidiana. Tornou-se, então, rotina “descobrirmos”
que uma percentagem crescente dos doentes que tratamos (nos hospitais, nas clínicas e nos
consultórios) têm alguns factores de risco associados a doença oncológica anterior. Outros,
referem mesmo a manutenção de terapêutica oncológica efectiva com alteração mínima da sua
aparente qualidade de vida.
Digamos que, de uma população de “pacientes” passámos a ter de lidar com uma de doentes.
Ora, este texto é uma contribuição importante para o tratamento oral e maxilar destes doen-
tes à luz dos conhecimentos actuais.
Os objectivos são o de aglutinarem num só volume, de um modo sucinto, algumas das regras
mais importantes para o tratamento dos doentes que tenham patologia oncológica de locali-
zação oral ou não, e que, por este condicionalismo necessitem de cuidados orais e maxilares
com características específicas.
Não é, portanto, este pequeno livro, dedicado apenas aos profissionais com prática hospita-
lar. Em cada momento cada um de nós pode ser confrontado com estas situações necessi-
tando de cumprir adequadamente os procedimentos mais correctos.
Esta publicação só foi possível pela colaboração graciosa da Atral Cipan e à sua disponibili-
dade para a divulgação de conhecimentos na área da Patologia Oral e Maxilar. Os nossos sin-
ceros agradecimentos.

3
Índice
Ficha Técnica PÁG. 03 Prefácio
Direcção de Arte
Rui Lis Romão PÁG. 07 A. Introdução
Círculo Médico - Comunicação e Design

Revisão PÁG. 08 B. Complicações estomatológicas associadas


Maria do Céu Lopes
Círculo Médico - Comunicação e Design
à terapêutica dos doentes oncológicos
Design Gráfico e Paginação 08 › B.1 Associadas à quimioterapia
Círculo Médico - Comunicação e Design
09 › B.2 Associadas à radioterapia da cabeça e pescoço
Impressão e Acabamentos
Jorge Fernandes, Lda. 12 › B.3 Associadas às sequelas da cirurgia oncológica da cabeça e pescoço
Exemplares 12 › B.4 Associadas ao transplante de medula
3.000 exemplares
12 › B.5 Associadas a terapêuticas adjuvantes
1a edição 2010
Depósito Legal PÁG. 13 C. Acessibilidade e comunicação
00000000/10
ISBN PÁG. 15 D. Calendarização dos procedimentos e “GUIDELINES”
978-989-20-1933-8
15 › D.1 Consultas de estomatologia na fase de pré-tratamento
16 › D.1.1 Objectivos gerais
16 › D.1.2 Primeira consulta
17 › D.1.3 Consultas subsequentes
Av. Prof. Dr. Fernando da Conceição Fonseca, nº 41-A
Massamá – 2745-767 QUELUZ – PORTUGAL 21 › D.2 Consultas de estomatologia durante a terapêutica oncológica
Tel.:+351 214 307 830 a 8 Fax: 214 307 839
atelier@circulomedico.com – www.circulomedico.com 21 › D.2.1 Objectivos

©2010, Círculo Médico todos os direitos reservados.


21 › D.2.2 Parâmetros hematológicos
O conteúdo desta obra é da responsabilidade dos seus autores.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a sua autorização. 22 › D.2.3 Higiene oral
22 › D.2.4 Tratamento das infecções orais
Esta publicação foi possível pelo apoio: 23 › D.2.5 Controlo da mucosite
38 › D.2.6 Neurotoxicidade

5
A.
Índice Introdução

38 › D.3 Consultas de estomatologia pós-tratamento oncológico


38 › D.3.1 Objectivos
38 › D.3.2 Consultas
39 › D.3.3 Controlo do trismus O objectivo deste trabalho, que se limita a co- Nestes doentes a actuação do médico esto-
39 › D.3.4 Alterações do paladar ligir as recomendações existentes na litera- matologista/médico dentista deve ser orien-
tura médica sobre o controlo das conse- tada para:
39 › D.3.5 Endodontia
quências orais dos tratamentos oncológicos,
40 › D.3.6 Periodontia 1. Prevenção dos efeitos colaterais da te-
é auxiliar os profissionais de saúde oral a do-
rapia oncológica na saúde oral;
40 › D.3.7 Prostodontia minar as competências da sua arte, perse-
guindo a excelência no interesse dos seus 2. Tratamento das complicações orais;
40 › D.3.8 Cirurgia oral
doentes. 3. Promover a saúde oral durante o follow-
42 › D.3.9 Controlo da xerostomia
O tratamento das patologias oncológicas -up.
44 › D.3.10 Osteorradionecrose tem importantes repercussões na cavidade A efectivação destas orientações passa por:
46 › D.3.11 Osteonecrose associada aos bifosfonatos oral. As complicações destes tratamentos
são consequência: 1. Aumentar e regular a acessibilidade des-
53 › D.3.12 Doença do enxerto contra-hospedeiro tes doentes aos Serviços de Saúde Oral;
1. das sequelas da cirurgia oncológica da
55 › D.3.13 Reabilitação pós-cirurgia da cabeça e pescoço 2. Estabelecer protocolos entre estes e os
cabeça e pescoço;
Serviços onde se realizem tratamentos
PÁG. 58 Bibliografia 2. do efeito da quimioterapia na medula Oncológicos, permitindo: uma selecção
óssea; dos doentes em risco, um aumento da
PÁG. 62 Anexos 3. dos efeitos tóxicos directos dos agentes eficácia dos recursos disponíveis e uma
quimioterapêuticos nas estruturas do abordagem integrada e multidisciplinar;
aparelho estomatognático; 3. Formar os profissionais na área da
4. das alterações teciduais após a radiote- saúde oral dos doentes de risco, em par-
rapia da cabeça e pescoço; ticular daqueles com actividade extra-
-hospitalar;
5. dos efeitos colaterais da medicação as-
sociada (não anti-neoplásica), como por 4.Educar os doentes e respectivas famílias.
exemplo os bifosfonatos;
6. da resposta do organismo ao trans-
plante de medula e terapia imunossu-
pressora associada.

6 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 7


B.
Complicações estomatológicas cela zoster (VZV), vírus Epstein Barr
(EBV) e Vírus Herpes (HHV) são mais
raras, mas também podem ocorrer. Estas
associadas à terapêutica infecções agravam a mucosite subja-
cente;
dos doentes oncológicos - Fúngica – A Candidíase oral é comum,
podendo ter repercussões sistémicas
graves.
Associadas à trombocitopenia:
- Hemorragia oral espontânea abaixo das
[Figura 1] Herpes vírus
20.000 plaquetas/mm3;
B.1 Associadas à quimioterapia - Risco hemorrágico pós-cirurgia oral em - Contra-indicação de tratamentos esto-
pacientes com menos de 75.000 plaque- matológicos invasivos com valores infe-
tas/mm3; riores a 50.000 plaquetas/mm3.
Cerca de 70% dos doentes com patologia on- ríodo de formação dos dentes – Encur-
cológica utilizarão agentes quimioterapêuti- tamento radicular em pré-molares, raízes
cos no decorrer do seu tratamento. Destes, conóides em molares e pré-molares, co-
40% vão desenvolver complicações orais. A roas pequenas e hipoplasia e hipocalcifi- B.2 Associadas à radioterapia
quimioterapia (QT) é frequentemente tóxica cação do esmalte;
para todas as células com rápido “turnover”,
- Xerostomia/Disfunção das glândulas sa-
da cabeça e pescoço (RT)
não só para as tumorais, mas também para
livares, normalmente transitória e sem a
as da medula óssea e as da mucosa de todo A maioria dos tumores da cabeça e pescoço As complicações podem ser agudas (como a
gravidade da xerostomia associada à ra-
o aparelho gastrintestinal, incluindo a oral. são carcinomas epidermóides que exigem mucosite) ou crónicas (como a xerostomia e
dioterapia. Ocorre mais frequentemente
São mais frequentes as complicações orais doses elevadas de radiação podendo atingir as cáries dentárias). Algumas destas situa-
quando é utilizada a Doxorrubicina.
na QT dos tumores hematológicos do que ou ultrapassar os 70 Gray (Gy). As complica- ções, embora com um quadro clínico agudo,
nos tumores da cabeça e pescoço. Podemos ções orais estão relacionadas com o local ir-
Indirectas (dependentes podem evoluir para a cronicidade:
dividi-las em: radiado, a dose total de radiação, o fraccio-
da mielossupressão)
namento da dose e a associação com outras a. Mucosite
Directas, (resultantes da toxicidade Associadas às infecções: terapias oncológicas. Surge a partir da segunda semana após o
sobre as estruturas orais) - Bacterianas – 25% a 54% dos casos de
A radioterapia (RT) nos tumores da cavidade início da RT, podendo persistir várias se-
- Mucosite; septicémia em doentes neutropénicos manas após os tratamentos. Traumatis-
oral, orofaringe, nasofaringe, seios perina-
parecem originar-se de infecções orais
- Alterações do paladar – normalmente sais, da base do crânio, e das glândulas sali- mos locais podem resultar em ulcerações
associadas a doenças periodontais, pa-
transitórias; vares, deixará sequelas evidentes na boca. e infecção.
tologia pulpar, do seio maxilar e de ulce-
Por outro lado, a RT nos tumores da tiróide,
- Neurotoxicidade – dor intensa similar à rações orais; b. Alterações do paladar
laringe e hipofaringe terá efeitos directos mí-
odontalgia sem patologia local que a jus- Pode ir até à ageusia (>60 Gy), com im-
- Virais – Sobretudo reactivações de Her- nimos nos dentes, periodonto ou mucosa
tifique. Mais frequente com a adminis-
pes Simplex tipo 1 (HSV-1)(Figura 1). Na oral. No entanto, se os níveis I e II da região portantes implicações na alimentação.
tração de Vincristina e Vinblastina;
leucemia e no transplante de medula, cervical (Figura 2), estiverem no campo de
- Malformações do órgão dentário – ocor- 50% a 80% dos doentes portadores do radiação, a porção posterior da mandíbula e c. Hipersensibilidade dentinária
rem quando a QT é administrada em HSV registam reactivações. As infecções as glândulas submandibulares serão afecta- Por lesão local do órgão dentário asso-
idades precoces (<5 anos) durante o pe- pelos citamegalovírus (CMV), vírus Vari- das com potenciais sequelas orais. ciado às alterações do pH intra-oral.

8 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 9


A atrofia da estrutura glandular diminui a
quantidade e qualidade de saliva produ-
zida levando a:
1. Capacidade reduzida de tampão (o pH
normal de 6.8 a 7.2 cai para níveis áci-
dos);
2. Diminuição da capacidade de remine-
ralização dentária com aumento da
sensibilidade dentária;
3. Diminuição das propriedades antibac-
terianas da saliva com aumento das in- [Figura 3] Cáries múltiplas [Figura 4] Osteorradionecrose
fecções locais como candidíase, sialoa-
denites, cáries, glossites e consequente
halitose; g. Periodontopatia
Perda da inserção periodontal das peças
4. Diminuição da capacidade de limpeza dentárias localizadas na área da radiação
da boca; com periodontopatia grave e incapacidade
[Figura 2]
5. Alterações do paladar; de mastigação.
GRUPO I – Engloba os Grupos submento-
niano, entre o véu anterior do digástrico e o 6. Dificuldades na deglutição, mastigação h. Osteorradionecrose (ORN)
osso hióide e o Grupo Submandibular, lo- e fonação; Incapacidade do osso irradiado em res-
calizado num triângulo delimitado pelos 7. Disfunção esofágica e esofagite cró- ponder aos traumas e agressões. O pré-
véu anterior e posterior do digástrico com o -tratamento dentário é fundamental para
nica;
bordo inferior da mandíbula.
8. Compromisso nutricional; eliminar ou reduzir os focos sépticos e ou-
GRUPO II – Grupo jugular superior locali- tros factores de agressão (Figura 4).
zado à volta da parte superior da jugular in- 9. Alterações do sono.
terna e nervo espinhal acessório. Estende-- i. Dificuldades na deglutição
se da base do crânio até à bifurcação da e. Cáries dentárias Associadas a alguns dos problemas acima [Figura 5]
carótida (osso hióide como limite clínico), Sem uma adequada higiene oral e um pro- referidos. A - RT convencional. O feixe fixo da radiote-
limitado posteriormente pelo bordo poste- grama de fluorização, as alterações sali-
j. Neoplasias induzidas rapia convencional aplicada lateralmente
rior do esternocleidomastoideu e anterior- vares e a debilitação física e psicológica
pela radiação fornece uma dose elevada e consistente a
mente pelo músculo esterno-hióideu. criam condições para cáries extensas e de toda a área da zona escurecida. B - Com o
evolução rápida conhecidas como “cáries A recente radioterapia de intensidade modu- feixe da IMRT constantemente em movi-
d. Xerostomia de radiação”. Estas cáries rampantes en- lada (IMRT) permite uma maior precisão na mento, a dose de radiação varia depen-
A radiação ionizante ao atingir as glându- volvem peças dentárias tanto no campo ir- aplicação da radiação, aumentando a dose dendo da localização. A área mais escura re-
las salivares provoca lesão e/ou morte das radiado como fora dele e aumentam o na área tumoral e diminuindo os efeitos nos presenta a localização do tumor e recebe a
células acinares, afecta a rede vascular e risco de osteorradionecrose (Figura 3). tecidos vizinhos (Figura 5). A sua maior van- maior dose de radiação. Tons mais claros de
leva à fibrose glandular.
tagem talvez seja a poupança relativa das cinza representam progressivamente mais
A diminuição do fluxo salivar tem sido f. Trismus glândulas salivares. baixas doses de radiação. Em contraste com
descrita em doses de 10 Gy e a perma- Associada à fibrose dos músculos masti-
nente hiposalivação em doses superiores a radioterapia convencional, todas as áreas
gadores e cápsula da ATM, que podem
a 25 Gy. ocorrer 3 a 6 meses após a RT. recebem alguma exposição à radiação.

10 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 11


C.
B.3 Associadas às sequelas da cirurgia Acessibilidade
oncológica da cabeça e pescoço
e Comunicação
A perda de tecidos associada à extirpação do - Deficit de mastigação e deglutição;
tumor com margem de segurança pode levar a: - Risco de aspiração de alimentos para as
- Perdas dentárias e/ou das estruturas de vias respiratórias;
suporte; - Deficit da fonética;
- Incompetência oral e labial; - Sequelas estéticas.

Depois do diagnóstico e plano de tratamento um Centro médico mais diferenciado.


efectuados pelo oncologista, todos os doen-
B.4 Associadas ao transplante de medula tes devem ser enviados ao seu estomatolo-
O período de tempo entre o diagnóstico e o
início de tratamento oncológico é habitual-
gista/médico dentista assistente, mas parti- mente curto, pelo que os Serviços de Saúde
A medula óssea é intencionalmente destruída dor HLA compatível (transplante alogénico). cularmente, os que se encontrem:
Oral devem prever estas situações, estimar a
por altas doses de QT, com ou sem RT asso- As complicações orais espectáveis são as re- a. em fase pré-radioterapia da cabeça e pes- frequência, número de doentes e consultas
ciada. O doente é, então, transplantado com feridas acima para a quimioterapia mais a coço; subsequentes necessárias para a sua popu-
células estaminais hematopoiéticas que vão doença do enxerto contra-hospedeiro (GVHD) lação, de modo a ser possível responder a
repovoar a medula óssea. Estas células po- b. em preparação para transplante de medula;
nos transplantes alogénicos que pode ser agu- estas solicitações inadiáveis.
dem ser do próprio (transplante autólogo), de da ou crónica, e que ocorre quando o novo sis- c. antes de iniciarem bifosfonatos;
um gémeo idêntico (transplante singénico tema imunitário reage aos antigénios do d. com indicação para iniciar Quimiotera-
Circulação de informação
ou isotransplante) ou de um familiar ou da- hospedeiro. Oncologia/Estomatologia/
pia, sobretudo aqueles:
Oncologia
I. com última consulta no dentista assis-

B.5 Associadas a terapêuticas adjuvantes tente há mais de 1 ano;


A. O oncologista deve providenciar
II. com hemorragias gengivais; ao estomatologista a seguinte
III. com doença periodontal; informação:
a. Imunossupressores
Alterações gengivais (hiperplasia gengival) e IV. com queixas dentárias; a. História médica e diagnóstico
aumento de susceptibilidade às infecções. V. com próteses mal adaptadas; oncológico;

VI. com aparelhos de ortodontia. b. Plano de tratamento;


b. Corticoterapia prolongada
Aumento de susceptibilidade às infecções. Os tratamentos estomatológicos podem ser c. Prognóstico;

c. Bifosfonatos (BFF) efectuados em Serviços hospitalares, nos d. No caso de quimioterapia, o no de


Osteonecrose dos maxilares (Figura 6). Serviços comunitários e nos consultórios pri- ciclos, fármacos e via de administração;
Ocorre em cerca de 4 a 13% dos doentes vados dos estomatogistas/médicos dentis- e. No caso de radiação, a área e dose
com patologia óssea maligna, tratados tas assistentes. Se existirem dúvidas sobre a cumulativa;
com BFF por via e.v. Surge, em média, qualidade dos tratamentos disponíveis ou se
entre os 22 e os 39 meses depois do iní- o estado de saúde geral do paciente assim o f. Tipo de transplante medular;
cio da medicação. [Figura 6] Osteonecrose associada aos BFF
obrigar, o doente deve ser referenciado para g. Terapêutica associada, como

12 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 13


bifosfonatos, corticoterapia ou outra; B. O estomatologista
D.
h. Valores hematológicos importantes como deve fornecer ao oncologista
a seguinte informação:
Calendarização
leucograma e plaquetas.
No anexo I, reproduzimos o formulário a a. Plano de tratamento e data prevista de dos Procedimentos e “Guidelines”
preencher pelo Oncologista que acompanha conclusão;
o doente quando é enviado ao Serviço de Es- b. Data da última manobra invasiva;
tomatologia do CHLN.
c. Situações não resolvidas que podem for-
çar a interrupção ou complicar a tera-
pêutica oncológica ou afectar significati-
vamente o conforto do doente; Quando confrontado com o diagnóstico de tipo de consultas conforme o período em que
d. Previsão de possíveis complicações orais. cancro, o doente improvavelmente conside- são efectuadas:
rará a sua saúde oral como uma prioridade. 1. Consultas antes do início dos tratamen-
No anexo II, reproduzimos o formulário res-
Por isso, é fundamental que o doente e fami- tos oncológicos (pré-tratamento). É um
posta a preencher pelo Estomatologista.
liares sejam informados das implicações orais período habitualmente curto entre o diag-
dos tratamentos a que vão ser sujeitos. Deve nóstico do cancro e a admissão hospita-
também ser motivado a cumprir as indicações lar para iniciar os tratamentos anti-neo-
do seu Estomatologista, que em muitos casos plásicos;
proporá um plano de tratamento que poderá 2. Consultas durante a efectivação dos tra-
ser considerado demasiado traumatizante. É, tamentos anti-neoplásicos que normal-
pois, necessário que entenda todas as impli- mente não ultrapassam os 30 a 45 dias;
cações, quer as agudas quer as que o podem
3. Consultas após a conclusão dos tratamen-
acompanhar para o resto da vida. tos anti-neoplásicos (follow-up). É um pe-
Para facilitar a esquematização dos procedi- ríodo longo de pelo menos 2 anos, mas
mentos aconselhados, podemos dividir o que se pode prolongar pela vida fora.

D.1 Consultas de estomatologia


na fase de pré-tratamento
É o período de actuação mais importante para O período de tempo entre o diagnóstico de
o estomatologista/médico dentista. Uma boa cancro e o início dos tratamentos oncológi-
avaliação diagnóstica e o cumprimento das gui- cos é geralmente curto. Se a saúde oral do
delines abaixo referidas vão permitir ao paciente paciente não pode ser completada para eli-
evitar e suavizar muitas das complicações orais minar um sério risco de infecção com signi-
associadas aos tratamentos anti-cancerígenos. ficativo risco de mortalidade, a terapia onco-
A sua omissão aumenta as morbilidades, piora lógica deve ser adiada até os problemas orais
a qualidade de vida dos doentes oncológicos, serem satisfatoriamente resolvidos.
e porventura a sua sobrevivência.

14 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 15


D.1.1 Objectivos gerais Exame objectivo: D.1.3 Consultas subsequentes O flúor pode ficar retido na saliva em con-
- Exame da cabeça e pescoço incluindo pal- centrações entre 0,03 e 1 ppm durante duas
a. Efectuar exame objectivo completo da ca- a seis horas dependendo do produto e do
pação cervical com identificação de ade- Fluorização
vidade oral e região maxilo-facial; nopatias; fluxo salivar individual. Nos doentes com xe-
A Fluorização é essencial na maioria dos pa- rostomia, conseguem-se elevados níveis de
b. Realizar exames radiográficos (pelo menos - Exame intra-oral completo, documen- cientes e obrigatória nos doentes irradiados flúor na cavidade oral durante várias horas.
uma Ortopantomografia) para estabelecer tando sensibilidade e vitalidade dentária, na cabeça e pescoço. Pode ser realizada atra-
uma avaliação inicial de base (despiste de restaurações presentes, mobilidade das Vários geles de flúor estão disponíveis no
vés de pastilhas elásticas fluoretadas, pastas
patologias pulpares, apicais periodon- peças, alterações das partes moles, iden- dentífricas (0.5% - 5.000 ppm F), soluções mercado. Existem geles de concentrações de
tais, inclusões dentárias etc.); tificação de fontes de possíveis traumas fluoretadas (0.05%), aplicações de gel (1.1% 1.23% para aplicação profissional que devem
como próteses mal adaptadas, alterações NaF de pH neutro) em goteiras universais ou ser aplicados em goteiras no gabinete du-
c. Eliminar focos sépticos intra-orais;
anatómicas como “torus” e grau de hi- personalizadas no domicílio ou em consulta rante, aproximadamente, 4 minutos. Outros
d. Eliminar fontes de potencial traumatismo giene oral; e aplicações de vernizes fluoretados (5% geles com concentrações inferiores (como
(dentes com arestas pontiagudas, res- NaF) em consulta (Tabela 1). 0.4% de fluoreto de estanho) podem ser apli-
- Registo da dimensão vertical (DVO) e
taurações fracturadas, próteses mal adap- cados em ambulatório com a escova dentá-
abertura máxima; A eficácia da administração tópica de flúor
tadas etc.); ria.
- Avaliação do débito salivar; depende principalmente da concentração de
e. Obter impressões das arcadas dentárias flúor, da duração da aplicação, da frequência O uso de vernizes de flúor, tem como vanta-
para estudo, planeamento de possíveis - Pedido de Ortopantomografia e realizar ra- gem prolongar o tempo de contacto entre o
e do tipo de flúor utilizado. A elevada fre-
obturadores, fabrico de goteiras de pro- diografias intra-orais, se necessário; flúor e a superfície do dente e a desvantagem
quência de aplicação, com baixas concentra-
tecção ou de goteiras para fluorização; - Realização de impressões das arcadas; ções de agentes fluoretados, é considerada a da aplicação profissional. O verniz de flúor
mais benéfica (pastilhas, pastas dentífricas e mais utilizado é o Duraphat®.
f. Resolver limitações dentárias a uma ade- - Estabelecimento de um plano de trata-
mento provisório a confirmar depois da soluções fluoretadas). No entanto, nestas si- A opção pelo método de aplicação tópica de
quada nutrição.
avaliação radiológica e com o acordo do tuações de elevado risco de cárie, tem sido flúor é da responsabilidade do clínico, ava-
recomendada uma combinação com um mé- liando a situação do doente, valorizando a
D.1.2 Primeira consulta paciente/família e do oncologista;
todo de elevada concentração de flúor (Geles sua patologia de base, tratamento oncoló-
Deve ser realizada, pelo menos, 15 dias - Fornecer informações e motivar para uma e Vernizes). gico efectuado, saúde oral prévia, propensão
antes da RT ou 10 dias antes da QT. melhor higiene oral e cuidados de higiene
com as próteses. Há algumas evidências
Colheita de dados: [Tabela 1] Produtos para fluorização
da utilidade da aplicação de solução de
História clínica completa incluindo: Clorexidina (10 ml a 0.2%), Corsodyl®, por Produtos Alguns exemplos do mercado
exemplo, duas vezes por dia a iniciar uma Pastilhas elásticas
- História pregressa oral minuciosa: doenças semana antes do tratamento oncológico; Trident Flúor®, Happydent White®(0,3 mg de flúor)
fluoretadas sem açúcar
mucocutâneas anteriores como herpes sim-
- Incentivar o doente a ter um estomatolo- Pastas dentífricas Duraphat 5000® da Colgate (0.5% - 5.000 ppm F)
plex, estomatite aftosa, candidíase, e trau- com alto teor de flúor Fluocaril Bi-Fluoré® (2.500 ppm)
gista/dentista assistente de proximidade
matismos orais;
que pode e deve colaborar no plano de tra- Fluoreto fosfatado acidulado (0.044%)
- Hábitos de higiene oral, sua eficácia e pos- tamento; Soluções fluoretadas Fluoreto de sódio (0.05%) – Fluorigard® (250 ppm)
síveis limitações físicas; - Comunicar ao estomatologista/dentista Fluoreto de estanho (0.63%) – Gel-Kan® – 1.000 ppm F
- Hábitos alcoólicos e/ou tabágicos; assistente o plano de tratamento e esta- Gel Kan®(0,4%)
belecer uma via de comunicação facilitada. Gel de flúor Flugel® (1.23% Na F, 12.300 ppm)
- Estado nutricional; Deve ser fornecido telefone de contacto e Elmex gel® (1,5%, 12.500 ppm F) pH 4,8
- Diferenciação, expectativas e motivação morada de correio electrónico do Serviço Duraphat® (22.600 ppm) 5% Na F, pH 7,0
Vernizes de flúor
do doente. ou do médico responsável. Profluoride Varnish Voco® (5% Na F)

16 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 17


para a cárie dentária, higiene oral, idade, mo- Dentes com tratamento endodôntico ante- [Tabela 2] Tempo que deve decorrer entre exodontia e tratamento oncológico
tivação e enquadramento económico, tendo rior e com lesões apicais radiotransparentes
Radioterapia 14 dias mínimo, 21 dias ideal
sempre a faculdade de alterar o método es- devem ser avaliados, procurando sinais e sin-
colhido em posteriores avaliações. tomas de infecção. Em caso de dúvida e/ou 3 a 5 dias na maxila
localizados na área de radiação, devem ser Quimioterapia 5 a 7 dias na mandíbula
Se o clínico optar pela aplicação do gel de
flúor em goteiras personalizadas no domicí- extraídos. Nos doentes que façam só qui- 7 a 10 para terceiros molares
lio, estas não devem traumatizar ou irritar a mioterapia, as lesões assintomáticas e infe-
gengiva e a mucosa oral. O doente deverá: riores a 5 mm podem ficar sem tratamento [Tabela 3] Protocolo AHA
nesta fase. Estudos evidenciam que estas le-
- Escovar os dentes e passar o fio dental; Dose única, 30 a 60 minutos
sões não são exacerbadas pela terapia onco- Via de administração Fármaco antes do procedimento
- Colocar a goteira pouco cheia com o gel lógica. Adultos Crianças
sobre os dentes durante 4 minutos. Se o
gel escorre da goteira, demasiado gel foi Lembrar que o tratamento endodôntico em Oral Amoxicilina 2g 50 mg/Kg
aplicado; dentes decíduos está contra-indicado du- Ampicillina 2 g IM ou EV 50 mg/Kg IM ou EV
Impossibilidade de
rante a quimioterapia, pelo que pode ser ne- ou Cefazolina 1 g IM ou EV 50 mg/Kg IM ou EV
- Remover a goteira e cuspir o excesso. Não administração oral
cessário proceder a exodontias em casos de ou Ceftriaxona
bochechar nem deglutir. Lavar a goteira
dentes decíduos com prognóstico duvidoso. Clindamicina 600 mg 20 mg/Kg
em água corrente; Oral em doentes
ou Azitromicina 500 mg 15 mg/kg
- Não comer ou beber durante 30 minutos. As peças dentárias localizadas em tumores alérgicos à penicilina
ou Claritromicina
orais ou adjacentes devem ser extraídas e
As pastilhas elásticas com flúor são particu- Impossibilidade
larmente indicadas nos casos de xerostomia, não tratadas endodonticamente.
de administração oral Clindamicina 600 mg IM ou EV 20 mg/Kg
pois estimulam a remanescente secreção sa- em alérgicos à penicilina
livar, aumentando a capacidade tampão. Profilaxia
de infecções orais dentes de pericoronarites frequentes e g. Raízes retidas não totalmente cobertas
Recentemente desenvolveram-se dispositi-
vos intra-orais de libertação lenta de flúor. O Os doentes em preparação para transplante sem sinais inflamatórios; dentes total- por osso alveolar.
objectivo destes dispositivos é o de libertar, de medula devem receber profilaxia com Flu- mente inclusos no osso alveolar podem Nos doentes com falta de motivação para
constantemente, baixos níveis de flúor para a conazol (Diflucan® 400 mg/dia) para pre- ser deixados sem risco de problemas fu-
executarem uma boa higiene oral ou cumpri-
saliva, por um período prolongado. A sua efi- venção de infecções fúngicas desde o início turos;
rem as indicações preventivas, os critérios
cácia é indiscutível, mas o seu uso ainda é li- da QT e até ao final do período neutropénico. b. Dentes fracturados não restauráveis; para optar pelas exodontias devem ser mais
mitado. c. Dentes com lesões periapicais não resol-
O Aciclovir (Zovirax® 200 mg 2 vezes por latos.
dia) ou o Valaciclovir (Valtrex® 500 mg 2 vidas. Nos doentes que recebam só QT
Tratamentos endodônticos podem evitar-se as extracções se as le- As extracções devem ser realizadas com o
vezes por dia) são os indicados para a pre-
Como princípio geral, têm indicação nos doen- sões forem assintomática e <5 mm; menor trauma possível. Recorrer se neces-
venção de reactivação do vírus Herpes Sim-
tes com patologia pulpar limitada à peça den- sário ao retalho, alveoloplastia, regularização
plex (HSV) em doentes com análise positiva d. Dentes com doença periodontal, com
tária. para os anticorpos do HSV. perda óssea, mobilidade e/ou envolvi- do rebordo alveolar e sutura sob mínima ten-
mento da fúrcula; são para obter um encerramento primário da
Dentes com lesões periapicais na área de ra-
diação devem ser extraídos. Cirurgia Oral e. Dentes decíduos com esfoliação espec-
ferida operatória. Depois de RT >60 Gy a re-
modelação óssea é mínima ou mesmo nula.
Dentes com lesões periapicais fora da área Devem ser extraídos: tável dentro de 3 meses ou com risco de
de radiação podem ser tratados endodonti- a. Sisos semi-inclusos. Nos doentes sub- envolvimento pulpar; As extracções devem ser realizadas com a an-
camente se for possível eliminar completa- metidos apenas a QT podem não ser ex- f. Dentes em directa associação com tumo- tecedência necessária para permitir uma ci-
mente o foco séptico. traídos se assintomáticos, sem antece- res intra-orais; catrização mínima (Tabela 2).

18 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 19


Os pacientes para transplante de medula
devem ter realizado as exodontias antes do
Ortodontia D.2 Consultas de estomatologia durante
dia da colheita. Remover bandas e outras peças que possam
causar trauma à mucosa oral. O tratamento
a terapêutica oncológica
Em relação aos BFF por via e.v., existe um pe- deve ser suspenso até, pelo menos, 1 ano
ríodo de oportunidade para procedimentos in- após a terapia oncológica. Neste período, marcado pelas mielosupres- D.2.2 Parâmetros
vasivos até aos 3 meses (incluindo o período
No caso dos bifosfonatos, o seu efeito anti- são e imunodepressão, apenas estão indica-
cicatricial pós-procedimento) depois do início
dos tratamentos urgentes, inadiáveis e cui- hematológicos
da medicação. São raros os casos de osteo- -osteoclástico parece desaconselhar a colo-
cação de aparelhos de ortodontia ou, pelo dados paliativos de rotina. A higiene oral é A série branca atinge os seus valores míni-
necroses antes dos 6 meses de exposição.
menos, levar à diminuição da velocidade dos de particular importância nesta fase. mos 7 a 14 dias após a quimioterapia (Tabela
Há necessidade de profilaxia antibiótica antes movimentos dentários. 4). Não intervir neste período temporal sem
dos procedimentos cirúrgicos em doentes D.2.1 Objectivos o conhecimento do oncologista.
que, devido à sua condição neoplásica prévia, Prostodontia - Controle da higiene oral; Se for previsível que os neutrófilos caiam
possam apresentar-se neutropénicos, com
Remover próteses mal adaptadas. - Diagnóstico precoce de complicações; abaixo de 1.000/mm3 nos 10 -14 dias seguin-
valores inferiores a 1.000. Nos doentes que
Aconselhar uso descontínuo de próteses re- tes não devem ser realizadas manobras in-
possam ter já colocado um cateter central - Controlo das complicações surgidas (mu-
movíveis (não utilizar à noite). Avisar o vasivas.
para a medicação quimioterápica é prudente cosite, xerostomia…);
também efectuar-se antibioterapia prévia, mas doente que aos primeiros sintomas de boca - Tratamentos estomatológicos de urgência
não representa uma indicação absoluta. Deve seca deve suspender a sua utilização. ou paliativos.
ser utilizado o protocolo da AHA (Tabela 3). Os obturadores devem ser mantidos em per-
manência, pois a contracção dos tecidos [Tabela 4] Parâmetros hematológicos e recomendações
Dentisteria pode ocorrer em algumas horas.
Evitar restaurações a amálgama em doentes Valores Recomendações Comentários
Evitar a utilização de adesivos protéticos, ex-
com indicação de RT da cabeça e pescoço. cepto em doentes com xerostomia. Se a quimioterpia
é administrada por cateter
Aconselhar uma boa higiene da prótese. Neutrófilos >2.000 mm3 Sem profilaxia ATB
Periodontia central é prudente a
Lavar 2 vezes por dia com escova mole e profilaxia ATB
Tartarectomia e alisamento radicular estão in- mergulhar em solução de hipoclorito de
dicadas em todos os pacientes. Neutrófilos entre 1.000
sódio diluído a 1:25 ou em clorexidina du- Profilaxia ATB Protocolo AHA
e 2.000 mm3
Dentes com bolsas periodontais de 4 a 6 mm rante 30 minutos após a lavagem.
Piperacilina + Tazobactam
devem ser extraídos. No caso da quimiotera- Sempre que possível devem ser construídos Amicacina 150 mg
(Associação de Penicilina de
pia isolada podem manter-se os dentes com aparelhos protectores revestidos com chum- 1 hora antes e Piperacilina
Neutrófilos <1.000 mm3 largo espectro e inibidor das
bolsas até 6 a 8 mm. + Tazobactam e.v. 30
bo para reduzir a morbilidade. Os tecidos ad- B-lactamases) só em
minutos antes
jacentes devem ser protegidos das radiações farmácia hospitalar
Dentes com grande perda óssea, mobilidade
dispersas por reflexão nas restaurações e Plaquetas >75.000 mm3 Sem precauções especiais
excessiva e com exsudado purulento e/ou he-
próteses fixas metálicas.
morrágico, devem ser extraídos.
Procedimentos só em meio Se não suficientes,
Plaquetas
hospitalar com reforço das transfusão de concentrado
entre 50.000 e 70.000
medidas de hemostase local de plaquetas

Transfusão de concentrado Não evita o reforço das


Plaquetas <50.000
de plaquetas 1 hora antes medidas de hemostase local

20 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 21


[Tabela 6] Antifúngicos
[Tabela 5] Terapêutica de infecções bacterianas
ANTI-MICROBIANOS TÓPICOS 200 mg no 1º dia
FLUCONAZOL DIFLUCAN®, cp 100 mg
e 100 mg/dia durante 6 a 14 dias
Bacitracina – 500 unid/gr – aplicar 2 a 3 x/dia
Dissolver na boca 5 x/dia,
Neomicina – 500 unid/gr – aplicar 2 a 3 x/dia CLOTRIMAZOL MYCELEX®, solução 10 mg
durante 14 dias
ANTIBIÓTICOS SISTÉMICOS SPORONOX®, suspensão Bochecho e ingestão
ITRACONAZOL
Para infecções por gram +: 100 mg/10 ml de 200 mg durante 7 a 14 dias
Vancomicina, 500 mg a 1.000 mg e.v. de 6/6 horas FUNGISONE®,
ANFOTERICINA B 1 ml 4 x/dia durante 14 dias
suspensão 100 mg/ml
Para infecções por gram - :
Ciprofloxacina, 250 a 750 mg p.o. de 12/12 horas ou 200 a 400 mg e.v. de 12/12 horas NIZORAL®, cp 200 mg
CETOCONAZOL 200 mg/dia durante 14 dias
(Em simultâneo com a ciclosporina aumenta o risco de nefrotoxicidade). RAPAMIC®
Trimetoprim/sulfametoxazole, 800 mg+160 mg p.o. ou e.v. de 12 em 12 horas MYCOSTATIN®, Dissolver na boca 4 x/dia
NISTATINA
solução 200 mg durante 14 dias
D.2.3 Higiene oral doentes devem ser informados para recorrer
ao médico logo que surjam sinais de infec- quando existe doença periodontal. Estes da- clorito de sódio em 250 ml de água;
Avaliar a higiene oral após os conselhos ção. Esta pode também ser difícil de identifi- dos sugerem que a flora anaeróbia encontra 4. Aplicar na prótese um gel de miconazol
dados nas consultas anteriores. Reforçar as car devido à neutropenia que torna os sinais condições favoráveis para o seu desenvolvi- (Daktarin® gel oral) antes de voltar a in-
instruções técnicas e motivar informada- de infecção menos exuberantes. A febre pode mento durante a imunodepressão. Os esta- troduzi-la na boca.
mente o doente caso seja necessário. ser o único sinal presente. Sempre que pos-
filococos são os mais frequentes gram+.
sível deve ser identificado o agente e o anti-
Neste período neutropénico o doente deve
biótico a que é sensível, porém, quando os Virais
utilizar uma escova suave ou ultra suave 2 a
pacientes se encontram em regimes profi-
Fúngicas
As apresentações tópicas de antivirais não
3 vezes/dia. Utilizar a pasta dentífrica da sua Um em cada 2 ou 3 pacientes com tumores da
lácticos com antibióticos de largo espectro, estão indicadas nestes doentes uma vez que
preferência, desde de que contenha flúor. cabeça e pescoço que sofreram RT ou RT as-
tal pode não ser possível. a extensão da doença requer terapia sisté-
Deve evitar pastas designadas para bran- sociada a QT sofrem de Candidíase (Figura 7). mica (Tabela 7).
queamento dentário ou com sabor intenso. Bacterianas (Tabela 5) Tratar a candidíase oral de forma agressiva Para formas menos graves, aciclovir p.o.
Utilizar atraumáticamente o fio dental uma As mais frequentes são as bactérias gram ne- impedindo a extensão ao tubo digestivo.
vez/dia. Se o doente não o utilizava previa- gativas, como a E. coli e as Pseudomonas. A Também pode provocar sépsis por dissemi- Em formas mais severas, aciclovir e.v.
mente, é desaconselhável que inicie o seu Fusobacterium é encontrada frequentemente nação hematógenea. Outras formas com maior tolerância para o
uso neste período.
O Fluconazol e o Clotrimazol são os mais uti- paciente, mas mais caros:
Bochechar abundantemente durante o dia. lizados. Evitar a solução de Nistatina pois
Famciclovir e Valaciclovir.
contém açúcar (Tabela 6).
D.2.4 Tratamento Limpeza e desinfecção de próteses. Seguir o D.2.5 Controlo da mucosite
das infecções orais seguinte protocolo:
Os doentes sujeitos a RT da cabeça e pes- 1. Escovagem e lavagem em água corrente; D.2.5.1 Introdução
coço estão em risco de infecção por Candida 2. Colocar a prótese durante 30 minutos por A mucosite é definida como uma inflamação e
albicans e os doentes sujeitos a QT e trans- dia em solução a 0.12% de Cloroexidina; ulceração da mucosa oral com formação de
plante da medula correm risco de infecções pseudomembrana, dolorosa e fonte potencial
3. Colocar a prótese durante 30 minutos por
recorrentes no período neutropénico. Os [Figura 7] Candídiase oral de infecções com risco de morte (Figura 8).
dia em solução diluída de 10 ml de hipo-

22 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 23


[Tabela 7] Antivirais Radioterapia tadas e aparelhos de ortodontia podem
1 cap 5 x/dia, durante 7 dias aumentar a severidade da mucosite ao
ACICLOVIR ZOVIRAX®, cap de 200 mg A severidade da mucosite na RT da cabeça e traumatizar a mucosa. Todos estes fac-
pescoço depende da dose total, volume irra- tores devem ser controlados nas consul-
5 mg/Kg de 8/8 h, durante 7 dias diado, duração do tratamento e regime de
ACICLOVIR ZOVIRAX®, e.v. tas pré-tratamento. É aconselhada uma
fraccionamento. Em média a mucosite tem dieta mole pouco traumatizante;
1 cap 2 x/dia, durante 7 dias o seu pico entre a 5ª e 6ª semanas e resolve
FAMCICLOVIR FAMVIR®, cap de 500 mg c. Risco de infecções – A patologia perio-
entre a 8ª e a 12ª semanas.
dontal e pulpar tem um impacto signifi-
VALACICLOVIR VALTREX®, cap de 500 mg 1 cap 2 x/dia, durante 7 dias Os doentes que recebem 5000 cGy ou mais cativo no risco de sépsis. A deficiente hi-
de radiação, com tumores de localização na- giene oral tem uma importância relevan-
sofaríngea ou orofaríngea, com hiperfraccio- te, pois a retenção de placa bacteriana pode
Normalmente resolve entre 2 a 3 semanas Claramente, o factor de risco mais importante namento ou com QT associada, tem um contribuir para a invasão microbiana de le-
depois de concluído o tratamento, mas é res- para a mucosite é a terapêutica do cancro e maior risco de desenvolver um grau severo sões ulceradas com infecções locais ou
ponsável por alterações do programa tera- depende do tipo de tratamento (radioterapia de mucosite. mesmo septicémia.
pêutico da QT em 9% e da RT em 19% dos quimioterapia, ou quimiorradioterapia com-
A dor relacionada com a mucosite resulta
casos. A mucosite severa pode levar a redu- binada), dosagem e fraccionamento: Outros factores de risco do efeito tóxico directo e inflamação subse-
ções nas doses ou alterações temporais na
Quimioterapia A predisposição genética, o sexo (maior risco quente que activam os nocirreceptores no
administração da terapêutica. Estas altera-
para o sexo feminino, 86% vs. 60% e maior local e desaparece quando se resolvem as
ções podem afectar o sucesso do tratamento
Conforme aumenta a intensidade da terapia, severidade), raça (menor incidência nos ne- lesões teciduais. A dor tem uma duração li-
e por consequência a sobrevida dos doentes.
aumenta o risco de mucosite. Os agentes mitada: 1 a 2 semanas na mucosite relacio-
gros) as comorbilidades, o tipo de tumor e a
A mucosite é comum nos transplantes de me- com o risco mais elevado são a cisplatina, o nada com a quimioterapia e menos de 3
saúde oral prévia são factores associados.
dula, RT da cabeça e pescoço, QT associada 5-fluouracil, o metotrexato, doxorrubicina e a meses na mucosite relacionada com a ra-
Idade e estado nutricional são factores ainda
com RT, QT para tratamento de leucemia e de ciclofosfamida. O risco também varia com a dioterapia. Apenas excepcionalmente a mu-
não confirmados. Os factores de risco orais
tumores gastrintestinais. Estima-se que, em sequência dos ciclos de quimioterapia e do cosite por radioterapia pode evoluir para
são:
termos gerais, 40% dos doentes que fazem seu efeito cumulativo. O risco de mucosite dor crónica.
quimioterapia convencional e 76% dos doen- parece aumentar com os ciclos subsequen- a. Disfunção das glândulas salivares – A
Mucosite está significativamente asso- A mucosite orofaríngea continua a ser um
tes tratados com transplantes de medula tes, se tiver ocorrido no ciclo anterior.
ciada a uma hipofunção das glândulas frequente e debilitante efeito colateral da te-
óssea desenvolvem mucosite significativa,
Associando a RT o risco sobe novamente de salivares. A dimuição da saliva influencia rapia oncológica.
com acentuada morbilidade.
tal modo que nos doentes com neoplasias da a mucosite devido ao aumento do trauma A mucosite e dor associada podem:
cabeça e pescoço submetidos a intensa qui- e irritação, ao aumento da colonização
miorradioterapia, a incidência é próxima dos - Interferir com a cura do cancro ao provo-
microbiana e à desidratação das muco- car atrasos e diminuição das doses dos
100%. sas. Um estudo de McCarthy et al. de- fármacos prescritos;
monstrou que 25% dos doentes estavam
Transplante de medula a fazer concomitantemente medicação - Aumentar o risco de infecções e hemorra-
gias;
É mais frequente nos transplantes alogéni- que causava hipofunção das glândulas
cos e quando é necessária a utilização de me- salivares, sendo assim importante rever - Aumentar o custo do tratamento;
totrexato para prevenção da GVHD, a severi- toda a medicação já prescrita e avaliar a - Interferir com as funções orais, debili-
dade da mucosite será maior. Em média a sua substituição; tando o doente;
mucosite tem o seu pico de intensidade entre b. Trauma e Irritação – Peças dentárias frac- - Afectar o estado psicológico e comporta-
os dias 6 e 12 após o transplante e resolve turadas ou cariadas, próteses mal adap- mental, diminuindo a sua qualidade de vida.
[Figura 8] Mucosite severa
lentamente entre os dias 7 e 14.

24 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 25


Não é, pois, de estranhar que a mucosite re- nibilidade de L-glutamina na mucosa torna- A Benzidamina não parece ser útil na pre- a. A base do tratamento da dor aguda não se
presente para alguns doentes a pior expe- -se crítica quando esta foi lesada pela qui- venção da mucosite por RT da cabeça e pes- relaciona com a intensidade da dor, mas
riência do seu tratamento oncológico. Estu- mioterapia e/ou radioterapia e ajuda a recu- coço (NCCN - National Comprehensive Can- sim com respostas adequadas ao aumento
dos realizados em doentes submetidos a perar a função normal dos tecidos. Porém, cer Network). dos níveis de dor. O clínico deve adaptar a
transplante de medula confirmam a muco- há recomendação expressa para a sua não O laser de baixa intensidade poderá vir a ter um sua resposta ao nível seguinte quando o
site como a mais frequente causa de dor, o utilização por via sistémica. papel na prevenção da mucosite (página 37) e controle da dor se torna inadequado;
efeito colateral mais debilitante e a pior ex- A Palifermina (Kepivance®) é a única droga pode ser utilizado sempre que disponível. b. Sempre que possível deve ser utilizado
periência de que o paciente se recorda. aprovada pela FDA para prevenção e trata- As restaurações a amálgama, pontes e co- um horário fixo de administração dos
mento da mucosite. A palifermina, é um factor roas metálicas ou qualquer outra aparatolo- medicamentos optando-se preferencial-
No entanto, a maior causa de insucesso no
de crescimento que estimula o crescimento e o gia metálica têm potencial reflectivo das ra- mente pela via oral;
controlo da dor e do desconforto da muco-
site é simplesmente o tratamento insufi- desenvolvimento das células epiteliais que re- diações podendo “redistribuir” esta para c. Começar o controlo da dor com estraté-
ciente. Quer por responsabilidade do clínico vestem o aparelho gastrintestinal. É muito se- tecidos moles adjacentes, aumentando o gias apropriadas para o paciente. Come-
– insuficiente conhecimento do controlo da melhante a um factor de crescimento natural risco de mucosite. Esta radiação em “rico- çar com tratamentos tópicos locais e au-
dor, avaliação incorrecta da dor, receio de que existe no organismo humano, denominado chete” é relativamente de baixa energia pelo mentar conforme necessário;
prescrever drogas como os opiáceos com os factor de crescimento dos queratinócitos (KGF). que o afastamento dos tecidos 5 a 10 mm das d. O objectivo do uso de drogas analgésicas,
seus efeitos colaterais, quer do doente – re- No entanto, devido à limitada experiência e se- superfícies metálicas pode bastar para pre- sobretudo os opióides, é conseguir a con-
gurança, a palifermina é recomendada apenas venir a sua absorção. As técnicas utilizadas centração mínima eficaz que resulte
lutância em relatar a dor, medo que a dor sig-
em doentes sujeitos a transplantes de medula podem ir de simples rolos de compressas, numa consistente analgesia. Infeliz-
nifique o falhanço da terapêutica, receio que
autolólogos com RT prévia. Deve ser usada protecções universais dos atletas, até gotei- mente, não existe uma resposta padrão
o médico lhe prescreva mais fármacos com
uma dosagem de 60 µg/Kg/dia durante três ras termoplásticas personalizadas. Outras universal, pelo que as doses devem ser in-
efeitos acessórios desagradáveis.
dias antes do início dos tratamentos e por mais técnicas ou instrumentos podem ser utiliza- dividualizadas;
três dias após o transplante. dos para posicionar a língua favoravelmente,
D.2.5.2 Prevenção e. Uma vez que um estado estacionário de
afastar a mandíbula ou cobrir algumas peças
A Amifostina, um radioprotector, parece tam- alívio adequado da dor tenha sido alcan-
A Crioterapia preventiva é a única medida tó- dentárias durante a radiação. Todas estas es-
pica que comprovadamente reduz a incidên- bém benéfica na prevenção da mucosite por çado, a dose deve permanecer estável até
tratégias, embora eficazes são pouco utiliza-
cia e gravidade da mucosite quando são uti- RT mas, pode ser também radioprotectora que uma avaliação posterior confirme al-
das, pela necessidade de uma equipa multi-
lizadas drogas quimioterapêuticas com semi- para as células tumorais. São necessários terações;
disciplinar muitas vezes ausente, nos centros
-vida curta. Os doentes são instruídos a man- mais estudos antes da possível recomenda- f. A dor orofaríngea irruptiva deve ser abor-
oncológicos.
terem na boca pedaços de gelo antes da ad- ção do seu uso. dada imediatamente, sem demora, geral-
A medida preventiva mais importante é a res-
ministração dos agentes quimioterapêuticos Outras drogas como a Velafermina (um fac- mente com estratégias agressivas que
tauração da saúde oral antes do início do tra-
até algumas horas depois. Múltiplos estudos tor de crescimento dos fibroblastos), e a N- proporcionam alívio imediato da dor. Isto
tamento oncológico, obedecendo às guideli-
confirmam uma menor incidência, gravidade, -acetilcisteína, também se mostraram úteis pode envolver a aplicação de anestésicos
nes referidas no capítulo anterior.
utilização de opióides e dias de internamen- em ensaios recentes, mas ainda sem com- tópicos em combinação com opióides de
to nestes doentes. É mais eficaz na QT com provação inequívoca. acção curta;
D.2.5.3 Princípios gerais
5-FU, edatrexato e melfalano. g. Medicação adjuvante e estratégias não far-
A Clorexidina não deve ser utilizada na pre- do tratamento da mucosite
Estudos recentes confirmam que a suspen- venção da mucosite. É apenas útil quando o macológicas da dor são usados em todos
são oral de glutamina (Saforis®) é útil na pre- A dor da mucosite orofaríngea deve ser con- os níveis, para aumentar o alívio da dor,
controlo da placa bacteriana é deficiente.
venção da mucosite. A L-glutamina é o ami- siderada para efeitos de tratamento como tratar os efeitos adversos dos medica-
noácido mais abundante no plasma humano O Aciclovir não deve ser utilizado para a pre- uma dor aguda. A abordagem por etapas é a mentos analgésicos e para o tratamento
e tem várias funções benéficas no orga- venção da mucosite. mais adequada. concomitante de distúrbios psicológicos e
nismo, incluindo o fornecimento de energia Colutórios ou pastilhas com antibióticos ou Os princípios básicos de um modelo de con- fisiológicos, tais como ansiedade, depres-
e regulação da síntese de proteínas. A dispo- antissépticos não devem ser utilizados. trolo da dor aguda padrão são as seguintes: são e insónia;

26 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 27


h. Os medicamentos recomendados para o próximo nível, as estratégias utilizadas na Pode ser necessária ajuda profissional para Utilizar esponjas ou gazes humedecidas, 3
dor ligeira a moderada (paracetamol, etapa anterior devem ser continuadas - por encontrar técnicas de escovagem eficientes vezes/dia, quando a escovagem for de todo
anti-inflamatórios não esteróides) têm li- exemplo, lavagens com colutórios e anesté- e atraumáticas. impossível.
mitações de dose para evitar a toxicidade; sicos tópicos utilizados para o manejo da
i. É essencial a avaliação regular da analge- dor leve da mucosite devem continuar,
Adaptado de “Oral Health in cancer therapy”, Third edition, 2009
sia e dos efeitos adversos das drogas mesmo depois do paciente iniciar opióides
analgésicas; (Figura 10).
NÍVEL 4: Dor severa e disfunção das funções orais
j. Deve ser utilizada a escada analgésica da

AUMENTO DA DOR DA MUCOSITE


OMS (Figura 9). Nível 1 Lavagens orais, protectores
e anestésicos tópicos
Cuidados básicos de saúde oral Analgésicos opióides fortes
D.2.5.4 Abordagem por etapas Alimentação parentérica
para controlo Higiene Oral Controlo e equilíbrio electrolítico
da dor por mucosite inadequado Controlo da dor não-farmacológica
O doente deve manter uma higiene oral com-
da dor ou
petente utilizando as técnicas referidas ante- Drogas adjuvantes e avaliações frequentes
Esta abordagem é baseada nos princípios da aumento da dor
riormente.
crescente agressividade das estratégias de
NÍVEL 3: Dor moderada e disfunção das funções orais
manejo da dor e integra os princípios da on- O doente deve ser educado e motivado para
Lavagens orais, protectores e anestésicos tópicos
cologia oral, estomatologia e medicina in- manter a higiene oral mesmo após o início
dos sintomas e quando as manobras de hi- Analgésicos opióides moderados a fortes
terna. É importante realçar que, quando os Controlo
giene forem desconfortáveis e até dolorosas. Alterações da dieta, equilíbrio electrolítico
cuidados ao doente são intensificados para inadequado
e controlo da dor não-farmacológica
da dor ou
aumento da dor Drogas adjuvantes e avaliações frequentes

Degrau 3
Dor intensa NÍVEL 2: Dor leve e disfunção das funções orais
Lavagens orais, protectores da mucosa e anestésicos tópicos
Degrau 2
Dor moderada Opióide forte Analgésicos não opióides ou opióides moderados
Morfina Início do Alterações da dieta e controlo da dor não-farmacológica
Degrau 1 Buprenorfina desconforto
Dor leve Opióide fraco Drogas adjuvantes e avaliações frequentes
Fentanil, etc. oral/dor
Codeína
Não-opióides Tramadol NÍVEL 1: Cuidados básicos da saúde oral
± não-opióides
AAS Medidas preventivas
± não-opióides ± adjuvantes
Paracetamol Lavagens orais
AINEs ± adjuvantes Início Higiene oral
da terapia
oncológica Avaliações frequentes
± adjuvantes

Antes do início da terapêutica do cancro


Considerar terapêuticas adjuvantes Completo exame oral
Anestésicos locais, antidepressivos, anti-histamínicos, etc.
Resolução dos focos sépticos e restauração da saúde oral
Educação do Paciente
Apoio psicológico e tratamento de outros sintomas

[Figura 9] Escada da OMS [Figura 10] Abordagem por etapas para controlo da dor por mucosite

28 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 29


[Tabela 8] Soluções para lavagens orais [Tabela 9] Classificação da mucosite recomendada pela OMS
Composição Grau 0 Ausência
Colutórios Vantagens Desvantagens
e instruções
Neutraliza ácidos Grau 1 Discreto edema, eritema e ulcerações não dolorosas
do vómito e refluxo
Bicarbonato de sódio Dilui a saliva espessa
Soluções dissolvido Nenhuma Grau 2 Eritema, edema e úlceras dolorosas mas permitindo a ingestão de sólidos
neutras em água 2/2 horas Acalma a irritação
da mucosa O mesmo quadro mas não permitindo ao doente a ingestão de sólidos,
Grau 3
Limpeza de detritos apenas de líquidos

Não deteriora Grau 4 Quando requer suporte parentérico ou intubação nasogástrica


Sal dissolvido
em água a 0.9% a mucosa
1/2 colher de chá Acalma a irritação
da mucosa Colutórios com clorexidina devem ser pres- dos. A educação do doente e respectiva fa-
Soluções para 250 ml
salinas Humidifica a mucosa
Nenhuma critos se o controlo da placa for deficiente. mília permite antecipar e agir precocemente
Podem ser adicionados
cubos de gelo Limpeza de detritos quando necessário.
imediatamente Recomendada para
Lavagens orais (Tabela 8) O instrumento mais utilizado na avaliação
antes da utilização a gengivite leucémica Soluções suaves são úteis para humidificar a clínica da mucosite é a classificação da OMS
A solução salina mucosa e reduzir a irritação e o desconforto. (Tabela 9) para o grau de severidade da mu-
Solução a 0.9% tem um pH Estudos recentes confirmam uma solução cosite.
salina com de 5,2. Ao juntar
Idênticas às anteriores Nenhuma salina a 0.9% como a melhor e mais barata.
bicarbonato bicarbonato de sódio,
Profilaxia
de sódio subimos o pH a um A utilização de soluções com lidocaína, dife-
valor mais neutro nidramina, antiácidos e nistatina, não mos- das infecções orais
trou resultados mais eficazes.
Pode alterar a flora oral Na mucosite induzida pela QT suspeitar
Contém álcool Devem ser evitadas soluções contendo álcool sempre de infecções pela Cândida e pelo
Pigmenta dentes e essências como a menta e o limão, devido HSV. As formas de apresentação podem ser
Útil na presença e restaurações ao factor irritativo destas substâncias. pouco comuns e levar à necessidade de rea-
15/30 cc, 1 minuto, de insuficiente Sabor desagradável
3 vezes ao dia, higiene e de sinais Soluções de Sucralfate não devem ser usa- lizar esfregaços e culturas.
Pode promover
Clorexidina seguidos de 30 de inflamação das na mucosite induzida por radiação. Na mucosite por radiação, a reactivação do
ou diminuição aparecimento de
Corsodyl® minutos sem ingestão
de fluxo salivar pseudomonas HSV não é significativa.
de alimentos ou A Clorexidina não deve ser utilizada para la-
manobras de higiene Potente espectro Evitar o uso simultâneo A identificação precoce e tratamento das in-
com soluções de nistatina, vagens orais na mucosite induzida pela QT.
antimicrobiano fecções diminuem a severidade da mucosite e
pois inibem a acção
uma da outra. 1 hora Lubrificação dos lábios ajudam a controlar a dor (ver capítulo D.2.4).
de intervalo mínimo
entre aplicações É recomendada a utilização precoce de cre-
mes com linóleo para humidificação e lubri- Níveis 2 a 4
Deve ser diluída 1:4 Atrasa a cicatrização
Desmineralização
ficação dos lábios. Dor moderada a severa
Não recomendável para
Peróxido do esmalte
de hidrogénio
uso diário e no máximo
2 vezes por dia
Útil em infecções
Sabor desagradável
Avaliação da Mucosite Controlo tópico da dor
periodontais com
(água Útil para limpeza de anaeróbios Causa boca seca, Deve ser feita precocemente após o início da
oxigenada) feridas, úlceras e desconforto e sede
Lavagens orais
terapêutica oncológica e repetida regular-
remoção de secreções Pode promover mente, por uma equipa multidisciplinar. Os A frequência dos bochechos deve ser au-
espessas aparecimento de fungos factores de risco presentes devem ser avalia- mentada quando o desconforto aumenta.

30 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 31


[Tabela 10] Anestésicos tópicos e outros - Não utilizar próteses. O doente com mu- para controlo da dor. Uma abordagem mul-
cosite deve suspender o uso de próteses; timodal maximiza a eficácia do controle da
Fármacos Alguns exemplos no mercado
- Não deglutir para evitar a anestesia do pa- dor e reduz a necessidade de doses mais
Anestésicos verdadeiros lato mole e da orofaringe (diminuição do agressivas de uma única modalidade.
Lidocaína Lidonostrum® (gel ou spray), Xilocaína® (gel e spray) reflexo do vómito e da tosse, aumentando
Benzocaína Dentispray® (spray), Hurricaine® gel
Anti-inflamatórios não esteróides
o risco de aspiração e os efeitos sistémi-
Oxibuprocaína Anestocil® colírio cos potencialmente tóxicos); (AINE)
Anti-histamínicos - Pode haver alguns efeitos centrais pela - Recomendados para a dor da mucosite
Difenidramina Não disponível aplicação tópica da cocaína, mas a ligeira leve a moderada (Tabela 11);
euforia sentida pode ser benéfica para o
Outros agentes - São eficazes per se ou em associação com
estado psicológico do paciente e o risco
Benzidamina Flogoral®, Tantun verde® (colutório, pastilhas, spray) os opiáceos, pois utilizam receptores dife-
de potencial abuso e dependência é negli-
Cocaína Solução a 10% (preparação em farmácia hospitalar) genciável nestes doentes; rentes destes;
Anti-inflamatórios - Embora sejam baratos e não produzam to-
- Podem ser utilizados simultaneamente
Diclofenac Diclodent® (1 hora de diferença entre aplicações) lerância ou dependência, a sua toxicidade
anestésicos verdadeiros e outros colutó- limita bastante o seu uso. A disfunção pla-
[Tabela 11] Anti-inflamatórios. Alguns exemplos do mercado rios com efeito anti-inflamatório como o quetária (importante nestes pacientes
Princípio activo Nome comercial Posologia Dose máxima Diclofenac (Diclodent®) e a Benzidamina com trombocitopenia) a toxicidade renal
(Tantun Verde®). e hepática, interacções com varfarina, me-
Ibuprofeno Norvectan® trotexato, ciclosporina, digitálicos e anti-
400 mg a 800 mg 8/8 h 2.400 mg/dia
e derivados Brufen® Protectores da mucosa -diabéticos orais são desvantagens impor-
Naprosyn® Ensaios clínicos identificaram produtos po- tantes.
Naproxeno 500 mg 12/12 a 8/8 h 1.500 mg/dia
Reuxen® tencialmente benéficos:
Cataflan® 50 mg 12/12 a 8/8 h Opióides (Tabela 12 e 13)
Diclofenac 150 mg/dia - Gel Clair® (aprovado pela FDA mas com
Voltaren® 75 mg 12/12 h - São decisivos para o controle da dor mo-
eficácia discutível);
Celebrex® 100-200 mg 12/12 a derada a severa da mucosite proporcio-
Celecoxib 400 mg/dia - Geles de Hidroxipropilcelulose (Tabela 20).
Solexa® 24/24 h nando longos períodos de analgesia;
Tenoxicam Tilcotil® 20 mg 24/24 h 20 mg/dia
Dieta
- As doses requeridas variam muito de pa-
- Dieta líquida e pastosa à temperatura am-
Brexin® ciente para paciente, pelo que é aconse-
Piroxicam 20 mg de 12/12 h 20 mg/dia biente, de sabor suave e livre de alimentos
Feldene® lhável iniciar com uma dose baixa e titular
ácidos ou condimentos;
subsequentemente as doses pela analge-
Anestésicos tópicos muito baixa e reacções tóxicas sistémicas são - Batidos de fruta não-ácida, arroz, massas, sia e pelos efeitos colaterais;
praticamente desconhecidas. A utilização purés, leite, ovos e legumes cozidos são
O uso de anestésicos tópicos é recomendado - Começar com opióides de libertação nor-
dos anestésicos deve continuar, mesmo de- alimentos adequados;
precocemente no controlo da dor leve e mo- mal até ao controlo da dor e passar depois
pois do doente iniciar opióides. - Abstinência de álcool e tabaco.
derada. Devem ser aplicados directamente aos de libertação prolongada;
sobre as lesões em concentrações suficien- O doente a efectuar este tipo de terapêutica
tes durante o tempo necessário para permi- deve: Controlo farmacológico - Prevenir precocemente os efeitos colate-
tir uma penetração adequada nos tecidos da dor rais (náuseas e obstipação);
- Evitar potenciais acidentes traumáticos no
(Tabela 10). A frequência das aplicações de- período de anestesia como a escovagem Ao iniciar analgésicos sistémicos não deve- - Deve ser prescrito um tipo de opióide de
pende da severidade da dor. A absorção é ou alimentos sólidos; mos suspender todas as outras estratégias cada vez, excepto com os transdérmicos.

32 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 33


[Tabela 12] Fármacos usados no tratamento da dor (10 e 20 Grau da Escada da Oms) [Tabela 13] Fármacos usados no tratamento da dor (30 Grau da Escada da OMS)
Princípio activo Dose Apresentações Observações Princípio activo Dose Apresentações Observações
Comp. 500 mg e 1 g Por via e.v. usar diluído
Paracetamol 1 g de 8/8 Comp. Eferv. 1 g 10 mg/ml e administrar lentamente
Morfina, Sol. injectável
ou 6/6 h Xarope 200 mg /5 ml
(Ben-u-ron®, Cloridrato 40 mg/ 2 ml de uso hospitalar Reduzir para 1/2 da dose oral
Dose máx. Supositórios de 125, 250,
Panadol®) por via SC. e para 1/3 por via e.v.
– 4 g/dia 500 e 1.000 mg
amploas e.v. De uso hospitalar Prescrever sempre laxantes
8/8 h ou 6/6 h Comp. de 30 mg Prescrever anti-emético
10, 20 mg, 4/4 h Comp. LN (Podem ser
Paracetamol Dose máx.: 8 comp de codeína + 500 mg pelo menos 5 dias
Prevenir obstipação fraccionados ou moídos)
+ Codeína ou 4 sup./dia de paracetamol Evitar conduzir
e náuseas 10, 30, 60, 100 mg Comp. LP (não
(Dol-u-ron forte®) 240 mg de codeína Sup. de 60 mg de Codeína Morfina, Aumentar 25% a 50%
de 12/12h fraccionar nem moer)
+ 4 g de paracetamol e 1 g de paracetamol Sulfato cada dia até controlo da dor
Cáps. LP (podem ser
50, 100 mg cáps LN
abertas e administradas Sem dose máx.
50 mg comp. 50 mg de tramadol por sonda naso-gástrica) (limitada pelos efeitos colaterais)
orodispersíveis oral = a 10 mg Insuf. renal ou hepática grave:
Gotas orais 100 mg/ml de morfina oral 6/6 h ou 8/8 h
25-100 mg Sist. Doseador 100 mg de tramadol Iniciar com 35 µg/h ou menos
Tramadol 8/8 ou 6/6 h (1 bomb = 12.5 mg) = a 10 mg de morfina SC (os pensos podem ser cortados)
(Tramal® Travex®) Dose max. Susp. 100 mg
Menos obstipante
400 mg/dia Ampolas 100 mg/2 ml 35, 52 e 70 µg/h
Sem depressão respiratória
50, 100, 150, 200 mg Mudança de
12/12 h nas doses recomendadas
cáps. LP Buprenorfina sistema Sistema
de 96/96 h transdérmico Insuf renal: sem necessidade
150, 200, 300, 400 mg TD
24/24 h de ajuste
cáps. LP Dose max.
140 µg/h Insuf hepática: ajuste se for grave
Paracetamol
Dose máx. 2 cp de 325 mg de paracetamol com alterações da coagulação
+ Tramadol
6/6 h + 37,5 mg de tramadol Podem ser usados com outros
(Zaldiar®)
opióides em doses de resgate
Início 0,1-0,2 mg Dose de resgate: iniciar com 0,1-0,2
Avaliar diariamente até ao controlo da dor os diária e pode ser repetida hora a hora até ao de 8/8 h mg SOS cada hora e titular até dose
seguintes parâmetros: alívio da dor. Ao contrário do tramadol que Buprenorfina 0,2 e 0,4 mg comp. eficaz; se mais de 3 SOS/dia
Dose sublingual
tem dose máxima diária de 400 mg, a morfina SL aumentar a dose do penso TD
- Dose total diária; recomendada
não tem dose limite, dependendo da tolerân- 3 mg/dia Não ingerir os cp.
- Efeitos colaterais; cia individual aos efeitos acessórios. A titula- Os pensos podem ser cortados,
- Característica e intensidade da dor (atra- ção é feita aumentando a dose em 25% a 50% Sistema transdérmico as formulações em depósito, não
cada 48 h, se o doente necessitar de mais 2 ou 25, 50, 75, 100 µg/h
vés de uma escala da dor) (Figura 11). Fentanil TD em penso e em Podem ser usados com outros
de 72/72 h
3 doses de resgate por dia. depósito (genérico) opióides em doses de resgate
Se o doente estava a fazer anteriormente um Insuf. renal: reduzir 50% a 75%
Se for necessário alterar o opióide ou a sua
analgésico não-opióide poderá começar com
via de administração deve ter-se em consi- Dose de resgate: iniciar com 200 µg
tramadol de libertação normal 25 mg de 6/6 h 200 µg SOS
deração a equianalgesia das doses (Tabela cada 15 a 20 minutos e titular até
(solução oral, 10 gotas) mas, para um rápido Friccionar durante Sistema transmucoso dose eficaz. Se mais de 3 SOS/dia
14) e os factores de conversão (Tabela 15) Fentanil TM
controlo da dor recomenda-se a morfina com 15 minutos na de uso hospitalar aumentar a dose do penso TD
todavia, as doses devem ser ajustadas in- mucosa oral
4 horas de semi-vida (5 mg de 4/4 h). A dose Útil na dor irruptiva
dividualmente.
de resgate, (SOS) deverá ser um sexto da dose LP: libertação prolongada; LN: Libertação normal; SL: Sublingual; TD: Transdérmico; TM: Transmucoso; cp: Comprimido

34 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 35


Regras para redução e cessação da terapêu- Outros efeitos colaterais são:
tica opióide:
- Náuseas e vómitos – controlar com 10-20
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 a. Se surgirem sinais de toxicidade (seda- mg de metoclopramida ou domperidona
ção, mioclonias, alucinações ou delírio) de 6/6 h mais 10 mg SOS, 4 a 5 dias;
deve ser reforçada a hidratação e:
- Obstipação – utilizar laxante osmótico
- Se dor controlada: reduzir a dose em e/ou estimulante diário, por ex. lactulose
30% a 50% cada 2 dias ou mudar de via 15 a 30 ml, 1 a 3 x dia e/ou bisacodil 5 a 10
0 2 4 6 8 10 de administração; mg, 1 a 3 x dia, ou sene 2 comp. ao deitar,
Sem dor Pior dor - Se dor não controlada: mudar para enquanto utilizar opióide;
possível
outro opióide reduzindo 30% na dose
[Figura 11] Escalas da dor - Prurido – prescrever anti-histamínicos;
equianalgésica.
b. Suspensão da morfina ou outro opióide - Sedação.
por dor controlada:
[Tabela 14] Equianalgesia de doses de opióides Drogas adjuvantes
- Passar para 1/2 da dose e manter 2 dias;
Princípio Activo Via Doses equivalentes analgésicas Anti-depressivos, ansiolíticos e anticonvulsi-
- Reduzir 50% cada 2 dias até atingir a
vantes são úteis em situações de alterações
Codeína, mg Ora 120 240 dose equivalente a 10 a 15 mg/dia;
psicológicas, ansiedade e stress, potenciando
Tramadol, mg Oral 75 150 300 400 - Suspender ao fim de 2 dias. a analgesia e aumentando a tolerância à dor.
Morfina, mg Oral 15 30 60 80 120 180 240 Efeitos colaterais dos opiáceos
Técnicas de controlo da
Buprenorfina, µg/h TD 35 52.5 70 105 O desenvolvimento de tolerância está asso- dor não farmacológicas
ciado às terapêuticas prolongadas que não
Fentanil, µg/h TD 12.5 25 50 75 100 Exercício
são frequentes nestes doentes.
A dependência física “síndrome de abstinên- Acupunctura
[Tabela 15] Factores de conversão de opióides cia”, ao ser suspendido o fármaco, pode Crioterapia
Fármacos acontecer mesmo após um período de 2 se-
manas de administração. Os seus sinais e Apoio psicológico
de para Regra sintomas são: ansiedade, lacrimejo, dores Relaxamento
Codeína oral Morfina oral Dividir por 10 abdominais, irritabilidade, rinorreia, vómitos,
diarreia, náuseas e dores articulares. Laser de baixa intensidade - Os lasers de baixa
Tramadol oral Morfina oral Dividir por 5 intensidade (LILT – Low Intensity Level Treat-
A depressão respiratória raramente ocorre se ment), produzem bioestimulação, analgesia e
Tramadol e.v. Morfina e.v. Dividir por 10 seguirem as regras referidas anteriormente. efeitos anti-inflamatórios. Podem ser usados
Em casos de bradipneia sem cianose, sono- no consultório, em meio hospitalar ou no do-
Tramadol Oral Buprenorfina TD Dividir por 5
lência e miose, deve-se suspender a morfina micílio. Sessões de 5 a 10 minutos por dia du-
Morfina Oral Morfina SC Dividir por 2 até a frequência respiratória ser superior a rante 3 a 5 dias, têm sido o esquema mais uti-
10/minuto e retomar com 2/3 da dose. A ad- lizado (Laser InGaAIP, 35 mW de potência
Morfina Oral Morfina e.v. Dividir por 3
ministração de naloxona só se justifica se a com doses de energia de 1,1J/cm2 e 685 nm de
Morfina Oral Fentanil TD Dividir por 3 frequência respiratória for inferior a 8 e se re- comprimento de onda). De acordo com San-
gistar cianose. doval e colaboradores (2003), a terapia profi-
Dose de resgate de morfina oral Dividir dose de Fentanil
em doentes a fazer Fentonil TD (µg/h) por 2 láctica com o LILT parece ser mais efectiva do

36 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 37


que a curativa, mas em alguns casos registam- Para o diagnóstico diferencial com patologia D.3.3 Controlo do trismus Quando o trismus se desenvolve (normal-
-se a cura das lesões e o alívio da dor. A apli- pulpar é fundamental uma história clínica mente 3 a 6 meses após a RT), devem ser in-
cação do laser de baixa intensidade é uma téc- completa e exame objectivo cuidadoso. São Múltiplos estudos referem prevalências do tensificados os exercícios diários de abertura
nica não-invasiva, que parece efectivamente geralmente necessárias radiografias e testes trismus de 5% a 41% após a RT da cabeça e e encerramento da boca referidos. Podem ser
promover a redução da severidade da muco- de vitalidade pulpar. pescoço. O factor mais decisivo para o apa- utilizadas molas, stops de borracha e piões.
site. Requer aparelhagem própria e treino téc- recimento do trismus parece ser a inclusão
O tratamento é sintomático para controlo da Aplicar calor local antes e depois dos exercícios.
nico. Mais estudos são necessários para defi- dor. As drogas mais utilizadas são a Carba- do músculo ptérigoideu interno no campo da
nir os parâmetros ideais do laser, tais como o radiação. Prescrever AINEs e relaxantes musculares se
mazepina (dose diária inicial de 200 mg. e ti- necessário.
comprimento de onda, energia e horário de tular com aumentos de 200 mg/dia, em cada
aplicação, mas sempre que disponível pode semana até à dose máxima de 1.200 mg) e a Prevenção Tem sido utilizada a Pentoxifilina (Trental®
ser aplicado pois não tem contra-indicações Gabapentina (dose diária inicial de 300 mg 400 mg 2 a 3 vezes por dia) em alguns cen-
A prevenção do trismus é mais eficaz do que
quando não atinge a área tumoral. dividida em 2 ou 3 administrações e titular tros, mas não há uma recomendação con-
o seu tratamento. Os doentes em risco
com aumentos de 300 mg cada 24 horas. A sensual na sua prescrição.
devem ser aconselhados a efectuar exercícios
D.2.6 Neurotoxicidade dose efectiva varia entre os 900 e os 1.800 para manter a abertura máxima da boca e a
Alguns agentes quimioterapêuticos, sobretudo
mg/dia e a dose máxima é de 2.400 mg/dia). mobilidade da mandíbula logo que iniciem a D.3.4 Alterações do paladar
Pode haver necessidade de recorrer aos RT. O programa de mobilização deve seguir
os alcalóides da vinca, (vincristina e vinblas- opióides em alguns casos. Na maior parte dos casos regridem um ano
tina), podem causar neurotoxicidade periférica. as seguintes recomendações: após a RT, não requerendo tratamento.
Quando envolve nervos orais causa descon- Os sintomas são habitualmente reversíveis e
1. Os exercícios devem ser realizados no Podem levar a problemas nutricionais nos
forto e dor semelhante à pulpite, atingindo desaparecem com a suspensão ou diminui-
mesmo horário 3 a 6 vezes por dia, todos casos mais graves (em que o doente perde o
mais frequentemente os molares inferiores. ção da dose da QT.
os dias durante a RT; interesse pelos alimentos) requerendo acon-
2. Abrir a boca no máximo possível, manter selhamento dietético e suplementos alimen-
3 segundos e fechar. Repetir 5 vezes; tares e vitamínicos.
D.3 Consultas de estomatologia 3. Deslocar o mento para a esquerda, man-
Uma das técnicas descritas baseia-se na

pós-tratamento oncológico ter 3 segundos e voltar à posição normal.


substituição do paladar pelo aroma, criando
refeições muito aromáticas e coloridas, esti-
Repetir 5 vezes;
mulando o consumo alimentar.
Período em que os doentes devem ser cui- 3. Manter uma óptima saúde oral, pois 4. Deslocar o mento para a direita, manter Suplementos de zinco têm sido utilizados
dadosamente vigiados para detecção de re- pode sempre ser necessária nova terapia. 3 segundos e voltar à posição normal. Re- com bons resultados na recuperação do pa-
cidivas malignas ou de uma possível se- petir 5 vezes; ladar. A dose recomendada é de 1mg/Kg/dia
gunda neoplasia primária, mais provável D.3.2 Consultas dividida em duas tomas diárias.
5. Avançar o mento, manter 3 segundos e re-
neste período, e onde, algumas complica-
Consultas de 3 em 3 meses durante o 1° ano. gressar à posição normal. Repetir 5 vezes;
ções crónicas dos tratamentos oncológicos,
como a xerostomia, osteonecroses ou se- De 6 em 6 meses a partir do 2° ano, excepto 6. Imediatamente após os exercícios, mas- D.3.5 Endodontia
quelas pós-cirugia podem exigir uma atenção crianças que fizeram transplante de medula. car 2 pastilhas elásticas sem açúcar du- Devem ser evitadas todas as manobras que
redobrada durante longos períodos de tempo. Neste caso a vigilância será de 4 em 4 meses. rante 15 minutos. potencialmente causem infecções periapicais
Confirmar com o oncologista os parâmetros com consequente risco de osteonecroses.
Avaliação e tratamento Assim:
D.3.1 Objectivos hematológicos.
Comparar os valores de dimensão vertical e 1. A instrumentação não deve violar os tecidos
1. Enfatizar importância da higiene oral;
abertura máxima da boca com os obtidos nas periapicais e não deve haver extravasamento
2. Detectar precocemente e tratar as com- consultas iniciais. dos materiais obturadores para além do apex;
plicações;

38 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 39


2. Os agentes cáusticos devem ser evitados; D.3.8 Cirurgia oral [Tabela 16] Oxigenoterapia hiperbárica
3. Os acessos nunca devem ficar abertos.
Se houver necessidade de efectuar alguma Benéfica Não aconselhada
As restaurações provisórias devem ser
cuidadosamente efectuadas; exodontia ou outra manobra invasiva:
Extracções na mandíbula Extracções na maxila
4. A cirurgia periapical deve ser evitada. 1. Cobertura antibiótica (protocolo AHA); Radiação superior a 60 Gy Radiação inferior a 50 Gy
As radiotransparências apicais podem 2. Extracção o menos traumática possível; Dente na área de radiação Dente fora da área de radiação
não ser resolvidas no osso irradiado.
3. Alveoloplastia com sutura de encerra-
mento sem tensão;
D.3.6 Periodontia 4. Terapia com oxigénio hiperbárico, se ne-
[Tabela 17] Outras causas de diminuição do débito salivar

No controle da doença periodontal, minimi- cessário. Hipercalcemia


zar ao máximo o trauma tecidular: Alguns autores sugerem até 20 sessões pré- Fármacos anticolinérgicos
1. Tartarectomias conservadoras; -extracção e 10 pós-extracção, mas não deve
Anti-histamínicos
ser utilizada por rotina (Tabela 16).
2. Colutórios de Cloroexidina por curtos
Anti-parkinsónicos
períodos; Nos doentes submetidos apenas a QT, sem
3. Tetraciclina, 250 mg de 6/6 horas durante complicações orais e depois de recuperados Alcalóides da beladona
14 dias; da fase neutropénica (aproximadamente 1 Anti-depressivos tricíclicos
4. Oxigénio hiperbárico; mês) não há contra-indicação absoluta para
Opióides
extrações dentárias.
5. Irrigação subgengival;
Diuréticos
6. Alisamentos radiculares e cirurgias de re- Nos transplantados da medula, evitar proce-
talho com ou sem recontorno ósseo dimentos não urgentes durante um ano e Respiração oral
devem ser evitadas. nos primeiros 100 dias apenas a higiene oral Outras patologias como diabetes (mellitus e insípida),
é permitida. O risco de complicações baixa hipotiroidismo, doenças auto-imunes, depressão
gradualmente ao mesmo tempo que a imu-
D.3.7 Prostodontia nidade é restaurada ao longo dos primeiros
Hábitos tabágicos
1. Higiene da prótese (ver capítulo D.1.3) 6 a 12 meses. Desidratação
2. Avaliar a aparência da mucosa e a fun- Se o período de exposição aos bifosfonatos
ção salivar antes de iniciar o fabrico de
orais for superior aos 3 anos ou, se inferior, [Tabela 18] Classificação da xerostomia
próteses;
estiver associado a corticoterapia ou quimio-
3. Quando ocorre hiposalivação ou xerosto- terapia, o risco de osteonecrose é mais ele- Sintomático (saliva espessa ou escassa)
mia a retenção e tolerância às próteses vado. Assim, é razoável contactar o médico GRAU 1 sem alterações dietéticas significativas
removíveis diminui. É aconselhável nes- assistente para avaliar a suspensão dos bifos- Produção de saliva não-estimulada >0,2 ml/min (normal ≥4 ml)
tas situações o uso de cremes adesivos
fonatos por um período de 4 a 6 meses antes
(aumentam a retenção e diminuem o Sintomático com alterações significativas na ingestão oral
da manobra cirúrgica electiva. Caso não seja
traumatismo das mucosas). Realizar pró- (toma copiosa de água ou uso de outros lubrificantes,
medicamente aconselhável, tal suspensão GRAU 2 dieta limitada a alimentos moles e húmidos
teses implanto-suportadas sempre que
deve ser reavaliada a necessidade do procedi-
possível para minimizar o trauma, sa- Produção de saliva não-estimulada 0,1 a 0,2 ml/min
mento. Caso não haja alternativas ou se ocor-
bendo que os implantes devem ser colo-
rer uma situação urgente como a extracção de Incapacidade de se alimentar oralmente
cados 12 a 18 meses após RT;
um dente por abcesso dentário, o procedi- GRAU 3 Necessidade de fluidos endovenosos e alimentação parentérica
4. Pesquisar estomatite protética.
mento deve ser efectuado com os cuidados Produção de saliva não-estimulada <0,1 ml/min

40 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 41


acima referidos e, sob o consentimento infor- Aderir a um programa de fluorização (ver ca- [Tabela 19] Produtos úteis para estimular a produção salivar
mado do paciente em relação à real possibili- pítulo D.1.3). Produto Fabricante Observações
dade de vir a ocorrer uma osteonecrose.
Comparecer a consultas frequentes, pelo Biotene pastilhas boca seca Biotene Comercializada em Portugal pela Mercafar
menos todos os 3 meses, durante o primeiro
Trident pastilhas Cadbury Excepto as versões Splash e White
D.3.9 Controlo da xerostomia ano.
Smint Mints Smint
As glândulas salivares major produzem apro-
Procurar/Eliminar Thera Mints 3M Espe
ximadamente 1 litro de saliva por dia com
uma média de fluxo não-estimulado de 0.4
outras causas Thera Gum 3M Espe
ml/minuto e estimulado de 2.0 ml.
concorrentes (tabela 17)
[Tabela 20] Produtos utilizados na Xerostomia
Os valores comummente aceites para os li- Quantificar a xerostomia
Produto Fabricante
mites inferiores da função salivar normal são (Tabela 18)
0,1-0,2 ml/minuto, de fluxo não-estimulado e BioXtra gel humidificante KTB, produtos farmacêuticos
0,7 ml de fluxo estimulado, embora a defini- Controle dos sintomas BioXtra colutório KTB, produtos farmacêuticos
ção do volume salivar adequado para evitar
Controle tópico BioXtra pasta dentífrica suave KTB, produtos farmacêuticos
doença oral/dentária e manter o conforto
não esteja claramente definida. Biotene Pasta dentífrica boca seca Biotene (Mercafar)
Pastilhas elásticas sem açúcar e contendo xi-
litol são seguras e eficazes para estimular a Biotene Solução Oral, 250 ml Biotene Mercafar)
Educação do doente produção salivar (Tabela 19). Oralbalance gel da Biotene Biotene (Mercafar)
O doente deve ter conhecimento da repercus- Oralbalance liquid Biotene (Mercafar)
Na tabela 19 podemos consultar alguns pro-
são que tem a diminuição do fluxo salivar na
dutos comerciais vendidos em Portugal. Theraspray 3M Espe
sua saúde oral e que, sem a sua cooperação,
as complicações não podem ser controladas. Outro método para aumentar a humidifica- Salivart oral moisturizer Gebauer www.gebauerco.com
As funções salivares protectoras que o doente ção da cavidade oral é a aplicação tópica de Kin Hidrat em gel e spray Kin S.A.
perdeu devem ser detalhadamente explicadas. substitutos da saliva (baseiam-se em Car- Xerolacer colutório e pasta dentífrica Alter S.A.
Os conselhos dietéticos são extremamente boximetilcelulose, mucinas naturais e enzi-
Xerostom, spray, colutório, CPCH - Companhia Portuguesa
importantes, uma vez que a diminuição do mas, humedecendo e lubrificando a mucosa gel e pasta dentífrica Consumer Health
fluxo salivar aumenta o efeito cariogénico de de forma mais duradora) ou humidificado-
alimentos ricos em hidratos de carbono. res/protectores da mucosa. Produtos com
Controle sistémico Cáries dentárias e
pH <5.5 não são recomendados. Na Tabela
Líquidos ricos em açúcar como Ice tea, refri-
20 podemos consultar alguns produtos co- Se alguma função glandular ainda persiste, a aplicações de flúor
gerantes e sumos devem ser evitados para prescrição de um agente colinérgico como a
merciais. A aplicação tópica de flúor altera o ambiente
humidificar a boca. Aconselhar a utilização pilocarpina para estimular a secreção de saliva a favor da remineralização, o que é especial-
de água ou produtos indicados para o efeito Soluções simples como bicarbonato e soro endógena, pode ser benéfica e é mais conve- mente importante nos doentes com xerosto-
(Tabela 19 e 20). fisiológico podem ser utilizadas como colu- niente do que os substitutos de saliva, uma vez mia. Pode ser necessária a aplicação de ver-
Evitar colutórios com pH ácido e pastilhas e tório. Evitar colutórios com álcool. Soluções que esta possui enzimas e imunoglobulinas nizes fluoretados como o Duraphat (fluoreto
rebuçados com açúcar para estimular a pro- contendo limão ou vit. C. não devem ser uti- fundamentais para a homeostase do meio oral. de sódio a 5%). Deve ser aplicado com pe-
dução de saliva. lizadas por períodos longos de tempo. quenas escovas rotativas em todas as faces
A pilocarpina (Salagen®) é um parasimpati-
Reforçar a higiene oral. Utilizar pastas dentífri- Hidratar o paciente (aconselhar a ingestão comimético e como tal tem efeitos sistémi- dentárias em ambiente seco ou ligeiramente
cas fluoretadas pelo menos duas vezes por dia. de 2 litros de água por dia). cos (Tabela 21). húmido. O doente deve ser aconselhado a

42 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 43


[Tabela 21] Pilocarpina lanian S. et al.) descreve resultados favorá- Tratamento
veis com a utilização de bifosfonatos.
Efeitos adversos Sudação, náuseas, rinite, poliquiúria, astenia, miose Oxigenoterapia hiperbárica (OHB) – Comum-
A causa é multifactorial, incluindo: mente aceite até à última década, a sua utili-
Contra-indicações Asma, glaucoma, irites, alergia à pilocarpina zação é actualmente controversa e não uni-
1. Dose de radiação – O risco aumenta para versalmente aceite.
Doenças cardíacas, retinopatias, doenças do tracto biliar exposições superiores a 60 Gy e rara-
Precauções Apesar de ser reconhecido que reduz a hipó-
e distúrbios psiquiátricos mente acontece abaixo dos 50 Gy;
xia, melhora a vascularização e aumenta a ce-
2. Período de exposição à dose de radiação lularidade dos tecidos; estudos recentes não
Interacções Beta-bloqueantes e anticolinérgicos
– A mesma dose num período mais curto mostram benefícios significativos na osteo-
Dose 5 mg-10 mg 3x/dia a (dose máxima diária é de 30 mg) aumenta o risco, como nos esquemas hi- necrose. Annane et al. em 2004 apresenta
perfraccionados; mesmo piores resultados nos doentes sub-
não ingerir alimentos nem escovar os dentes ser obstruídos facilitando o aparecimento de 3. Técnica de radioterapia aplicada – mais metidos a OHB do que o grupo de controlo.
nas 4 horas seguintes após sair do gabinete. sialoadenites bacterianas. O tratamento re- comum com a Braquiterapia, e menos na A oxigenoterapia hiperbárica é cara, ocupa
comendado consiste na estimulação do fluxo IMRT; muito tempo no quotidiano do paciente e
A aplicação tópica de flúor utilizando goteiras
salivar, massagens glandulares e antibiotera- tem as seguintes contra-indicações:
está indicada em casos de xerostomia severa. 4. Localização da área irradiada – Maior
pia sistémica. Amoxicilina,(Cipamox®) 500 - Pneumotórax não drenado ou história de
Utilizar gel com 1,1% de fluoreto de sódio. incidência nas regiões posteriores da
mg a 1.000 mg de 8/8 horas durante 10 dias mandíbula; pneumotórax espontâneo (absoluta);
Aplicar 1 a 2x/dia durante 5 a 10 minutos.
ou Clindamicina,(Dalacin®) 300 mg de 6/6
Não bochechar ou ingerir alimentos durante 5. Volume do tecido exposto – Quanto - Infecções das vias aéreas
horas também durante 10 dias.
os 30 minutos seguintes. superiores/sinusites crónicas;
maior volume maior o risco associado;
Em casos menos graves utilizar colutórios - Infecções virais;
contendo 0,2% de fluoreto de sódio com pH
D.3.10 Osteorradionecrose 6. Agressões cirúrgicas (90% dos casos) –
- Cirurgias torácicas prévias recentes;
Biópsias, excisão de recidivas tumorais,
neutro. A Osteorradionecrose é a complicação mais etc. As exodontias duplicam o risco que - Enfisema pulmonar;
grave da Radioterapia e pode ser definida persiste durante anos, pois a incapaci- - Cirurgia otorrinolaringológica recente;
É útil a utilização de colutórios com Cloroe-
como a presença de osso exposto na área ir- dade de cura deve ser considerada per- - Nevrite óptica;
xidina a 0.12% (com o menor teor de álcool
radiada por um período superior a 3 ou 6 manente;
possível) para manter o número de Strepto- - Gravidez;
meses.
coccus mutans abaixo de um nível patológico. 7. Sexo – 3 vezes mais nos homens. - Idade inferior a dois anos;
A radiação produz lesão tecidular com ne-
Avaliações anteriores a 1970 registam uma - Terapêutica com Doxorrubicina
Outras infecções crose das células com maior turnover e le-
(absoluta);
sões na estrutura microvascular. O resultado incidência com valores próximos dos 12%,
A Candida coloniza 68% dos doentes com xe- um estudo recente mais representativo - Anestesia epidural há menos de 6 horas;
é a clássica imagem descrita por Marx em
rostomia. Deve sempre figurar no diagnós- aponta para uma incidência de 8.2% (Reut- - Esferocitose Congénita;
1982 dos 3 Hs da zona Hipocelular, Hipo-
tico diferencial destes doentes com queixas her et al.), mas estudos actuais referem va-
vascular e Hipóxica, incapaz de responder a - Febre alta;
de ardor lingual. A queilite angular também é lores próximos dos 3 a 5%. Esta diminuição
agressões tão banais como traumatismo por - Neoplasias;
uma apresentação frequente. Em casos de di- da incidência da ORN deve-se a uma me-
próteses mal adaptadas. Literatura recente - História de convulsões.
fícil diagnóstico, a sua presença deve ser con- lhoria dos protocolos da Radioterapia com
refere um mecanismo fibroatrófico onde os
firmada por esfregaço e cultura. A droga de 1ª novas técnicas 3D e IMRT, uma melhor abor- A osteorradionecrose pode classificar-se em
osteoclastos poderão também intervir. Na
linha é o Fluconazol (Capítulo D.2.4). dagem multidisciplinar e a implementação três estádios (Tabela 22).
verdade, a patogénese parece mais com-
Como o débito salivar diminui e a viscosi- plexa do que inicialmente suposto, de tal de medidas preventivas. O protocolo actual, praticado na maioria dos
dade aumenta, os ductos salivares podem modo que um estudo francês de 2002 (De- centros é o seguinte:

44 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 45


[Tabela 22] Classificação da osteorradionecrose 3. Sem história de Radioterapia e com ex- Uma avaliação feita em 2006 nos EUA
Ulceração superficial e osso cortical exposto clusão de metástase local. aponta para 0,7 novos casos de osteonecrose
Estádio 1 espontânea/ano por 100.000 pacientes ex-
Descrita em 2003 pela primeira vez, já foi in-
Maior atingimento dos tecidos moles e exposição cluída na nona revisão da International Clas- postos ao alendronato por via oral. Porém,
Estádio 2
de osso medular. Pode haver presença de sequestros sification of Diseases com o código aplicável como só entre Maio de 2003 e Abril de 2004
de: ICD-9-CM 733.45, Asseptic necrosis jaw. foram feitas mais de 22 milhões de prescri-
Presença de fístula cutânea, fractura patológica,
Estádio 3 reabsorção do rebordo inferior da mandíbula ções de Alendronato (Fosamax), o potencial
Os bifosfonatos são análogos estruturais dos número absoluto de osteonecroses torna-se
ou deiscência de sutura de cirurgia anterior
pirofosfatos inorgânicos prescritos essen- significativo.
cialmente para diminuir a reabsorção óssea,
ESTÁDIO 1 Estes transplantes osseocutâneos permitem Nos doentes oncológicos medicados com BFF
um curto período de cura, frequentemente alterada em determinadas patologias (Tabela
por via endovenosa, o tempo médio, desde o
- Tratamento de suporte: alívio da dor, apoio sem a necessidade de OHB, e possibilitando 23). Podem ser utilizados per os ou por via
início da medicação até ao aparecimento da
nutricional, desbridamentos superficiais e também a reabilitação posterior com im- endovenosa, reduzem eficazmente a morbi-
osteonecrose é de 22 a 39 meses, sendo apon-
irrigação com soluções salinas e cloroexi- plantes (apesar da taxa de sucesso destes lidade dos doentes com as patologias ósseas
tado ao Zoledronato um período médio de 18
dina, e reforço da higiene oral; baixar para 65 a 85% vs. 95%). A necessidade referidas, podendo mesmo ser life saving em
meses e ao Pamidronato de 39 a 72 meses.
de uma segunda intervenção com novo reta- situações de hipercalcemia aguda. A tera-
- A antibioterapia sistémica quando há in-
pêutica com BFF pode ter as seguintes com- A incorporação óssea dos BFF é proporcional
fecção secundária; lho total ou parcial ocorre apenas de 0 a 15%
plicações: à intensidade da remodelação óssea. Assim,
dos casos.
- A questão de recorrer à OHB, ou não, per- a sua concentração é mais elevada nas zonas
- Osteomalácia;
manece sem resposta. Caso se opte por O risco de osteorradionecrose mantém-se ao de crescimento, nos locais em processo de ci-
este recurso terapêutico deve seguir-se o longo da vida do doente, pelo que deve ser - Esofagite; catrização, nas zonas tumorais e nos locais
seguinte protocolo: – 30 “mergulhos” (1 sempre avaliado rigorosamente o risco antes - Síndrome febril; que apresentam naturalmente uma taxa de re-
por dia de segunda a sexta) até 2,4 at- de procedimentos cirúrgicos como exodon- - Mialgias; modelação fisiológica mais importante, como
mosferas durante 90 minutos. Caso o tias e colocação de implantes. O estomatolo- o osso alveolar dos maxilares. Apesar do me-
- Toxicidade renal;
doente apresente uma resposta favorável gista deve ter conhecimento da dose e área canismo etiopatogénico não estar ainda com-
fazer mais 10 sessões, perfazendo um que foi irradiada. Em zonas posteriores da - Osteonecrose dos maxilares (Tabela 23). pletamente esclarecido esta é, provavelmente,
total de 40 mergulhos. mandíbula que sofreram doses superiores a Na Tabela 24 podemos ver os principais BFF a razão pela qual a osteonecrose associada
60 Gy pode-se optar pela oxigenotarapia hi- utilizados actualmente. aos BFF é mais frequente nos maxilares.
ESTÁDIO 2 perbárica (20 sessões prévias e 10 posteriores).
[Tabela 23] Prevalência das osteonecroses associadas aos BFF
- Manutenção das medidas conservadoras
Via de Prevalência de Prevalência de osteonecrose
e sequestrectomia com encerramento pri- D.3.11 Osteonecrose associada administração
Indicações
osteonecrose após exodontias
mário se possível;
aos bifosfonatos Mieloma múltiplo
- OHB (?). Metástases ósseas
Existe osteonecrose por bifosfonatos quando Endovenosa 0,88 a 1,15% * 6,67 a 9,1% *
coexistem em simultâneo as três seguintes Hipercalcemia
ESTÁDIO 3 aguda
características clínicas:
Resseção transcutânea dos tecidos afectados Osteoporose
e reconstrução imediata com enxerto osteo- 1. Doentes a fazer ou tendo feito terapêu-
Doença de Paget
tica com BFF; Oral 0,01 a 0,04% * 0,09 a 0,34% *
cutâneo livre. O mais usado é o retalho da fí- Osteogenesis
bula, podendo utilizar-se retalho da escápula, 2. Tecido ósseo necrótico, exposto por um imperfecta
do ilíaco e do rádio. período superior a 8 semanas; * Woo a col.

46 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 47


Factores de risco A via de administração é relevante. 94% dos [Tabela 25] Factores de risco de osteonecrose na terapêutica com bifosfonatos
casos de osteonecrose ocorre em pacientes
A composição da molécula de BFF é o factor Zoledronato >Pamidronato
medicados por via endovenosa. Potência dos fármacos
mais relevante. Cinco moléculas, todas elas Ver tabela anterior
aminobifosfonatos, têm sido relacionadas Cerca de 60% dos casos aparecem secunda- Dose acumulada
com a osteonecrose: o zoledronato, o pami- riamente a actos cirúrgicos como exodontias, Relacionados
com o fármaco Biodisponibilidade
dronato, o ibandronato, o alendronato e o ri- cirurgia periodontal, colocação de implantes
Via de administração e.v. > p.o.
sédronato (Tabela 22) O Zoledronato é o BFF ou outros actos invasivos na cavidade oral.
Mesmo de entre os casos espontâneos, MAX Mais prolongada,
mais frequentemente responsável pelas os- Duração da terapêutica
maior probabilidade
teonecroses (um estudo da Fundação Inter- e col. referem que 39% surgem em exosto-
Extracções, Cirurgia periapical,
nacional do Mieloma responsabiliza-o por ses ou relevos ósseos cobertos por uma mu- Cirurgia oral
Cirurgia periodontal com
74% das osteonecroses). O segundo res- cosa fina facilmente traumatizável, tal como (aumenta o risco em 7x)
envolvimento ósseo e implantologia
ponsável é o Pamidronato. Estas diferenças a crista milo-hióideia. A Tabela 25 resume os
Mandíbula 65%; Maxila 26%
têm a ver com a potência da molécula e sua principais factores de risco.
9% em ambos
biodisponibilidade no osso. (Tabela 24). O
Recomendações para Anatomia Torus mandibularis, Torus palatino
Pamidronato é dez vezes menos potente que Locais
prevenção e tratamento Exostoses
o Alendronato, mas a sua maior biodisponi-
da Osteonecrose associada Região posterior da mandíbula
bilidade (45-80% vs. 0.64%) faz com que seja
responsável por mais casos. aos BFF Doenças orais concomitantes Doença periodontal
(aumenta o risco em 7x) Abcessos dentários
A dose acumulada que representa a dose As correntes recomendações terapêuticas são
Outros traumas orais
total do fármaco administrada antes do início limitadas ao consenso e opiniões de especia-
Higiene Oral
da osteonecrose é outro factor importante, listas, mas o estomatologista/médico dentista
apesar de não reflectir a quantidade fixada ao assistente, conhecedor da história médica do Idade Mais idade, maior o risco
osso. Esta quantidade, ou dose absorvida, paciente e da sua vulnerabilidade para doen- Raça Caucasiana
corresponde à dose acumulada corrigida pela ças orais, está na melhor posição para tomar Factores Mais frequentes no Mieloma
taxa de biodisponibilidade. as decisões terapêuticas apropriadas. demográficos Tipo de neoplasia múltiplo, Neoplasia da mama,
e sistémicos da prostata, e pulmão
[Tabela 24] Bifosfonatos
Osteopenia/Osteoporose
Posologia e via Taxa de
Bifosfonato Nome comercial Potência Diabetes
de administração biodisponibilidade
Corticóides
Zometa® 4 mg/mês e.v.
Zoledronato 20.000 55-77% Álcool e tabaco
Aclasta® 5 mg/ano e.v. Outros
Pamidronato Pamidran® 3,6 ou 9 mg/mês e.v. 100 45-80% Quimioterapia associada

Bondronat® 2 ou 6 mg/mês e.v. Os doentes podem ser incluídos em 3 grupos: As recomendações para cada grupo são as
40%
Ibandronato Bondronat 50 mg/semana p.o. 10.000 seguintes:
0,6% GRUPO I - Pacientes que vão iniciar trata-
Bonviva 150 mg/mês p.o.
mento com BFF;
Fosamax® 5 ou 10 mg/dia p.o. GRUPO I
Alendronato 1.000 0,64% GRUPO II - Pacientes que já iniciaram BFF
Adronat® 70 mg/semana p.o. - Avaliação da saúde oral;
Actonel® mas que não apresentam osteonecrose;
5 mg/dia p.o. - Informação e educação do paciente. Este
Risédronato Risedronato 5.000 < 1% GRUPO III - Pacientes com osteonecrose.
35 mg/semana p.o. deve saber que a osteonecrose pode ocorrer
de sódio

48 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 49


espontaneamente, na sequência de uma 1. Nos doentes a fazer BFF por via e.v.:
doença dentária ou periodontal, ou secun-
dariamente a um procedimento cirúrgico. - Os implantes estão contra-indicados;
Deve ser instruído a recorrer ao seu médico - Evitar exodontias e outros actos cirúrgicos
assistente logo que algum problema surja orais se já decorrem mais de 3 meses de
na cavidade oral; medicação;
- Instituição de uma boa higiene oral; - Caso seja absolutamente imprescindível,
- Identificar possíveis factores de risco e eli- as extracções devem ser realizadas com o
miná-los; menor trauma possível. Recorrer se ne-
- Eliminar focos sépticos e possíveis causas cessário ao retalho, alveoloplastia e sutura
de traumas orais segundo as guidelines sob mínima tensão para obter um encer-
descritas no capítulo referente às consul- ramento primário da ferida operatória;
tas pré-terapia oncológica; - Nenhuma diferença foi encontrada entre os
- Proceder aos actos cirúrgicos necessários pacientes que continuaram ou interrompe-
para uma reabilitação oral posterior, como ram a terapia endovenosa com BFF, possi-
por exemplo, colocação de implantes ou velmente devido à sua longa semi-vida, que
cirurgia pré-protética; pode chegar aos 10 anos, pelo que não há [Figura 12] [Figura 13]
vantagens em requerer a suspensão dos BFF; Osteonecrose associada aos BFF, estádio 1 Osteonecrose associada aos BFF, estádio 2
- Não há necessidade de atrasar o início do
tratamento com BFF se for possível con- - É importante obter o consentimento infor-
- Por um período menor que 3 anos, mas uma cicatrização adequada, prosseguir
cluir os tratamentos invasivos e sua cica- mado, por escrito do paciente ou família;
com a prescrição simultânea de corticói- com o plano de tratamento.
trização nos primeiros 3 meses de tera-
- É obrigatória a profilaxia ATB antes de des, deve ser solicitada a suspensão dos
pêutica com BFF. Foi recentemente proposta uma análise la-
qualquer procedimento cirúrgico, utili- BFF por um período de 4 a 6 meses e rei-
boratorial que avalia o risco de osteonecrose
zando o protocolo da AHA; niciar apenas quando terminar a cicatriza-
GRUPO II pós-exodontias ou outros actos cirúrgicos
ção após o procedimento cirúrgico ou os-
- Avaliação da saúde oral; - É recomendada a aplicação bi-diária de orais, o CTX sérico. Trata-se de um fragmento
teointegração do implante;
Cloroexidina durante 2 meses após o acto proteico resultante da clivagem do colagénio
- Informação e educação do paciente; cirúrgico. - Por um período superior a 3 anos, deve ser tipo I durante a reabsorção óssea. Os seus
- Instituição de uma boa higiene oral; equacionada a suspensão dos BFF por um níveis séricos acompanham o turnover ósseo
2. Nos doentes a fazer BFF orais: período de 4 a 6 meses e reiniciar apenas e é mais uma ferramenta para o controlo des-
- Identificar possíveis factores de risco pre- quando terminar a cicatrização; tes doentes. Assim:
sentes e eliminá-los, se possível; - Por um período menor que três anos, têm
um baixo risco de desenvolver osteone- - É recomendada a aplicação bi-diária de - Se CTX <100 pg/ml – alto risco de osteo-
- Reabilitação oral com tratamentos con- croses, o que permite ao estomatologista Clorohexidina durante 2 meses após o necrose;
servadores (tratamentos endodônticos tempo suficiente para executar o plano de acto cirúrgico;
e selagem radicular vs. extracções, pró- tratamento. Também a colocação de im- - Se CTX de 100 a 150 pg/ml – risco mode-
tese fixa e parcial removível vs. implan- plantes é segura durante este período, - Tipicamente, a osteonecrose ocorre nos rado;
tes…); ocorrendo osteointegração. O paciente primeiros 2 meses após o procedimento
- Se CTX >150 pg/ml – risco mínimo.
deve ser, no entanto, informado da possi- cirúrgico, pelo que, havendo necessi-
- Os doentes podem estar a efectuar BFF dade de actuar em mais de um qua-
bilidade remota, de ocorrer falha do im- GRUPO III
orais ou endovenosos. drante se deve proceder faseadamente.
plante e osteonecrose;
Actuar num quadrante, aguardar a evo- As recomendações dependem do estádio
lução durante 2 meses e caso ocorra da doença (Tabela 26).

50 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 51


[Tabela 26] Independentemente do estádio da doença,
sequestros ósseos móveis devem ser remo-
Estádio Tratamento
vidos sem exposição de osso são, e as ex-
tracções de peças dentárias inseridas nas
- Colutórios antissépticos (clorhexidina 0,12%)
áreas expostas não estão contra-indicadas.
- Controle clínico frequente

ESTÁDIO 1
- Educação do paciente D.3.12 Doença do enxerto
Osso exposto/necrótico sem
- Contactar médico assistente para rever as indicações contra-hospedeiro
para a continuação da terapia com BFF orais ou, pelo
sintomas e sem sinais de
menos, avaliar uma suspensão temporária (Gvhd)
infecção [Figura 13]
- Nenhuma diferença foi encontrada entre Trata-se de uma reacção do novo sistema
os pacientes que continuaram ou interromperam imunitário (Linfócitos T competentes) aos
a terapia com BFF endovenosos antigénios do hospedeiro. Manifestações
orais (Figura 15) ocorrem em 90% dos casos [Figura 14] Osteonecrose associada aos BFF
- Antibioterapia sistémica de largo espectro da doença e incluem atrofia da mucosa oral,
por um período mínimo de 14 dias eritema, ulcerações, lesões tipo líquen e xe- A GVHD aguda manifesta-se precocemente,
rostomia e ainda alterações simulando a es- até 120 dias após o transplante. Nos primei-
- Aconselhado – Amoxicilina + Ácido Clavulânico
cledormia ou o lúpus (trismus e dimunuição ros 21 dias pode ser difícil de distinguir da
(875 mg + 125 mg de 12/12 h) associada
da mobilidade da língua). A dor é um sin- mucosite. Normalmente a aplicação local de
ao Metronidazol (500 mg de 8/8 h).
ESTÁDIO 2 toma comum. A suspeita clínica pode ser corticóides (Tabela 27) melhora o quadro.
Nos casos de alergia aos betalactamícos, confirmada histologicamente com biópsia da
Osso exposto/necrótico utilizar a Clindamicina (150 a 300 mg de 6/6 h) Depois da aplicação do corticóide, o doente
mucosa labial.
com dor e com infecção ou a Azitromicina (250 mg/dia) deve manter o fármaco sobre as lesões, o
(eritema dos tecidos moles A GVHD pode ser aguda ou crónica. mais tempo possível e cuspir o excesso sem
- Colutórios antissépticos
adjacentes c/ ou s/ drenagem
- Análgésicos
purulenta [Figura 14] [Tabela 27] Corticoterapia tópica
- Apenas desbridamentos superficiais para aliviar
irritação dos tecidos moles adjacentes Fármaco Nome comercial Apresentação Modo de administração
- Contactar médico assistente para rever as indicações
para a continuação da terapia com BFF orais ou, pelo Triamcinolona Aftach® Discos adesivos Aplicar directamente na lesão
menos avaliar uma suspensão temporária Flutaide ® Susp. para inalação Aplicar directamente na lesão
Fluticasona 50 µg/dose
Cutivate® Creme 0,5 mg/g Aplicar directamente na lesão
ESTÁDIO 3 - Antibioterapia sistémica
Osso exposto/necrótico Dissolver 20 gotas (0,5 mg)
- Colutórios antissépticos Celestone® Solução oral
com dor, infecção e mais um Betametasona em água e bochechar
- Desbridamentos cirúrgicos para controlo Betnovate® Creme 1 mg/g Aplicar directamente na lesão
dos seguintes parâmetros:
da infecção e dor
Fracturas patológicas, fístulas Clobetasona Emovate® Creme 0,5 mg/g Aplicar directamente na lesão
extra-orais ou osteolise - Contactar médico assistente para rever as indicações
para a continuação da terapia com BFF orais ou, Acetonido de
até ao bordo inferior Synalar® Creme 0,25 mg/g Aplicar directamente na lesão
fluocinolona
da mandíbula [Figura 15] pelo menos avaliar uma suspensão temporária
Suspensão para
Beclometasona Beconase® Aplicar directamente na lesão
inalação 50 µg/dose

52 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 53


associação com a Nifedipina potencia o - Mastigação difícil;
risco.
- Na deglutição, os alimentos e líquidos,
Perante este quadro clínico é mandatório: podem ser forçados para a cavidade
nasal;
- Contactar o oncologista para procurar
uma droga imunossupressora alternativa; - Mucosa nasal desidratada por exposição
anormal com infecções de repetição;
- Efectuar tartarectomia, alisamento radicu-
lar e gengivectomia; - Acumulação de secreções na área do de-
feito;
- Reforçar a higiene oral;
- Alterações estéticas por perda de suporte
- Educar o paciente para manter uma boa
no terço médio da face.
saúde periodontal.
[Figura 15] GVHD crónica [Figura 16] A reabilitação após a ressecção do palato
A xerostomia, se ocorrer, deve ser controlada
Hiperplasia gengival por ciclosporina duro é normalmente melhor realizada pros-
como referido anteriormente.
todonticamente. O objectivo de uma prótese
deglutir. Evitar alimentos ou ingestão de lí- As infecções oportunistas ocorrem devido ao obturadora maxilar é restaurar a separação
quidos nos 30 minutos seguintes. A fre- deficiente sistema imunitário que pode durar D.3.13 Reabilitação física entre as cavidades oral e nasal, melho-
quência das aplicações dependerá da gravi- 6 meses a um ano e da terapia imunossu- pós-cirurgia da cabeça rando a fala e a deglutição, fornecendo su-
porte para o lábio e bochecha. A fabricação
dade das lesões e dos sintomas, mas 2 pressora. As infecções por Candida e HSV e pescoço de um obturador segue os princípios con-
aplicações/dia são normalmente suficientes. são comuns pelo que a profilaxia deve ser
Cerca de 78% dos pacientes sujeitos a cirur- vencionais das próteses removíveis: reten-
feita nos doentes serologicamente positivos
A GVHD crónica ocorre entre os 70 e os 500 gia da cabeça e pescoço vão experimentar se- ção, estabilidade e suporte. Os dentes ainda
para o herpes vírus (Aciclovir®, 200 mg
dias após o transplante em mais de um terço veras dificuldades na mastigação. presentes são extremamente importantes
2x/dia) e para o citamegalovírus (Ganglio-
dos transplantes alogénicos. Atinge o fígado, para a reabilitação funcional.
vir®). Frequentemente, algum tipo de prótese ma-
a pele, os olhos e em 90% dos casos a boca.
xilo-facial é necessária como parte da reabili- A fase cirúrgica deve ser também cuidadosa-
É frequente o atingimento das glândulas sa- Para a profilaxia da candidíase utiliza-se Flu-
tação. Ajudam a restaurar funções como a fo- mente planeada, podendo aumentar o prog-
livares levando à xerostomia que, nos casos conazol (400 mg/dia com início antes dos
nética, a deglutição e a mastigação, controlo nóstico protético com atitudes e técnicas
mais severos, pode tornar-se permanente. transplantes e até ao final do período neu-
da saliva, bem como a estética, melhorando simples como vestibuloplastias, e colocação
tropénico.
O tratamento imunossupressor é sistémico e a qualidade de vida do paciente. de implantes no osso remanescente.
da responsabilidade do oncologista. Local- Os linfomas, sarcomas de Kaposi e carcino-
Incluem-se neste tipo de próteses: obtura-
mente, aplicar corticóides, anestésicos e anti- mas pavimento-celulares orais são compli- Obturador cirúrgico imediato
dores palatinos, próteses de reconstrução
-inflamatórios. Para controlo do desconforto cações associadas ao deficit do sistema imu-
parcial da mandíbula, próteses de aumento A cobertura imediata do defeito palatino di-
e dor oral pode ser necessário recorrer a cor- nitário destes doentes; em todas as situações
do palato, etc. minui a morbilidade no pós-operatório. Di-
ticóides sistémicos. suspeitas é obrigatória a biópsia.
minui a contaminação da ferida e permite ao
Para prevenção de infecções bacterianas se- Algumas drogas imunossupressoras, parti- Defeitos maxilares paciente falar e deglutir imediatamente após
cundárias em casos de extensas ulcerações cularmente a Ciclosporina, utilizadas nestas e Obturadores a cirurgia. Deve permanecer 7 a 10 dias e o
orais utilizam-se lavagens com Tetraciclina situações, estão associadas a hiperplasias seu desenho depende da área e localização
Tumores que requeiram ressecção maxilar
(preparada dissolvendo o pó de uma cápsula gengivais (Figura 16). Esta hiperplasia está do defeito, podendo ser preparado pré-ope-
criam defeitos na maxila, palato e tecidos
de 250 mg em 10 a 20 cc de água) instruindo relacionada com o tempo de exposição à ratoriamente com recurso a cirurgia dos mo-
moles adjacentes que levam a sequelas como:
o doente a manter a solução na boca durante droga e presença de placa bacteriana, mas delos. É fabricado em acrílico auto-polimeri-
1 a 2 minutos. não com a dose, sexo ou massa corporal. A - Voz nasalada ou ininteligível; zável e fixado aos dentes presentes com fio

54 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS 55


de aço (0.24) ou ao osso alveolar remanes- neurologicamente afectado não ocorre o en- - Perda do controlo da saliva;
cente, na ausência destes. cerramento palato-faríngeo com repercus- - Desvio da mandíbula nos movimentos
sões na fala (nasalada) e na deglutição. Este funcionais;
Obturador provisório obturador não deve interferir na respiração,
comprimir os tecidos durante os movimen- - Problemas estéticos.
Substitui o obturador cirúrgico, pode possuir
ganchos em aço para retenção nos dentes, tos posturais ou interferir com o movimento A reabilitação destes pacientes requer uma
pode ter dentes de prótese e apoio para o da língua. Deve estender-se posteriormente equipa multidisciplinar, com um cuidadoso
lábio e bochecha. Assim, ao facilitar a masti- de modo que permita passar o ar durante a planeamento pré e pós-cirúrgico.
gação, melhorar a estética e a voz, prevenir a respiração e de modo a que as paredes da fa- Os recentes avanços na reconstrução com
passagem dos alimentos para as fossas na- ringe, ao contrair as suas paredes laterais e enxertos osteocutâneos da fíbula ou rádio (a
sais, aumenta a qualidade de vida e auto-es- posterior, durante a deglutição e a produção taxa de sucesso actual da reconstrução man-
tima do doente. Pode ser aproveitada uma de sons, entrem em contacto com o obtura- dibular com enxertos da fíbula atinge os
prótese removível prévia para fabricar o ob- dor e encerrem a abertura palato-faríngea. É 95%) permitem restaurar muitas das funções
turador provisório. A base deve ser feita com um trabalho difícil, mesmo para um prosto- perdidas. A utilização de implantes osteoin-
base mole e ajustada periodicamente du- dontista experiente. As moldagens devem ser tegrados (que podem ser colocados na fíbula
rante o período de cicatrização e organização feitas com moldeiras extendidas posterior- 1 ano após a conclusão dos tratamentos on-
do defeito. mente com cera e após 10 dias da cirurgia. cológicos) permite restaurar também a oclu-
Uma telerradiografia de perfil, ou mesmo são com próteses implanto-suportadas.
Obturador definitivo uma cinefluoroscopia com ingestão de bário
podem ajudar a determinar a extensão ideal Devido ao sucesso com os enxertos osteo-
Quando o defeito cicatriza e é dimensional- do obturador. cutâneos, a reconstrução da mandíbula com
mente estável (normalmente 3 a 4 meses placas de aço ou titânio está apenas indicada
após a cirurgia), uma prótese obturadora de- Prótese para aumento do palato em doentes com mau prognóstico.
finitiva é construída. Se, no entanto, o pa-
ciente receber radioterapia pós-operatória, É útil após glossectomias parciais ou em si-
este período de cicatrização pode prolongar- tuações com limitações do movimento da
-se até aos 6 meses. O obturador definitivo língua. Quando o remanescente dorso da lín-
deve estender-se o máximo possível ao longo gua (ou a sua reconstrução com retalho) não
das paredes laterais do defeito para melhor consegue entrar em contacto com o palato
estabilização e restaurar as funções de de- (junção dos palatos duro e mole), durante a
glutição e fala no limite máximo. O doente deglutição ou na produção de sons (con-
deve recorrer periodicamente ao clínico para soantes), o aumento deste pode favorecer
despiste de alguma recorrência, possíveis esse contacto.
ajustamentos e vigilância do cumprimento
das normas de higiene, quer do obturador
Defeitos mandibulares
quer da área do defeito. Tumores da mandíbula e pavimento da boca
levam frequentemente a mandibulectomias
Obturador do véu do palato parciais, com ou sem glossectomias. Daí re-
Defeitos no véu do palato podem requerer sulta:
também uma intervenção protética. Quando - Dificuldade na articulação verbal;
o véu do palato foi excisado, perfurado ou - Dificuldade na mastigação e deglutição;

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62 GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS


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GUIDELINES
PARA CUIDADOS

GUIDELINES PARA CUIDADOS DE SAÚDE ORAL EM DOENTES ONCOLÓGICOS


DE SAÚDE ORAL
EM DOENTES
ONCOLÓGICOS

Paulo Palmela
Assistente Graduado de Estomatologia
do Serviço de Estomatologia do Hospital de Santa Maria

Francisco Salvado
Director do Serviço de Estomatologia
do Hospital de Santa Maria

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