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Il Libro del Cortegiano:

Resumo do livro:
Livro do renascimento, no qual faz renascer tradições clássicas como os colóquios e os diálogos.
Renascimento- ascensão da burguesia, as cortes precisavam de burgueses, os burgueses poderiam passar a
ser cortesãos, as cidades voltaram a ganhar força;
Os burgueses viram uma forma de ascender a um cargo que antes não era possível;
O que antes pertencia só à nobreza começou a dinfundir para outros estratos sociais.

No livro "Cortegiano" é descrito o ideal do cortesão renascentista, quais devem ser as suas
qualidades e habilidades, um indivíduo que é habilidoso em diversas áreas e possui um comportamento
refinado na corte. Castiglione escreveu este livro quando estava na corte de Espanha.
O livro é estruturado como uma série de diálogos feito num jogo por membros da corte, que depois
do jantar, juntam-se todas as noites com a senhora Duquesa para dançar, jogar, conversar. A senhora Duquesa
põe a senhora Emília como chefe para decidir a melhor proposta de jogo. Todos dão ideias mas o que
prevalece é o Federico Fregoso que sugere um jogo em que se diga as qualidades que o melhor cortesão
deverá ter assim como as ccondições necessárias para obter essas qualidades. A senhora Emilia a escolher
este jogo aponta para o Conde Luduvico
O personagem principal, Conde Ludovico reúne alguns cortesãos para discutir os atributos que um cortesão
deve ter para ser considerado perfeito (como Platão tentou descrever a sociedade perfeita; Cicero o orador
perfeito) e tentam chegar a um consenso sobre a melhor maneira de se comportar na corte.
Não há regras para se ser um bom cortesão, não há uma opinião absoluta, não se pode dar uma receita de
como ser um bom cortesão e é difícil ter todas as características que o perfeito cortesão deve ter. O perfeito
cortesão é um ideal e não é algo alcansável, mas sim algo que se possa aproximar, assim a tarefa de definir o
que é um perfeito cortesão é difícil.
O objetivo do livro não é só representar o cortesão, mas também glorificar diversas figuras que
Castiglione conheceu. Os intervenientes dos diálogos existiram e eram amigos de Castiglione e tinham
cargos superiores na Europa, estes tambémm serviam para dar autoridade às teses expostas, argumentos e
contra-argumentos que ele próprio pensou e preserva a personalidade e a crença destas pessoas.
Discute-se temas relevantes mas que não fazem parte do jogo como usar língua recente (o lombardo) ou a
língua antiga (o toscano).
Este livro aplica-se à moral como se aplica à estética.
Livro que não visa destacar regras, que toca no uso, no hábito e na prática.

Porque não é um tratado?


-Pois não pensam todos da mesma forma, seria difícil definir regras definitivas de como deve ser o cortesão
ideal;
-A forma de dialógo apresentada permite um debate a várias opiniões e princípios.

Não é um manual de boas maneiras!

Cidade de Urbino: Flores de estufa falam de si e das suas experiências, “Flores de estufa a falar no que é ser
flor de estufa”, como os cortesãos falam do que é ser cortesão na corte. Conjunto de pessoas reunido num
palácio deslumbrante, “parece uma cidade em forma de palácio”. A corte de Urbino era nas terras
conquistadas pelo papa. Semelhança de Castiglione representar a corte de Urbino e Homero representar
Aquiles.

Conceito de “graça”: Desempenha um papel crucial. Não se refere apenas à beleza física, mas sim a uma
combinação de elegância, cortesia, habilidade social, educação e sofisticação. É vista como uma qualidade
essencial para o cortesão, pois torna-o atraente e cativante aos olhos dos outros membros da corte, e é uma
parte fundamental da arte de conquistar e manter o favor do príncipe ou soberano. É preciso dar provas a
tudo aquilo que se faz. Diversas formas de chegar à graça: Por aproximação, imitação, sugestões que vão
sendo dadas, por recompensas positivas e negativas, aproximar-mos das pessoas que parecem boas.

Conceito de “Sprezzatura”: É importante parecer habilidoso e talentoso em várias áreas, mas sem parecer
arrogante ou exibicionista. Em vez disso, o cortesão deve realizar essas tarefas com modéstia, como se
fossem tão fáceis que não requerem esforço. Isso cria a impressão de que essas habilidades são inerentes à
sua natureza e não resultado de treinamento ou estudo intensivo. É importante ressaltar que a sprezzatura não
se trata de ser desleixado ou indiferente, mas sim de criar a ilusão de esforço mínimo enquanto se realiza
algo com habilidade. Permite-nos estar nas boas graças do princípe. A “sprezzatura” também tem de ser
aplicada com uma certa “sprezzatura”. A “sprezzatura” também é suscetível a ser utilizada em excesso. É
preciso encontrar a quantidade de esforço que se pode ou não mostrar.

Conceito de bom juízo: é uma qualidade multidimensional que engloba sabedoria, equilíbrio, ética,
inteligência social e cultural, e a capacidade de agir com sensatez e moderação em todas as situações.

“Ars celare artem”- A verdadeira arte consiste em não exibir a arte, fazer as coisas sem que parecem que
estão a mostrar a arte. O Castiglione dá o exemplo das mulheres que usam maquiagem em excesso.

Phronesis- Sabedoria Prática (só se aprende praticando)

Exemplos de pessoas de uma graça excelente, nascem já cortesãos perfeitos e há aqueles que fazem tolice
insensata.
O mundo não tem de ser ou só cortesãos que já são perfeitos quando nascem nem tem de ser só compostos
por pretenciosos, encontra-se um justo meio.

Como ser um bom/perfeito cortesão:


O cortesão deverá ser de família nobre, isto pois os que nascem nobres têm uma boa educação e por natureza
uma graça necessária do que os não nobres; Os que não são dotados por natureza podem com estudo ou
educação limar os seus defeitos naturais; É possivel desenvolver uma graça não natural mas artificial que
compense pela arte e pela técnica para nos aproximarmos às pessoas que já nascem com todas as graças;
Só se aprende a ser cortesão ao ser-se, imintando as pessoas- única maneira disponível para ser um bom
cortesão;
Ser um bom cortesão é estar disposto a ouvir conselhos;
O cortesão tem que ser versátil: ter mestria na arte das armas (sendo esforçado, corajoso e leal a quem serve
não fazendo gestos reprováveis que estraguem a sua reputação), mas que não deixe esta mestria tornar-se em
presunção que não possa fazer mais nada (continue a dançar, brincar e tenha relações humanas
permanecendo honesto e comedido, que fuja ao autoelogio e à ostentação)
O cortesão tem que saber lutar e ser o perfeito cavaleiro em sela, que saiba a arte da caça (costume antigo e
necessário para fazer demonstrações na corte), mas também saber fazer exercícios mais tranquilos para ter
boas relações (fazer tudo o que os outros fazem sem se afastar dos atos louváveis) tudo isto com diligência,
cuidado e bom juízo em tudo o que faz e diz para parecer um homem inteligente e discreto. Porém não
esquecer que o cortesão tem que ultrapassar os outros em cada profissão respetiva.
O cortesão também tem de ter um rosto que não seja mole e delicado em demasia, que o seu corpo não seja
muito pequeno nem muito grande e que seja bem proporcionado, revele força, leveza e desenvoltura que
pertence a um homem de guerra.
Para aprender os exercícios tem que começar cedo e ter homens excelentes perto de si, o bom discípulo deve
não só fazer bem mas tentar assemelhar-se ao mestre, lembrando que destes temos que tirar o melhor de cada
um e depois desenvolver com essa inspiração a nossa própria graça. Esta graça é uma estética moral e física
que depende da avaliação dos outros.
Agradar ao príncipe tem a sua arte (o príncipe não quer pessoas desesperadas) e o cortesão tem de ser
credível;
Fazer tudo com simplicidade é o verdadeiro objetivo do cortesão;
O cortesão deve ser instruído em letras, que não conheça apenas a língua latina mas também a grega, que
seja hábil a escrever em prosa e que suprima os seus trabalhos se não são dignos de louvor, que seja
prevenido e tímido em vez de audacioso para não pensar que sabe o que não sabe, modesto, não se deixe
pensar que as coisas medíocres que fez são muito grandes ou deixe-se persuadir disso pelos outros (quase
recusar elogios). O cortesão tem que ser músico, tocar diversos instrumentos (algo que Platão e Aristóteles
dizem que o homem deve saber fazer), saber desenhar e ter conhecimento sobre a pintura (algo que os
antigos queriam que as crianças soubessem).
O cortesão deve ser capaz de falar com eloquência e ter uma personalidade agradável.

Resumo das páginas:


pg. 13
O sire Alfonso pede a Castiglione a opinião de qual forma de cortesania é mais conveniente a um homem que
vive na corte, para adquirir a sua graça e os louvores dos outros, de que maneira deve ser aquele que merece
o nome perfeito cortesão, de modo que não lhe falte nada. É difícil escolher a forma mais perfeita entre os
costumes diferentes que são praticados na corte. O autor aceita porque parecia duro recusar aquilo que fosse
e por ser algo de louvável pedido por alguém que ama.

pg.14
Castiglione- não segue nenhuma ordem feita, nem nenhuma regra feita
Refere-se a diálogos que certos homens muito notáveis tiveram sobre o assunto, no entanto não estava
presente pois estava em Inglaterra, mas ouviu-os pouco depois do seu regresso por uma pessoa que os
narrou.

pg.15
O duque Federico é um exemplo pela sua prudência, humanidade, justiça, liberalidade, coragem invencível,
ciência militar, as suas conquistas de locais invencíveis, a súbita prontidão das suas expedições, por ter posto
em fuga exércitos numerosos e poderosos e de nunca ter perdido uma batalha- pode ser igualado a muitos
homens famosos da Antiguidade.
O duque edificou na cidade de Urbino um palácio, na opinião de muitos o mais belo de Itália, e forneceu-o
com muitas coisas úteis que parecia não um palácio mas sim uma cidade em forma de palácio, também como
ornamento juntou estátuas antigas de mármore e de bronze, pinturas, instrumentos musicais de todos os
géneros, reuniu livros gregos, latinos e hebraicos que mandou ornar de ouro e prata, considerando que essa
era a suprema excelência do seu palácio.

pg.15-16
O duque Guidubaldo, filho do duque Federico, herdou as virtudes do seu pai
Embora fosse muito sábio e tivesse uma coragem invencível, parecia que tudo aquilo que começava tinha
sempre um mau final. São testemunho disso as suas infelicidades, que sempre suportou com muita força de
espírito que a sua coragem nunca foi vencida pela fortuna. Pelo contrário desprezava a fortuna com o seu
espírito generoso. Viveu com uma grande dignidade e serviu na guerra de modo honroso os reis de Nápoles,
Afonso e Fernando o Jovem, mais tarde o papa Alexandre XI e os senhores de Veneza e Florença, mesmo
estando doente.
Foi nomeado Capitão da Igreja
Era sábio em algumas línguas, possuia maneiras agradáveis e o conhecimento de uma infinidade de coisas.
A sua grandeza de espírito estimulava-o tanto que tinha um grande prazer de ver os exercícios de cavalaria a
serem praticados por outros e ía corrigindo ou elogiando cada um segundo os seus méritos, demonstrava
abertamente o bom juízo que tinha nessa matéria.

pg.17
Cada um pedia o seu parecer e o seu julgamento.

pg.18
A duquesa Elisabetta Gonzaga deixava a sua marca naqueles que a rodeavam, ela moldava todos com a sua
própria qualidade e forma. Cada um procurava imitar o seu estilo, de modo a retirar uma norma de boas
maneiras.

pg.26-27
O sire Federico Fregoso propõe que o jogo da noite seja descrever um perfeito cortesão, explicando todas as
condições e qualidades particulares que são requeridas a quem merece esse nome.
A senhora Emília escolhe o conde Ludovico da Canossa para começar, não porque lhes pareça que seja um
bom cortesão, mas porque esperam que o mesmo diga tudo ao contrário para tornar o jogo mais belo, tanto
que cada um vai ter de respondê-lo, ao contrário que se fosse outro a ter esse encargo e que soubesse mais
que ele, não poderiam contradizê-lo e o jogo seria monótono.
O conde Ludovico não sabe o que convém a um bom cortesão, o mesmo diz que em todas as coisas é difícil
conhecer a verdadeira perfeição, que isso parece quase impossível por causa da variedade de juízos, cada um
louva segundo a sua opinião, cobrindo sempre o vício com o nome da virtude que lhe está próxima ou a
virtude com o nome do vício que lhe está próximo, no entanto considera que cada coisa tem a sua perfeição,
mesmo que esteja escondida. Só pode louvar o género de cortesãos que aprecia e só pode aprovar aquele que
parece mais similar ao verdadeiro.

pg.28
O cortesão tem de ser nascido nobre e de uma generosa família.
Censura-se menos um não nobre com falta de virtudes, do que um nobre pois desvia-se do caminho dos seus
antepassados e mancha o nome da sua família.
Os nobres sentir-se-iam dignos de censura se não se esforçassem pelo menos por atingir os limites que lhes
foram indicados pelos seus predecessores.
Tanto nas armas como nas outras ações virtuosas, os homens mais destacados são os nobres, porque a
natureza colocou em todas as coisas a semente que dá uma certa força e propriedade do seu princípio a tudo
o que descende dela, quando os homens são cultivados por uma boa educação, quase sempre são semelhantes
àqueles donde provêm e muitas vezes melhores.

pg.29-30
Os que não nasceram nobres, são incapazes e desajeitados e por mais assíduos que sejam os cuidados e a boa
educação, geralmente não conseguem frutificar, no entanto os outros chegam facilmente ao cume da
excelência. Dá o exemplo do senhor dom Hipólito de Esrte, cardeal de Ferrara, a sua figura, no qual o seu
aspeto, as suas palavras e todos os seus movimentos têm uma harmonia e uma graça perfeitas.
Entre a graça perfeita e a tolice insensata encontra-se um justo meio.
Os que não são dotados de natureza podem com estudo e dedicação, limar e corrigir os seus defeitos naturais.
O cortesão, além da nobreza, deve ser afortunado e tenha por natureza não só o engenho e uma bela forma,
mas também uma certa graça e um ar que à primeira vista o torne agradável para qualquer pessoa e que
assegure que seja digno da relação direta e da confiança de todos os grandes senhores.

pg.29-30
O senhor Gaspar Pallavicino contradiz dizendo que a nobreza de nascimento não seja necessária ao cortesão.
Há nobres que estavam cheios de vícios e pelo contrário houve muitos não nobres que pelas suas virtudes
deram renome aos seus descendentes.
Em cada coisa existe a verdade escondida da primeira semente, somos todos da mesma condição, tivemos
todos o mesmo princípio, ninguém é mais nobre que outro.
De diversas causas para as nossas diferenças, a principal é a fortuna: eleva-se ao céu aqueles que parecem
não ter qualquer mérito e coloca-se no abismo aqueles que são dignos de serem exaltados.
As qualidades que foram nomeadas (o génio, a beleza do rosto, a disposição do corpo e a graça que à
primeira vista se torne sempre agradável a cada um) não bastam para levar ao cúmulo da perfeição.

pg.30-31
O conde Ludovico responde que é necessário fazer de um cortesão nobre, porque é sensato que dos bons
nasçam bons e para que o mesmo se forme sem nenhum defeito.
Cada um apreciará muito menos o não nobre do que o nobre e será necessário que o não nobre despenda de
mais esforço e tempo para imprimir nos corações dos homens uma boa opinião de si, enquanto que o outro
por ser um gentil-homem consegue num instante.
Obstinção dos senhores- por vezes começam a favorecer aqueles que lhes parecem merecer o contrário.
A primeira impressão é importante e quem espera ter o nível e o título de cortesão deve esforçar-se para obtê-
la.

pg.32-33
A principal e verdadeira profissão do cortesão deve ser a das armas, que exerça com ardor e que seja
conhecido como persistente, esforçado e fiel a quem serve. O renome destas boas qualidades adquire-se
quando se faz a demonstração delas. O bom nome de um gentil-homem que use as armas, se alguma vez foi
denegrido por cobardia ou gesto reprovável, fica para sempre desonrado aos olhos do mundo. Quanto mais
excelente for o cortesão nessa arte, mais será digno de louvor.
Procura-se um cortesão com um espírio corajoso, mas que não seja orgulhoso que esteja sempre com
palavras exaltadas.
O cortesão tem de ser apenas orgulhoso e agressivo quando estiver perante os inimigos, mas noutro local tem
de estar aberto às relações humanas, que seja modesto e comedido, fugindo da ostentação e ao impudico
auto-elogio, através do qual o homem susicta sempre antipatia e desgosto por quem o ouve. Dá o exemplo de
Berto, a dama tinha o convidado para dançar de forma a honrá-lo, este recusou, mas também recusou ouvir a
música e outros divertimentos que lhe eram oferecidos, dizendo que frivolicidades desse género não o
agradavam. A dama perguntou o que era do seu agrado e o mesmo respondeu com má cara e ar grosseiro
“combater”. A dama respondeu: Creio que agora, que não estais na guerra, nem prestes a combater, deveríeis
untar-vos muito bem e meter-vos num armário juntamente com todas as vossas armaduras de guerra até que
torneis a ser necessário, para que não fiqueis mais ferrugento do que já estais.” Todos se riram e ela deixou-o
ridicularizado na sua tola presunção.

pg.33
O senhor Gaspar responde que conheceu poucas pessoas que fossem excelentes em alguma coisa e que não
se gabavam disso e que isso pode ser tolerado, dado que aquele que se sente um homem hábil, quando vê que
pelas suas obras não é conhecido dos ignorantes, fica aborrecido que o seu valor permaneça escondido, e
sente a necessidade de o revelar para não se ver defraudado da honra que lhe cabe, e que é a verdadeira
recompensa dos virtuosos trabalhos. E é por isso que entre os escritores antigos, raramento o homem de
grande valor se abstém de louvar-se a si próprio.

pg.34
O conde Luduvico responde que não se deve ter má opinião de um homem de valor que se gabe
modestamente. Um homem ao elogiar-se a si mesmo, não incorre um erro, nem gera aborrecimento nem
inveja de quem ouve, mas sim é um homem de grande discrição e que também merece os louvores por parte
dos outros.
Tudo consiste em dizer as coisas de maneira que pareça que não se fala de maneira intencional, mas que elas
surgem tão a propósito que não se pode evitar dizê-las e mostrando sempre que se quer fugir dos auto-
elogios, mas fazendo-os.
O senhor Cesare Gonzaga diz que o Alexandre o Grande, ao saber que, segundo a opinião de um filósfo,
havia uma infinidade de mundos, começou a chorar, e quando lhe perguntaram por que chorava, ele
respondeu: “Porque ainda nem sequer conquistei um único.”
O conde Luduvico disse que deve-se perdoar aos homens excelentes quando presumem demasiado de si
prórpios, porque aquele que faz grandes coisas tem necessidade de ter a coragem para as fazer e confiança
em si mesmo, mas que seja modesto nas palavras, mostrando menos presunção de si que realmente tem.

pg.34-35
O sire Bernardo da Bibbiena pede explicação ao conde Luduvico de como deve ser a forma do corpo no qual
o conde responde que os seus traços não são muito delicados mas tem algo de viril e gracioso e explica que o
cortesão não deve ser feminino e mole como muitos se esforçam para ser- frisam os cabelos, depilam as
sobrancelhas, maneira de andar e comportar são muito tenras, e estes deveriam ser expulsos das cortes dos
grandes senhores e do círculo dos homens nobres.

pg.36-37
Os homens com corpo demasiado pequeno ou demasiado grande são olhados como se olha as coisas
monstruosas.
Os homens que são vastos de corpo carecem de habilidade nos exercícios de agilidade- coisa que o cortesão
tem de possuir.
O cortesão tem de ser bem constítuido e com mebros bem proporcionados e que revele força, leveza e
desenvoltura e que saiba todos os exercícios do corpo que pertencem a um homem de guerra.
O cortesão deve saber manejar bem todas as armas a pé e a cavalo, conhecer as vantagens de cada uma e ter
conhecimento das armas que os gentis-homens geralmente usam.
O cortesão deve saber lutar, que enfrente as querelas e diferendos e que saiba encontrar as soluções,
mostrando coragem e prudência.
O cortesão deve ser um perfeito cavaleiro em toda a sela, deve estar sempre à frente dos outros, de modo que
seja sempre reconhecido por todos como excelente e deve ultrapassar os outros e cada um na sua profissão
respetiva- deve estar entre os melhores italianos em montar com as rédeas, de domar da melhor maneira os
cavalos difíceis, de combater com a lança e na justa, e que esteja entre os melhores franceses no jogo das
canas, a tourear, lançar azagaias e dardos, seja excelente entre os espanhóis- mas sobretudo que acompanhe
todos os seus movimentos com bom juízo e graça se quiser merecer o favor universal que é tão apreciado.

pg.37
O cortesão deve ser bom na caça- tem semelhança com a guerra, é verdadeiramente um prazer de grande
senhor e conveniente a um homem da corte e é um costume entre os antigos.
O cortesão deve saber nadar, saltar, correr, lançar pedras, porque pode ser útil na guerra, mas também em
demonstrações dos exercícios deste género, por meio dos quais se adquire uma boa reputação.

pg.38
O jogo da bola também é um nobre exercício e conveniente ao homem da corte, porque nele se vê a
harmonia do corpo, a prontidão e a desenvoltura de cada membro.
O cortesão deve saber fazer o volteio a cavalo. Fazer volteio em terra e andar sobre a corda são pouco
conformes a um gentil-homem.
O cortesão deve dedicar-se por vezes a exercícios mais tranquilos e para evitar a inveja e ter ralações
agradáveis com todos, que faça tudo o que os outros fazem.
O cortesão tem de se mostrar ser um homem inteligente e discreto e que tenha graça em tudo o que faz ou
diz.

pg.38-39
O sire Cesare Gonzaga diz que aqueles que têm a sorte de nascer ricos não têm a necessidade de outro mestre
, porque não só são agradáveis mas admiráveis aos olhos de todos.

pg.40
O Conde Luduvico diz que quem quiser ter graça nos exercícios corporais deve começar bem cedo e
aprender os princípios com os melhores mestres. Dá o exemplo de Aristóteles ser o mestre dos primeiros
elementos das letras de Alexandre, filho de Filipe rei da Macedónia, e do senhor Galeazzo Sanseverino,
Estribeiro-Mor de França que faz bem e com graça todos os exercícios do corpo por ter se aplicado a
aprender com bons mestres e a ter sempre perto de si homens excelentes, para captar cada um deles o melhor
que eles sabiam. Para lutar, fazer o volteio e manejar armas teve como guia o sire Pietro Monte (verdadeiro e
único mestre de toda a força e agilidade adquiridas pela arte de montar, de combater nas justas, porque
sempre teve diante de olhos aqueles que eram conhecidos como os mais perfeitos nas suas profissões).

pg.41
Quem quiser ser um bom discípulo deve saber fazer bem as coisas e aplicar-se para se assemelhar ao seu
mestre e tentar transformar-se nele.
O cortesão deve colher esta graça daqueles que julgará possuírem-na, tomando de cada um o que tem de
mais louvável, não fazendo como o jovem de Aragão que julgava assemelhar-se ao rei Fernando e que se
obstinava a imitá-lo, apenas no gesto frequente de levantar a cabeça e retorcer um canto da boca, o que era
um hábito que o rei tinha contraído durante uma doença.
O cortesão deve dar provas das coisas com certa “Sprezzatura”- esconder a arte
Fazer esforços dá muita desgraça e faz com que uma coisa por muito maior que seja não mereça estima.

pg.42
A verdadeira arte é a que parece não ser arte.
Deve-se fazer um esforço para esconder a arte, se a arte é descoberta retira totalmente o crédito e faz com
que o homem seja pouco estimado.

pg.43
Demasiado esforço afeta- afetação
O gentil-homem agrada mais e recebe mais elogios quando é modesto, quando fala pouco e pouco se gaba do
que outro que esteja sempre a gabar-se.

pg.44
Demasiada aplicação é nociva
A “Sprezzatura” é a verdadeira fonte da graça
O cortesão será considerado excelente e terá graça em todas as coisas, principalmente ao falar, se fugir da
afetação.

pg.48
Para o senhor Gaspar Pallavicino o cortesão deve servir-se mais da fala do que da escrita.
No entanto o Magnífico diz que um excelente cortesão deve saber servir-se das duas e sem estas qualidades
todas as outras talvez não valham grande coisa.

pg.51
O Conde Luduvico diz que é necessário para o cortesão para falar e escrever bem é o saber, porque aquele
que não tem nada no espírito que mereça ser compreendido, nada pode dizer ou escrever.
É necessário dispor ordenamente o que se tem a dizer ou a escrever e depois exprimi-lo com palavras que
devem ser adequadas, escolhidas, elegantes e bem compostas, mas sobretudo ainda usadas pelo povo, pois
fazem a grandeza e a pompa do discurso. Na fala também é requirido a voz boa, não muito aguda ou doce
como a feminina, nem muito rude e áspera, que seja rústica, mas sonora, clara, agradável e bem composta,
com a pronúncia fácil e com modos e gestos convenientes- todos os movimentos do corpo não violentos, mas
moderados, com um rosto agradável e uma mobilidade dos olhos que dê graça e mostrar a intenção e os
sentimentos de quem fala através dos gestos. Se os pensamentos expressos pelas palavras não fossem belos,
engenhosos, subtis, elegantes e graves, estas coisas seriam inúteis e de pouca importância.

pg.52
O senhor Morello receia que se o cortesão falar com tanta elegância ninguém o compreende, no entanto o
Conde Luduvico diz que a facilidade não impede a elegância.
O cortesão não pode falar muito de maneira grave, mas que trate também de coisas agradáveis, de jogos, de
boas palavras e de gracejos, consoante o momento, mas tudo isso de maneira sensata, com prontidão e
abundância não confusa, e sem dar mostras de vaidade. Depois quando falar de coisas obscuras ou
difíceis,com palavras e pensamentos muito distintos explique subtilmente a sua intenção, e que torne clara e
simples qualquer ambiguidade, com precisão e sem arrogância.
O cortesão tem de usar os termos elegantes de todas as partes da Itália tal como alguns termos franceses e
espanhóis e também tomar outros termos com um significado diferente do que lhe é próprio.

pg.60
A afetação dá sempre má graça a todas as coisas, a simplicidade e a “Sprezzatura” lhes dão uma graça
extrema. Dá o exemplo das mulheres que ao desejarem serem belas, esforçam-se demasiado para o
parecerem.
A senhora Costanza Fregosa intervem: “Seria muito mais cortês da vossa parte prosseguir o vosso discurso e
dizer donde vem a graça e falar da cortesania, em vez de querer, a despropósito, pôr a descoberto os defeitos
das mulheres.”, no qual o Conde Luduvico responde que os defeitos das mulheres que retiram-lhes a graça,
no que dão a conhecer abertamente que querem ser belas. As mulheres que raramente se adornam têm mais
graça do que as que se produzem em excesso, de tal maneira que parecem ter posto uma máscara no rosto e
que não ousam rir com receio de a fazerem estalar.

pg.61-62
O Conde Luduvico diz que a pureza desprezada é que é tão agradável aos olhos.
Evita-se e esconde-se a afetação, esta retira a graça a todas as operações, tanto do corpo como do espírito.
O espírito tem mais dignidade que o corpo, merece ser mais bem cultivado e ornado.
O cortesão deve ser um homem de bem e íntegro, porque isso compreende a prudência, a bondade, a força e
temperança de espírito e todas as outras qualidades que convêm a um nome tão honrado.

pg.62-63
O Conde Luduvico diz que o verdadeiro e principal ornamento do espírito de cada um são as letras, embora
os franceses só conheçam a nobreza das armas e não apreciam as letras.
Juliano o Magnífico responde que esse erro reina há muito tempo entre os franceses, mas do mesmo modo
que a glória das armas floresce e resplandece em França, também a das letras deverá florescer.
O Conde Luduvico diz que não há nada mais desejável nem mais apropriado aos homens do que o saber, e
seria grande loucura dizer ou crer que o saber não é sempre bom. As letras são necessárias à nossa vida e
dignidade. Dá o exemplo de Alexandre que tinha veneração por Homero e especulações filosóficas sob a
disciplina de Aristóteles, Alcibíades que desenvolveu as suas boas qualidades e tornou-as maiores com o
conhecimento das letras e os ensinamentos de Sócrates, a atenção que César concedeu aos seus estudos é
atestada ainda pelas coisas divinamente escritas que deixou.

pg.63
O Conde Luduvico diz que a verdadeira glória é a que se encomenda ao tesouro sagrado das letras.
pg.64-65
O Conde Luduvico diz que o cortesão tem de ser instruído nas letras e que tenha conhecimento não só la
língua latina, mas também da grega.
O cortesão tem de ser versado nos poetas e não menos nos oradores e historiadores e que seja hábil a
escrever em verso e em prosa. Se por causa de outras ocupações, ou porque estudou pouco, não alcança uma
perfeição tal que os seus escritos sejam dignos de louvor, que tenha a precaução de os suprimir, para não
permitir que façam troça de si, e que os mostre apenas a um amigo em que possa confiar.

pg.65
O cortesão tem de ser sempre prevnido e tímido em vez de audacioso, e que evite persuadir-se erradamente
que sabe o que não sabe. O cortesão tem de ser de tão bom juízo que não se deixe persuadir e que só presuma
o que sabe que é verdade.

pg.66
Para não se enganar, quando sabe bem que são verdadeiros os louvores que lhe são dirigidos, não deve
aceitá-los muito abertamente, nem confirmá-los sem resistência, mas modestamente recusá-los. Deste modo
evitará a afetação.

pg.68-69
O cortesão tem de ser músico, ter a capacidade de ler uma partitura e tocar diversos instrumentos (Platão e
Aristóteles querem que o homem bem educado seja músico).
Deve-se aprender a música na infância, pois faz nascer em nós um novo e bom hábito e um comportamento
habitual tendente à virtude.
A música é muito favorável às coisas civis e de guerra- Licurgo nas suas leis aprova a música e os beliciosos
Lacedemónios e os Cretenses se serviam nas suas batalhas de cítaras e de outros instrumentos e que muitos
capitães da antiguidade, como Epaminondas, se dedicavam à música.
A música é um reconforto para todas as dificuldades e sofrimentos do homem. Ex: Os trabalhadores dos
campos enganam o tédio com o canto, a camponesa que se levanta cedo para ir fiar e tecer defende-se do
sono e torna o trabalho agradável através da música, é o feliz passatempo dos marinheiros após as
tempestades e é o meio através do qual os peregrinos e os prisioneiros se reconfortam das cansativas viagens.

pg.71-72
O cortesão deve saber desenhar e ter conhecimento da pintura (os antigos queriam que as crianças nobres se
dedicassem à pintura).
A pintura é uma arte liberal. Servia não só para ornar, mas também tinha utilidade na guerra, como para
desenhar as regiões.
A pintura é uma arte maior que a escultura.

pg.72-73
Num debate Ioan Cristoforo é perguntado se a escultura é capaz de maior arte que a pintura, ao qual afirma
que sim, mas o Conde Luduvico argumenta que a escultura tem grandiosidade em tamanho porém em
detalhe deixa muito a desejar, não tem tanta técnica precisa.
Ioan Cristoforo diz que a escultura exige mais esforço e é de maior dignidade do que a pintura.
O Conde Luduvico diz que as esculturas são feitas para recordar alguém ou algo, satisfazem mais o efeito
para o qual são feitas do que a pintura. Mas além de servirem para recordar, a pintura e a escultura são feitas
para ornar e nisso a pintura é superior embora não seja tão duradoura como a escultura, tem uma longevidade
e enquanto dura é mais bela.
Ioan Cristoforo considera a escultura mais difícil, porque se nela cometer um erro já não é possível corrigi-
lo. Enquanto que na escultura têm-se que refazer, na pintura pode-se mudar, acrescentar ou retirar,
melhorando-a sempre.

pg.74
O Conde Luduvico considera que a pintura é mais nobre e artisticamente mais dotada que a escultura.

No fim é preciso denotar que o Conde demonstra insatisfação perante os ouvintes que não são dignos de
discurso, reflete sobre a imparcialidade da senhora Emilia, como fizera mais cedo com Pietro Bembo que
quando defende a prevalência das letras, demonstra-se parcial (é poeta).

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