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Revista Senso Incomum 002 Demo PDF
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[ P R E V I S Õ E S 2 0 1 7 ]
carta ao LEITOR
Sangue
em nosso site, informações muito mais im-
portantes do que aquelas veiculadas pelos
grandes e velhos órgãos de imprensa.
PÓS-VERDADE DA PÓS-MÍDIA 20
ARTIGO EXCLUSIVO
Previsões 2017
O
ano surpreendente de 2016 po- TERRORISMO
deria surpreender menos com O Estado Islâmico volta para casa
conceitos mais profundos e me-
nos escorregadios por parte dos analistas O maior derrotado de 2016, além de
políticos mundiais. É com uma visão que Hillary Clinton e Dilma Rousseff, foi o
permite mais detalhes e menos equívocos Daesh, o Estado Islâmico da Síria e do Ira-
– o que os ingleses chamam de misconcep- que. Antes de 2016 um forte de resistência
tion, quando se tenta definir uma coisa, que tinha sob seu poder uma área equi-
mas a definição não bate com a coisa – que valente à da Inglaterra, a partir do mo-
podemos apresentar alguns prognósticos mento em que Vladimir Putin une forças
possíveis para 2017. Algo muito mais só- ao exército oficial sírio para combater os
lido do que os palpites gourmet da grande grupos insurgentes, sob comando do di-
e velha mídia. tador Bashar al-Assad, o Estado Islâmico
Um Brasil sem
PMDB?
Não há grandes esperanças no horizonte brasileiro. Mas uma mudança se faz
sentir: o ocaso de seu maior partido.
A
lguns leitores nos pedem artigos so- pós-impeachment e pré-2018. Este confu-
bre o Brasil, após nossos olhos se vol- so período Temer será o vácuo de explica-
tarem para a América e a Europa ção que deixará nossa historiografia ainda
no fim do ano. Pouco há a ser dito sobre o país mais violentamente manipulada por pes-
em termos de análise: ele continua como sem- soas falando em “golpe” ou jurando de pés
pre foi. As notícias chamam atenção temporá- juntos que o impeachment foi arquitetado
ria: logo se lembra que, entre bilhões e bilhões,
pessoalmente por Michel Temer (a narrati-
a descoberta de novos bilhões afanados não
va “Eduardo Cunha”, usada até 1 minuto
produz senão um incômodo passageiro. Por isso
antes de sua prisão, teve de sair de moda
a análise fica comprometida: pouco há a ser
às pressas, talvez tendo até deixado rastro
dito, além de acompanhar o noticiário. Mas,
em alguns dos vários livros sobre “golpe”
mirando 2017, podemos traçar já alguns pa-
noramas. já publicados).
Há três chaves de leitura para o Brasil A primeira diz respeito a uma psicolo-
Pós-mídia na
pós-verdade
A mídia não é mais entendida como amiga do povo, e sim de políticos. É
um efeito tardio de algo que se iniciou ainda na Revolução Francesa.
P
ost truth foi considerada expressão que está no New York Times, na CNN, na
do ano da língua inglesa pelos or- Folha e na Globo News. Eles, como disse
ganizadores do dicionário Oxford. Brian Stelter, da CNN, praticam “jornalis-
Como toda entrada de dicionário, é uma mo objetivo”. Fatos, apenas fatos, e nada
escolha ideológica: tenta-se da chancela a mais. Mesmo que, misteriosamente, tudo
uma visão de mundo que cria palavras, por o que digam seja desconfirmado pela reali-
tal visão de mundo ser trabalhada por espe- dade logo depois. A explicação? O mundo
cialistas em comunicação. Um dicionário não vive mais a verdade que só existe na
dificilmente daria atenção a palavras como cabeça da CNN, mas a “pós-verdade”, que
astroturfing, dog-whistle, spin doctor, empty são... os fatos fora de sua redação.
suit ou newspeak (para ver seus significados,
leiam o artigo 5 Termos muito úteis que os Como sempre, entender como a mí-
petistas não querem que você conheça, de
dia funciona diante da realidade é muito
Cedê Silva, no site do Senso Incomum).
simples: basta multiplicar suas declarações
Com toda a facilidade, falam de pós-ver-
por -1. O funcionamento é óbvio: a fun-
dade, de empoderamento, de mansplaning,
ção da mídia é funcionar como o quarto
de sororidade e de micro-agressão. Ou, no
poder, uma “moderação” ou observância
Brasil, tentam dar uma carga de “uso nor-
que dedure ao público, alheio aos trâmites
mal” para o termo “presidenta”, como se
de uma política cada vez mais complexa
tivesse sido sempre usado da forma como
(até mesmo em tecnologia), o que é que
se referem a Dilma Rousseff.
os políticos estão fazendo.
A tal “pós-verdade” seria um clima em
que a verdade não conta mais, e sim boatos Para tal intento, ela deve ser um poder
de internet. Contudo, “verdade”, para usu- razoavelmente isento: não no sentido de
ários de tal termo e outras drogas, seria o não ter preferências ou ser “imparcial”,
Filipe Martins
Editor Assistente