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Professora Sonia Maria de Carvalho Moura

CASO CLÍNICO

Marta , 32 anos, vendedora

Aos seis anos, comecei a ter medo de que algo ruim pudesse acontecer a meus pais. Aos 14
anos, o medo transformou-se em pavor. Ficava seguindo meus pais pela casa, com o olhar.
Minha mãe percebeu que aquilo não era normal e me levou ao médico. Recebi o
diagnóstico errado de esquizofrenia, fui medicado e melhorei um pouco. Aos 17 anos, as
manias voltaram com muita força. Qualquer notícia ruim que via na televisão, ouvia no
rádio, lia no jornal ou que me contavam deflagrava em mim uma série de pensamentos
catastróficos. Para me livrar deles, inventava frases e as repetia mentalmente inúmeras
vezes: "Que nada de mal aconteça a meus pais. Que nada de mal aconteça a meus pais. Que
nada de mal aconteça a meus pais..." com o tempo, as frases ficaram mais complexas.
Sentia muita raiva de mim: sabia que nada daquilo fazia sentido, mas não conseguia me
conter. A doença afetou meu desempenho escolar. Era difícil eu me concentrar. Assim que
terminava de ler uma frase, tinha de voltar ao início dela para me certificar de que havia
compreendido o significado corretamente. Ia e voltava vinte, trinta vezes... tinha mania
para tudo, em todos os momentos, em todos os lugares. Obrigava-me a verificar se as portas
e janelas da casa estavam bem fechadas. No fim do dia, eu havia checado cada uma cerca
de 200 vezes. Por causa da doença, nunca consegui ter um relacionamento amoroso mais
duradouro. Em 1994, comecei um novo tratamento. Já melhorei muito, mas continuo com a
compulsão de seguir meus pais com o olhar. Sei que ainda tenho muitas barreiras a vencer,
mas não perdi as esperanças.

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