Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
AMÉRICO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente
Vanda Goulão
Interna de Medicina Intensiva
Janeiro de 2014
Relató rio de Está gio Janeiro de 2014
ÍNDICE:
1.INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………………………………………………………..4
2.IDENTIFICAÇÃO……………………………………………………………………………………………………………………………………..5
2.1 DADOS PESSOAIS.……………………………………………………………………………………………………………………………
5
2.2 INFORMAÇÃO CURRICULAR.….……………………………………………………………………………………………………………
5
3.CENTRO HOSPITALAR DO TAMEGA E SOUSA,EPE.……………………………………………………………………………………......6
3.1 UNIDADE HOSPITALAR PADRE AMÉRICO......…………………………………………………………………………………………………...6
3.2 UNIDADE SÃO GONÇALO...…………………………………………………………………………………………………………………….....6
3.3 UNIDAD DE CUIDADOS INTENSIVOS POLIVALENTE…..………………………………………………………………………………………....7
4. PLANO DE FORMAÇÃO……………….…………………………………………………………………………………………………………..9
5. ACTIVIDADE ASSISTENCIAL...………………………………………………………………………………………………………………....13
5.1. ANÁLISE DOS DADOS DOS DOENTES OBSERVADOS …………………………………………………………………………………………..14
5.1.1. DISTRIBUIÇÃO MENSAL DOS DOENTES.............................................................................................................................................14
5.1.2. DISTRIBUIÇÃO DOS DOENTES POR SEXO E IDADE............................................................................................................................15
5.1.3. TIPO DE ADMISSÃO........................................................................................................................................................................16
5.1.4. PROVENIÊNCIA DOS DOENTES........................................................................................................................................................16
5.1.5. REINTERNAMENTO.........................................................................................................................................................................17
5.1.6. TEMPO DE INTERNAMENTO.............................................................................................................................................................17
5.1.7. COMORBILIDADES..........................................................................................................................................................................18
5.1.8. SCORES DE GRAVIDADE E PROGNÓSTICO.......................................................................................................................................18
5.1.9. USO DE TÉCNICAS..........................................................................................................................................................................19
5.1.10 ISOLAMENTOS MICROBIOLÓGICOS………………………………………………………………………………………………….21
5.1.11. ANTIBIOTERAPIA...........................................................................................................................................................................22
5.1.12. ORIENTAÇÃO APÓS A ALTA...........................................................................................................................................................22
5.1.13. MORTALIDADE..............................................................................................................................................................................23
5.2. ANÁLISE DOS PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS PRIMÁRIOS POR SISTEMAS...................................................................................................23
5.2.1. PATOLOGIA MÉDICA........................................................................................................................................................................23
5.2.1.1. DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO........................................................................................................................................24
5.2.1.2. DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO......................................................................................................................................25
5.2.1.3. DOENÇAS DO APARELHO GÉNITO-URINÁRIO.................................................................................................................................26
5.2.1.4. INTOXICAÇÕES............................................................................................................................................................................26
5.2.1.5. DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS.....................................................................................................................................26
5.2.1.6. DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTIVO...............................................................................................................................................26
5.2.1.7. DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO................................................................................................................................................26
5.2.2. PATOLOGIA CIRÚRGICA...................................................................................................................................................................27
5.2.2.1. CIRURGICA PROGRAMADA………………………………………………………………………………………………………….27
1-INTRODUÇÃO
O médico tem várias tarefas a desempenhar, todas elas importantes para a gestão adequada dos
problemas que angustiam os doentes. A medicina intensiva é uma área diferenciada multidisciplinar que
aborda especificamente a prevenção, diagnóstico e tratamento de doentes em condições fisiopatológicas
pretensamente reversíveis, que ameaçam ou apresentam falência de uma ou mais funções vitais.
O presente relatório demonstra a atividade exercida pela interna durante o estágio na unidade de
cuidados intensivos polivalente do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa- Unidade Padre Américo, decorrido
entre 3 Junho de 2012 a 08 Janeiro de 2014.
2. IDENTIFICAÇÃO
MORADA Rua Pedro de Castro Van-Dúnem Loy, Vila Estoril, Bloco-11, 2º Andar,
Apt-11, Golf II. Luanda-Angola
TELEFONE +244924812779
NACIONALIDADE Angolana
NATURALIDADE
Luanda
LICENCIATURA MEDICINA
Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto.
13/01/2005
Média final: Catorze valores
O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) - E.P.E., sedeado na capital do Vale do Sousa, em
Penafiel, no Lugar do Tapadinho – Guilhufe, foi criado em Julho de 2007 e é formado por duas Unidades
Hospitalares: a Unidade Padre Américo (UPA) em Penafiel, e a Unidade de São Gonçalo (USG) em
Amarante.
A Unidade Padre Américo é constituída por um edifício principal de grande volume e por um pavilhão
destinado ao Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental. Distribui-se por 11 pisos, com acessibilidades
externas do piso 0 ao piso 4. Possui um heliporto situado a sul do edifício principal, com acesso direto à
Urgência.
A Unidade São Gonçalo está localizada em três espaços físicos distintos: o edifício principal com 4
pisos, um edifício anexo ao principal e um edifício independente, onde funciona o Departamento de
Psiquiatria de Agudos, a Consulta Externa de Psiquiatria e o Hospital de Dia.
O Centro Hospitalar engloba uma vasta área de influência formada pelos concelhos de Amarante,
Baião, Felgueiras, Cinfães, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Lousada, Mondim de Basto, Marco de
Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Resende com uma população alvo estimada em cerca
1
Adaptado do “Regulamento Interno/Modelo de Identificação do CHTS”, 2008.
2
Em funcionanmento desde Dezembro de 2009.
3
Em funcionamento desde 1 Junho de 2010.
Pá gina 6 Vanda Goulã o
Relató rio de Está gio Janeiro de 2014
de 553.000 habitantes.4 Esta é uma região de cariz rural, em que as principais áreas económicas são a
agro-pecuária (incluindo a produção de vinho verde), a indústria extractiva (granito e xisto), a indústria
transformadora da madeira e a indústria têxtil e do calçado.
Em Julho de 2008, o CHTS foi pela primeira vez acreditado pela Joint Commission International (JCI),
facto que se repetiu em 2009, ano no qual a acreditação foi revalidada, tendo sido perdida em 2013.
A Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente - UCIP está localizada na Unidade Padre Américo e
funciona no corpo central do piso 4 do edifício, com acesso privilegiado ao Bloco Operatório e ao Serviço
de Urgência. Encontra-se em funcionamento desde Janeiro de 2004 e dispõe de uma lotação de 10 camas,
2 com condições de isolamento. Actualmente, por escassez de recursos humanos, a Unidade está
dimensionada para uma lotação máxima de 6 camas.
A Unidade funciona de forma independente e protocolada. Dispõe de um corpo médico formado por 1
chefe de serviço, Dr. Estêvão Lafuente5,6 e 3 assistentes hospitalares, Dra. Maria José Fernandes 5,6, Dr.
Jorge Gomes da Silva5,6, Dr. Fernando Moura6,7, Dra. Fátima Santos6,7. Há também dois médicos
colaboradores externos Dr Fernando Moura e Dr Rui Lopes que auxiliam na urgência semanal. A equipa da
Unidade é ainda formada por uma enfermeira chefe (Enf. Cristina Pinto), 1 enfermeira especialista, 6
enfermeiros especializados, 8 enfermeiros licenciados, 8 assistentes operacionais e um secretário. A
relação doente-enfermeiro é de 2:1.
A Unidade é designada Polivalente por dispor de capacidade para admitir doentes críticos do foro
médico-cirúrgico, trauma.
O espaço físico é constituído por duas áreas distintas: a primeira formada pela área de internamento
(onde se encontram as unidades funcionais) e pela zona de armazenamento de medicação; a segunda
formada pelos espaços destinados ao armazenamento de material, gabinetes de trabalho, sala de
reuniões, vestiários e quarto do médico residente.
Cada Unidade Funcional está equipada com cama Hill-Room Total Care® e dois pendentes
Kreuzer®, onde se distribuem, de um lado os equipamentos de monitorização Philips Viridia CMS® e os
ventiladores Draeger Evita 4®, e do outro o sistema integrado de infusoras Fluid Manager®. Estes
equipamentos estão conectados ao sistema informático Picis® da Siemens, que permite a recolha e
monitorização de dados em tempo real. Este sistema informático permite também realizar registos clínicos
(nota de entrada, nota de alta e diários clínicos) e da prescrição terapêutica, possibilitando assim o suporte
informático quase total, desde a admissão até à alta. Permite ainda a articulação com outros programas em
utilização na Unidade Hospitalar, nomeadamente: o SAM (Serviço de Apoio ao Médico), o sistema de
pedido/observação de análises clínicas – CliniData - e o sistema de armazenamento de exames
complementares de diagnóstico de imagem - MagicWeb. Em cada Unidade Funcional existe ainda uma
mesa de apoio com material destinado ao uso exclusivo nessa Unidade (estetoscópio, máquina de glicemia
capilar e material descartável utilizado nos cuidados de enfermagem) e uma mesa de trabalho.
4
Estimativa de população residente/censo 2001 – fonte INE (www.ine.pt).
5
Especialista em Medicina interna
6
Sub-especialidade em Medicina Intensiva
7
Especialista em Anestesiologia
Pá gina 7 Vanda Goulã o
Relató rio de Está gio Janeiro de 2014
O doente crítico é, por definição, instável, apresenta disfunção ou falência de um ou mais órgãos e
sistemas, e a sua sobrevivência depende de meios avançados de monitorização e terapêutica. 8
A monitorização hemodinâmica é um elemento chave na análise das principais funções cardio-
circulatórias destes doentes, permitindo antecipar a deterioração clínica e avaliar a resposta aos
tratamentos instituídos. A UCIP dispõe de sistemas de monitorização hemodinâmica invasiva como o
Vigilance®, através da cateterização da artéria pulmonar (Swan-Ganz) e minimamente invasiva: volume
view e o sistema Vigileo/Flo trac®.
O fluxo-dirigido pelo cateter de artéria pulmonar (Swan-Ganz) permite ao clínico medir pressões e
colher amostra de sangue do átrio direito, ventrículo direito e artéria pulmonar. Ele também pode estimar a
pressão atrial esquerda, medindo a pressão em cunha da artéria pulmonar (também chamada de pressão
capilar pulmonar ou pressão de oclusão da artéria pulmonar). Isso envolve insuflar um balão na ponta do
cateter, permitindo que o balão oclua um ramo da artéria pulmonar, e em seguida medir a pressão.
A Cateterização da artéria pulmonar pode ser usada para uma variedade de propósitos clínicos. Pode
diferenciar entre os tipos de choque, identificar etiologias de insuficiência respiratória e cardíaca, e
diagnosticar e gerenciar uma variedade de condições em pacientes criticamente doentes. Além disso, a
inspeção das formas de onda de pressão pode detectar tamponamento cardíaco, constrição cardíaca,
cardiomiopatia restritiva, insuficiência valvar mitral, insuficiência valvar tricúspide, shunts intracardíacos,
eventos relacionados com a mecânica dos átrios e ventrículos, e estado de volume intravascular.
O sistema Vigileo/Flo trac fornecido pela Edwards Lifesciences, disponibiliza uma perceção dinâmica
utilizando um cateter arterial existente. O monitoramento hemodinâmico pode ser obtido continuamente ou
intermitentemente e utilizando parâmetros estáticos ou dinâmicos (DC, IC, VS, IVS, VVS, RVS, IRVS). Os
8
Definição de Doente Crítico – Sociedade Portuguesa Cuidados Intensivos, disponível em www.spci.org/documentos
Pá gina 8 Vanda Goulã o
Relató rio de Está gio Janeiro de 2014
parâmetros estáticos são fotos instantâneas únicas tiradas em pontos específicos no ciclo respiratório ou
cardíaco. Os parâmetros dinâmicos devem ser direcionados para avaliar alterações rápidas no estado
cardiovascular em períodos curtos de tempo. A variação do volume sistólico (VVS) é um parâmetro
dinâmico e um indicador sensível para reatividade a pré-carga em pacientes controlados e ventilados.
A monitorização do nível de sedação é também uma prática comum na UCIP, através do uso de
escalas de sedação (Escala de Ramsay). A UCIP dispõe ainda de um sistema de monitorização do índice
biespectral (BIS®). Foi introduzido pela Aspect Medical Systems, Inc. em 1994 como uma medida inédita
do nível de consciência através da análise algorítmica do eletroencefalograma de um paciente durante a
anestesia geral . Os EUA Food and Drug Administration (FDA) apuradas monitorização BIS em 1996 para
avaliar os efeitos hipnóticos dos anestésicos gerais e sedativos. O monitor BIS fornece um único e
dimensional número, que varia de 0 (equivalente ao silêncio EEG) a 100 (equivalente para totalmente
acordado e alerta). A BIS value between 40 and 60 indicates an appropriate level for , as recommended by
the manufacturer. Um valor BIS entre 40 e 60 indica um nível adequado de sedação.The FDA further stated
in 2003 that "...A reduction in awareness provides a public health benefit, in that BIS technology can now
provide anesthesiologists with a way to reduce this often debilitating, yet preventable medical error".
This is used in conjunction with other physiologic monitoring such as to estimate the depth of
anesthesia in order to minimize the possibility of intraoperative awareness.
A prevalência de disfunção/falência renal em ambiente de cuidados intensivos é elevada e relaciona-
se com uma maior mortalidade. A UCIP possui equipamentos para realização de técnicas de substituição
renal contínua (2 monitores Prismaflex®), não só para situações de falência renal, mas também para casos
de intoxicação (tóxico dialisável ou passível de adsorção - hemocarboperfusão), em doentes com
SIRS/Sépsis (imunomodulação), em situações de falência cardíaca com congestão pulmonar ou de
hipertermia “maligna”.
A UCIP está também dotada de um ventilador oscilométrico de alta frequência (HFOV 3100B®) e
equipamentos de ventilação não invasiva (BiPAP e Máscara de Boussignac) e de um electrocardiógrafo.
A UCIP apresenta uma rotina diária bem definida, em que a equipa multidisciplinar funciona de forma
coordenada. O controlo da infecção, nomeadamente da infecção cruzada, faz parte desta rotina. Assim, é
preconizado o uso de fardamento próprio e de calçado de uso exclusivo ou envolvido por protetores
adequados, disponíveis na Unidade. A lavagem das mãos à entrada e à saída, sempre que se inicia ou
termina a observação de um doente, ou se manipula qualquer componente da Unidade Funcional, são
procedimentos fundamentais.
4. PLANO DE FORMAÇÃO
documento define que ao longo do estágio o interno deve ser capaz de cumprir os seguintes objectivos de
formação:
- Sistema respiratório:
- Sistema cardio-circulatório:
- Sistema nervoso:
- Sistema gastrointestinal:
Fazer paracentese;
5. Cuidados peri-operatórios
6. Conforto e reabilitação
- Manter comunicação eficaz, durante o internamento e antes da alta, com a equipa e com o
doente;
- Saber como lidar com o processo de suspender e não iniciar tratamentos em equipa
multidisciplinar;
8. Transporte
10. Profissionalismo
- Aptidões de comunicação;
5. ATIVIDADE ASSISTENCIAL
O estágio na Unidade Cuidados Intensivos teve uma duração de 7 meses e foi cumprido num horário
de 40 horas semanais, distribuídas pelos dias úteis das 8h30 às 16h30. Incluiu um dia de Serviço de
Urgência semanal, em sistema de rotatividade até às 21:30h, acompanhando o Orientador de Formação.
A interna foi integrada na equipa da Unidade, participando na sua rotina diária. Assim, teve
oportunidade de assistir e colaborar nas diferentes atividades assistenciais realizadas na UCIP:
Observação diária dos doentes, realização do exame objetivo e registo dos dados no diário
clínico, elaboração de uma lista de problemas e de um plano de procedimentos.
Os dados apresentados reportam-se aos doentes que foram admitidos na UCIP entre 3 de Junho 2013 e
08 de Janeiro 2014. Nesse período a interna observou 197 doentes.
O gráfico 1 apresenta a distribuição mensal dos doentes, de acordo com a data da admissão.
Verificou-se uma distribuição relativamente regular nos meses de Junho, Setembro, Outubro e Dezembro.
O mês de Junho foi aquele em que se observou um menor número de doentes.
10
0
Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Gráfico 1
Dos 197 doentes observados, 134 (68%) eram do sexo masculino e 63 (32%) do sexo feminino
(gráfico 2).
134
Masculino Feminino
Gráfico 2
A idade dos doentes variou entre 12 e 88 anos, com idade média de 62,43 ± 17,56 anos. O gráfico
3 apresenta a distribuição dos doentes por faixa etária. O intervalo etário a que correspondeu um maior
número de doentes internados foi dos 71 aos 80 anos, o que confirma a tendência geral de crescimento do
número de idosos nas unidades de cuidados intensivos.
Distribuição etária
60
50
40
30
20
10
0
≤ 20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90
Gráfico 3
Como se pode observar (gráfico 4) 35% dos doentes é internado na UCIP no contexto de cirurgia
programada e 18% por cirurgia não programada. Assim, constata-se que a maioria dos doentes internados
durante o período em análise é do foro cirúrgico (53%).
Os doentes médicos foram responsáveis por 42% das admissões. Apenas 5% dos doentes foram
admitidos por trauma.
35%
Gráfico 4
Como se pode observar no gráfico 5, a maioria dos doentes admitidos foi proveniente do bloco
operatório correspondendo a 55% (109 doentes).
Outro hospital 2
SU 4
Internamento 27
UCIPSU 27
SE 28
BO 109
0 20 40 60 80 100 120
Gráfico 5
5.1.5. R EINTERNAMENTO
Durante o período em análise verificaram-se 7 readmissões (5 doentes com patologia médica e 2
doentes com patologia cirúrgica), por sepsis grave com ponto de partida em pneumonia nosocomial,
Sepsis grave secundária a pneumonia associada aos cuidados de saúde, Status pós PCR, Falência
respiratória por alteração da dinâmica ventilatória, falência respiratória no contexto de TVM, Peritonite por
perfuração intestinal, pós-operatório de laparotomia por pancreatite necrohemorrágica com pseudoquisto e
síndrome de compartimento. De salientar que um dos reinternamentos teve um desfecho fatal.
5.1.7. C OMORBILIDADES
Na tabela 3 está bem evidente a prevalência elevada de factores de risco vascular, com 48,7% da
população analisada com hipertensão arterial; 31,3% com dislipidemia; 16,9 % com diabetes mellitus tipo
2.
Comorbilidades %
Hipertensão arterial 49
Dislipidemia 27
Diabetes mellitus tipo 2 26
Doença cerebrovascular 15
Insuficiência cardíaca 10
Fibrilhação auricular 10
Cardiopatia isquémica 8
Alcoolismo 8
Obesidade 7
DPOC 6
Patologia psiquiátrica 5
Neoplasia 5
IRC 4
Doença hepática crónica 2
Tabela 3: Comorbilidades
Da rotina diária da UCIP faz parte o cálculo do SAPS - Simplified Acute Physiology Score - nas
primeiras 24 horas após a admissão a todos os doentes, a avaliação diária do SOFA – Sequential Organ
Failure Assesment Score – e a determinação do Charlson Index Score (CIS). Relativamente aos doentes
observados, verificou-se um valor médio de SAPS II de 41,5 ± 22,3 e de SAPS III de 60,0 ± 21,9. O valor
do SOFA determinado na admissão variou entre um mínimo de 0 e um máximo de 16, com uma média de
4,8 ± 4,3. O valor médio do CIS foi 3,7 ± 2,5, variando entre 0 e 10.
Geral
SAPS II 42.52 ± 22.21
SAPS III 59.28 ± 21.82
Charlson Index Score 3.74 ± 2.78
SOFA 6.23 ± 4.65
Admissão Médica
SAPS II 58.93 ± 19.82
SAPS III 75.67 ± 15.58
Charlson Index Score 3.28 ± 2.66
SOFA 9.78 ± 3.93
Admissão Cirurgia Programada
SAPS II 22.72 ± 8.29
SAPS III 38.94 ± 11.58
Charlson Index Score 4.66 ± 2.65
SOFA 2 ± 1.52
Admissão Cirurgia Não Programada
SAPS II 44.6 ± 14.85
SAPS III 62.62 ± 18.20
Charlson Index Score 4±3
SOFA 6.48 ± 3.64
Trauma
SAPS II 37.72 ± 16.4
SAPS III 54.18 ± 12.83
Charlson Index Score 0.81 ± 1.11
SOFA 5.63 ± 2.96
5.1.9. U SO DE TÉCNICAS
Como se pode observar na tabela 5, a maioria dos doentes internados na UCIP necessitou de
ventilação mecânica invasiva (78%). Os restantes corresponderam a pós-operatórios programados, já
extubados no bloco operatório.
A técnica de substituição renal foi utilizada em 15% dos doentes. Destes, 5 apresentavam critérios
de choque. Os restantes tinham scores de disfunção/falência de órgãos elevados. A taxa de mortalidade
global no grupo dos doentes submetidos a esta técnica foi de 43%.
A monitorização minimamente invasiva com FloTrac/Vigileo (Edwards Lifeciences, Irvine, CA, USA)
foi utilizada em 48 doentes; 5 doentes foram monitorizados de forma invasiva com Vigilance ®, através da
cateterização da artéria pulmonar (Swan Ganz) e 2 doentes com Volume View ®.
No que respeita à utilização de suporte vasopressor, este foi utilizado em 109 doentes, sendo que
a maioria dos doentes foi tratado com noradrenalina.
Apesar de ter sido um único caso, vários estudos clínicos (REVIVE I, REVIVE II, SURVIVE, LIDO,
RUSSLAN, 300105, 3001024) confirmaram os benefícios na sobrevivência dos doentes tratados com
levosimendan bem como na redução da mortalidade e do tempo de internamento.
Técnicas Nº doentes/%
- Vigileo 48 (24%)
Como se pode observar na tabela 8, 62.9 % dos doentes tiveram alta para enfermarias de
especialidades cirúrgicas, o que está em conformidade com o tipo de admissão.
Destino Nº doentes
Cirurgia geral 59
Medicina interna 41
Cirurgia vascular 33
Ortopedia 24
Urologia 5
Cardiologia 4
UCIPSU 4
Ginecologia 3
Outro hospital 3
Tabela 8: Orientação pós alta
5.1.13. M ORTALIDADE
Durante o intervalo em análise faleceram 21 doentes na UCIP, correspondendo a uma taxa de
mortalidade de 10,65%. A idade média apresentada foi 59,95 ± 13,41 anos e o tempo médio de
internamento foi 4 ± 7 dias. A maioria destes doentes (19) foi admitida por patologia médica e
apresentavam disfunção multiorgânica.
A tabela 9 caracteriza os doentes que faleceram quanto a parâmetros como sexo, idade, tempo de
internamento e gravidade.
CARACTERISTICAS DO
GRUPO FALECIDO
Sexo Masculino- 12; Feminino- 9
Idade 59.95 ± 13.41
Tempo internamento 4.0 ± 7.0
SAPS II 75.33 ± 15.80
SAPS III 84.71 ± 14.74
SOFA admissão 11.80 ± 3.18
Charlson 3.23 ± 2.11
Como se pode observar no gráfico 6 a Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) foi a infecção
respiratória mais prevalente, correspondendo a 51,6 % desses internamentos. Todos estes doentes
apresentaram 1 critério major de gravidade, necessidade de ventilação mecânica (American Thoracic
Society modificada) e em 16% estiveram associados 2 critérios major (ventilação mecânica e choque
séptico).
Pneumocistose
Contusão plumonar
Pneumonia de aspiração
IRC agudizada
A Pneumonia associada aos cuidados de saúde juntamente com a doença Pulmonar Crónica
Obstrutiva agudizada por infeção respiratória, constituíram o segundo diagnóstico principal mais frequente
dentro das doenças do sistema respiratório.
Como se pode observar na tabela 11, as doenças do sistema circulatório foram responsáveis por
21 admissões.
A idade média destes doentes foi de 64,6± 14,3 anos e o tempo médio de internamento foi de 3±
2,6 dias. A taxa de mortalidade neste grupo foi de 52%.
De salientar que a doente da hemorragia intracerebral foi considerada como potencial dadora de
órgãos, pelo que se iniciaram medidas de manutenção de dador.
O termo Morte Cerebral aplica-se a condição final, irreversível, definitiva de cessação das
atividades do tronco cerebral (mesencéfalo, ponte e bulbo). Na UCIP estes doentes são submetidos a
exame clínico neurológico que confirme a irreversibilidade da falência do tronco cerebral. Estas provas são
realizadas por dois diferentes especialistas em diferentes intervalos de tempo. Verificando as seguintes
condições:
1) - Conhecimento da causa e irreversibilidade da situação clínica;
2) - Estado de coma com ausência de resposta motora à estimulação dolorosa na área dos pares
cranianos;
3) - Ausência de respiração espontânea;
4) - Constatação de estabilidade hemodinâmica e da ausência de hipotermia, alterações endócrino-
metabólicas, agentes depressores do sistema nervoso central e ou de agentes bloqueadores
neuromusculares, que possam ser responsabilizados pela supressão das funções referidas nos números
anteriores.
- Deve ser demonstrada a ausência na totalidade dos seguintes reflexos do tronco cerebral:
6 Doentes em status pós PCR foram submetidos a hipotermia terapêutica, por um período 12-24
horas, com infusão de soro fisiológico gelado e esfriamento de superfície com bolsas de gelo, mantendo
temperaturas entre 32-34ºC, monitorizadas com termómetro esofágico. Também foi administrada perfusão
de um bloqueador neuromuscular (rocurónio), com respectiva monitorização pelo BIS.
Há um crescente número de publicações demonstrando que a indução de hipotermia sistêmica
leve/moderada melhora a recuperação neurológica decorrente de uma paragem cardiorespiratória ao
contrário dos doentes de foro neurológico (TCE, AVC).
5.2.1.4. I NTOXICAÇÕES
As intoxicações foram responsáveis por 5 internamentos, 3 por ingestão voluntária de
organofosforados, 1 por antidepressivos tricíclicos (ADT) e 1 por álcool e decis.
Como se pode observar na tabela 13, as doenças infecciosas e parasitárias foram responsáveis
pelo internamento de 5 doentes.
Pá gina 25 Vanda Goulã o
Relató rio de Está gio Janeiro de 2014
Foram responsáveis por sete internamentos, dos quais cinco por pancreatite aguda, 1 por colangite
e 1 por gastrenterite. Com uma taxa de mortalidade de 14%.
Sete doentes foram internados por patologia do sistema nervoso, nomeadamente 6 por estado de
mal epilético e 1 por depressão neurológica por carbose, tendo sido responsável por uma taxa de
mortalidade de 5%.
Correcção de escoliose 1
Correcção de cifose 1
Fixação de fractura do femur 1
Prótese total da anca 1
Urologia 2
Cistoprostatectomia 1
Cistectomia radical 1
Ginecologia 2
Cesariana 1
Histerectomia alargada 1
Tabela 14: Cirurgia programada
Trinta e cinco doentes (18%) foram admitidos na UCIP por cirurgia não programada. A idade média
dos doentes foi de 65,3 ±18 anos e o tempo médio de internamento foi de 6 ± 10,6 dias. A taxa de
mortalidade neste grupo foi de 5%.
A tabela 15 mostra a distribuição dos doentes pelo tipo de intervenção cirúrgica e
patologia, constatando-se que a peritonite secundária foi responsável por 15 internamentos (43%).
5.2.3. T RAUMA
Durante o período em análise foram admitidos 11 doentes por trauma, correspondendo a 5% das
admissões, com uma taxa de mortalidade de 5%. A média das idades foi de 42 ± 13,9 anos e o tempo
médio de internamento foi de 5 ± 4,8 dias.
Quatro doentes apresentavam traumatismo vertebromedular, três politraumatismo, e TCE
associado a estado pós PCR, trauma toraco-abdominal, trauma laríngeo com pneumomediastino, trauma
torácico com fraturas costais e contusão pulmonar com um cada.
Na UCIP realizam-se mensalmente reuniões de Serviço que contam com a presença da equipa
médica e de enfermagem, onde são discutidos assuntos referentes ao funcionamento do Serviço e são
apresentados temas previamente selecionados.
Periodicamente são organizadas sessões nas quais são apresentados por um interno casos
clínicos e temas teóricos.
A interna teve a oportunidade de apresentar o tema: “Síndromes metabólicos do eixo hipotálamo-
hipófise-suprarrenal“ e de assistir aos seguintes:
Hipotermia terapêutica
Pá gina 28 Vanda Goulã o
Relató rio de Está gio Janeiro de 2014
AUTOR: Evaluation of functional differences between two anticoagulation methods used in continuous
renal
replacement therapy in critical patients. – a ser apresentado como poster no 34º Simpósio Internacional
Sobre Cuidados Intensivos e Medicina de Emergência, 18-21/03/2014, em Bruxelas.
.
7. COMENTÁRIO FINAL
A profissão de Médico é, sem dúvida, impressionante e intimidativa pela magnitude e complexidade
nas decisões clínicas.
A interna considera que o estágio na unidade de cuidados intensivos polivalente, possibilitou uma
aprendizagem diversificada, desde a patologia médica, cirúrgica (programada, urgente) e traumática, aliada
a aquisição prática de conhecimentos e atitudes perante um doente crítico, fundamentais para a sua
formação enquanto futura intensivista.