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RENATA TEODORO BASES PARA TERAPIA INTENSIVA: INTRODUÇÃO A VENTILAÇÃO MECÂNICA E MODOS VENTILATÓRIOS CONVENCIONAIS VOL IV
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
E
ste livro é dedicado aos
profissionais e sobre-
tudo aos residentes e
estudantes de fisioterapia,
enfermagem e medicina, a
quem tive o privilégio de
ensinar e também com eles
muito aprender ao longo dos
anos. As profissões da saúde,
sobretudo a terapia intensiva,
não é arte, nem se resume à
aplicação simples da ciência,
mas sim um ofício que requer
um compromisso com a exce-
lência de um artesão. Evoluir
constantemente é parte do
acordo. Este trabalho é minha
tentativa de compartilhar o
que aprendi sobre ventilação
mecânica e terapia inten-
siva com todos que, como eu,
abraçaram o desafio de diaria-
mente encarar a doença grave.
RENATA TEODORO
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
BASES PARA
TERAPIA
INTENSIVA:
INTRODUÇÃO A VENTILAÇÃO
MECÂNICA E MODOS VENTILATÓRIOS
CONVENCIONAIS
VOLUME IV
EDITORA
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à Editora
Fisiointensiva. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em
parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação,
fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora.
Expediente
Renata de Jesus Teodoro (Autora)
Teodoro, Renata
Bases para a Terapia Intensiva – Volume 4
Introdução a ventilação mecânica e modos
ventilatórios convencionais – São Paulo:
Editora Fisiointensiva, 2021.
ISBN: 978-65-996060-9-0
Teodoro, RJ
Bases para a Terapia Intensiva – Volume 4
Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Direitos reservados a Editora Fisiointensiva – São Paulo/SP
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
Prefácio
Saaaaalve, mocidade!!!!
Você está pronto para aprender sobre os modos
e configurações da ventilação mecânica? Espero que
sim, porque é disso que trata este volume da série
Bases para a terapia intensiva. Listamos todos os
diferentes modos e configurações do ventilador que
você precisa saber para ter habilidade, segurança
e fluência em ventilação mecânica, e tudo, claro,
baseado em muita ciência.
A ventilação mecânica é parte integrante do
cuidado de muitos pacientes críticos. Também pode
ser administrada fora da UTI ou do hospital, em pes-
soas sob cuidados intensivos de longo prazo em casa.
Uma compreensão completa dos fundamentos da
ventilação mecânica é necessária para fisioterapeu-
tas, enfermeiros e médicos, e o conhecimento geral
dos princípios da ventilação mecânica também é
necessário para todos os profissionais envolvidos em
cuidados diretos, como fonoaudiólogos e técnicos,
cujos pacientes ocasionalmente precisam de suporte
ventilatório. Este livro pretende ser um guia prático
para ventilação mecânica em adultos.
Escrevemos este livro a partir de nossa pers-
pectiva de quase 20 anos de experiência como clíni-
cos, educadores, pesquisadores e autores. Fizemos
todos os esforços para manter os tópicos atuais e com
um foco distintamente clínico. Revisamos cada palavra
e atualizamos o conteúdo conforme necessário e de
acordo com as diretrizes de prática clínica publica-
das recentemente. Então, se você está pronto para
começar, vamos em frente e mergulhar de cabeça.
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
Sobre a autora
Sumário
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À
VENTILAÇÃO MECÂNICA 9
CAPÍTULO 2
INDICAÇÕES DA VENTILAÇÃO MECÂNICA
E MANEJO DAS VIAS AÉREAS 59
CAPÍTULO 3
MODOS E MODALIDADES
VENTILATÓRIAS 87
CAPÍTULO 4
PARAMETROS VENTILATÓRIOS
E AJUSTES INICIAIS 115
CAPÍTULO 5
MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE
EM VENTILAÇÃO MECÂNICA 143
CAPÍTULO 6
SEDAÇÃO E ANALGESIA DO PACIENTE
SUBMETIDO A VENTILAÇÃO MECÂNICA 181
Agradecimento especial
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
À
VENTILAÇÃO
MECÂNICA
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
INTRODUÇÃO À
VENTILAÇÃO MECÂNICA
A
ventilação mecânica é uma terapia de suporte vital para o trata-
mento de pacientes com insuficiência respiratória aguda. É uma
modalidade muito comum nas unidades de tratamento intenso e,
de fato, o advento de seu uso marcou o início das modernas unidades de
terapia intensiva.
Tem por objetivos, além da manutenção das trocas gasosas, ou seja,
correção da hipoxemia e da acidose respiratória associada à hipercapnia,
aliviar o trabalho da musculatura respiratória, que, em situações agudas
de alta demanda metabólica, está elevado; reverter ou evitar a fadiga da
musculatura respiratória; diminuir o consumo de oxigênio, dessa forma
reduzindo o desconforto respiratório; e permitir a aplicação de terapêu-
ticas específicas.
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Renata Teodoro
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
baixos
Jassiely níveis de PEEP) estava
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: associado
- à atelectasia e à hipoxemia. Dada
a relutância em usar FiO2 alta, os profissionais usaram VT´s muito altos.
Isso, muitas vezes, melhorou temporariamente a hipoxemia, mas, como
sabemos agora, provavelmente ocasionou lesões pulmonares em muitos
pacientes. Webb e Tierney demonstraram que o uso de altas pressões de
distensão, em ratos, pode levar ao edema pulmonar, que pode ser fatal. Nos
últimos 40 anos, desenvolvemos uma maior compreensão dos mecanismos
e consequências da lesão induzida por volume (LIV). Entendendo que a
variável chave não é a pressão das vias aéreas em si, mas a sobredistensão.
12
Renata Teodoro
Bennett
Jassiely 7200, o Bear 1000,
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF:o -Servo 300 e o Hamilton Veolar (Figura 1.3.A).
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
músculos
Jassiely intercostais e- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br o diafragma
- se contraem, expandindo a caixa
torácica e gerando uma pressão negativa sobre a superfície dos pulmões,
transmitida ao longo do espaço pleural. Parte dessa pressão é necessária
para vencer as forças viscoelásticas do pulmão e da caixa torácica. O res-
tante é transmitido aos alvéolos, gerando um gradiente entre a pressão
alveolar e a pressão atmosférica, que permite o fluxo inspiratório. Com
o relaxamento dos músculos respiratórios, na ausência de ativação da
musculatura expiratória, a pressão elástica acumulada durante a inspiração
é a única força atuante, e torna a pressão alveolar positiva, invertendo o
fluxo expiratório e permitindo a expiração (Figura 1.4.A). A instituição da
ventilação com pressão positiva altera a dinâmica ventilatória em relação
à respiração espontânea. O ventilador artificial pressuriza a via aérea do
paciente, gerando o gradiente de pressão que irá movimentar o fluxo
inspiratório (Figura 1.4.B).
A exalação ocorre de forma passiva, como na ventilação espontâ-
nea. Existem diversas formas de realizar a pressurização das vias aéreas,
que se diferenciam quanto à interface interposta entre o ventilador e o
paciente, e a maneira como o ventilador pressuriza o sistema respiratório
do paciente. A interface utilizada entre o paciente e o ventilador permite
classificarmos a ventilação positiva em invasiva e não invasiva:
Ventilação não invasiva – utilização de máscara nasal, orofacial ou
facial total;
Ventilação invasiva – utilização de tubo oro ou nasotraqueal ou cânula
de traqueostomia. Apesar de ambas aplicarem pressão positiva nas vias
aéreas para oferecer suporte ventilatório ao paciente, uma série de dife-
renças existem entre a ventilação invasiva e a não invasiva.
A ventilação não invasiva mantém a capacidade de fala e deglutição,
preserva a participação das vias aéreas superiores na ventilação, aqueci-
mento e umidificação dos gases e pode ser aplicada de forma intermitente.
Por outro lado, não oferece proteção das vias aéreas e está contraindicada
em pacientes com rebaixamento do nível de consciência, com instabili-
dade hemodinâmica e hipoxemia grave, entre outras situações. Quanto
à forma como é gerado o fluxo inspiratório, a ventilação mecânica pode
ser classificada em ventilação com fluxo controlado e ventilação com
pressão controlada:
Ventilação com fluxo controlado: o ventilador impõe um fluxo pré-
-ajustado e, consequentemente, ocorre um aumento da pressão da via
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Renata Teodoro
aérea
Jassiely em função da mecânica
- jassy_faria@yahoo.com.br respiratória do paciente.
- CPF: -
INSPIRAÇÃO EXALAÇÃO
A
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Ventilação - CPF: -
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br Ventilação Ventilação
espontânea fluxo controlado pressão
Expiratório Inspiratório
60 controlada
Insp. Expiração
Fluxo (L/min)
-60
0,50
Volume (L)
50
Pressão (cmH2O)
0
- 10
Tempo (s)
Tinsp. Texp.
Figura 1.5. Representação gráfica da ventilação espontânea e da ventilação com pressão positiva
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 22). Edição do Kindle.
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Renata Teodoro
de- jassy_faria@yahoo.com.br
Jassiely hardware e softwares de-
controle. Atualmente, o mais usual é que
- CPF:
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Ventiladores mecânicos
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -são
dispositivos sofisticados de suporte à
vida. O ventilador deve ser confiável, flexível e relativamente fácil de usar
por um clínico qualificado.
Como os ventiladores fornecem gás ao paciente, eles devem ter
um componente pneumático. Os ventiladores de primeira geração eram
tipicamente acionados pneumaticamente, usando pressão de gás para
alimentar o ventilador e também ventilar o paciente. Os ventiladores da
geração atual são controlados por microprocessador.
O sistema pneumático é responsável pelo fornecimento de uma mis-
tura de gás ao paciente. O ar ambiente e o oxigênio 100% são fornecidos
ao ventilador a 50 lb/pol2. O ventilador reduz essa pressão e mistura
esses gases para um FIO2 prescrito, e flui para o circuito do ventilador. O
circuito do ventilador não apenas fornece gás ao paciente, mas também
filtra, aquece e umidifica o gás inspirado. O sistema pneumático pode ser
de circuito simples ou duplo. Com ventiladores de circuito único, o gás
que alimenta o ventilador é o mesmo gás fornecido ao paciente.
Com ventiladores de circuito duplo, o gás fornecido ao paciente é
separado do gás que alimenta o sistema pneumônico. Os ventiladores
podem ser de pressão positiva ou negativa. Os ventiladores de pressão
positiva aplicam uma pressão positiva às vias aéreas. Os ventiladores
de pressão negativa aplicam uma pressão negativa à parede torácica.
Ventiladores de cuidados intensivos são geradores de pressão positiva.
Ventiladores de pressão negativa são usados com pouca frequência,
mas podem ser usados em alguns pacientes que recebem ventilação
mecânica prolongada.
O Sistema Eletrônico em ventiladores de geração atual, o micropro-
cessador controla as válvulas inspiratórias e expiratórias. Ele também con-
trola o fluxo de informações do sistema de monitoramento do ventilador
(por exemplo, pressão, fluxo, volume) e a exibição dessas informações
como exibições numéricas e de forma de onda. Os alarmes do ventilador
também são controlados pelo microprocessador.
As variáveis de controle descrevem como o ventilador gerencia
pressão, volume e fluxo durante a fase inspiratória. A variável de controle
permanece constante conforme a carga muda. Variáveis de controle
específicas são pressão, volume, fluxo e tempo. Os ventiladores modernos
controlam o fluxo ou a pressão durante a fase inspiratória. Além disso, o
ventilador só pode controlar o fluxo ou a pressão a qualquer momento.
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Renata Teodoro
O- controle
Jassiely duplo ocorre
jassy_faria@yahoo.com.br em situações
- CPF: - em que a inspiração começa como
controle de volume e depois muda para o controle de pressão antes do
final da respiração (ou vice-versa). Essas variáveis são ajustadas de acordo
com a fase do ciclo respiratório.
O início da ventilação pode ocorrer por disparo, através do ajuste
da sensibilidade (por pressão ou fluxo), ou por tempo, dependendo da
frequência respiratória.
O ventilador gera a inspiração de acordo com variáveis pré-determi-
nadas. O volume, a pressão e o fluxo inspiratório podem ser programados
para se manterem constantes durante a inspiração e não ultrapassa-
rem valores determinados, sendo denominados de variáveis de limite. A
mudança da fase inspiratória para a expiratória (ciclagem) ocorre de acordo
com a variável de ciclagem. A ventilação pode ser ciclada a volume, tempo
inspiratório, fluxo ou pressão. Ao final da inspiração, anteriormente ao
início da expiração, pode-se instituir uma pausa, útil para maximizar as
trocas gasosas. A fase expiratória ocorre de forma passiva, dependendo
das qualidades elásticas pulmonares.
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Equipamento para
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - PACIENTE
ventilação não invasiva
Orifício de exalação
Máscara
facial
Válvula
Gerador de de alívio
fluxo
(turbina)
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Renata Teodoro
ou- jassy_faria@yahoo.com.br
Jassiely neuromuscular/neurológica,
- CPF: - ou para fornecer suporte ventilatório de
longo prazo para esses mesmos pacientes.
Em geral, esse tipo de suporte foi fornecido inicialmente com modos
de controle de volume capazes apenas de inspiração acionada por máquina
(Figura 1.7.A). Com o tempo, porém, ventiladores direcionados à pressão,
mais sofisticados, projetados especificamente para fornecer VNI, entra-
ram no mercado, e a ventilação com alvo de pressão tornou-se a norma
para VNI (Figura 1.7. B).
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
A reintrodução de interfaces
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br em detrimento do tubo endotraqueal
- CPF: -
Quadro 1.1. Ventiladores disponíveis para Ventilação não invasiva (com módulo específico para VNI)
Fabricante /
Utilização Modos Características Observação
modelo
Pode acoplar
Philips Especial para AVAPS Acoplamento cartão de
(BIPAP A30) VNI Auto-trak de oximetria memória e
tendências
Compensação de Tela de
Philips PSV, PCV e fugas Auto-trak monitorização
VNI e VMI
(TRILOGY-100) VCV AVAPS Umidificação Bateria de 6
aquecida a 8 horas
Compensação de Tela de
PSV, PCV,
fugas. monitorização,
Dixtal (DX3012) VNI e VMI VCV, SIMV,
Umidificação ativa capnografia
CPAP
e passiva volumétrica
Auto-trak
Philips
Compensação
respironics Especiais
BIPAP e de fugas Tela de
(BIPAP-vision, para não
CPAP Ajuste de rampa monitorização
focus invasiva
Controle de FIO2
e STD)
no vision
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Renata Teodoro
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Estudos randomizados
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -e
controlados envolvendo insuficiência
respiratória aguda, sem ao menos o diagnóstico de um daqueles, são
poucos em número e avaliaram amostras pequenas de pacientes. Ape-
sar desse fato não sugerir a ineficiência da VNI em outras populações
de pacientes, mas uma falta de evidência de alta qualidade, o sucesso
da VNI é indubitavelmente relacionado à população sendo tratada, à
técnica ventilatória usada e à interface de VNI adotada.
• Recomendação: Escolher uma interface adequada, a que melhor
se adapte à face do paciente, visando melhor eficiência clínica; Utilizar
interfaces sem compressão nasal se o tempo estimado de VNI for superior
a 24-48 h; Utilizar interface com válvula de PEEP se a opção for CPAP
com gerador de fluxo; Na VNI com ventilador mecânico de UTI (micro-
processado convencional), utilizar máscara conectada a circuito duplo.
Na VNI com ventilador específico, utilizar máscara para circuito único.
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Renata Teodoro
do
Jassiely trato respiratório -resultam
- jassy_faria@yahoo.com.br em dano epitelial, principalmente da
CPF: -
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
déficit
Jassiely de umidade. Se -aCPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br temperatura
- e a umidade forem maiores do
que isso, pode ocorrer umidificação excessiva. Os gases inspirados que
desviam do trato respiratório superior (por exemplo, tubos endotra-
queais e tubos de traqueostomia) devem geralmente ter 37 ° C e 100%
de umidade relativa.
Os umidificadores produzem água molecular (vapor d’água). Umidi-
ficadores aquecidos de alto fluxo são capazes de fornecer uma umidade
relativa de 100% à temperatura corporal.
Muitos sistemas umidificadores aquecidos são controlados com um
termistor na via aérea proximal para manter a temperatura desejada de
fornecimento de gás. O circuito que transporta o gás do umidificador
para o paciente geralmente é aquecido. Isso evita uma queda de tem-
peratura no circuito e uma temperatura de gás mais precisa fornecida
ao paciente. Ao aquecer os ramos inspiratório e expiratório, um circuito
aquecido também diminui a quantidade de condensação no circuito.
Se a temperatura do circuito for menor que a temperatura do gás que
sai do umidificador, ocorrerá condensação no circuito. Por outro lado,
se a temperatura do circuito for maior que a temperatura do gás que
sai do umidificador, a umidade relativa do gás cairá. Essa diminuição
da umidade relativa, que pode ocorrer com circuitos aquecidos, pode
produzir ressecamento das secreções. A condensação de água no ramo
inspiratório do circuito próximo ao paciente, ou no tubo endotraqueal
proximal, indica 100% de umidade relativa do gás inspirado.
Outro problema relacionado aos umidificadores no circuito do
ventilador está relacionado à resistência. Dependendo do ponto em que
o ventilador detecta a pressão e o fluxo, isso pode afetar a capacidade
do ventilador de responder adequadamente ao esforço do paciente. Se
o umidificador estiver entre o paciente e o ponto em que o ventilador
é acionado, o trabalho respiratório do paciente aumentará. No entanto,
a resistência através do umidificador e do circuito pode ser menos
importante se a pressão for medida na via aérea proximal do paciente,
que é a configuração mais comum.
Um filtro HME (em inglês Heat and moisture exchanger), coloquial-
mente chamado de nariz artificial, umidifica passivamente os gases
inspirados ao coletar o calor e a umidade expirados do paciente e devol-
vê-los durante a inspiração seguinte. Esses dispositivos são alterna-
tivas atraentes para umidificadores aquecidos ativos por causa de sua
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Renata Teodoro
operação
Jassiely passiva (eles- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br não -requerem
eletricidade ou aquecimento) e
seu custo relativamente baixo, são definidos pela American Society for
Testing and Materials como umidificadores passivos, todavia, os filtros
HME, segundo a literatura médica mundial, são agrupados em três
grandes categorias.
Umidificadores com condensadores higroscópicos sem proprie-
dades de filtração antimicrobiana, apenas realizam a troca de calor e
umidade; (fig 1.8)
Umidificadores hidrofóbicos que atuam como barreira, mas com
pobre poder de produção de umidificação;
Umidificadores mistos, ou seja, higroscópico e hidrofóbico possuem
adequada propriedade de produção de umidade e calor e ótima ação de
barreira microbiológica exercida por membrana eletrostática. Esta é a
categoria de alguns autores, a nomenclatura HMEF, ou seja, trocador
de calor e umidade com poder de filtração (fig 1.9).
Os trocadores de calor e umidade (HME) são dispositivos coloca-
dos entre o tubo endotraqueal/traqueostomia e o conector em “Y” do
circuito do ventilador. São capazes de aquecer e umidificar o gás inspi-
rado, estão indicados para uso em praticamente todos os pacientes, sua
contraindicação está relacionada aos pacientes restritivos, retentores
de gás carbônico, aos hipersecretivos extremos e aos pacientes com
franco sangramento pulmonar. Se o dispositivo HME não tiver em sua
composição uma barreira microbiológica relatando o nível de eficiência
para prevenir a infecção cruzada, há necessidade do uso de um Filtro
HEPA no ramo exalatório.
Os filtros HMEF Heat and moisture Exchanger Filter (filtro + troca-
dor de calor e umidade) são dispositivos colocados entre o tubo endo-
traqueal/traqueostomia e o conector em “Y” do circuito do ventilador
mecânico e possuem um filtro microbiológico. São capazes de aquecer e
umidificar o gás inspirado, além de atuar como barreira microbiológica
que previne a infecção cruzada entre o paciente, o ventilador mecânico
e ainda o meio ambiente. Estão indicados para uso em praticamente
todos os pacientes, sua contraindicação está relacionada aos pacientes
restritivos, retentores de gás carbônico, aos hipersecretivos extremos
e aos pacientes com franco sangramento pulmonar.
Com a utilização de apenas uma peça do filtro HMEF, protegem-
-se as linhas inspiratória e expiratória ao mesmo tempo, pois filtram
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
bidireccionalmente,
Jassiely não
- jassy_faria@yahoo.com.br havendo
a necessidade do uso de filtro HEPA.
- CPF: -
CIRCUITO RESPIRATÓRIO
Filtro HME - Higroscópico
Ramo inspiratório
Ventilador
Ramo expiratório
PACIENTE
Filtro HEPA
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Renata Teodoro
CIRCUITO RESPIRATÓRIO
Filtro HME misto - HMEF
Ventilador
Ramo inspiratório
Filtro HEPA
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Umidificação
Ativa
CIRCUITO RESPIRATÓRIO
Ramo inspiratório
Ventilador
Ramo expiratório
PACIENTE
Filtro HEPA
O Circuito do Ventilador
Um circuito de ventilador típico consiste naqueles componentes que
fornecem gás do ventilador para o paciente e retorna o gás exalado para
a atmosfera. Além do fornecimento de gás, o circuito condiciona os gases
inspirados por filtragem e umidificação, conforme discutido anterior-
mente. Os circuitos do ventilador podem ser esterilizados e reutilizados,
mas muitos são dispositivos descartáveis para uso em um único paciente.
Existem três configurações comuns de circuitos do ventilador (Figura
1.11). Os circuitos do ventilador podem ser ativos ou passivos. O circuito
ativo tem dois membros para um ventilador de cuidados críticos, mas
pode ter um único membro no caso de alguns ventiladores domiciliares
e de transporte. Com o circuito ativo, uma válvula de expiração fecha
30
Renata Teodoro
durante
Jassiely a inspiração para
- jassy_faria@yahoo.com.br permitir
- CPF: - a inflação dos pulmões e é responsável
pelo controle da pressão expiratória final positiva (PEEP). No passado, a
válvula expiratória era fechada completamente durante a fase inspirató-
ria. Os ventiladores de última geração usam uma válvula expiratória ativa
durante a ventilação controlada por pressão, o que significa que ela abre
se a pressão exceder a pressão definida durante a fase inspiratória.
Esta configuração é usada com ventilações não invasivas. Com esse
padrão, o fluxo através do circuito durante a expiração deve ser suficiente
para evitar a reinalação. Com o circuito passivo, há uma porta de vaza-
mento próxima à interface do paciente, por meio da qual o paciente expira.
O ventilador ajusta o fluxo contra a resistência da porta de vazamento
para manter a pressão inspiratória e expiratória. Os circuitos passivos
foram inicialmente usados para VNI, mas agora também são usados para
ventilação invasiva. Um problema com o circuito passivo é o potencial
de reinalação, exigindo uma pressão expiratória mínima de 3 a 4 cm H2O
para gerar fluxo suficiente para limpar o circuito.
Ventilador Paciente
Ventilador Paciente
Circuito único Válvula exalatória
B
Vazamento
Ventilador e
controle de Paciente
pressão
Circuito único
C
Figura 1.11 (A) Circuito de ramo duplo com separação de gases inspirados e expirados. Essa con-
figuração é mais comumente usada com ventiladores de cuidados críticos. (B) Circuito de ramo
único com válvula expiratória próximo ao paciente. Essa configuração é mais comumente usada
com ventiladores portáteis. (C) Circuito de ramo único com porta de expiração passiva.
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Volume de compressão
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
30 cm H2O
500mL
Gás exalado
120 Volume de
compressão
500mL do 380 ml p/
ventilador paciente
Umidificador
Figura 1.12. Figura 12-5 Ilustração do volume de compressão. Neste exemplo, se a pressão
das vias aéreas for 30 cm H2O, defina o volume corrente é 500 mL e o fator de compressão
é 4 mL/cm H2O, então o volume corrente real entregue ao paciente é de apenas 380 mL.
Fonte: Mechanical Ventilation, Fourth Edition (p. 129). McGraw-Hill Education. Edição do Kindle
Resistência do circuito
Os circuitos do Ventilador e os tubos endotraqueais aumentam o tra-
balho respiratório imposto ao paciente. A resistência do circuito aumenta
a resistência do tubo endotraqueal. A resistência do circuito aumenta com
a adição de um umidificador passivo como os filtros HME. A resistência
através do ramo expiratório do circuito deve-se principalmente à válvula
expiratória. Os ventiladores de geração de corrente usam uma válvula de
exalação com um grande diafragma que é controlado eletricamente e,
32
Renata Teodoro
portanto,
Jassiely produz uma pressão
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - de circuito mais consistente, independen-
Fluxo de polarização
Muitos ventiladores de geração de corrente passam um fluxo de
polarização de gás através do circuito durante a fase expiratória. O obje-
tivo desse fluxo de polarização é melhorar o acionamento durante a
ventilação acionada por fluxo. Devido a esse fluxo de polarização, não
é possível medir com precisão o volume corrente ou as concentrações
de gás exalado conectando sensores de medição de fluxo e gás distais à
válvula de exalação do ventilador.
Solução de problemas
O sistema paciente-ventilador deve ser avaliado periodicamente
em relação aos aspectos técnicos do sistema ventilatório e à fisiopato-
logia do paciente. A verificação do sistema paciente-ventilador é uma
avaliação documentada de um ventilador e da resposta do paciente à
ventilação mecânica. Deve ser realizado em intervalos regulares e com
maior frequência se o paciente estiver instável ou precisar de ajustes
do ventilador. Um fluxograma é usado para registrar essas avaliações e
faz parte do prontuário eletrônico. Talvez o aspecto mais problemático
da solução de problemas do ventilador seja a detecção e correção de
vazamentos no circuito. Isso deve ser corrigido imediatamente para
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Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
evitar
Jassiely danos ao paciente- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br devidos
à hipoventilação. Para evitar lesões no
-
Alarmes
Todos os ventiladores de cuidados intensivos apresentam uma varie-
dade de alarmes para avisar sobre eventos. Esses eventos podem ser mau
funcionamento do ventilador (por exemplo, vazamento de circuito), mau
funcionamento da interface paciente-ventilador (por exemplo, desconexão)
ou alterações patológicas que afetam o paciente (por exemplo, pressão
alta nas vias aéreas). Os alarmes podem ser classificados como: com risco
de vida imediato, potencialmente com risco de vida e aqueles que não
apresentam risco de vida, mas uma possível fonte de danos ao paciente.
Embora os alarmes do ventilador sejam necessários, eles contribuem para
a poluição sonora na unidade de terapia intensiva. Os alarmes devem ser
definidos com sensibilidade suficiente para detectar eventos críticos sem
produzir alarmes falsos. Se alarmes falsos ocorrem com frequência, pode
ocorrer dessensibilização do corpo clínico, com resultados potencialmente
desastrosos se ocorrer uma situação de alarme verdadeiro.
34
Renata Teodoro
Dois
Jassiely tipos de respiração- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br clinicamente
- diferentes que podem ser fornecidos
durante a ventilação mecânica são respirações mandatórias e respirações
espontâneas. Os esquemas de direcionamento usados durante a ventilação
mecânica são ponto de ajuste, servo duplo, adaptativo, ótimo e inteligente.
Os ventiladores usam o controle de circuito fechado para manter
formas de onda de pressão e fluxo consistentes em face das mudanças
nas condições.
A inflação dos pulmões é explicada pela equação do movimento, que
afirma que a pressão necessária para fornecer uma respiração é deter-
minada pelas propriedades elásticas (volume e complacência) e resistivas
(fluxo e resistência) do sistema respiratório. A pressão pode ser aquela
aplicada às vias aéreas (PVA´s) pelo ventilador ou a pressão gerada pelos
músculos respiratórios (Pmus), ou uma combinação de ambas. Matema-
ticamente, isso se torna:
35
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
(Body
Jassiely Temperature and- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br Pressure,
water Saturated), ou seja, considera
-
Tinsp
Equação 2= Volume = ∫0’Vdt
36
Renata Teodoro
• Curva de volume:
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br Volume
(L) × Tempo (s). No ponto A, é iniciado
- CPF: -
37
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
60 A B C
Inspiratório
30 PFI
Fluxo (L/min)
Expiratório
-30
-60 PFE
0,50
Volume (L)
50
40 Ppico
Pressão (cmH2O)
30
20
10 PEEP
0
-10
Tempo (s)
Tinsp. Texp. Freq. = 60 s/Tciclo
Tciclo I:E = 1:Texp./ Tinsp.
Figura 1.13. Traçados das curvas de Fluxo, Volume e Pressão indicando os principais parâmetros
que podem ser extraídos da leitura gráfica. Os instantes A e B correspondem ao início da fase
inspiratória (abertura da válvula de fluxo e fechamento da válvula de exalação) e expiratória
(fechamento da válvula de fluxo e abertura da válvula de exalação), respectivamente
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 22). Edição do Kindle.
38
Renata Teodoro
e a ventilação mecânica
A partir dessa descrição sucinta do funcionamento do ventilador
artificial, podem ser detalhadas as propriedades do sistema respiratório
e sua inter-relação com as variáveis envolvidas na ventilação
Tubo
endotraqueal
B
PA saída do
tubo
Fluxômetro PB = Patm = 0
Ar/oxigênio Manômetro
3,5 atm
Figura 1.14. Representação esquemática do arranjo para medida de resistência de um tubo endo-
traqueal. Para cada fluxo ajustado no fluxômetro, é realizada a medida de pressão na entrada do
tubo endotraqueal (ponto A) utilizando-se de um manômetro ou transdutor de pressão.
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 27). Edição do Kindle
39
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Onde:
PA: Pressão na entrada do tubo endotraqueal (cmH2 O)
PB: Pressão na saída do tubo endotraqueal (cmH2 O) Fluxo: luxo (L/s)
Obs. 60 L/min. = 1 L/s
Para o tubo do experimento, pode ser calculada a resistência para cada fluxo:
Rva = (PA–PB)/Fluxo
40
Renata Teodoro
Para
Jassiely fluxo = 20 L/min.; -(PA
- jassy_faria@yahoo.com.br CPF:– PB
- )= 0,5 cmH2 O
20 L/min. = L/s = 0,33 L/s
Rva (com fluxo de 20 L/min.) = 0,5 cmH2 O 0,33 Ls = 1,5 cmH2 O/L/s
Calculando-se Rva para os demais fluxos obtêm-se os dados da Tabela 2.2.
Tabela 1.2 Cálculo de Rva para os demais fluxos
Fluxo (L/min) Rva
20 1,5
40 2,25
60 3,0
80 3,75
199 4,8
120 5,5
Figura 1.15. Representação dos fluxos laminar e turbulento em um tubo. No fluxo laminar, as
moléculas dos gases movimentam-se em camadas concêntricas. A camada em contato com a
parede do tubo apresenta velocidade zero, e as demais deslizam entre si, em um movimento
ordenado, obedecendo ao mesmo sentido e direção, alcançando velocidade máxima no centro
do tubo, apresentando um perfil parabólico. Nesse caso, PA-PB = K1 · Fluxo, onde K1 representa
a resistência. No fluxo turbulento, as moléculas do gás apresentam uma movimentação desor-
denada, em trajetórias distintas, e o perfil de velocidades apresenta-se achatado. No caso de
fluxo turbulento, a equação que relaciona a queda de pressão entre dois pontos de um tubo e o
fluxo através do mesmo é dada por (equação de Rohrer) PA-PB = K1 · Fluxo + K2. Fluxo2.
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 29). Edição do Kindle.
41
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
A camada em contato
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br com
a parede do tubo apresenta velocidade
- CPF: -
42
Renata Teodoro
43
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Essa
Jassiely força elástica, distribuída
- jassy_faria@yahoo.com.brpela superfície do pulmão, irá gerar uma
- CPF: -
Volume (L)
Cp Complacência:
Crs = tgα = volume
Palv Palv - PEEP
Volume
Cct
Palv - PEEP
0 10 20 30 40 50
1/Csr = 1/CP + 1/Cct PEEP Pressão
alveolar
(cmH2O)
Figura 1.16. Representação de um modelo para determinação da relação entre o volume inspi-
rado e a variação de pressão no interior dos pulmões, definida como complacência do sistema
respiratório. A medida da pressão deve ser realizada em condições estáticas (fluxo zero). A curva
Pressão x Volume, representa a curva de complacência do sistema respiratório (pulmão e parede
torácica). A inclinação da curva em um determinado ponto determina a complacência para o
volume considerado. Pelo traçado do exemplo, observa-se, que para volumes baixos a inclinação
da curva, ou seja, a complacência, é menor.
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 31). Edição do Kindle.
44
Renata Teodoro
O aumento de pressão
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF:intrapulmonar
- (Palv – PEEP), devido ao volume
inspirado, se constitui na pressão elástica (Pel) relativa ao volume. A
complacência do sistema respiratório pode então ser simplificada:
45
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
necessário
Jassiely insuflar um volume
- jassy_faria@yahoo.com.br predeterminado no interior do circuito,
- CPF: -
46
Renata Teodoro
Equação do movimento
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
Fluxo R
Pressão resistiva:
Pres = R x Fluxo
Pressão elástica:
Pel = volume/C
Figura 1.17. Volume efetivamente respirado pelo paciente
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 32). Edição do Kindle.
47
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
A partir dessa equação, a curva de pressão pode ser mais bem descrita
utilizando-se os conceitos de resistência e complacência. Considerando
como exemplo dois pacientes com mecânicas respiratórias distintas:
• Paciente 1: R1 = 20 cmH2 O/L/s; C1 = 0,025 L/cmH2O
• Paciente 2: R2= 40 cmH2 O/L/s; C2=0,050 L/ cmH2O
48
Renata Teodoro
30
Fluxo (L/min.)
Expiratório
PFE2
-30
-60 PFE1
T1 = R1 . C1 T2 = R2 . C2
0,50
Volume (L)
30 Pres 1 = 10 cmH2O
Pres 2 = 20 cmH2O
20
Pel 1 = 20 cmH2O Pel 2 = 10 cmH2O
10
0
-10
Tempo (s)
Figura 1.18. Traçados das curvas de Fluxo, Volume e Pressão para dois pacientes com mecânicas
respiratórias distintas. No exemplo foram utilizados fluxo inspiratório (30 L/min.) e volume (0,5 L)
constantes. Pode-se observar que, apesar de apresentarem o mesmo pico de pressão, as pressões
alveolares nos dois pacientes são diferentes. Além disso, no paciente 2, devido a uma constante
de tempo maior, a exalação ocorre de forma mais lenta, com o pico de fluxo expiratório menor.
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 34). Edição do Kindle.
49
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
50
Renata Teodoro
aérea
Jassiely conectada a um- único
alvéolo. Entretanto, na maioria das doen-
- jassy_faria@yahoo.com.br CPF: -
Constante de tempo
À medida que ocorre o esvaziamento dos pulmões, a pressão elástica
diminui e, consequentemente, o fluxo expiratório também diminui. O
tempo necessário para que o pulmão exale todo o volume inspirado irá
depender dos valores da complacência e resistência do paciente. Quanto
maior a complacência, menor a pressão elástica para um determinado
volume e, portanto, menor a força motriz para exalação. Por outro lado,
quanto maior a resistência, menor o fluxo expiratório para determinada
pressão elástica. O produto da resistência e complacência define a cons-
tante de tempo do sistema respiratório, relacionada com o tempo de
esvaziamento do pulmão.
51
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
exalação,
Jassiely referida como- auto
- jassy_faria@yahoo.com.br CPF: -PEEP ou PEEP intrínseca.
Pausa Pausa
60 inspiratória expiratória
Inspiratório
30
Fluxo (L/min.)
Expiratório
Presença
-30 de fluxo
expiratório
-60
Volume
inspirado (%)
0,50 100
Volume (L)
0,25
37
13,5
5
0
50
Pva
40
Pressão (cmH2O)
30
Palv Auto
20
PEEP
10
-10
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
N Constantes
0
N Constantes
0
de Tempo T = RC de Tempo T = RC
Figura 1.19 Traçados gráficos das curvas de Fluxo, Volume e Pressão, relacionando a constante
de tempo com os valores de volume e pressão durante a fase expiratória. São representadas
as pausas inspiratória e expiratória, que permitem a visualização da pressão alveolar no final
da inspiração e exalação, respectivamente. Nos traçados de pressão, a pressão alveolar está
representada em linha pontilhada.
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 36). Edição do Kindle.
52
Renata Teodoro
53
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Paciente 1:-R1
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br
60 20; -C1 0,025
CPF: Paciente 2: R2 20; C1 0,025
Inspiratório PAUSA PAUSA
30
Fluxo (L/min.)
Expiratório
-30
-60
0,50
Volume (L)
0,25
50
Rva = (Ppico-Pplat)/Fluxo
Csr = Volume/(Pplat-PEEP)
40 Ppico
Pressão (cmH2O)
30
Pres
20 Pplat-
10 PEEP Pel
0
-10
Tempo (s)
Figura 1.20: Traçados gráficos das curvas de Fluxo, Volume e Pressão, relacionando a constante
de tempo com os valores de volume e pressão durante a fase expiratória. São representadas
as pausas inspiratória e expiratória, que permitem a visualização da pressão alveolar no final
da inspiração e exalação, respectivamente. Nos traçados de pressão, a pressão alveolar está
representada em linha pontilhada.
Fonte: Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Ferreira, Juliana Carvalho; Costa, Eduardo Leite
Vieira. Ventilação Mecânica - Princípios e Aplicação (eBook) (p. 36). Edição do Kindle.
54
Renata Teodoro
Trabalho respiratório
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
Press = Rva.FLuxo
Pva
Pel = Volume/Csr
Volume (L)
Pplateau
PEEP
Ppico
Fluxo início exp.
cte
Trabalho W = Área P x V
W = ∫ P . dV
Wel Wres
Wel: Trabalho elástico
Wres: Trabalho resistivo
início insp.
0 10 20 30 40 50
Pressão
(cmH2O)
55
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
O trabalho mecânico
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br aumenta
- CPF: - à medida que são deslocados maiores
volumes e/ou são requeridas pressões mais elevadas durante a ventilação.
Geralmente o trabalho mecânico é medido durante a fase inspiratória, já
que a exalação usualmente é passiva, e a energia utilizada é a própria força
elástica do sistema respiratório. Em uma expiração ativa, os músculos
respiratórios efetivamente irão realizar o trabalho mecânico. Durante
a ventilação mecânica, a fração de trabalho realizado pelo ventilador e
pelo paciente irá depender do modo de ventilação, das características
do ventilador e dos parâmetros ajustados durante a ventilação. O cálculo
do trabalho baseado na pressão medida na via aérea resulta no trabalho
realizado pelo ventilador, e deve ser feito com o paciente em condições
passivas, sob anestesia e/ou bloqueio neuromuscular. Para cálculo do
trabalho realizado pelo paciente, é necessária a utilização da pressão
pleural. Na prática, é utilizada a pressão esofágica (Pes), medida através da
introdução de um pequeno balão no esôfago. A pressão esofágica reflete
o esforço exercido pelos músculos respiratórios durante a inspiração.
Em resumo, a compreensão da fisiologia respiratória e suas peculiari-
dades durante a ventilação mecânica, em contraste com a ventilação
espontânea, é fundamental para adequada aplicação da VM. O funciona-
mento dos ventiladores artificiais depende da geração de fluxo e pressão
nas vias aéreas, e a interpretação das curvas de pressão, fluxo e volume
em função do tempo é a base para o entendimento dos modos ventila-
tórios. A realização de manobras para monitorar as características da
mecânica do sistema respiratório, mais especificamente a resistência,
complacência e auto-PEEP estáticos são de extrema importância du-
rante a aplicação da ventilação mecânica e devem fazer parte da rotina
de monitorização de pacientes sob ventilação mecânica.
56
Renata Teodoro
Referência
57
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
58
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
CAPÍTULO 2
INDICAÇÕES DA
VENTILAÇÃO
MECÂNICA
E MANEJO DAS
VIAS AÉREAS
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
A
tualmente, classifica-se o suporte ventilatório em dois grandes
grupos: Ventilação mecânica invasiva; e Ventilação não invasiva.
Nas duas situações, a ventilação artificial é conseguida com a
aplicação de pressão positiva nas vias aéreas. A diferença entre elas
fica na forma de liberação de pressão: enquanto na ventilação invasiva
utiliza-se uma prótese introduzida na via aérea, isto é, um tubo oro
ou nasotraqueal (menos comum) ou uma cânula de traqueostomia, na
ventilação não invasiva utiliza-se uma máscara como interface entre o
paciente e o ventilador artificial. Este capítulo se dedica a diferenciar
esses grupos e suas particularidades.
60
Renata Teodoro
inspiratório
Jassiely (TI), que depende
- jassy_faria@yahoo.com.br do fluxo, e do tempo expiratório (TE).
- CPF: -
61
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
pós-operatório
Jassiely de cirurgia
- jassy_faria@yahoo.com.br de -abdome superior, torácica de grande porte,
- CPF:
62
Renata Teodoro
Tabela
Jassiely 2.1. Critérios para indicação
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF:de- ventilação mecânica VM
63
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Insuficiência respiratória
Hipoventilação Distúrbio
central neuromuscular
64
Renata Teodoro
duas
Jassiely variáveis: V (ventilação)
- jassy_faria@yahoo.com.br o ar que atinge os alvéolos; Q (perfusão)
- CPF: -
65
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
desequilíbrio
Jassiely V/Q é a principal
- jassy_faria@yahoo.com.br causa de hipoxemia na insuficiência res-
- CPF: -
66
Renata Teodoro
quando
Jassiely associada a outros
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: determinantes
- de hipoxemia, pode ser res-
ponsável pelo aparecimento ou agravo da hipoxemia. Ocorre diminui-
ção da PvO2 quando há desequilíbrio entre a oferta e o consumo de
O2 para os tecidos. São exemplos: diminuição da oferta (níveis redu-
zidos de SaO2, hemoglobina ou débito cardíaco) ou aumento do con-
sumo (exercício, sepse, hipertireoidismo). Esse fator contribuinte para
hipoxemia pode ser revertido com o aumento da oferta de O2 para
os tecidos ou a diminuição do consumo nos estados patológicos.
67
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
neuromuscular)
Jassiely deve ser- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br suficiente
- para vencer a elasticidade do pulmão
e da parede torácica (carga elástica), assim como a resistência de via aérea
(carga resistiva). A Insuficiência respiratória tipo II pode ocorrer por altera-
ções em 3 mecanismos básicos da ventilação, isoladamente ou associados.
68
Renata Teodoro
3. Aumento da carga
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br ventilatória,
- CPF: - ocasionada por distúrbios da caixa
torácica, como cifoescoliose, derrame pleural volumoso e politrauma,
associado ou não a pneumotórax, e por alterações das vias aéreas: asma,
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), queda da língua, corpo estra-
nho, estenose traqueal, bócio, tumores, edema de glote, traqueomalácia.
Fatores que podem contribuir para retenção de CO2 na presença de falên-
cia ventilatória: aumento da produção de CO2; shunt direito-esquerdo;
ventilação de espaço morto.
Esses são sinais, que sugerem uma possível causa subjacente de insufi-
ciência respiratória, incluem:
Hipotensão geralmente com sinais de má perfusão sugere sepse
grave ou embolia pulmonar;
Hipertensão geralmente com sinais de má perfusão sugere edema
pulmonar cardiogênico;
Sibilância e estridor sugerem obstrução das vias aéreas;
Taquicardia e arritmias podem ser a causa do edema pulmonar
cardiogênico;
Pressão venosa jugular elevada sugere disfunção ventricular direita.
69
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
O aumento do trabalho
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: respiratório
- demonstra falência nos com-
ponentes mecânicos que mantém o funcionamento pulmonar. Pode-se
notar esse aumento pelos sintomas: Batimento de asa de nariz (BAN);
utilização de musculatura acessória; tiragem; retração de fúrcula; res-
piração paradoxal.
a) Avaliação de Hipoxemia
O primeiro passo para identificar o mecanismo responsável pela
hipoxemia envolve a determinação da diferença alvéolo arterial de O2, a D
(A – a) O2, medida indireta do distúrbio V/Q. A D (A – a) O2 é determinada
pela equação do gás alveolar: PAO2 = PiO2 – (PaCO2/RQ)
70
Renata Teodoro
b) Avaliação da Hipercapnia
O nível de CO2 no sangue arterial (PaCO2) é diretamente proporcional
à taxa de produção pelo metabolismo oxidativo (VCO2) e inversamente
71
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
proporcional
Jassiely à taxa de eliminação
- jassy_faria@yahoo.com.br pela ventilação alveolar (VA). Assim:
- CPF: -
72
Renata Teodoro
ser
Jassiely difíceis e uma discussão
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: precoce
com os colegas de terapia intensiva é
-
73
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
a) Tubos
Jassiely endotraqueais- CPF: -
- jassy_faria@yahoo.com.br
74
Renata Teodoro
75
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
esquerdo,
Jassiely o tubo pode ser
- jassy_faria@yahoo.com.br inserido
- CPF: - incorretamente no brônquio principal
direito, permitindo a aeração apenas do pulmão direito. Se a extremi-
dade do tubo endotraqueal repousa sobre a carina, o resultado é uma
obstrução parcial ou completa. O deslizamento inadvertido do tubo no
esôfago resultará em dilatação gástrica.
b) Máscara Laríngea
A Máscara Laríngea (ML) (figura 2.4) é um dispositivo desenvolvido para
o manuseio supraglótico das vias aéreas, podendo ser considerado como
funcionalmente intermediário entre a máscara facial e o tubo traqueal,
dispensando o uso de laringoscópio, ou instrumentos especiais para sua
inserção. A figura 2.5 demonstra a máscara locada sobre as estruturas. As
MLs se apresentam nas formas reutilizável e descartável, esta última em
embalagem individual esterilizada. Deve-se dar preferência às máscaras
laríngeas isentas de látex. A tabela 2.2. demonstra os tamanhos da ML de
acordo com o peso.
76
Renata Teodoro
Pálato mole
Úvula
Terço posterior
Prega arsepligótica língua
Epiglote
Entrada da laringe
Tiróide
Esôfago Esfincter esofagiano
superior
Máscara Indicação
n.º 1 RN a lactentes até 5kg
n.º 1,5 Lactentes de 5 a 10 kg
n.º 2 Lactentes de 10kg até pré-escolares de 20kg
n.º 2,5 Crianças de 20 a 30kg
n.º 3 Crianças/adolescentes de 30 a 50 Kg
n.º 4 Adultos de 50 a 70 Kg (geralmente mulheres/homens menor porte)
n.º 5 Adultos de 70 a 100 Kg (geralmente homens/idosos – ausência de dentes
77
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
78
Renata Teodoro
movimento
Jassiely de báscula -da
- jassy_faria@yahoo.com.br cabeça,
CPF: - expondo a cavidade oral. Se necessário,
uma tração anterior complementar da mandíbula, pelo próprio profissio-
nal ou enfermeiro, poderá facilitar ainda mais a passagem da ML. Com o
dedo indicador ainda mantendo pressão contra o palato, empurre a ML
para baixo, de preferência em um único movimento rápido e confiante.
Durante esse avanço, a pressão da ML, tangenciando o palato e a parede
faríngea, deve ser conservada, evitando assim o contato da ponta da ML
com a epiglote, o que poderia traumatizá-la. Deve-se buscar, com essa
manobra, inserir a ML o mais profundamente possível na hipofaringe.
4- Em seguida, com a ML em posição (use a mão livre para segurar
o tubo), simultaneamente, retire o dedo indicador de dentro da cavidade
oral do paciente e, ao mesmo tempo, introduza ainda mais a ML, prefe-
rencialmente com um movimento único, até que se sinta uma resistência
elástica. Nesse ponto, a ML deverá estar corretamente posicionada, com
seu extremo pressionando o esfíncter esofágico superior.
5- Solte a ML, deixando-a totalmente livre. O manguito nunca deverá
ser inflado com o volume superior ao recomendado para cada tamanho
(tabela 2.3.):
79
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
hematoma,
Jassiely ruptura tecidual
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -etc.);
obstrução ventilatória abaixo ou na
laringe; ventilação pulmonar seletiva; pouca familiaridade do profissional
com a técnica e os cuidados no manuseio da ML.
c) Traqueostomia
A traqueostomia é um procedimento comum realizado em pacientes
criticamente enfermos que requerem ventilação mecânica prolongada
para insuficiência respiratória aguda e para problemas das vias aéreas.
Deficiência do Sis-
Síndrome de Guillain-Barré, polimiosite, miastenia grave, botu-
tema Nervoso Central
lismo, parada cardíaca e parada respiratória
ou Neuromuscular
Desordem do sono Apneia do sono
80
Renata Teodoro
81
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Figura 2.8 Tipos de cânulas de traqueostomia. a) Portex 9.0 com cuff (balonete); b) Shiley tamanho
8 com cuff de baixa pressão; c) Portex 7.0 mm longa ajustável; d) Shiley tamanho 6 fenestrada
com tubos internos com e sem fenestração; e) Shiley 3.0 neonatal; f) Cânula metálica 34 FG com
tubo interno, válvula para fonação e guia.
Fonte: Taveres, 2013.
82
Renata Teodoro
Cânulas plásticas:
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br As-
cânulas plásticas são frequentemente uti-
- CPF:
83
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
são- jassy_faria@yahoo.com.br
Jassiely do cuff deverá ser monitorada periodicamente pelo fisioterapeuta
- CPF: -
e/ou pelo enfermeiro. As cânulas sem cuff são indicadas aos pacientes
fora da Ventilação Mecânica, que não precisam de manter altas pressões
pulmonares e que não apresentam distúrbio gastroesofágico.
Os riscos e as complicações relacionados à traqueostomia podem
ser imediatos (hemorragia e perda da via aérea), a curto prazo (bloqueio
parcial/completo ou deslocamento da cânula) e a longo prazo (traqueo-
malácia, estenose traqueal e problemas relacionados ao estoma). Também
podem ser classificados como complicações intraoperatórias, precoces e
tardias. As complicações intraoperatórias mais comuns incluem a lesão de
grandes vasos, fístula traqueoesofágica, pneumotórax e pneumomediastino.
Já as complicações precoces mais frequentes são hemorragias, infecções,
enfisema subcutâneo e edema pulmonar por obstrução das vias aéreas, e,
por último, as tardias são hemorragias, fistula traqueoesofágica, estenose
traqueal e formação de tecido de granulação no estoma. Existe ainda o
risco de incêndio das vias aéreas nos indivíduos intubados submetidos
à traqueostomia eletiva com o uso de bisturi elétrico e ventilados com
altas concentrações de oxigênio.
84
Renata Teodoro
Referência
85
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
86
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
CAPÍTULO 3
MODOS
E
MODALIDADES
VENTILATÓRIAS
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
MODOS E MODALIDADES
VENTILATÓRIAS
A
relação entre os tipos de respiração e as variáveis de fase é o modo
de ventilação. Durante a ventilação mecânica, o modo é uma das
configurações principais do ventilador. Embora muitos modos
estejam disponíveis, a sua escolha geralmente é baseada na preferência
do profissional ou viés institucional, uma vez que faltam evidências de
que um modo é claramente superior aos outros.
Ciclo ventilatório
A ventilação mecânica (VM) se faz através da utilização de aparelhos
que, intermitentemente, insuflam ou auxiliam a insuflação dos pulmões com
volumes de gás fresco (volume corrente – VT). O movimento do gás para
dentro dos pulmões ocorre devido à geração de um gradiente de pressão
entre as vias aéreas superiores e os alvéolos, podendo ser conseguido por
um equipamento que diminua a pressão alveolar (ventilação por pressão
negativa) ou que aumente a pressão da via aérea proximal (ventilação por
pressão positiva). Em razão de sua majoritária aplicação na prática clínica,
serão comentados somente os aspectos relacionados à ventilação com
pressão positiva, tanto na forma invasiva como na não invasiva. Neste gás
inspirado controla- se a concentração de O2 (FIO2) necessária para obter-
-se uma taxa arterial de oxigênio (pressão parcial de oxigênio no sangue
arterial – PaO2) adequada. Controla-se, ainda, a velocidade com que o gás
será administrado (fluxo inspiratório-V) durante a inspiração. Na ventilação
com volume controlado, por exemplo, define-se a forma da onda de fluxo:
“descendente”, “quadrada” (mantém um fluxo constante durante toda a
inspiração), “ascendente” ou “sinusoidal”. O número de ciclos respiratórios
que os pacientes realizam em um minuto (frequência respiratória-f) será
consequência do tempo inspiratório (TI), que depende do fluxo, e do tempo
expiratório (TE). O TE pode ser definido tanto pelo paciente (ventilação
assistida), de acordo com suas necessidades metabólicas, como através de
programação prévia do aparelho (ventilação controlada). O produto da f pelo
88
Renata Teodoro
VT
Jassiely é o volume minuto (VE).
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF:Dessa
- forma, fica claro o que acontece quando
fazemos ajustes no aparelho. Por exemplo, se optarmos por ventilar um
paciente em volume assistido/controlado, o que temos que definir para o
ventilador é o VT e o V, e, de acordo com a resistência e a complacência do
sistema respiratório do paciente, uma determinada pressão será atingida
na via aérea. Se, por outro lado, optarmos por um modo assistido-con-
trolado à pressão, temos que definir a pressão inspiratória que deverá ser
atingida e o tempo inspiratório, e o VT será consequência desses ajustes e
da resistência e complacência do sistema respiratório.
Assim, o princípio do ventilador mecânico é gerar um fluxo de gás
que produza determinada variação de volume com variação de pressão
associada. As variações possíveis para esta liberação de fluxo são enor-
mes, e com o progresso dos ventiladores microprocessados, as formas de
visualizar e controlar o fluxo, o volume e a pressão estão em constante
aprimoramento. Cada vez mais a equipe da UTI estará exposta a diferentes
modos ventilatórios e formas de apresentação e análise de parâmetros
respiratórios fornecidas pelo ventilador, sofisticando as decisões clínicas.
Entretanto, estudos epidemiológicos mostram que os modos convencionais
são os mais usados ao redor do mundo, e para a maioria dos casos, são
suficientes para ventilar a maioria dos pacientes. Portanto, é fundamental
conhecer os modos convencionais de VM.
Atualmente, a maior parte dos ventiladores artificiais apresenta telas
nas quais se podem visualizar as curvas de volume, fluxo e pressão ao longo
do tempo. Assim, serão apresentadas, neste capítulo, as definições das
modalidades ventilatórias usando esquemas representativos das curvas.
Conforme anteriormente visto, o ciclo ventilatório durante a ventilação
mecânica com pressão positiva pode ser dividido em: (Figura 3.1).
89
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
90
Renata Teodoro
Quadro
Jassiely 3.1. - Resumo dos modos
- jassy_faria@yahoo.com.br de ventilação
- CPF: - mecânica
Ciclado a Volume Limitado a pressão
Disparo: Disparo:
-Tempo/FR (controlado), ou -Tempo/FR (controlado), ou
-Fluxo ou pressão (assistido) -Fluxo ou pressão (assistido)
Variável limitante Variável limitante:
-Fluxo inspiratório -Pressão inspiratória
Ciclagem: Ciclagem:
-VT pré-determinado -Tempo inspiratório
Alarmes: Alarmes:
-Ppico <40cmH2O -VM mínimo e máximo
OBS: neste modo a pressão nas vias aéreas não OBS: Neste modo o VT não é constante,
é constante, necessitando de monitorização para assim cuidados devem ser tomados para
que as Ppico e Pplatô não excedam valores pre- que o paciente receba um VT adequado.
judiciais (risco de Este modo permite maior
barotrauma, instabilidade hemodinâmica). controle da pressão nas vias aéreas.
SMIV
Ciclos controlados: Ciclos espontâneos:
-Ciclados a volume -Devem ser associados a PSV
-Limitados a pressão
OBS: os ciclos controlados iniciam quando o paciente não dispara a ventilação no tempo
pré-determinado pela FR.
Pressão de suporte (PSV)
Disparo:
- Pressão ou fluxo (paciente).
Variável limitante:
- Pressão inspiratória
Ciclagem:
- Queda do fluxo inspiratório (geralmente a 25% do Fluxo inspiratório).
OBS: em ventilações assistidas ou espontâneas é considerado o modo preferencial.
Não invasiva (com máscara facial)
CPAP BIPAP
-Ciclos espontâneos É utilizada uma pressão inspiratória (IPAP)
É mantida uma pressão positiva constante nas para ventilar o paciente, associada a uma
vias aéreas. pressão
expiratória (EPAP).
91
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
A ventilação mecânica
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF:pode
ser chamada de suporte ventilatório
-
total ou parcial. Isso pode ser descrito pela equação do movimento: Com
suporte total, não há atividade muscular respiratória e, portanto, Pmus
é 0. Com suporte parcial, há uma contribuição dos músculos respirató-
rios e, assim, Pmus dá uma contribuição para a equação de movimento.
Com suporte total, o ventilador faz todo o trabalho necessário para a
ventilação do paciente. O paciente não aciona o ventilador nem respira
espontaneamente. Isso pode ser obtido como resultado do processo de
doença primária do paciente (por exemplo, doença neuromuscular), tera-
pia farmacológica (por exemplo, paralisia) ou uma ventilação por minuto
alta o suficiente para suprimir o impulso respiratório do paciente (por
exemplo, hiperventilação).
O suporte total é frequentemente preferido para pacientes grave-
mente enfermos para diminuir o custo do oxigênio da respiração e obter
controle do seu padrão ventilatório. O suporte completo é fornecido pela
CMV. Com suporte parcial, parte do trabalho respiratório é fornecido pelo
ventilador e o restante é fornecido pelo paciente. O suporte ventilatório
parcial é comumente usado quando o paciente está se recuperando do
processo primário da doença, ou seja, quando a fase aguda da condição
que causou a necessidade da ventilação está tratada ou controlada. O
suporte parcial também é preferido por profissionais que acreditam que
ele mantém o tônus da musculatura respiratória, permite ao paciente
manter algum controle do padrão ventilatório e melhora o conforto e a
sincronia do paciente. A supressão total dos músculos respiratórios pode
levar rapidamente à atrofia e fraqueza. No entanto, baixos níveis de suporte
parcial podem levar a uma carga fatigante nos músculos respiratórios.
O suporte ventilatório parcial pode ser obtido com CMV, SIMV ou PSV.
É reconhecido que a redução da pressão pleural secundária a fortes
esforços inspiratórios do paciente pode contribuir para a lesão pulmonar
autoinfligida pelo paciente. Pode haver efeitos protetores (por exemplo,
melhor sincronia) ou deletérios (por exemplo, agravamento da lesão
pulmonar) da respiração espontânea durante a ventilação mecânica.
Ciclos espontâneos deflagrados pelo paciente podem ser prejudiciais nos
doentes com lesão pulmonar grave e benéficas nos que apresentam lesão
pulmonar mais branda. A respiração espontânea também pode resultar
no movimento de gás de uma região dos pulmões para outra, sem uma
mudança significativa no volume corrente geral. Este fenômeno, denomi-
92
Renata Teodoro
nado
Jassiely pendelluft, pode -resultar
em recrutamento e superdistensão local
- jassy_faria@yahoo.com.br CPF: -
93
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
expiratório.
Jassiely As características
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - da
curva de fluxo nos modos espontâneos
(pico e duração) são determinadas pela demanda do paciente. O começo
e o final da inspiração são, normalmente, minimamente afetados pelo
tempo de resposta do sistema de demanda (válvulas). Porém, em casos
de alta demanda ventilatória por parte do paciente, o retardo na abertura
da válvula inspiratória pode gerar dissincronia paciente-ventilador. Na
Figura 3.2, apresentamos o exemplo de uma onda de fluxo quadrada (fluxo
constante) no modo volume controlado. Apresentamos ainda a caracte-
rística da onda de fluxo na ventilação espontânea sem o uso de suporte
ventilatório. A forma da onda de fluxo pode ser modificada no ventilador,
direta ou indiretamente, conforme o modo ventilatório escolhido. Abaixo,
alguns exemplos de curva de fluxo (Figura 3.2).
94
Renata Teodoro
Os formatos de onda
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br de-
fluxo mais utilizados na prática clínica são
- CPF:
95
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
na -inspiração
Jassiely e positiva -na
jassy_faria@yahoo.com.br expiração,
CPF: - ao passo que, durante a ventilação
mecânica, a pressão nas vias aéreas se mantém positiva durante todo o
ciclo (desde que se use uma PEEP). Esse fato gera repercussões hemo-
dinâmicas que devem ser do conhecimento do profissional responsável
pelo suporte ventilatório do paciente.
Disparo do ventilador: Na ventilação assistida ou espontânea,
para que o paciente consiga deflagrar (iniciar ou disparar) um novo ciclo
ventilatório, uma variável de disparo pré-determinada deve ser alcan-
çada para iniciar a inspiração. Com a ventilação controlada, a variável
é o tempo e é independente do esforço do paciente. Nos modos que
permitem ciclos assistidos e espontâneos, a inspiração começa quando
se alcança um nível de pressão ou fluxo pré-determinado (sensibilidade).
No disparo à pressão, o ventilador detecta uma queda na pressão de vias
aéreas ocasionada pelo esforço do paciente. Este esforço pode iniciar a
inspiração se a pressão negativa realizada ultrapassar o limiar de pressão
para o disparo (sensibilidade ou trigger) ou pode não disparar o ciclo, caso
a pressão negativa não ultrapasse este limiar, gerando apenas trabalho
respiratório e dissincronia (figura 3.5).
Esforço insuficiente
Disparo a pressão para dispara o ventilador
Disparo a fluxo
Início de esforço
do paciente Limiar de
Sensibilidade
Fluxo = 0
96
Renata Teodoro
O limiar de pressão
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br é determinado
- CPF: - pelo operador no ventilador, que
indicará sempre a pressão negativa abaixo da PEEP necessária para dispa-
rar o ventilador. O disparo a fluxo envolve o uso de um fluxo inspiratório
basal contínuo (bias flow ou continuous flow). Quando a diferença entre o
fluxo inspiratório e o fluxo expiratório alcançar um determinado limite de
sensibilidade, abre-se a válvula ins e um novo ciclo ventilatório começa.
Curvas de volume: O gráfico de volume representa em sua porção
ascendente o volume pulmonar inspirado, e, em sua curva descendente,
o volume pulmonar expirado. Os volumes são iguais a menos que esteja
ocorrendo vazamento, desconexão do circuito ou aprisionamento aéreo
(Figura 3.6).
97
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
98
Renata Teodoro
99
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
tempo,
Jassiely previamente definido,
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - a ventilação controlada à pressão também
cicla a tempo.
Devido às características do fluxo variarem conforme a demanda do
paciente, esse controle proporciona mais conforto ao paciente em ven-
tilação espontânea. Outra vantagem é a proteção contra hiperdistensão
de áreas pulmonares, uma vez que a pressão inspiratória é limitada.
Como desvantagem desse controle está a grande variação do volume
corrente com as mudanças de impedância do sistema respiratório, que
podem provocar redução do volume minuto e hipoxemia. Outra des-
vantagem ocorre devido ao tempo inspiratório ser fixo, uma vez que o
aumento da frequência respiratória pode ocasionar autoPEEP, caso o
tempo inspiratório não seja ajustado. Vários aparelhos utilizam a relação
inspiração/expiração em vez de tempo inspiratório, que é calculado de
acordo com a frequência respiratória predefinida.
Durante a respiração passiva, pacientes saudáveis possuem uma
curva de fluxo inspiratório sinusoidal. Quando em ventilação ativa ou em
uso de vias aéreas artificiais, assumem uma curva em forma de onda de
fluxo desacelerado. Atualmente, é aceito que esse fluxo desacelerado é
associado à melhor distribuição do gás, menores pressões de vias aéreas,
mais conforto ao paciente, com redução do trabalho respiratório. Alguns
aparelhos oferecem diversas formas de fluxo desacelerado, os quais podem
ser selecionados pelo operador, de acordo com sua preferência ou com
a demanda do paciente.
As evidências mais recentes mostram que não há um controle mais
eficiente e seguro para todas as situações. Os benefícios de cada controle
vão depender da situação clínica, do procedimento a que o paciente será
submetido, das comorbidades, do aparelho disponível e da experiência do
operador. Em pacientes cirúrgicos, a escolha do tipo de controle torna-se
especialmente relevante em situações em que a ventilação é sabidamente
difícil, como em obesos, em cirurgias com posição de trendelenburg,
assim como em situações nas quais a dinâmica respiratória sofre cons-
tante influência do procedimento cirúrgico, como nas videolaparosco-
pias. Existem situações nas quais a ventilação é fator determinante no
tratamento, como no trauma cranioencefálico, em situações de injúria
pulmonar, como na síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA)
e em crianças. Didaticamente dividiremos a revisão em três grupos de
pacientes: pacientes eletivos, pacientes críticos e crianças.
100
Renata Teodoro
Ventilação controlada
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF:por
volume versus ventilação controlada por
-
101
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
a complacência
Jassiely e a resistência
- jassy_faria@yahoo.com.br permaneçam constantes.
- CPF: -
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
Figura 3.8. Curvas ventilação contínua com volume controlado – modo controlado
Fonte: Carvalho, 2007
102
Renata Teodoro
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
Figura 3.9. Curvas ventilação contínua com volume controlado – modo assistido controlado
Fonte: Carvalho, 2007
103
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
Figura 3.10 Ventilação mandatória contínua com pressão controlada - modo controlado
Ventilação mandatória contínua com pressão controlada - modo assistido-controlado
Fonte: Carvalho, 2007
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
104
Renata Teodoro
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
105
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
pré-determinada
Jassiely (de acordo
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - com
a frequência respiratória do SIMV),
porém sincronizados com o disparo do paciente. Se houver uma apneia,
o próximo ciclo será disparado por tempo até que retornem as incursões
inspiratórias do paciente
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
106
Renata Teodoro
tempo
Jassiely inspiratório definido.
O controle do tempo de subida está ativo
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
durante o PCV e o PSV. O PCV também pode ser usado durante o IMV
sincronizado (PC-IMV).
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
Figura 3.14. Ventilação mandatória intermitente sincronizada (com volume controlado ou com
pressão controlada) associada a ventilação com pressão de suporte
Fonte: Carvalho, 2007.
107
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
através
Jassiely da manutenção de
- jassy_faria@yahoo.com.br uma- pressão positiva pré-determinada durante
- CPF:
Volume 0
Fluxo 0
Pressão 0
108
Renata Teodoro
Pressão
Tempo
Figura 3.16. Características de uma respiração com suporte por pressão. A pressão inspiratória
é disparada no ponto A pelo esforço do paciente, resultando em uma diminuição da pressão nas
vias aéreas. A sensibilidade e a capacidade de resposta do ventilador são caracterizadas pela
profundidade e duração dessa pressão negativa. O aumento da pressão (linha B) é fornecido por
um alto fluxo inicial fixo na via aérea. Observe que se os fluxos excederem a demanda do pa-
ciente, a pressão inicial excederá o nível definido (B1), enquanto se os fluxos forem menores que
o paciente demanda, pode ocorrer um aumento muito lento (côncavo) da pressão (B2). O platô
de suporte de pressão (linha C) é mantido por servo controle de fluxo. Um platô suave reflete
a responsividade apropriada à demanda do paciente, as flutuações refletem menos responsivi-
dade dos servomecanismos. O término do suporte pressórico ocorre no ponto D e deve coincidir
com o término do esforço inspiratório espontâneo. Se o término for atrasado, o paciente expira
ativamente (aumento da pressão acima do platô) (D1); se o término for prematuro, o paciente
terá esforços inspiratórios contínuos (D2).
Fonte: Adaptado de Hess, Dean R.; Hess, Dean R.; Kacmarek, Robert M.; Kacmarek, Robert M.
Essentials of Mechanical Ventilation, Fourth Edition (p. 63). McGraw-Hill Education. Edição
do Kindle.
109
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
via- aérea.
Jassiely Observe que se
jassy_faria@yahoo.com.br os fluxos
- CPF:excederem a demanda do paciente, a
-
110
Renata Teodoro
pode resultar da falta de uma taxa definida. O impulso de vigília para res-
pirar e a pressão assistida com PSV podem levar à alcalose respiratória.
Isso pode resultar em apneia - principalmente durante o sono. Quando
ocorre apneia, o ventilador dá um alarme e isso estimula o paciente a
respirar. Os despertares podem ser mais comuns com PSV do que modos
de ventilação com uma taxa de backup. Isso pode ser resolvido usando
um nível mais baixo de suporte de pressão, usando um modo com uma
taxa ou usando um modo como a ventilação assistida proporcional. PSV
e PC-CMV (assistência/controle) fornecem um padrão de fornecimento
de gás semelhante. A diferença entre os dois é o método de encerrar a
inspiração e a presença de uma taxa definida para PC-CMV. Com o PSV, a
inspiração normalmente é encerrada por fluxo. Com o PCV, a inspiração
termina no tempo inspiratório definido. O controle do tempo de subida
está ativo durante o PCV e o PSV. O PCV também pode ser usado durante
o IMV sincronizado (PC-IMV).
DICA DA PROFA.
• Podem-se utilizar modos assisto-controlados ciclados a volume (VCV) quando se
almeja manter Volume Minuto mais estável;
• Podem-se utilizar modos assisto-controlados limitados a pressão e ciclados a
tempo (PCV) em situação de comprometimento da mecânica do sistema respiratório,
pois permitem o controle mais adequado das pressões em vias aéreas e alveolares;
• A Pressão de Suporte (PSV) é considerada o modo preferencial durante a ventilação
assistida ou espontânea e o modo de escolha durante o processo de desmame ventilatório;
• Podem-se utilizar ventiladores ciclados a pressão quando somente houver esse
recurso no local;
• Evitar o uso do modo SIMV, pois se mostrou associado ao aumento de tempo de
retirada da VM.
111
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Quadro
Jassiely 3.2. Resumo dos modos-eCPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br modalidades
- ventilatórias básicas convencionais
112
Renata Teodoro
Referência
1. Amato MBP, Barbas CSV, Medeiros DM, Magaldi RB, Schettino GPP,
Lorenzi-Filho G, Kairalla RA, Deheinzelin D, Munoz C, Oliveira R,
Takagaki TY, Carvalho CRR. Effect Of A Protective Ventilation Stra-
tegy On Mortality In The Acute Respiratory Distress Syndrome. N
Engl J Med 1998; 338:347-54.
2. Barbas CS, de Matos GF, Pincelli MP, da Rosa Borges E, Antunes T,
de Barros JM, Okamoto V, Borges JB, Amato MB, de Carvalho CR.
Mechanical ventilation in acute respiratory failure: recruitment and
high positive end-expiratory pressure are necessary. Curr Opin Crit
Care. 2005 Feb;11(1):18-28.
3. Barbas CSV, Amato MBP, Rodrigues Jr M. Técnicas de Assistência
Ventilatória em Condutas do paciente grave, 1998:321-352
4. Calfee CS, Matthay MA. Recent advances in mechanical ventilation.
Am J Med. 2005 Jun;118(6):584-91.
5. Chiumello D; Pelosi P; Calvi E; Bigatello LM; Gattinoni L. Different
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lure. Eur Respir J - 2002; 20(4): 925-33
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humidification system can eliminate endotracheal tube occlusion J
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vencionais de Ventilação Mecânica. In: Tratado de Medicina Inten-
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9. MacIntyre NR Patient-ventilator interactions: optimizing conven-
tional ventilation modes. Respir Care. 2011 Jan;56(1):73-84.
113
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
114
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
CAPÍTULO 4
PARAMETROS
VENTILATÓRIOS
E AJUSTES
INICIAIS
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
PARAMETROS VENTILATÓRIOS
E AJUSTES INICIAIS
A
ventilação mecânica é vasta e deve ser estudada com frequência,
pois a todo momento surgem novas tecnologias que fornecem novas
modalidades ventilatórias, novos parâmetros e novos índices. Os
ajustes de parâmetros visam principalmente às correções de desequilíbrio
acidobásico e às alterações de oxigenação, objetivando sempre evitar
lesões induzidas pela ventilação.
Parâmetros ventilatórios
Como métodos essenciais de ventilação mecânica, devemos entender
todo e qualquer método de suporte ventilatório capaz de prover, com o
menor dano e custo possível, a melhor ventilação e oxigenação capazes
de suprir a demanda do paciente, assim, os parâmetros devem ser dosi-
metrados de acordo com cada situação, sendo sempre preferível eleger
a menor dose para a melhor resposta.
A tabela 4.1 resume as características principais dos modos ventila-
tórios básicos:
Tabela 4.1. Características principais dos modos ventilatórios básicos.
Principais
Pressão da via aérea Mesmo que para A/C
variáveis Volume, fluxo e Ti PS
e Ti (VCV ou PCV) + PS
ajustáveis
Fluxo de Fluxo de
Controle de fluxo
Total pressurização pressurização
inspirado
Rise time Rise time
116
Renata Teodoro
VC e, portanto,
Principal Dissincronia nos VC não Complexidade de
pressão alveolar não
desvantagem ciclos assistidos garantido ajustes
garantidos
Onde:
• VOLUME CORRENTE (VC): Volume de gás movimentado durante uma
respiração;
• FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA (FR): Número de incursões respiratória
que o paciente apresenta por minuto;
• TEMPO INSPIRATÓRIO (Ti): Tempo gasto para completar a inspiração;
• TEMPO EXPIRATÓRIO (Te): Tempo gasto para completar a expiração;
• PRESSÃO EXPIRATÓRIA FINAL POSITIVA (PEEP): Pressão positiva
constante ao final da expiração;
• SENSIBILIDADE: Barreira;
• FRAÇÃO INSPIRADA DE OXIGÊNIO (FiO2): Conteúdo de O2 na mis-
tura gasosa administrada ao paciente (para manter a saturação arte-
rial de O2 Utilizar entre 93 a 97%).
117
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
118
Renata Teodoro
pelo
Jassiely ventilador, que geralmente
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - ocorre após 18 h de ventilação controlada.
Em pacientes com idade avançada, uso prolongado de modos con-
trolados; desnutridos, sob uso de corticoides; bloqueadores neuromus-
culares e hipotireoidismo, dar especial atenção à avaliação da função da
musculatura respiratória;
119
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Frequência
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
Fluxo
A principal diferença entre PCV e VCV é o padrão de fluxo. Com VCV,
o fluxo é definido. Com PCV ou PSV, o fluxo é determinado pela pressão
definida, demanda do paciente, resistência, complacência e o algoritmo
usado pelo ventilador para estabelecer a pressão alvo. Com a ventilação
por pressão, é fornecido fluxo de gás suficiente para que a pressão definida
seja atendida de acordo com o tempo de subida definido. Quanto maior a
pressão, maior a demanda do paciente; quanto menor a resistência, maior
é o pico de fluxo inspiratório. Com alguns ventiladores, o pico de fluxo
inspiratório pode exceder 180 L/min durante a ventilação com pressão.
Em modelos experimentais, um alto fluxo no início da inspiração
está associado ao aumento da lesão pulmonar, mas a relevância clínica
disso não é clara. Um padrão de fluxo distinto ocorre com PCV. Como a
pressão definida é atendida pelo estabelecimento de um alto fluxo inicial
e a pressão aplicada é constante, o fluxo diminui exponencialmente à
medida que o tempo inspiratório avança. A taxa de redução depende da
pressão definida, da demanda inspiratória e da mecânica respiratória.
Quando a demanda inspiratória é baixa e a complacência e/ou resistência
são baixas, a diminuição do fluxo ocorre rapidamente.
Quando a demanda inspiratória é alta e a complacência e/ou resistência
são altas, a taxa de redução do fluxo é lenta. Vários padrões de fluxo (por
exemplo, retangular, rampa) podem ser definidos durante o VCV. A pressão
das vias aéreas durante a VCV diminui à medida que a demanda inspiratória
aumenta, a resistência diminui e a complacência aumenta. PIP aumenta
conforme diminui a conformidade ou aumenta a resistência. Conforme
120
Renata Teodoro
mostrado
Jassiely na Figura 1.6, quando
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - um padrão de fluxo de rampa descendente é
0 Fluxo (L/s)
-1
1 Volume corrente
(VT ou VC) (L)
0
30 Pressão das
vias aéreas
(cmH2O)
0
A
0
Fluxo (L/s)
1
-1
Volume
corrente (L)
0
30
Pressão das
vias aéreas
0 (cmH2O)
B
Figura 4.1: (A) Ventilação controlada por pressão. (B) Ventilação controlada por volume. Modos
controlados por pressão e volume gerados em um modelo de pulmão. O controle de volume foi
definido para corresponder ao padrão de entrega de fluxo de controle de pressão; mesmo pico de
fluxo, mesmo tempo inspiratório e mesmo tempo de pausa inspiratória final. Os dois padrões de
entrega são virtualmente indistinguíveis.
Fonte: Adaptado de Hess, Dean R.; Hess, Dean R.; Kacmarek, Robert M.; Kacmarek, Robert M Essen-
tials of Mechanical Ventilation, Fourth Edition (p. 65). McGraw-Hill Education. Edição do Kindle.
121
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Tempo inspiratório
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
• Aumentar PEEP
• Aumentar VT
• Aumentar taxa
• Aumentar PIP
Pausa inspiratória
Com PCV e sem esforço do paciente, o tempo inspiratório ou I: E
é definido e o padrão de fluxo responde à pressão e à mecânica respi-
ratória definidas. Para uma pressão e mecânica pulmonar específicas,
existe um tempo inspiratório além do qual o fluxo é zero. A redução do
tempo inspiratório abaixo do ponto de fluxo zero elimina o platô e dimi-
nui o VT fornecido. Com o VCV, o profissional pode definir uma pausa
inspiratória final, que permanece constante, a menos que seja alterada
122
Renata Teodoro
pelo
Jassiely profissional. Com- aCPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br PCV,
o comprimento do platô inspiratório final
-
1.0
0.8
Volume corrente
0.6
0.4 RI RE C
10 20 0.1
0.2 20 10 0.1
15 15 0.1
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Fração do tempo inspiratório
Figura 4.2. Relação da fração do tempo inspiratório com o volume corrente (pressão desejada
= 20 cm H2O). Quando as resistências inspiratórias (RI) e expiratória (RE) são iguais, a duração
ideal (D) = 0,5. Quando IR> ER, mais tempo inspiratório é necessário e o D ideal> 0,5. Por outro
lado, quando RE> RI, ótimo D <0,5.
Fonte: Adaptado de Marini JJ, Crooke PS, Truwit JD. Determinantes e limites de ventilação
predefinida por pressão. Um modelo matemático de controle de pressão. J Appl Physiol. 1989;
67 (3): 1081-1092.
123
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Se a complacência- for
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br CPF:baixa,
o VT máximo ocorrerá em um tempo
-
15
10
5
1 sec
0
(cmH2O)
5
10
750
500
(mL)
250
VC
Figura 4.3. Comparação entre dois níveis de pressão muscular no controle de pressão e
124
Renata Teodoro
controle
Jassiely de volume. O aumento- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br da pressão
- muscular leva ao aumento do volume corrente for-
necido no controle de pressão, enquanto o volume corrente é constante no controle de volume.
Fonte: Reproduzido de Rittayamai N, Katsios CM, Beloncle F, et al. Ventilação controlada por
pressão versus ventilação controlada por volume em insuficiência respiratória aguda respira-
tória: uma revisão narrativa e sistemática baseada na fisiologia. Chest. 2015; 148 (2): 340 -355.
VE = FR xVC
125
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
126
Renata Teodoro
Fisiopatologia da hipoxemia
A PaO2 normal é de 80 a 100 mm Hg ao respirar o ar ambiente ao
nível do mar. Para manter a oxigenação normal do tecido, é necessá-
rio fornecer um FIO2 adequado, combinação adequada de ventilação e
perfusão, hemoglobina suficiente, débito cardíaco adequado e descarga
adequada de O2 para o tecido. Uma ruptura em qualquer estágio desse
processo pode resultar em hipóxia do tecido. Hipoxemia resulta de uma
de uma série de alterações na função cardiopulmonar. Especificamente,
a hipoxemia é causada por shunt, deficiência de difusão, desequilíbrio
V/Q e hipoventilação. A hipoxemia também é agravada pelo comprometi-
mento cardiovascular. Um alvo razoável de PaO2 em pacientes ventilados
mecanicamente é de 55 a 80 mm Hg (SpO2 de 88% -95%).
127
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Shunt é a perfusão
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br sem
ventilação. Quando presente, o sangue
- CPF: -
0% Shunt
300
PaO2
200
150
100 30% Shunt
50
0
0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Fio2
Figura 4.4. Comparação das relações teóricas de FIO2 e PaO2 com shunts de 0%, 15% e 30%.
Essas relações foram calculadas assumindo ventilação normal, hemoglobina de 15 g, diferença C
(a -) O2 de 5 vol% e débito cardíaco normal, taxa metabólica, pH e PCO2. Observe que à medida
que o shunt aumenta, a PaO2 em um determinado FIO2 diminui substancialmente.
Fonte: Adaptado de Shapiro BA, Peruzzi WT, Kozlowski-Templin R. Clinical Application of
Blood Gases. 5ª ed. Philadelphia, PA: Mosby-Year Book; 1994.)
128
Renata Teodoro
Distúrbio ventilação/perfusão
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - (V/Q): O valor normal da relação
ventilação/perfusão é 0.8. A hipoxemia ocorre quando está baixa (Figura
4.5). Os métodos mais eficazes para alterar a PaO2 na presença de incom-
patibilidade são melhorar a distribuição da ventilação e aumentar a FIO2.
Isso é particularmente verdadeiro para pacientes com doença pulmo-
nar obstrutiva crônica, em que a incompatibilidade total está presente.
Conforme ilustrado na Figura 4.5, em algumas configurações, pequenos
aumentos de FIO2 podem aumentar significativamente a PaO2. Em muitos
pacientes ventilados, a hipoxemia é causada tanto por shunt quanto por
incompatibilidade. Nesses pacientes, o manejo da oxigenação pode exigir
aumento de FIO2 e PEEP.
21%
Figura 4.5. Efeito da incom-
patibilidade na oxigenação. No
A B alvéolo A (A″), é <0,8. Como
resultado, menos O2 atinge
a unidade pulmonar do que
PO2 50 mm Hg PO2 100 mm Hg
PCO2 45 mm Hg PCO2 40 mm Hg é removido pela circulação,
PH2O 47 mm Hg PH2O 47 mm Hg fazendo com que a PO2 alveo-
PN2 618 mm Hg PN2 573 mm Hg lar diminua e a PCO2 alveolar
aumente. No alvéolo B (B″), o
normal é mantido. Aumentar o
PO2 50 mm Hg PO2 100 mm Hg FIO2 de 0,21 para 0,30 (A″ e B″)
SO2 85% SO2 97% diminui o efeito que o baixo tem
sobre a oxigenação.
Fonte: Essentials of
Mechanical Ventilation,
30% Fourth Edition (p. 135).
McGraw-Hill Education.
A" B"
129
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
130
Renata Teodoro
sugerem
Jassiely que manter o- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br estado
de oxigenação acima desses níveis pode
-
131
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
a mecânica
Jassiely pulmonar e -as
- jassy_faria@yahoo.com.br trocas
CPF: - gasosas e pode ter efeitos variados no
sistema cardiovascular.
Tabela 4.3. Potenciais efeitos fisiológicos da PEEP aplicada adequada e excessivamente
132
Renata Teodoro
diminui
Jassiely o esforço respiratório
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - em pacientes com respiração espontânea.
133
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Pressão intracraniana
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br : Como
- CPF: - a PEEP pode diminuir o retorno venoso,
a pressão intracraniana pode aumentar com a aplicação da PEEP. Isso
geralmente não é um problema, a menos que a pressão intracraniana já
esteja aumentada. O efeito da PEEP é diminuído pela elevação da cabeça,
o que é comumente aplicado no cuidado desses pacientes. A PEEP deve
ser usada com cautela em qualquer paciente em que o aumento da pres-
são intracraniana seja uma preocupação, mas níveis menores ou iguais a
10 cm H2O geralmente não são um problema. Barotrauma A quantidade
de sobredistenção produzida com PEEP determina a probabilidade de
barotrauma. Como a lesão pulmonar costuma ser heterogênea, a super-
distensão de uma unidade pulmonar individual pode ser alcançada em
qualquer nível de PEEP. No entanto, o barotrauma ocorre devido a uma
pressão inspiratória final elevada e, portanto, a PEEP aumenta o risco
de barotrauma apenas na medida em que promove a superdistensão
inspiratória final. As indicações para PEEP são mostradas na Tabela 4.4.
Tabela 4.4. Indicações para PEEP
Síndrome da dificuldade respiratória aguda
Obesidade
Trauma torácico
Atelectasia pós-operatória
Edema cardiogênico
Vias aéreas artificiais agudas
Auto-PEEP
134
Renata Teodoro
(SDRA)
Jassiely para manter o recrutamento
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - alveolar. Em estágios posteriores da
SDRA, entretanto, a fibroproliferação é observada e geralmente 5 a 10 cm
H2O PEEP é usado neste cenário.
Níveis mais altos de PEEP podem ser apropriados para SDRA mode-
rada a grave e níveis modestos de PEEP podem ser adequados para SDRA
leve. Como o potencial de recrutamento é variável entre os pacientes
com SDRA, deve ser titulado para o paciente individual. A pressão arte-
rial e a oximetria de pulso são monitoradas quando a PEEP é aplicada. A
abordagem específica usada para titular a PEEP é um dos assuntos mais
controversos relacionados à ventilação mecânica. No entanto, a evidên-
cia atual sugere que a PEEP é mais bem titulada após uma manobra de
recrutamento. Usando essa abordagem, a PEEP é definida mais alta do
que o necessário para manter o recrutamento alveolar e então diminuída
lentamente até que a PEEP mais baixa mantendo a melhor complacência
seja identificada. A PEEP obtida com uma tentativa decremental é a PEEP,
que mantém a pressão transpulmonar expiratória final positiva (1-4 cm
H2O). A colocação de um balão esofágico é necessária para determinar a
pressão transpulmonar. Alternativamente, a PEEP é aumentada gradati-
vamente enquanto monitora SpO2, Pplat, complacência e pressão arterial.
Uma diminuição na SpO2, complacência, pressão arterial e Pplat acima de
28 cm H2O sugere superdistenção. Outra abordagem é usar combinações
de PEEP/FIO2 como foram usadas nos estudos da Rede SDRA. A PEEP
para SDRA é geralmente definida entre 10 e 20 cm H2O. No entanto, dados
recentes indicam que, mesmo que o mesmo nível de PEEP seja obtido por
um ensaio de PEEP incremental ou pela tabela ARDSNet, o recrutamento
do pulmão e a realização de um ensaio de PEEP decremental resulta em
menos sobredistensão, menos colapso, melhor complacência e menos
comprometimento hemodinâmico.
O monitoramento hemodinâmico é necessário durante a titulação da
PEEP devido ao potencial de afetar adversamente a função cardiovascular. A
PEEP não deve ser retirada abruptamente. Se for reavaliado regularmente,
geralmente não há necessidade de fazer grandes mudanças na PEEP. É
preocupante o recrutamento alveolar e a instabilidade hemodinâmica com
a retirada da PEEP. Se a SpO2 diminuir quando a PEEP for diminuída, o
nível anterior deve ser restabelecido em vez de aumentar o FIO2.
A pressão média das vias aéreas é a pressão média aplicada ao longo
de todo o ciclo respiratório. depende de todos os fatores que afetam a
135
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
ventilação
Jassiely (Tabela 4.5). O
- jassy_faria@yahoo.com.br aumento
do tempo inspiratório aumenta sem
- CPF: -
• Pressão inspiratória
• PEEP
• Razão I: E (tempo e frequência inspiratória)
• Forma de onda da pressão inspiratória
136
Renata Teodoro
pode
Jassiely ser benéfico para- tratar
- jassy_faria@yahoo.com.br a atelectasia pós-operatória. O CPAP pode
CPF: -
137
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Correção da hipoxemia:
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - Várias doenças e condições clínicas mani-
138
Renata Teodoro
Modos
Jassiely ventilatórios disponíveis
- jassy_faria@yahoo.com.br em ventiladores
- CPF: - mecânicos selecionados.
GE Engstrom + +(APRV,
V,P V,P + + (PRVC) +
Carestation Bilevel)
Hamilton
V V + +
Amadeus
Hamilton Raphael
V,P V,P + +
basic
Hamilton Raphael +
V,P V,P + + + (TRC) +(APRV)
Silver
Hamilton Raphael +
V,P V,P + + + (TRC) +(APRV)
Color
Hamilton Galileo +
V,P V,P + + (APV) + +(APRV)
Classic
Hamilton Galileo +
V,P V,P + + (APV) + +(APRV)
Gold
Intermed Inter
V,P V,P + +
5 Plus
Maquet Servo i + +
V,P V,P + + (PRVC) (VS)
Universal
139
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
140
Renata Teodoro
Referência
141
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
142
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
CAPÍTULO 5
MONITORIZAÇÃO
DO PACIENTE
EM VENTILAÇÃO
MECÂNICA
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE
EM VENTILAÇÃO MECÂNICA
V
entilar doentes críticos exige muito treinamento, conhecimen-
to de anatomia e fisiologia respiratória, além de, obviamente,
compreensão e domínio da evolução das doenças causadoras de
incapacidade respiratória. Ao longo dos últimos anos, houve o esforço da
ciência em aprimorar os protocolos no tratamento de diversas complica-
ções pulmonares para minimizar os riscos de lesão pulmonar durante o
suporte ventilatório em pacientes críticos e, consequentemente, diminuir
a mortalidade desse grupo. A monitorização da ventilação permite aos
profissionais intensivistas um retrato instantâneo e em tempo real da
dinâmica pulmonar durante a ventilação. Com a observação das linhas
de distensão pulmonar, o operador possuí um importante recurso visual
que o ajudará a compreender se os parâmetros ajustados estão de acor-
do com os protocolos de segurança, como a ventilação protetora, assim
como a avaliação da interação paciente ventilador e suas repercussões
hemodinâmicas devem ser acompanhadas.
144
Renata Teodoro
da- jassy_faria@yahoo.com.br
Jassiely Rva, e deve ser convertido para litros/segundo. Recomendação - São
- CPF: -
VC: 500ml
Fluxo: 60/min ou 1l/s
Tipo ̏quadrado”
PEEP
5cmH2O
Tempos (s)
Figura 5.1 - Manobra de pausa inspiratória e obtenção da resistência das vias aéreas e pressão de
pausa (ou platô). VCV - volume controlado. Pva - pressão nas vias aéreas; PEEP - pressão expiratória
final positiva; VC - volume corrente; Pel - pressão elástica; Palv - pressão alveolar.
Fonte: Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica de 2013.
145
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
a forma
Jassiely de onda da pressão
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: inspiratória
será mais retangular. PIP varia
-
Tempo
Fonte: Hartert TV, Wheeler AP, Sheller JR. Uso de oximetria de pulso para reconhecer a gravi-
dade da obstrução do fluxo de ar na doença obstrutiva das vias aéreas: correlação com pulsus
paradoxus. Chest. 1999; 115 (2)
a gravidade da obstrução do
Complacência fluxo de ar na doença obstru-
tiva das vias aéreas: correlação
Volume
com pulsus paradoxus. Chest.
Corrente 1999; 115 (2)
PEEP
Tempo
146
Renata Teodoro
147
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Auto-PEEP
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
148
Renata Teodoro
a -auto-PEEP,
Jassiely a presença
jassy_faria@yahoo.com.br de -auto-PEEP
- CPF: é medida mais apropriadamente
sem nenhuma PEEP definida no ventilador. A auto-PEEP causa hiperin-
suflação dinâmica, instabilidade hemodinâmica, incompatibilidade venti-
lação-perfusão e dificuldade de acionamento do ventilador. As medições
de auto-PEEP e Pplat refletem as pressões alveolares médias. Devido à
falta de homogeneidade dos pulmões com doença, algumas unidades pul-
monares apresentam uma auto-PEEP (ou Pplat) maior ou menor do que
a medida. Isso é de particular interesse com medidas de auto-PEEP em
razão do fechamento das vias aéreas durante a expiração (Figura 5.6).
149
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
PALV-PAW=VE/60X(RE-RI)
Complacência
A diferença entre Pplat e PEEP total (pressão motriz) é determinada
pela conformidade dos pulmões e da parede torácica. Assim, a compla-
cência pode ser calculada como:
C = VC/(Pplat - PEEP)
150
Renata Teodoro
Resistência
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
RI=(PIP-Pplat)VI
RE=(Pplat-PEEP) /VE
Fonte: Hess, Dean R.; Hess, Dean R.; Kacmarek, Robert M.; Kacmarek, Robert M.. Essentials of
Mechanical Ventilation, Fourth Edition (p. 326). McGraw-Hill Education. Edição do Kindle.
151
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Trabalho respiratório
O trabalho respiratório é determinado pela pressão necessária para
fornecer um volume de gás aos pulmões: W = ∫P × V. As unidades para esse
trabalho são quilogramas-metro (kg · m) ou joules (J); 0,1 kg · m = 1,0 J. O
trabalho respiratório costuma ser normalizado para o volume corrente
(trabalho/L). Seu índice normal é ± 0,5 J/L (0,3-0,7 J/L).
Esse trabalho aumentará com o aumento da resistência, diminuição
da complacência ou aumento do volume corrente. Durante a respiração
espontânea, a pressão usada para calcular o trabalho é determinada
pela variação da pressão pleural estimada a partir da pressão esofágica.
O trabalho respiratório inspiratório realizado pelo ventilador pode ser
estimado durante a inflação passiva de fluxo constante dos pulmões pelo
seguinte cálculo:
152
Renata Teodoro
longo
Jassiely do tempo (a força
- jassy_faria@yahoo.com.br respiratória
normal do adulto é de 4-8 J/min).
- CPF: -
153
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
pulso
Jassiely Recomendação - Realizar
- jassy_faria@yahoo.com.br a monitorização contínua por oximetria
- CPF: -
Saturação de oxigênio
A oximetria de pulso passa dois comprimentos de onda de luz
(geralmente 660 nm e 940 nm) através de um leito vascular pulsante e
determina a saturação de oxigênio (SpO2) a partir da razão das ampli-
tudes das formas de onda pletismográficas. Uma variedade de sondas
de oxímetro está disponível em designs descartáveis e
não descartáveis,
incluindo sondas de dedo, sondas de dedo do pé, sondas de ouvido,
sondas nasais e sondas de pé.
A maioria dos oxímetros de pulso fornece uma exibição da forma
de onda pletismográfica. A inspeção dessa forma de onda permite
ao usuário detectar artefatos como os que ocorrem com movimento
e baixa perfusão. Como os oxímetros de pulso avaliam cada pulso
arterial, exibem a frequência cardíaca e também a SpO2. A leitura de
saturação deve ser questionada se a frequência cardíaca do oxímetro
difere consideravelmente da frequência cardíaca real, mas uma boa
concordância entre a frequência cardíaca do oxímetro de pulso e a
frequência cardíaca real não garante uma leitura correta de SpO2.
Em saturações superiores a 70%, a precisão da oximetria de pulso é
de cerca de ± 4% a 5%. Para avaliar as implicações desses limites de
154
Renata Teodoro
precisão,
Jassiely deve-se considerar
- jassy_faria@yahoo.com.br a curva de dissociação da oxihemoglo-
- CPF: -
155
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
a descarga
Jassiely do oxigênio)- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br e os -deslocamentos
da curva para a esquerda
aumentam a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio (promovem a
ligação do oxigênio). Por causa da relação variável entre a saturação de
hemoglobina e PO2, a saturação não pode ser prevista com precisão a
partir de PO2, e vice-versa. Para avaliar com precisão a saturação de
oxigênio, a oximetria de CO deve ser realizada. A oximetria de CO também
permite a medição da concentração total de hemoglobina, saturação
de oxigênio, nível de metemoglobina e nível de carboxihemoglobina.
80 pH pH
Oxyhaemoglobin (% Saturation)
DPG DPG
70 TEMP
TEMP
60
40
30
20
10
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
PO2 (mmHg)
Figura 5.8. Curva de dissociação da hemoglobina e fatores de influencia
Fonte: Ratznium via Wikimedia Commons
156
Renata Teodoro
e -metemoglobina
Jassiely são- baixas
jassy_faria@yahoo.com.br (<2%). A carboxihemoglobina ou mete-
CPF: -
157
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
158
Renata Teodoro
Panel A
RWV
Panel B
Figura 5.9 Traçados do oxímetro de pulso de uma mulher de 60 anos com exacerbação de doença
pulmonar obstrutiva crônica que foi admitida na unidade de terapia intensiva por insuficiência
ventilatória. A. O rastreamento da oximetria de pulso do paciente no momento da admissão
revela variabilidade respiratória no rastreamento da pletismografia do oxímetro de pulso. O pulso
paradoxal medido neste momento era de 16 mm Hg. B. Traçado de oximetria de pulso do paciente
após 12 horas de terapia agressiva. Pulsus paradoxus neste momento era de 8 mm Hg. Observe a
ausência de variação da forma de onda respiratória (RWV) na linha de base do traçado do oxímetro
após melhora clínica no fluxo de ar e resolução do pulso paradoxal elevado.
Fonte: Hartert TV, Wheeler AP, Sheller JR. Uso de oximetria de pulso para reconhecer a gravi-
dade da obstrução do fluxo de ar na doença obstrutiva das vias aéreas: correlação com pulsus
paradoxus. Chest. 1999; 115 (2): 475-481.)
159
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
PA 180.0
PP max
PP min
Arterial pressure
0.0
POP min
160
Renata Teodoro
PO2 Alveolar
PO2 (PAO2) é um valor derivado matematicamente usando a equação
do gás alveolar:
161
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
afetarão
Jassiely o P (A – a) O - CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br porque
a PaCO 2 está incluída no cálculo da
2
-
162
Renata Teodoro
Shunt pulmonar
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
QS/QT=(Cc’O2-CaO2)/Cc’O2/CvO2
QS/QT=(Cc’O2-CaO2)/Cc’O2/CaO2
DO2=CaO2XQc
163
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
extraem 250 mL/min (), e 750 mL são devolvidos aos pulmões. pode ser
calculado usando a equação de Fick:
VO2=QCX (CaO2-CvO2)
PECO2= (VCO2/VE) pH
164
Renata Teodoro
VD/VT se correlaciona
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -com
mortalidade em pacientes com SDRA;
alto VD/VT está associado a maior mortalidade. O VD/VT também pode
ser usado para determinar o equilíbrio entre o recrutamento alveolar e a
sobredistenção com titulação de PEEP em pacientes com SDRA. O VD/
VT também pode ser usado para determinar o equilíbrio entre o recru-
tamento alveolar e a sobredistenção com titulação de PEEP em pacientes
com SDRA. O melhor nível de PEEP está associado ao menor VD/VT,
com uma PEEP muito baixa e uma PEEP muito alta associada a um VD/
VT mais alto. A partir do CO2 exalado e VE da ventilação alveolar (VA)
pode ser calculada:
VA=VE X PECO2/Pb
VA=VE-(VE X VD/VT)
PaCO2= VCO2/VA
165
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
também
Jassiely afeta a relação entre
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: e- PaCO2; a ventilação minuto deve aumentar
Capnografia
Usar Capnografia em pacientes sob suporte ventilatório com doenças
neurológicas, para confirmação de adequado posicionamento da pró-
tese ventilatória, e em todas as situações de retenção de CO2 acima de
50mmHg. Pode-se usar como monitorização em quadros de distúrbios
de ventilação/perfusão para detecção de alterações agudas e monitori-
zação de terapias específicas (terapia trombolítica no tromboembolismo
pulmonar - TEP, por exemplo).
A capnografia é a medição de CO2 nas vias aéreas, e a forma de onda
produzida é o capnograma. O CO2 pode ser medido usando espectro-
metria de massa, espectroscopia Raman ou absorção infravermelha. A
maioria dos capnógrafos usa absorção infravermelha a 4,26 µm. A câmara
de medição é colocada nas vias aéreas com um capnógrafo principal ou o
gás é aspirado através de um tubo fino para a câmara de medição dentro
do capnógrafo com o dispositivo de fluxo lateral.
Existem vantagens e desvantagens em cada projeto e nenhum deles é
claramente superior. Existem potenciais problemas técnicos relacionados
ao uso da capnografia. Isso inclui a necessidade de calibração periódica e
interferência de gases como o N2O. A água é particularmente um problema
porque oclui as linhas de amostra no capnógrafo de fluxo lateral e condensa
na célula dos dispositivos de fluxo principal. Os fabricantes usam uma
série de recursos para superar esses problemas, incluindo coletores de
água, purga da linha de amostra, uso de uma linha de amostra permeável
à água, aquecimento da célula principal e calibração automatizada.
Capnograma normal
O capnograma normal é ilustrado na Figura 5.11 Durante a inspiração,
o PCO2 é zero. No início da expiração, a PCO2 permanece zero à medida
que o gás do espaço morto anatômico deixa as vias aéreas (fase I). O PCO2
sobe abruptamente à medida que o gás alveolar se mistura com o gás do
espaço morto (fase II). Durante a maior parte da expiração, a curva se
166
Renata Teodoro
nivela
Jassiely e forma um platô
- jassy_faria@yahoo.com.br (fase-
III). Isso representa o gás dos alvéolos e é
- CPF:
End
Exhalation
PCO2
Time
Begin
exhalation
Figura 5.11 Capnograma baseado no tempo. I, espaço morto anatômico; II, transição do espaço
morto anatômico para o platô alveolar; III, platô alveolar.
Fonte: Longnecker, 2012.
End
Exhalation
PCO2
Time
Begin
exhalation
167
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
168
Renata Teodoro
Capnometria volumétrica
Embora o capnograma tradicional seja baseado no tempo, ele
pode ser baseado no volume se o fluxo expiratório for medido. O
capnograma baseado em volume (Figura 5.14) é exibido com PCO2
no eixo vertical e o volume no eixo horizontal. O volume do espaço
morto das vias aéreas (isto é, espaço morto anatômico), o volume do
espaço morto alveolar e o volume de CO2 exalado (isto é,) e PCO2
alveolar podem ser determinados a partir do capnograma baseado
em volume (Figura 5.15).
169
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
% CO2
Carbon dioxide
production
Vp VALV
PaCO2
S2 PetCO2
S3 Paco2
q
PCO2
PĒCO2
p
VDaw VTalv
VTexp
Figura 5.15 Capnografia volumétrica ilustrando a determinação de PACO2 e PCO2 exalado misto
(PECO2). PACO2 é calculado como o ponto médio de uma linha que une a interseção das encostas
S2 e S3 e PCO2 expirado. é a integração da curva de PCO2 versus volume corrente. O espaço
morto das vias aéreas (VDaw) é calculado de acordo com o método de Fowler, determinado
pela igualdade de área p e área q.
Fonte: Bourgoin, 2017.
170
Renata Teodoro
ser
Jassiely aquecido a aproximadamente
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - 44°C. O aumento da PO2 causado pelo
aquecimento equilibra a diminuição da PO2 causada pelo consumo de
oxigênio da pele e a difusão do oxigênio pela pele. Em adultos, a PtCO2
é frequentemente menor que a PaO2. O PtCO2 também é afetado pela
perfusão e pode refletir o fornecimento de oxigênio para a pele sob o
eletrodo. O monitoramento de PtCO2 não é comumente usado porque
há preocupações sobre sua precisão, é trabalhoso e porque o uso de
oximetria de pulso é amplamente difundido.
Para PCO2 transcutâneo (PtcCO2), uma correlação razoavelmente boa
com PaCO2 pode ser obtida a uma temperatura de 37 ° C. Como a PtcCO2
é consistentemente maior que a PaCO2, os fabricantes incorporam um
fator de correção para que a PtcCO2 exibida se aproxime da PaCO2. A
proximidade com que o PtcCO2 se aproxima da PaCO2 é o resultado de
um conjunto complexo de eventos fisiológicos e, portanto, é incorreto
pensar em PtcCO2 como PaCO2. A diminuição da perfusão faz com que o
PtcCO2 aumente. Um único sensor miniaturizado que combina a medição
de SpO2 e PtcCO2 está disponível comercialmente. Esse dispositivo é
conectado ao lóbulo da orelha. Por haver preocupações sobre a precisão
do monitoramento transcutâneo e por ser um trabalho intensivo, não foi
amplamente aceito em adultos ventilados mecanicamente.
171
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
valores
Jassiely dos gases expirados
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -(por
exemplo, expiração) e para avaliar a
função pulmonar, comparando PAO2 e PaO2. O ajuste de temperatura
permite que o médico diferencie as alterações relacionadas à tempe-
ratura das alterações fisiopatológicas.
Interações Coração-Pulmão
O coração e os pulmões compartilham um espaço comum no tórax
e, portanto, estão ligados anatomicamente. A cada respiração, os pulmões
e o tórax mudam tanto de volume quanto de pressão. Essas flutuações
afetam a função cardíaca por meio de alterações na frequência cardíaca,
pré-carga, pós-carga, retorno venoso e contratilidade. Assim, a ventilação
com pressão positiva pode diminuir a pré-carga e a pós-carga por meio
de mudanças na pressão pleural. A resistência vascular pulmonar (RVP)
depende do volume pulmonar. A pressão expiratória final positiva (PEEP)
pode restaurar a capacidade residual funcional (CRF) e diminuir a RVP.
Se aplicada em excesso, entretanto, a PEEP pode aumentar o volume
pulmonar acima da FRC e aumentar a RVP. A descida do diafragma com
a respiração comprime o compartimento abdominal e aumenta a pressão
abdominal, o que aumenta as pressões vasculares abdominais e a pressão
motriz para o retorno venoso. Durante a ventilação com pressão positiva, o
aumento da pressão abdominal pode compensar parcialmente o aumento
da pressão do átrio direito resultante da pressão positiva. No entanto,
como resultado da interdependência ventricular, o aumento do volume
do ventrículo direito, que acompanha um aumento agudo da RVP com a
aplicação da PEEP, pode diminuir a complacência ventricular esquerda.
Monitoramento hemodinâmico
As indicações e complicações para cateteres arteriais e pulmonares
estão listadas na Tabela 5.2 e os valores hemodinâmicos normais estão
listados na Tabela 5.3.
172
Renata Teodoro
Tabelea
Jassiely 5.2 Indicações e contraindicações
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - para canulação arterial e venosa
Canulação de artéria
Canulação arterial Catéter venoso central
pulmonar
Complica- Complica-
Indicações Indicações Complicações Indicações
ções ções
Monitoriza- Hemorragia, Administra- Pneumotórax, Medidas Pneu-
çao contínua infecção, ção de flui- formação de PCP medi- motórax,
da pressão isquemia dos, suporte embolia e das de arritmias,
sanguínea (embolia, nutricional, trombo, infec- produção formação
e dos gases trombo, medidas ção cardíaca, embolia
sanguíneos espasmo) CVP, gases gases san- e trombo,
sanguíneos guíneos infecção,
venosos venosos lesão car-
centrais mistos diovascular
173
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
174
Renata Teodoro
da- jassy_faria@yahoo.com.br
Jassiely parede torácica e, portanto,
grande parte da pressão das vias aéreas
- CPF: -
175
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
que
Jassiely os pulmões se expandemcontra a parede torácica e o diafragma.
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
176
Renata Teodoro
do
Jassiely processo de liberação do-
ventilador, especialmente para pacientes
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF:
Tomografia computadorizada
Pode ser usada como método diagnóstico nos casos de insufi-
ciência respiratória de origem não clara; usar a angiotomografia na
suspeita de embolia pulmonar. Nos centros disponíveis, pode ser
utilizada para monitorização do recrutamento alveolar e titulação
decremental da PEEP nos casos de SDRA moderada e grave, com
os cuidados pertinentes no transporte e considerando-se a taxa de
radiação total ao paciente.
177
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Referência
178
Renata Teodoro
179
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
180
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
CAPÍTULO 6
SEDAÇÃO E
ANALGESIA DO
PACIENTE
SUBMETIDO A
VENTILAÇÃO
MECÂNICA
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
A
sedação e analgesia são práticas comuns em pacientes que ne-
cessitam de suporte ventilatório mecânico. Alguns pacientes têm
indicação indubitável destas, por exemplo, na presença de dor
de forte intensidade após intervenção cirúrgica, ou quando apresentam
agitação psicomotora intensa não controlável de outra forma. Entretan-
to, não há um consenso para o uso de sedação contínua em pacientes
confortáveis, adaptados à ventilação mecânica.
Sedoanalgesia
Nos últimos tempos, vem sendo descrita vantagem de sedação
mais superficial, sem necessidade de indução do coma, o que reforça a
necessidade da quantificação da sedação e analgesia para um nível de
conforto do paciente. Neste capítulo, vamos explorar a literatura sobre
este assunto de grande importância na medicina intensiva moderna. A
analgesia é um direito do ser humano com dor. Aproximadamente 22%
dos pacientes internados na UTI relatam dor de forte intensidade e por
longa duração. A dor deve ser diagnosticada, graduada e controlada com
artifícios farmacológicos ou não. A dor costuma ser acompanhada de
aumento da frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial,
assim como de temperatura como o quinto sinal vital. Esse pareamento
entre dor e sinais vitais traz ao dia a dia a importância do monitoramento
fisiológico também para o diagnóstico e quantificação da dor, e possibilita
a mensuração objetiva de resposta ao tratamento analgésico mesmo em
pacientes incapazes de se expressar. Portanto, é fundamental um pro-
cesso de educação também enfocada na mensuração pós-intervenção
para tratamento da dor, resultando em uma alça fechada de controle.
182
Renata Teodoro
consciência
Jassiely do paciente
- jassy_faria@yahoo.com.br e da-ausência de encefalopatias que
- CPF: prejudiquem
o seu julgamento. Outras escalas analógicas, como a escala de desenhos de
rostos com expressões faciais características, ou simplesmente de pontos,
também podem ser utilizadas. Em pacientes incapazes de expressar a dor
e de quantificá-la, o escore fisiológico comportamental pode ser de grande
utilidade. O escore é baseado nas características indicadas no Quadro 6.1.
Quadro 6.1. Características do escore fisiológico comportamental.
Movimentos
• Sem movimentos
• Reduzidos, cuidadosos, vagarosos ou hesitantes
• Inquietude
• Chamando atenção com movimentos
• Vocalização
Indicadores faciais
• Caretas, testa franzida e assustado
Postura
• Rígido e tenso
Dados fisiológicos
• Taqui ou bradicardia
• Hiper ou hipotensão
• Taqui ou bradipneia
• Perspiração
• Rubor
183
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
episódios
Jassiely de agitação psicomotora
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - intensas, a dor é tratada
primeiro, e a
sedação é utilizada para casos refratários de agitação. A dor considerada
como forte (nota > 7 no escore verbal) em geral é tratada com opiáceos.
184
Renata Teodoro
Tabela
Jassiely 6.1. Caracteristicas das- principais
- jassy_faria@yahoo.com.br CPF: - drogas usadas em UTI
Dose de bolus 0,01 - 0,15 mg/kg 0,35 - 1,5 mcg/kg 0,5 - 1 mg/kg
Dose de
0,07 - 0,5 mg/kg/h 0,7 - 10 mcg/kg/h 0,05 - 2 mg/kg/h
manutenção
Liberação de hista-
Efeitos colaterais particulares Rigidez torácica Alucinações
mina
185
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
Tabela
Jassiely 6.2. Escala de Ramsay - CPF: -
- jassy_faria@yahoo.com.br
0 Alerta e calmo
186
Renata Teodoro
O despertar diário
A prática da ventilação mecânica invasiva sempre foi associada à
sedação do paciente. Em 2000, ocorreu a primeira publicação mostrando
benefícios clínicos do uso de menor grau de sedação dos pacientes
em ventilação. Essa publicação introduziu a ideia do despertar diá-
rio. O despertar diário consiste na interrupção sistemática e diária da
infusão de sedação contínua até o paciente despertar ou agitar, com
a retomada da sedação na metade da dose previamente usada. Essa
medida foi associada a um menor tempo de ventilação mecânica, menor
tempo de internação na UTI e um menor número de tomografias nos
pacientes com “dificuldade” em acordar. Esse achado, apesar de revo-
lucionário, sofreu fortes críticas devido à possibilidade de trazer aos
pacientes sequelas neuropsicológicas, como depressão e a síndrome
do estresse pós-traumático. Entretanto, os autores do estudo primário
acompanharam seus pacientes por um período de aproximadamente seis
meses e mostraram que a incidência de depressão, ansiedade e estresse
pós-traumático foi menor no grupo que realizou o despertar diário do
que no grupo de sedação contínua. Além disso, a reintegração familiar,
social e no trabalho foi mais ampla e facilitada neste grupo. Após este
primeiro passo em relação à menor sedação, a aplicação de um protocolo
que associa o despertar diário a uma prova de ventilação espontânea
resultou em um menor tempo de ventilação mecânica em relação aos
pacientes que faziam apenas o despertar diá- rio. Da mesma forma, a
recuperação física dos pacientes foi melhor com o despertar diário e
atividade física passiva ou ativa, até com o caminhar com o paciente
intubado em ventilação mecânica. E, mais uma vez, não houve impacto
negativo em desfechos neuropsicológicos.
187
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
O não sedar
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
188
Renata Teodoro
tempo
Jassiely de interação do paciente
- jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: - com a equipe multiprofissional.
Dose de bolus 0,02 - 0,08 mg/kg 0,05 - 0,2 mcg/kg Não recomendada
Dose de
0,04 - 0,2 mg/kg/h 0,05 - 5 mcg/kg/h 0,1 - 1,4 mcg/kg/h
manutenção
Ligações a proteínas Alta Não Alta
Bloqueio neuromuscular
O bloqueio neuromuscular tem seu uso cada vez menos comum na
UTI nos últimos anos. A despeito de todo cuidado em limitar seu uso, em
algumas situações clínicas ele está justificado, como no manejo do paciente
com obstrução grave de vias aéreas, e no paciente com SDRA grave.
Existem dois tipos de bloqueadores neuromusculares, os despolari-
zantes e os não despolarizantes. Os despolarizantes se assemelham muito
à acetilcolina, sendo assim, ao se ligarem aos receptores específicos pro-
vocam despolarização muscular. Os bloqueadores neuromusculares não
despolarizantes se ligam ao receptor específico e não causam despolariza-
ção muscular, funcionando como antagonistas competitivos. A Tabela 8.6
apresenta as principais características dos bloqueadores neuromusculares.
A aplicação em bolus dos bloqueadores musculares pode causar
hipertensão e taquicardia, em especial quando usamos drogas vagolíticas.
Hipotensão, taquicardia e broncoespasmo podem ser observados após
a infusão de drogas liberadoras de histamina. O uso da succinilcolina
é associada à fasciculação difusa e elevação da pressão intracraniana.
189
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
A administração
Jassiely em bolus- CPF:
- jassy_faria@yahoo.com.br intermitente
- dos bloqueadores neuromusculares
aminoésteres parece atingir um ponto de equilíbrio mais adequado e com
menores doses. Entretanto, com o uso das benzilisoquinolinas, a adequa-
ção clínica da paralisação é atingida de uma forma mais adequada e com
menor dose com a infusão contínua. A monitorização com a estimulação
nervosa periférica parece ser adequada quando em uso dos aminoésteres,
proporcionando uma menor dosagem e um tempo de recuperação menor
após a suspensão da infusão; entretanto, com o uso da benzilisoquinolinas
a monitorização parece ser desnecessária, sem impacto clínico.
Durante a infusão de bloqueadores neuromusculares, devemos ter em
mente que as pessoas mais idosas e a menor temperatura são associadas a
um maior tempo de circulação e ação dos bloqueadores neuromusculares.
A ventilação mecânica com sedação profunda e bloqueio neuromuscular
pode reduzir o consumo de oxigênio em até 20% do valor inicial. Por
isso, bloqueadores neuromusculares são usados às vezes com o intuito
de acoplar o consumo e a oferta de oxigênio.
Em pacientes com insuficiência respiratória grave, submetidos a estra-
tégias ventilatórias com baixos volumes correntes sob ventilação mecânica
controlada, a presença de esforços respiratórios intensos pode levar à
assincronia paciente-ventilador. A utilização de sedação e analgesia pode
ajudar na redução dos esforços e melhor sincronia, porém pacientes com
acidose mais intensa às vezes mantêm esforços respiratórios intensos que
prejudicam sua interação com o ventilador. Nesse caso, o uso de bloqueado-
res neuromusculares por períodos de 24 a 72h está indicado para permitir
que a estratégia protetora seja de fato implementada. Nos pacientes com
asma grave e necessidade de ventilação mecânica, muitas vezes é necessária
a sedação profunda por vezes associada ao bloqueio neuromuscular para
aplicação da hipoventilação controlada e hipercapnia permissiva.
Nos pacientes com SDRA grave, o uso de bloqueadores neuromuscu-
lares está associado a uma menor inflamação sistêmica e melhores índices
de oxigenação. Um estudo clínico demonstrou que para pacientes com
SDRA e relação PaO2/FIO2 em torno de 100 mmHg, o uso de cisatracúrio
por 48 horas foi associado a uma menor mortalidade, sem aumentar a
incidência de fraqueza muscular. Na epidemia de influenza A (H1N1) de
2008-2009, foi observado que 28% dos pacientes canadenses que neces-
sitaram de ventilação mecânica usaram bloqueadores neuromusculares.
A prática de sedação e analgesia é um tópico de alta importância para
190
Jassiely
Características Pancurônio Rocurônio Atracúrio Cisatracúrio Succinilcolina
Classe
Aminoésteres Aminoésteres Benzilisoquinolinas Benzilisoquinolinas Ester de dicolina
farmacológica
o -paciente
Dose de bolus 0,05- 0,1 mg/kg 0,06 - 0,1 mg/kg 0,4- 0,5 mg/kg 0,1- 0,2 mg/kg 0,5- 1 mg/kg
Dose de 0,05 - 0,15 mg/
0,06 - 0,1 mg/kg/h 0,2 - 0,7 mg/kg/h 0,15 - 0,30 mg/kg/h ---------
manutenção kg/h
jassy_faria@yahoo.com.br
191
plasmáticas
Renata Teodoro
Despolarização
não não não não sim
muscular
Tempo para início
4 - 6 min. 1 - 2 min. 2 - 4 min. 1 - 4 min. 1- 1,5 min.
de ação
Tempo de ação 120 - 180 min. 30-60 min. 25-35 min. 45-60 min. 5 - 8 min.
Quadro 6.6 Mecanismo de ação dos principais bloqueadores neuromusculares
exercitando, ajudando em seu próprio cuidado fazem cada vez mais parte
é o padrão para diagnóstico e monitorização. A sedação é uma prática
que vem mudando seus paradigmas. Pacientes intubados, acordados, se
analgesia é fundamental, e a dor referida
Bases para Terapia Intensiva Vol IV: Introdução a ventilação mecânica e modos ventilatórios convencionais
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9. Kress JP, Pohlman AS, O’Connor MF, Hall JB. Daily interruption of sed-
192
Renata Teodoro
193
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
Este livro foi impresso pela Gráfica Viena em papel offset 75g em abril de 2022.
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
A
Professora Renata Teodoro
é nascida em Guarulhos/SP,
é mãe de cachorro, do
Tomás, do Leonardo, da Sara e
da Maria Clara, e integrante de
uma família de mulheres negras e
fortes. Filha da Dona Célia e neta
da Dona Rosária, duas mulheres
extraordinárias com visão muito
além do seu tempo, que ensi-
naram o valor da educação, da
transformação social e da liber-
dade das consciências por meio
do conhecimento.
Mulher negra, nascida na
periferia, estudou em escola
pública e nos bancos da univer-
sidade na graduação em fisiote-
rapia e nas pós-graduações lato
e stricto senso da UNIFESP, se
encontrou com a sua verdadeira
vocação e amor: a ciência e o cui-
dar. Como aluna, docente, pes-
quisadora e como fisioterapeuta
assistencial de grandes hospi-
tais, descobriu o que é de fato
desigualdade social e racismo
estrutural, mas também recebeu
o acolhimento e as ferramentas
que só a educação é capaz de pro-
porcionar, para apropriar-se da
sua história e ser protagonista
das suas conquistas.
Jassiely - jassy_faria@yahoo.com.br - CPF: -
VOLUME IV
E
mbora a ventilação mecânica possa ser
um tópico complexo e aparentemente
evasivo, as expectativas são de que os
profissionais de saúde que lidam com pacientes
críticos tenham uma familiaridade básica com
o manejo de um paciente em um ventilador.
Além disso, os profissionais também devem
reconhecer como a aplicação de ventilação
mecânica afeta a fisiologia do paciente e a res-
posta aos estados da doença. O foco deste livro
será na abordagem do paciente sob ventilação
mecânica invasiva, abordando os fundamen-
tos da ventilação mecânica, suas indicações e
interfaces invasivas de aplicação e destacará
os modos e modalidades básicas, bem como
as estratégias e parâmetros do ventilador a
serem ajustados pela equipe multiprofissional.
Este livro é mais um volume da série “bases
da terapia intensiva” e, mais que discorrer
sobre ventilação mecânica, mostra por que
e como usá-la na prática diária, em uma lin-
guagem aplicada, que aproxima a evidência
cientifica da beira leito.