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= capiruto 6- A DIALETICA DA RELAGAO EU/OUTRO Se prestarmos atenglo, veremos que na maior parte das reflexdes sobre a relagio do homem com 0 mundo, 0 ser-para-outro aparece como dum aspecto central, a0 realizar a fungio mediadora entre o sujelto ¢ as coisas, 0 sujeito e seu corpo, 0 sujet e 2 temporalidade, bem como por ser aspecto fundamental na constituigao do eu ¢ das emogées em fungio dessa centralidade que a teoria psicalgica éperpassada por diseuss6es acezea do papel da relagio ew/outro, da relagao individuo/ eriedacle, demarcando a importancia desses aspectos na histéria de vida ¢ 1a formagio do projeto de ser do sujeito. Por isco, vamos dedicar um capitulo especial para esta tematica, central na psicologia sartriana. 6.1 RELAGAO BU/OUTRO ~ DIMENSAO ONTOLOGICA Sartre discure em O ser ¢ 0 nada que 0 ser-para-outro nfo é uma estrutura ontolégica do para-si, pois nfo se pode pensar em derivar 0 Sef prra-outro do set paras. Nocntanto,o para-o-outro parte dafacticidade do paras, ow sep, € fato incltivel que se vive em um mundo onde se encontram outros sujeitos que, por sua vez, também slo para si Dessa forma, 0 para-si e 0 para-o-outro sio simultancos: © fato da existéncia do outro 6, portanto, incontestivel e me atinge em meu amago, na justa, medida em que o outro € o mediador indispensivel entre mim ¢ mim mesmo, Bova constatagao pée em questio 0 soipsismo, segundo o qual fore Ton nada eviste, o4 sefa, o mundo sustenta-se no eu, que, dessa forme, € autossustentado, Busquemos compreender melhor. -1s- Uma das modalidades da presenga do outro a mim é a objetividade, | que aparece na fungao do “olhar”. F na realidade cotidiana que 0 outro me | aparece. Portanto, a cada instante, o outro me olba ou eu olho para o outro, Ser visto pelo outro, quer dizer, ser objetificado pelo outro, ou olhar para o outro, quer dizer, o outro ser objeto para mim, sZo duas categorias posstveis da relagdo com outzem. Quando o outro me olha, torno-me objeto 208 seus olhos, pois sou visto 20 modo do em-si, na medida em que 0 outro ‘me confere qualidades objetivas. Deixo de ser transcendéncia, ou seja, um _ ser que é que nao € ¢ no é o que é, para tornar-me o que sou, alguém | definido. Transformo-me, assim, numa transcendéncia transcendida. Q. conhecido exemplo do “buraco da fechadura”, que ja vimos anteriormente, é esclarecedor da minha objetificasio para o outro (SARTRE, 1997): estou _ espiando pelo buraco da fechadura uma cena que se passa dentro de outro quarto, encontro-me completamente absorvido na minha “espionagem’, tanto, que nem me dou conta que minhas pernas doem, que estou em uma posigio incmoda, Estou em uma consciéncia espontanea, nao-posicional- do-eu. Portanto, nem aparego como eu para mim mesmo, pois sow pura consciéncia da cena do quarto. Mas eis que ougo passos de alguém se aproximando. Imediatamente, meu objeto de consciéncia modifica, passo 4 prestar atengdo em mim mesmo, na minha posigio, nas dores na perna, no papel que estou fazendo 2o espiar © quarto. Fico ruborizado, pois a vergonha toma conta do meu ser. O que aconteceu? © aparecimento do outro me fez tomar posigo-do-eu, voltei-me para olhar para mim mesmo, refletit sobre meus atos, condenar minha atitude. O outro se tornow mediador entre mim e mim mesmo, objetificou meu ser. Sou aquele que estava espiando, que é curioso, que nio € confive, ete, ainda que o outro nada me diga. Mesmo que tenha sido “alarme falso”, que os passos que escutei nfo cheguem até onde eu estou e eu retorne a espionagem da cena do quarto, j4 no seré com a mesma espontaneidade anterior, 0 outro estar presente como um fantasma rondando meu ser. Jé no sou mais “dono da situaso”, ela me escapa pela possivel presenga do outro; qualquer barulho, qualquer sensagio diferente, ja volto a prestar atengdo em mim mesmo. O mundo ao meu redor modificou-se. Assim, © olhar do outro me atinge através do mundo e nio transforma somente a mim, mas metamorfoseia o mundo, Sou visto em ‘um mundo visto. O mundo ¢ mediador da minha relagéo com os outros, assim como os outros so mediadores entre mim ¢ 0 mundo. Recordemos -149- carirun0 6 erg da noite em que esperava a visita do amigo: 0 os on ' -rafa de vinho em cima da lareira remetia-o, imediatamente, nfo ve Ream precisar refleti, & antecipagio da noite agradével que se sc depots do relefonema,&ausécia do amigo, H mutos ouos sare ta Heagio intersticia entre eu/mundo/outros: quando exerplos a Hef samovnos de determinadas pesoas ou quando vemos STpuem, lambramornos de certos objets, eta stage, eto gat S oatroe, antes de tudo, o ser pelo qual adquiro minha objetividade, outro esté presente diante de mim, onde quer que esteja como ou sea, e, a existéncia do outro no objeto. Na verdad: aia eel ine alana em seu mag. Dele me dou cons pela seh afetagio pecofisiea; 0 outro nfo me aparece como umn str que Fosse 7 rrido para encontrar-se comigo depois, mas como um se re surge na relaglo origindria comigo mesma, © outro, portanto, nao Sonn rs nb, ms ume pens net 2 mundo, que atinge meu ser psicofisico (mci) SARTRE, ee ssa objeividad € experimenadapor mim como alienate, AN meu ser escapa de mim fin em poder dos outros, A alienagto define © 35° Sartre vai desgnar no capitulo “As Relagbes Conerets como Psssine Ue Osereonada como a “primeira atitude ‘para com 0 outro" q aueae do outro modela o meu corpo, o meu ser} som pot a i ce a lo do que sou. Nesse caso, 0 projeto on [oT inimemalmene proto de eos do oto engint oo Deino inact su naturet,procurando realizar meu ser alone Fat rim o ponto de vista do outro, Ea attude que, levada a exremo, C2 to masoquismo, quando nfo sou mais do que objeto pars 9 O45 ESR descreve como 2s pessoas acabam por experimentar oa robin vergonha, Como consequéncia, elas querem € amam me 8 ee profundo de sua objetivdade, O masoqulnno , dessa formiy £ ATT da eupabidade, jas, po se sentir culpadas diante wm em sua alienagdo absoluta. ners Sit esea descreve, entio, a segunda atitude para com 0 cits corre objttacio do out para mim, Sou eu que, Ns SOs BS minha espontaneidade, fago,com que haja um outro, primeiro constit ws jig uma contém @ outras 37 A ordem das atitudes nfio importa, pois ooh couira desapaece, Portanto, a ordenag € puramente ate quando uma surge, 2 Step SaxraEAsicorootacistey. objeto para mim. A verdade da realidade humana passa pela possibilidade 4 de 0 outro ser objeto para mim na justa medida em que posso ser objeto | para ele, Essa reversibilidade da condigio humana é que permite sua. Gialética. Sartre argumenta que s6 08 mortos podem ser perpetuamente cobjetos, sem converter-se jamais em sujeitos, porque morrer & perder toda a possibilidade de revelar-se como sujeite, é ser absoluta objetividade. Assim, objetivar 0 outro é uma defesa do meu ser, que me liberta do meu ser-paravoutro e me confere o outro como ser-parz-mim, O outro surge diante de mim com suas significagées particulares: ele & timido, orgulhoso, sedutor, simpético, triste, ete. Capto-o, assim, como um ser. ‘emrsituagao, ou seja, como uma totalidade corpo/consciéncia cixcunscrita no mundo. Reconhego sua transcendéncia, porém, no a reconheso como transcendéncia transcendente, mas como transcendéncia transcendida, Olhar 0 olhar do outro ¢ colocar-se a si mesmo como liberdade, ‘Ao afirmar minha liberdade, fago do outro uma liberdade alienada, Essa atitude de tornar o outro objeto, como também o seu reverso, tein uma série de gradagoes, indo desde a indiferengn até 0 sadismo, quando me afirmo absolutamente como sujeito¢ fago do outro um objeto absoluto: por — isso, essa segunda atitude é o contraponto da primeira. Afismar-me como sujeito pode ser meu projeto original, como também pode ser uma atitude adotada somente em certas ocasiées. Essas duas atitudes, que sio comuns e cotidianas na realidade humana, quando absolutizadas (como no masoquismo € no sadismo), S30 atitudes de alteridade, ou seja, situagdes nas quais o outro é sempre considerado outro, néo hé tecimento, nao hi flexibilidade, no hé dialética. ‘Compée a estrutura alienante da nossa sociedade ocidental, Hii, no entanto, ainda uma terccira estrutura possivel do ser-para- outro que implica 0 més. O ser-para-outro precede e fundamenta 0 ser- com-o-outro. Estar com 0 outro € superar 0 conflito presente nas duas atitudes anteriores; no nés estamos em comunidade, buscamos realizar a *eeiprosidade, ou seja, 0 reconhecimento do outro enquanto liberdade, que viabiliza, portanto, a troca com o outro, em que um pode ser mediagio para o outzo. O nds nio é uma consciéncia intersubjetiva, como querem muites Pricologias, mas uma experiéncia concreta de ser no mundo, experimentada Por uma consciéneia particular. A nocio de nés, que se desdobrari na concepsio sartriana de grupo, necessita da mediagéo de um terceiro para - transcendéncia comum e dirigida a um fim tinico ~ 0 projeto que somos | comos-outros, divergindo de Heidegger, néo é uma estrutura ontolégica com-08-outros, -151- ‘cartroi0s jtuir. Portanto, duas pessoas, mesmo quando sozinhas, precisam ‘ et pues “tetera dante da qual els tecem a mere pian agbes, de seus projetos, para que se ae ce 10 de marginais precisa de uma sociedade ants da or eeipsice ban ientidat; uma familia precisa de outea fama dian Seay efine sua expecificdade. Sercom-o-outro & compartilhar projetos, Gndin situagdes, tomar decisties conjuntas. E o estabelecimento de uma i jéncia do nés nfo é uma atitude origindcia para nupo. Assim, a experiéncia do nés gna Saree, ps presspée oecontecmento prvi do paras enquate Iiberdade e, do outro, enquanto sujeito, Por isso, esclarece Sartre, que o set égica. Na is é da realidade, mas uma experiéncia psicolégica. Nao é por isso que ela snenos eal mas 6 “segunda, consti pelo projet humane, ‘Vimos, portanto, que a existéncia do meu préximo traz um ite de fato a minha liberdade, ele € a condigio fatica da minha prose ie ituagdo, Na alienagio, por 6 0 lado de fora, o exterior de minha situaso, Na eee por eseother Fazer 0 que os outros escolheram para mim, 20 imporem um contorno real a minha livre escolha. 6.2 RELACKO INDIViDUO/SOCIEDADE ~ DIMENSAO ANTROFOLOGICA Na Crit da raz daltiae, especialmente, em sun introdust Questao de metodo, Sartre discute a perspectiva de uma nova anceopoogia ve considera o homem sob o pont de vista histrico ¢ diatico, Nese ZEhkdo. analisa os aspectos estrucurances da caltura, da socie ade a 1s individuos coneretos. Para compreender a realidade do conhecimento de que o homem € “produto de seu produto’, quer dizer, ele fa a histrin gern seus prods ne ja, a histéria também o faz. mas, por sua vez, estes 0 condicionam, ou seja, 4 an sys pe tn tein num meio dado que os condision, diz Sartre (1960), citando Marx. Eis aqua essncia ie dialtiea da realidade humana, Explicao exstencialist: sua relagio com o humana, postanto, devemos partir Produto de sew produto, modeledo por seu sotalniniece condgbes sciis da produto, o homer existe 20 mesmo tempo eas rodtosefornece a sbstincia dos ‘olesivos"g

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