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ANOVA QUESTA SOCAL mente que faga mal 0 que deve fazer. Com efeito, 20 Tongo desses anos, as riticas radicais aos fundamentos de uma ial dedicada ao progresso continuaram muito mi- ‘mbora tenham sido expressas através de formas Em contrapartida, foram nu- as A maneira como o Estado con- 10 das tutelas tradicionais e das justicas herdadas do passado. E 0 caso do questionamento fo modo de gestio teenocrstica da sociedade, tao intenso na Gécada de 60, e que se exprime através da proliferagio dos Clabes ~ club Jean Moulin, Citoyens soixante.. ~ ¢ das asso~ iagoes de ususrios preocupados em participar das tomadas de decisio que comprometem sua vida cotidiana. Contra a aio da sociedade, € necessério que a rnovamente baseada no envolvimento A prdpria passividade é 0 prego que pagam por fcrem delegado a0 Estado o papel de conduzir a mudanga de ima, sem controle da sociedade civil. O vigor dos “movi- nenzos sociais” dosanos 60 e do inicio dos anos 70 demonstra t exigencia de uma responsabilizagao dos atores sociais anes- tesiados pelas formas burocrdticas e impessoais de gestio do Estado social. ‘Num plano mais te6rico, o perfodo de promogio da so- ciedade salaril fi também o momento em que se desenvolveu tima vigorosa sociologia critica em tormo de trés teméticas principais: a colocagSo em evidencia da reprodugio das desi dos vestigos de uma extrema diteita que eternamente dene o oor ot sebretudo 0 feito de grupas radicals de esquerda ¢ de ffluncia continuou marginal ss seu confi Donzclot, invention du social op. ct cap. 1N.2. sos |AS METAMORFOSES NA QUESTAO SOCIAL gualdades, sobretudo nos dominios da educagio ¢ da cultura; a dentincia da perpetuagio da injustiga social e da exploragio da forca de tral ciedade democratic, reservado a algumas categorias da pop' io: prisioneiros, doentes me fgentes... Teatava-se, em Suma, de tomar ao pé da letra o ideal republicano tal como se ‘expressa, por exemplo, no preémbulo da Constituigio de 1946: ‘Cada um tem o dirsico de wabalhae e de obter um emprego. [J ‘Arnacio garante a todos, sobretudo & crianga, & mie € 208 trabar lhadores idosos, a protecio da said, a seguranga ma jpouso eo lazer. Todo see que, em razio de sua idade, de: Fisico ou mental, da situagio econdmica, se encontra na inca dade de trabalhar, em 0 dit idade meios ddecentes de existéncia, A naclo gatante 0 at {quanto do adulto a inserugio, 3 formago profissionaleteultura™ ‘Néo seria incongruente constatar que, no comeso da dé- cada de 70, ainda se stava bem longe da realidade, ¢ nfo tomar ligeiramente os discursos lenientes sobre o crescimento ¢ 0 pro- reso. Nao tendo remorsos hoje porter pertencido aesse meio. ‘Mas essascrticas nao questionavam a onda que pareciaarrebatar ‘2 sociedade salarial e puxava para o alto o conjunto daestrutura social. Contestavam a divisio desses beneficios e a fungio de alibi que, amide, a ideologia do progtesso desempenhava para perpetuat as situagdes conquistadas™. Sam capes rigorosmet reals dmeerie-De ANOVA QuESTAO SOCIAL 2) 3. Mas existe talvez uma contradigio mais p funcionamento do Estado social dos anos de eres tomada de consciéncia disso € mais recente: sem dtvida, era necessirio que a situagio comesasse a se degradar para que conjunto de seus pressupostos se mostrasse. De um lado, as intervengbes do Estado social tém efeitos homogeneizadores poderosos. Gestio necessariamente categorial dos beneficié- ‘as particularidades individuais. As- * émembro deumcoletivo absteato, ico-administrativa de que é um modo de funcionamento dos sé bem conhecido e alimentou por muito tem- 10 carter “buroerstico” ou “teenocritico” da fgestio do social, Porém, seu correlato paradoxal o era menos, a saber, que esse funcionamento produ ao mesino tempo efei- tos individualizantes duvidosos. Os beneficiérios dos servigos sio, a um s6 tempo, homogeneizados, enquadrados por sgoriasjuridico-administrativas e cortados de seu pertencimen- to conereto a coletivos reais: (© Bxado-providéncia clssco, 20 mesmo tempo em que decorre do cormpremissa de clase, produ efeitos de individualism for~ mmidéveis. Quando se proporciona aosindividuos ese pira-quedas texeraoedindrio que € a garanta da asisténcia, se permite que, em todas as situagdes da existéncia, elibertem de todas as comunida- es, de todos os pertencimentos possves, omega pels solida- ddadesclementares de vzinhanga; se existe a Seguridade Soc js0 de mea vizinho do mesmo andar para me ajudat: O Estado-providencia € um poderoso fator de individualismo”. esti no cere de uma sociedade de indi .g40 que mantém com o individ sociais foram inseridas, como se vi sor AS METAMORFCSES NA QUESTAO SOCIAL. numa sociedade em que o desenvolvimento da indu da urbanizagio fragilizava as solidariedades de proxi Os poderes piblicos recriam protecio e vinculo, mas com umn registro completamente distinto daquele do pertencimento a clecendo regulagées gerais da ainda a distancia em relago aos grupos de pertencimento ue, em tiltimo caso, nfo tém mais razao de ser para gata .6es. Por exemplo, 0 seguro obrigatério € realmente ago de uma certa solidariedade, e endossa 0 perten- ivo. Mas pelo modo como foi instrumen- ma de “fazer sociedade” nao exige sendo rados e uma responsabiliza- ¢¢0 minima (pagar as contrib fs, io descontadas, automaticamente e, eventualmente, eleger delegados para a {gestio das “czixas” cujo funcionamento é pouco transparente para todo mundo...). O mesmo se dé com o conjunto das pro- tegdes socinis. A intervengio do Estado permite aos individuos «esconjuratem os riscos de anomia que, como Durkheim havia visto, existem no desenvolvimento das sociedades industriais, sm como interlocutor principal ~ ¢ © Estado e seus aparelhos. A vulne- lade do individuo, que foi afastada, encontra-se entio luzida¢ um outro plano. O Estado torna-se seu principal suporte ¢ sua principal protegio, mas essa relacio continua sendo a que une um individuo a um coletivo abstrato. E pos- ergunta Jirgen Habermas, “produzir ‘com meios jurfdico-burocraticos"™? A rad, (Os periges contidos nessa dependéncia em relagio ao Es- tado vio se revelar quando o poder pablico tiver dificuldade para levar a cabo essas tarefas da forma relativamente indolor que adotava em periodo de crescimento. Tal como o Deus de Descartes que recriava o mundoa cada instante, o Estado deve 2%. Habermas, “La tise de uopiques Bes poltigues, wad. fr. Pai 08 ANOVA QUESTAO SOCIAL manter suas protegdes por meio de uma acio continua. Se o Estado se retira, € 0 préprio vinculo social que cotte o risco individuo encontra-se, entio, em contato dasociedade salaral entregueasi mesma ue dissolveu, juntamente com as solidariedades concretas, os grandes atores coletivos cujo antagonismo cimentava a unida- ‘orporativismo ameaca tragio de um estrato pretrogativas dos estratos superiores. Em tiltimo cas objetivo de cada individuo é manter ¢, se possivel, melhorar sua prépria trajetéria e a de sua far corre 0 risco de ser vivida como uma struggle for li (ra, se no ha contradicio, existem, pelo menos, fortes tensdes entre esse desenvolvimento do individualismo, que , € a imposigao de formas de caracteriza a sociedade sal socializagio da renda e de coergdes admi sdveis 20 funcionamento do Estado soci antagonismoe” péde ser desarmado enquanto o custo da solidariedade obri- “¥ Entéria nao foi pesado demais © as coercdes regulamentares foram compensadas por beneticios substanciais cujos dividen- dos o proprio individuo recebia. Assim, as coberturas sociais cram financiadas, como se sabe, por uma grande maioria de ativos que, em sama, cotizavam sobretudo para si mesmos: asseguravam seu proprio futuro 20 mesmo tempo em que g2~ antiam o do coletivo dos assalariados. Porém, sob a dupla coergio do desemprego ¢ do desequil sis tema das protegbes sociaisacha-se pressionado por dificulda des. Dévse a passagem de um sistema de seguros em que os ativos pagavam sobretudo para os ativos para um sistema de solidariedade nacional em que os ativos deveriam pagar so- bretudo para inativos cada vez mais numerosos”. ‘Num universo em: das eriangas esc deum lado, o mimero das pessoas idosas das crescee, de outro lado, os slos % p, olivennes, "La socieé de tran 199. ©", Le Debt,» 69, margo-abel de 509 atvas,indispen- 5 [AS METAMORCOSES NA QUESTAO SOCIAL entre a produgio, oemprego ea renda se enfraquecem, a asso ‘eduzidada populagio ativa que trabalha desvia uma parte cada ‘vez maisimportante de seus recursos para financia a proporsio tsmagadora dos que nio trabalham ainda, que nio trabalham mais ou que nunca trabalhario™. Assim, seté impossivel, sem divida, evitar escolhas dolo- rosas. Alguns debates, que ha vinte anos tinham um caréter sobretudo ccadémico, assumem hoje uma acuidade singular. Por exemplo, a protecio social deve alimentar a ambigio de ertar todos os cidadios da necessidade, ou deve ser prefe- rencialmente vinculada ao trabalho? A primeira opsao é a de Beveridge, que Ihe dé um significado muito extensivo: “asse- gurar a todos os cidadios do Reino-Unido uma renda suficien- te para que possam fazer face a seus encargos”’. Entretanto, ‘o mesmo relatério destaca energicamente, para que ura plano de seguridade social tenha éxito, a necessidade de promover ‘uma situagio de quase-pleno-emprego: “este relatério consi- deracomo um dos objetivos da seguridade social a manutengio do pleno-emprego e a prevensio do desemprego”™. A outra opcio, o “sistema bismarckiano”, vincula o essencial das pro~ tegbes 3s cotizagGes salariais, ea Franga, é 0 que se diz, apro~ xima-se dele. No entanto, Pierre Laroque retoma mais ou menos literalme ‘agio da necessidade”: a Seguridade Soci a cada homem de que, em qualquer circunsti segurar, em condigdes satisfatdrias, sua subsisténcia e a das io propriamente demogrifica da quest dence en proie au démon démographi 1992. No que diz espeito a0 tab iculdades de financiamentonio se refers 3m 3 multiplicacso dos em st peqenas cote Ibid, po AE s10 ANOVA QUESTAO SOCIAL ‘pessoas sob sua responsabilidade™. Beveridge ¢ Laroque po- diam, sem muitos inconvenientes, sendo se contradizer, pelo ‘menos justapor dois modelos de inspiracao completamente distinta, No tinham necessidade de escolhes, a pleno-emprego podia contribuir para uma * Cessiade,alimentada pelo tabalko da maioria da populagio. ‘Mas a protegio de todos pela solidariedade ¢ a protecio dos ativos pelos seguros entram em contradigio quando a popu-_ Observou-se, igualmente, que o sistema de seguridade so- »*«! cial quase nao se preocupara com a cobertura do desemprego.0% Pierre Laroque justfica-se quanto a isso assim: “Na Franga, 0 desemprego munca foi uma ameaga tio séria quanto na Gr8- Bretanha™®, Além de parecer; hoje, singularmente datada, essa declaragio revela,talvez, uma dificuldade de fundo: 0 desem- prego pode ser “coberto” a partir do trabalho? Sem davida, até um certo patamar. Mas o desemprego nao é um risco como outro qualquer (como o acidente no trabalho, a doenga ou a velhice sem dinheiro). Caso se generalize, acabard com as pos- sibilidades de financiamento dos outros riscos ¢, portanto, também com a possbilidade de se “cobrir” a si mesmo". ‘caso do desemprego revela o calcanhar-de-aquiles do Estado social dos anos de erescimento. A configuracio que entio as- sumiu baseava-se em um regime de trabalho que hoje esta profundamente abalado. AS METAMOREOSES NA QUESTAO SOCIAL ‘Mas o Estado social talvez esteja ainda mais profundamen- te desestabilizado pelo enfraquecimento do Estado-nagio, de que é a emanagio direta. Dupla crosio das prerrogativas ré- com 0 aumento de encargos dos poderes Tocais “descentralizados”; para cima, com a Europa e, mais m um compromisso entre os parceiros sociais no interior de suas fronteiras, 0 Estado soci siano supe, no exterior, um compromisso, imp! nos, com os diferentes Estados que se encontram mum comparével de desenvolvimento econdmico e social. De fato, a despeito de inevitaveis diferencas nacionais, as politicas so- icas salariais, de pafses como a Alema- nha, Gri-Bretanha ou Franca, por exemplo, so (ou eram) is entre si isto 6, compativeis com a concorréncia de um invés de os Estados europeus importarem mao-de-obra imi- sgrante, que fazem trabalhar segundo suas condigoes, enc tram-se em concorréncia num mercado de trabalho mun- dializado, com zonas geogrificas onde a mao-de-obra ¢ barata Este dado é uma razio suplementar e muito forte para pensar que esté fora de cogitacéo que, mesmo que o crescimento vol ‘asse, o Estado possa retomar amanha sua politica da véspera do “primsire chogut do peteleo” E necessério, pois, perguntar, com Jirgen Habermas, se rio se assist ao “esgotamento de um modelo”, As diferentes polite publics Techies, ‘Minstéio do Equipamento, dos Te ANOVA QUESTA SOCAL formas de socialismo tinham feito da vitoria sobre a hetero- rnomia do trabalho a condicio da fundagao de uma sociedade de homens livres. O Estado social de tipo social-democrata havia conservado uma versio edulcorada dessa utopia: nao era mais, necessirio subverter a sociedade pela revolugio para promover a dignidade do trabalho, que continuava a ocupar um lugar cen- tral como base do reconhecimento social ¢ como alicerce a que se prendiam as protegdes contra a inseguranga ¢ 0 infortinio. Ainda que a penosidade e a dependéncia do trabalho assa ariado rio estivessem completamente abolidas, 0 trabalhador tecebia uma compensacio para elas, tornando-se um cidadio em um stema de direitos sociais, um beneficidrio das subvences dis- tribufdas pela burocracia do Estado e, também, um consumi- dor reconhecido das mercadorias produzidas pelo mercado”. Esse modo de domesticagio do capitalismo tinha, assim, rees- truturado as formas modernas da solidariedade e da troca em toro do trabalho, sob a garantia do Estado. Como fica essa ‘montagem, se o trabalho perde sua centralidade? Os supranumenirios Quaisquer que possam ser as “eausas”™, o abalo qu: afeta a sociedade no inicio dos anos 70 manifesta-se de fato, em primeiro ligar, através da transformagio da problematica do einprego. Os mimeros sio por demais conhecidos e ocupam hoje o primeito plano da atualidade: perco de 3,5 milhses de Durand, Lapresfordisme, 1993. Nessa perspectva, 3 “crise” atval resulta da perda cc flego lel fordista, conjugada com uma perda ds ganhhosde produtvidade, fom um esgoramento da norma de consumo e do des AS METAMOREOSES NA QUESTAO SOCIAL desempregados, ou seja, mais de 12% da populagio ativa"’. ‘Mas o desemprego € apenas a manifestagio mais visivel de uma transformagio profunda da conjuntura do emprego. A precarizagéo do trabalho constituicthe uma outra caracteristi~ ca, menos espetacular porém ainda mais importante, sem dii- vida, O contrato de trabalho por tempo indeterminado esta ‘em via de perder sua hegemonia. Esta forma, que & a forma mais estivel de emprego, que atingiu 0 apogeu em 1975 € concemia, entio, acerca de 80% da populagao ativa, caiu hoje para menos de 6596. As “formas particulares de emprego” que se desenvolvem recobrem uma infinidade de situagées hetero- sgéneas, contratos de trabalho por tempo determinado (CDD = Contrat de travail & Durée Determinée), interinidade, traba- Iho de tempo parcial e diferentes formas de “empregos ajuda~ isto é mantidos pelos poderes piiblicos no quadro da Tura contra o desemprego". Em niimeros absolutes, os CDI sio ainda amplamente majoritérios. Mas, quando se contabi- lizam os fluxos de contratagdes, as proporgées se invertem. Mais de dois tergos das contratagSes anuais sio fet:s segundo ° Dara se ter a medida da degradacio dastwacSo: em 1970, hevia 300,000 pesto procuts de emprego inset no (ese desempreyo, cto de exclusto, ainge hoe Indmero dos quebuscamemprego quae sempreauentou depois disso. Dura ra do fiz da dada de 80, caracersacs por ua taxa deerescimento chega 246 em 1988 ¢ 1989, se dia eiagio de 850,000 empregos mas a 5 400.000 cf Données sociles, ans INSEE, ages partculares de empeego”e de thse 1980), Mos, em get sentido de que for parsicdares ao da condigio de prego", 20 contritio, sio posteriores & gener iimente do desen= Esslaiado e,ustamente, contempordness do de sta

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