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© AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL Pento AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) — PRESCRIGKO € DECAD! uta g eo AOD aeere Larrea atos Juridicos — 1* * tens especificos do edital que seréo abordados nesta aula > Dos Fatos Juridicos. Prescrig&o e Decadéncia. Legislacdo a ser consultada -» Cédigo Civil: arts. 189 até 211. Sumario Introdugao 02 Classificacdo Geral dos Fatos . .07 Prescrigéo e Decadéncia como Fato Juridico . 10 Prescrigao ea. Disposicées Gerais Causas Impeditivas e Suspensivas. Causas Interruptivas Prazos Prescricionais Agoes Imprescritiveis Decadéncia Espécies de Decadéncia Prazos Decadenciais . Quadro Comparativo: Prescricéo e Decadéncia RESUMO ESQUEMATICO DA AULA .. Bibliografia Basica . EXERCICIOS COMENTADOS... AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: cla INTRODUGAO Uma RELACAO JURIDICA é formada por trés elementos: >» Elemento Subjetivo: so as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e suas relagdes. O sujeito ativo € 0 titular do direito oriundo da relacéo. O sujeito passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da obrigago assumida pela relacéo e que deve respeitar 0 direito do sujeito ativo. >» Elemento Objetivo: 6 © objeto do direito; 0 bem juridico pretendido pelo sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestac&o (a obrigacdo de dar, fazer ou nao fazer) € objeto mediato (0 bem em si: mével ou imével, divisivel ou indivisivel, fungivel ou infungivel, etc.). > Elemento Imaterial: é 0 vinculo que se estabelece entre os sujeitos e os bens. Este é 0 FATO JURIDICO. E 0 fato propulsor idéneo & produgao de consequéncias juridicas. Sera o ponto desta e da préxima aula. Vejamos. Toda relag&o juridica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode ser conservada, modificada ou transferida e se extingue. Ha sempre um fato que antecede o surgimento de um direito subjetivo. FATO, portanto, é uma ocorréncia, um evento, um acontecimento. O tema “Fatos, Atos e Negécios Juridicos” deve ser visto bem devagar. Por isso, 0 desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutéria. Costumo fazer isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teérica. Os alunos, de uma forma geral, no gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela 6 imprescindivel. Por isso vou tentar torné-la mais agradavel... Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificagdes, e, principalmente da prescrigéo e da decadéncia. Na realidade este seré o ponto central da aula. Depois, na préxima aula, passaremos para uma parte mais dinamica, onde veremos 0 Negécio Juridico e seus elementos constitutivos, além da ineficacia (nulidade e anulabilidade) do Negécio Juridico. Comecemos, entéo. Como dissemos, fato é um acontecimento. No entanto, os fatos podem ser clasificados. Hé fatos que néo interessam ao Direito. A doutrina os chama de “fatos comuns, meramente materiais ou ajuridicos”. So os acontecimentos naturais ou as condutas humanas, cuja ocorréncia ndo traz o potencial de repercutir na ordem juridica. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, esté praticando um fato comum, que néo sofre a incidéncia do direito. Porém, se essa pessoa que esté passeando comprar um saco de pipocas, alugar uma bicicleta ou pisar sobre 0 gramado, causando danos a vegetacéo ou mesmo alimentar os animais em um zoolégico (condutas consideradas como proibidas), AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: tais fatos passardo a interessar ao direito, causado repercussées. Portanto, para que um acontecimento seja considerado como fato juridico € necessério que esse acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no ambito do Direito, Seja este reflexo licito ou ilicito. Observem a seguinte classificacao: FATO: qualquer ocorréncia ou acontecimento. @ Fato Comum: agéio humana ou fato da natureza que ndo interessa ao Direito (por isso, ndo sera objeto do nosso estudo). @ Fato Juridico (em sentido amplo - /ato sensu): Fato + Direito. E o fato qualificado pelo Direito. Ou seja, é 0 acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui efeitos e relevncia juridica. Ex.: um contrato de locagéo 6 um fato juridico (na verdade ele é mais do que isso; é um negécio juridico), pois tanto o locador, como o locatdrio assumem compromissos e ficam vinculados_um ao outro. Deste vinculo surgem efeitos, ou seja, reflexos no campo do Direito (direitos e deveres para ambas as partes). Vamos agora conceituar os fatos juridicos: Acontecimentos previstos em norma de direito, em razdo dos quais nascem, se modifica, subsistem e se extinguem as relacdes juridicas. S para efeito de memorizacao dos elementos do fato juridico, costumo usar a expresso A.R.M.E, (Aquisicio, Resguardo, Modificagéo e Extingo) de Direitos. Vejamos: AQUISICAO DE DIREITO > E a conjung&o (uniéo) dos direitos com seu titular. Ocorre a aquisicio de um direito com a incorporagéo do patriménio a personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e no perdido) ou quando eu compro um automével de um amigo, eu me torno proprietario destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser adquiridos de forma: a) Origindria: 0 direito nasce no momento em que o titular se apossa ou se apropria de um bem de maneira direta, sem a participagio de outra pessoa; nao ha qualquer relacdo com o titular anterior ou mesmo que tivesse, ndo hd _uma transmiss&o pelo seu titular. Ex.: pescar um peixe em alto-mar, achar uma coisa abandonada, usucapir um terreno, etc. b) Derivada: ocorre quando ha uma transferéncia ou transmissdo do direito de propriedade (sucessdo), existindo uma relacéo juridica entre o titular anterior (sucedido) e 0 atual (sucessor). Ex.: quando eu vendo um carro ou uma casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, dai ser considerada como derivada; outro exemplo é a aquisic¢&o de direitos pelos cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: herdeiros. Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades ¢ defeitos do titulo anterior. A aquisic&o ainda pode ser classificada em: c) Gratuita: quando néo ha uma contraprestagéo na aquisigéo; sé 0 adquirente aufere vantagem. Ex.: uma pessoa adquire um bem por uma doagéo; neste caso nao ha uma contraprestacao nesta doacao; 0 mesmo pode ocorrer quando se recebe uma heranca. d) Onerosa: quando hé uma contraprestag&o na aquisicéo; ha beneficios reciprocos. Ex.: pessoa adquire 0 bem por meio de uma compra e venda -> se por um lado recebeu 0 bem, por outro lado pagou por este bem, havendo, portanto uma contraprestagéo na aquisicgé0; 0 mesmo ocorre na troca ou na locagao. RESGUARDO DE DIREITOS (protes&o, conservacdo ou defesa) - Sdo atos praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, 0 titular de um direito deve praticar atos conservatérios preventivos (garantindo seu direito contra eventual e futura violagéo) gu repressivos (so os que visam restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que n&o pode haver direito subjetivo sem a correspondente protecéio. Exemplo: Direito de Reteng&o. Uma pessoa possui_uma casa (o bem nao é dela, mas ela esté na posse de boa-fé, ou seja, acredita que a casa seja sua). Esta pessoa realiza benfeitorias necessérias (conserto dos alicerces ou do telhado) ou uteis (construgo de garagem). Posteriormente o real proprietério move uma ago contra 0 possuidor de boa-fé e ganha a acao. O possuidor deve ir embora, sair da casa e devolvé-la. No entanto, como realizou benfeitorias, deve ser indenizado por elas. Se a outra parte ndo indenizar, o possuidor pode reter o bem (a casa) até que seja indenizada pelas benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros exemplos: arresto (que € a apreensdo judicial de coisa litigiosa ou de bens para a seguranca da divida); sequestro (que é 0 depésito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito); protesto, etc. A defesa pode ser: a) Extrajudicial: so hipéteses de defesa de direitos sem ser necessario ingressar em juizo. Exemplo: quando se estabelece uma cléusula penal (multa) em um contrato 0 que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de arras) que é um adiantamento da quantia que seré paga também para garantir © cumprimento da obrigag&o; a fianca, que serve para garantir 0 pagamento da divida (se 0 devedor principal néo pagar a divida, 0 credor poderd acionar o fiador), etc. b) Judicial: so as agées judiciais para protegdo de direitos, Recorre-se a autoridade judicial competente para restabelecer um direito jé violado ou para cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: proteger um direito ameaado. Lembrando que para a propositura de uma acdo judicial € necessério ter um interesse legitimo (econémico ou moral). Ex.: Mandado de Seguranga (que visa proteger um direito liquido e certo); Interdito Proibitério (que é uma ago possesséria, que visa proteger uma pessoa de eventuais ameagas a sua posse), etc. @ Lembrem-se do brocardo: “A todo Direito corresponde uma Ag&o que © assegura”. Se houver ameaca ou violaggo a um direito subjetivo, este seré protegido por meio de uma acéio judicial (art. 5°, XXXV, CF/88 “a lei ndo excluiré da apreciagio do Poder Judicidrio lesio ou ameaca de direito”). Imaginem o seguinte exemplo: sabemos que “todo cidadao tem o direito de ir, vir @ permanecer”. Esse é um Direito que temos; dizemos que este é um direito material. Agora... e se uma autoridade policial diz que vocé esté preso em flagrante, sem ter um motivo plausivel para esta priséo? E o famoso “teje preso". O que vocé faria?? Com certeza vocé entraria com um Habeas Corpus!!! Ora, 0 Habeas Corpus & uma Acdo. Assim, nés temos um Direito (no caso 0 direito de locomoc&o, de ir, vir e permanecer)! Violado este Direito, surge a Acao (no caso o Habeas Corpus)! Prevé o art. 5°, LXVIII, CF/88: “conceder-se-a habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameagado de sofrer violéncia ou coacéo em sua liberdade de locomosao, por ilegalidade ou abuso de poder”. O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sitio. Paguei por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho direito de propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que eu posso fazer? Com certeza entrarei com uma agao... no caso Ag&o Reivindicatéria. Portanto, voltando e reforcando a ideia... “a todo direito corresponde uma aco”. Acdo é 0 meio que o titular do direito dispde para obter a atuacio do Poder Judicidrio, no sentido de solucionar litigios relativos a interesses juridicos (art, 3° do Cédigo de Processo Civil + “Para propor ou contestar uma acdo é necessério ter legitimo interesse econémico ou moral” - neste sentido a Stimula 409 do Supremo Tribunal Federal). Sabemos que no Brasil nés n&o podemos fazer “justica pelas préprias mos", sob pena até de cometermos um crime (exercicio arbitrério das préprias razbes - art. 345, Cédigo Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel eu ndo posso ir até sua casa, Ihe dar uns ‘tabefes’ e exigir 0 pagamento devido ou simplesmente colocé-la no ‘olho da rua’. No! O correto é ingressar com uma ago de despejo por falta de pagamento e requerer também o pagamento dos aluguéis atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou autotutela de um direito, como no caso da legitima defesa da posse (art. 1.210, §1°, CC), do penhor legal, etc. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: MODIFICAGAO DE DIREITOS (transformag&e) Os direitos podem sofrer modificagées relativas ao seu contetido (objeto) ou_a seus titulares (pessoas), sem que haja alterag&o em sua substancia. A modificac&o do direito pode: a) Objetiva: diz respeito ao contetido ou objeto da relacdo juridica. Pode ser qualitativa, quando um direito se converte em outra espécie (0 credor de uma saca de feijo aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa esté devendo uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substitui¢éo) ou uantitativa, quando diz respeito ao volume do objeto. b) Subjetiva: substituigéo da titularidade do direito, ou seja, de uma das pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigag&o, podendo ser inter vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento - morrendo o titular de um direito este se transmite as sas sucessores. Outros exemplos: desapropriacdo, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a transmisséio dos direitos seria um quinto elemento do Fato Juridico. Obs.: hé direitos que no comportam modificago no sujeito por serem personalissimos (também chamados de intuitu personae). EXTINGAO DE DIREITOS - quando sobrevém uma causa que elimina os seus elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, 0 direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extingdo puder ser atribuida a alguém, este serd o responsavel pelos prejuizos, devendo ressarci- los. Vejamos os principais exemplos de extincéio dos direitos (entre outros): + Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e é levado pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: campo de plantagdo invadido pelo mar). + Renuincia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja; ele abre mao de um direito que teria (ex.: renuncia a heranca). + Abandono (ou derrelicéo): intengo do titular de se desfazer da coisa n&o querendo ser mais seu dono (ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo). + Alienag&o: que € 0 ato de transferir o objeto de um patriménio a outro, de forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doagio). + Falecimento do titular, sendo direito personalissimo, e por isso, intransferivel. + Confusdo: numa s6 pessoa se retinem as qualidades de credor e devedor. * Prescrigéo ou Decadéncia: seré o tema desta aula de forma pormenorizada. Com isso encerramos esta parte introdutéria sobre os elementos do fato juridico. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL rt AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO € DECADE Vejamos agora a CLASSIFICACAO GERAL DOS FATOS JURIDICOS. O quadro abaixo nos dara uma viséo geral sobre o tema, sendo de extrema importancia. A) FATO COMUM -> Acontecimento sem repercuss&o no Direito. B) FATO JURIDICO -» Fato + Direito. Acontecimento natural ou humano ao qual 0 Direito atribui efeitos (A.R.M.E.). I. FATO JURIDICO NATURAL (Fato Juridico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) ->€ 0 acontecimento natural do qual decorrem efeitos; n&oha manifestacao da vontade humana. Divide-se: 1. Ordinarios: s80 os que normalmente acontecem (previsiveis), produzindo efeitos juridicos relevantes: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvido (art. 1.250, CC), avulsdo (art. 1.251, CC), decurso de tempo (como a prescrigéio, a decadéncia, a usucapidio), etc. 2. Extraordindrios: s& os que ocorrem de forma inesperada (imprevisiveis). Exemplos classicos: “caso fortuito” ou “forga maior”. Tém importancia ao direito por excluirem, como regra, a responsabilidade: destruiggo de bens méveis e iméveis em virtude de uma tempestade, desabamento de prédios em virtude de um terremoto, incéndio de uma fabrica em raz&o de um raio, naufragio de um navio em virtude de um maremoto, tsunami, etc. II. FATO JURIDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) +€ o acontecimento que conta com a participagéio humana. Abrange tanto os atos licitos como os ilicitos. Veremos este tema na préxima aula, de forma mais detalhada. Por enquanto, é importante que se saiba: 1) ATO LICITO também chamado de ato juridico em sentido amplo (/ato sensu) ou ato juridico voluntario, previsto no art. 185, CC) -> praticado em conformidade com a ordem juridica: a) Ato Juridico em Sentido Estrito (stricto sensu): hé a participagéo humana, voluntaria, consciente e licita. No entanto, os efeitos séo impostos pela lei e nao pelas partes interessadas, nao havendo regulamentacgo da autonomia privada. Nao existe liberdade de escolha nos efeitos juridicos produzidos, pois estes séo automaticamente conferidos pela lei. Também é chamado de “ato n&o-negocial”. Ex.: reconhecimento de filho, fixagéo de domicilio, abandono, ocupagao, AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: percepcéo de frutos de uma arvore, atos de comunicagéo processual, como a notificacao, etc. b) Negécio Juridico: hé a participagao humana e os efeitos desta participagao so ditados pela prépria manifestagao de vontade; os efeitos s&o desejados pelas partes (ex.: contratos, testamentos, etc.). Ha, portanto, autonomia privada; autorregulacéo de interesses particulares, em maior ou menor grau. 2) ATO ILICITO ou Involuntério: € 0 praticado em desacordo com a ordem juridica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a conduta é voluntaria e consciente, havendo a transgressdo a um dever juridico. Entretanto, os efeitos da prética deste ato séo involuntarios, impostos pela lei. A consequéncia da pratica do ato ilicito é o surgimento do dever de reparar o dano causado. Ao invés de criarem um direito, criam deveres e obrigacdes. Pode atuar nas seguintes areas do Direito: a) Penal: violag&o de um dever tipificado como crime, pressupondo um prejuizo causado & sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem social (norma de ordem publica); a sang&o é pessoal, ou seja, é ‘a pessoa do infrator imputavel que ira responder pela conduta (nao se transmite a responsabilidade a terceiros). b) Administrative: violagéio de um dever que se tem para com a administragdo; a sangdo também é pessoal. ¢) Civil: violagéo de um dever contratual ou legal, pressupondo um dano a terceiro; a sangao é patrimonial, ou seja, atinge o patriménio do lesante (como regra). Dcostuma-se dizer que enquanto o ato licito é fonte de direito, o ato ilicito é fonte de responsabilidade (obrigagées). * Observacies 1) Parte da doutrina considera que o ato ilicito enquadra-se na nocéo de ato juridico. Dai alguns editais de concurso estabelecem: “Ato Juridico: ato licito ¢ ilicito”, Porém a doutrina majoritaria discorda, Para ela, se ato juridico é toda aco humana licita, 0 ato ilicito seria reservado para uma categoria prépria, nao podendo ser enquadrado como ato juridico. Podemos concluir: 0 ato ilicito é um fato juridico (humano), porém n&o é um ato juridico. 2) Parte da doutrina também se refere ao “ato-fato juridico”. O atual Cédigo Civil ndo trouxe norma especifica quanto a isso, por isso tudo fica no plano doutrinério. O ato-fato juridico seria uma categoria _intermediéria entre o ato da natureza e o fato do homem. Ocorre nas situagdes em que a lei encara a agéo humana como um fato, sem levar em consideracéo a vontade, a cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO E DECADENCIA © inteng&o ou a consciéncia do agente. Os exemplos classicos disso sio o de uma crianga de 10 anos que compra um doce em uma padaria ou de um louco que pinta um quadro que se torna uma obra de arte. Em ambos os casos nao ha uma vontade direcionada celebracio de um contrato de consumo. Feitas essas observacées vamos analisar o itens do quadro acima. O primeiro deles 6 0 Fato Juridico Natural. A doutrina também o chama de fato juridico em sentido estrito ou fato juridico stricto sensu. Séo expresses sinénimas, mas que costumam cair e confundem... @Fato Natural é © acontecimento natural (independe da vontade humana) do qual decorrem efeitos juridicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. Como vimos, podem ser clasificados em: 1. Ordindrios —$S& aqueles que normalmente ocorrem; so previsiveis. Pergunto: 0 que hd de mais certo em nossa vida? - A morte! Ela ocorreré independente de nossa vontade! E traré uma série de consequéncias juridicas. Se por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, por outro lado cria inumeros direitos e obrigagdes para os sucessores do falecido. Portanto a morte é 0 exemplo classico de fato natural. Légico que estou falando da morte por causas naturais (costumo brincar: “a morte morrida”). Pois um homicidio (brincando ainda: “a morte matada”) é crime, e, portanto, ato ilicito. Qutros exemplos de fato juridico natural ordinario: o nascimento (inicio da personalidade), a maioridade (cessacdo da incapacidade), o decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapiae (matéria que pertence ao Direito das Coisas), além da prescrig&o e da decadéncia, etc. Estes ultimos temas séo importantissimos e serao analisados de forma auténoma, ainda nesta aula. 2. Extraordindrios — S80 causas ligadas ao caso fortuito ou _a forga maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da auséncia de culpa pelo ocorrido, Ndo hé uma unanimidade dos autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito seria um evento da natureza, imprevisivel ¢ inevitavel (ex.: uma tempestade, um terremoto, um tsunami, etc.). J forga maior é 0 que decorre de uma atuaco humana imprevisivel e inevitavel interferindo no ato (ex.: uma greve). Para outros 0 conceito é exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex.: explosdo de uma caldeira em uma usina) e na forga maior conhece-se a causa, que é fato da natureza (ex.: raio que provoca um incéndio). Outros autores tratam ambos os termos como sinénimos. Silvio Venosa assim leciona: “caso fortuito e forga maior séo situagdes invenciveis, que refogem as forgas humanas, ou as forcas do devedor, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigacdo”. Geralmente AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL costuma cair nas provas (especialmente em Direito Civil) as expressdes “caso fortuito” ou “forca maior” e ndo a situag&o propriamente dita. E quando cai a situag&o (ex.: um terremoto), basta o aluno saber classificd-la 0 fato como “fato juridico natural (ou fato juridico em sentido estrito - stricto sensu) extraordinario”. As obrigacdes juridicas néo séo eternas. Se eu empresto determinada quantia em dinheiro a uma pessoa eu no posso ficar cobrando esta divida a vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir 0 cumprimento da obrigacao; se nao cobrar dentro deste prazo nao poderei mais fazé-lo. Assim, para que haja uma tranquilidade na ordem juridica, fundada na necessidade de estabilidade social, da certeza do direito e de que as relagdes juridicas nao se prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da presctigfo e da decadéncia. No entanto, como veremos mais adiante, alguns direitos séo imprescritiveis (ex.: direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, alimentos, etc.). Assim, 0 decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz com que a situacéo de afronta ao direito prevaleca sobre o préprio direito. Ex.: © credor de uma divida em dinheiro, que nao recebeu o que Ihe é devido, tem o direito de ajuizar uma agao para cobrar esta divida. Mas se ele deixa de ajuizar a aco cabivel, apés certo tempo, perde o direito de fazé-lo, consolidando-se uma situago contrdria a seus interesses, mas que ocorreu por sua propria culpa; por sua desidia. Hé um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus non succurrit jus (0 direito n&o socorre aos que dormem). © fundamento primordial dessa protec&o a situagdes consolidadas no tempo (ainda que contrarias ao direito de alguém) é a paz social. Assim, impede-se que esta paz seja perturbada, a qualquer tempo, por quem se sinta lesado em algum direito. Ora, se 0 préprio interessado nao cuidou de defender seus direitos no tempo estabelecido em lei, vamos interpretar esta conduta como uma “renuincia ao direito", pois ele aceitou de forma inerte a afronta que Ihe foi feita. Ndo se trata de achar este instituto justo ou injusto. Nao é esta a preocupacao da lei. O que se busca é uma questo de seguranca juridica, de tranquilidade e paz social. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse vé-los na contingéncia de serem contestados por fatos ocorridos hé muito tempo. @& Elementos comuns da prescriggo e decadéncia. Os dois institutos séo causas extintivas decorrentes do nao exercicio de um direito em determinado cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL prazo. Requisitos: inércia do titular do direito @ decurso de tempo para o exercicio desse direito. “ atencdo @* Embora o Direito Civil trace as regras gerais sobre prescrigéo e decadéncia, este tema é comum a todas as materias do Direito. O Direito Penal, Administrativo, Tributario, Comercial, Trabalhista... todas elas tratam do assunto. Légico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o enfoque apenas sob a ética do Direito Civil. Se cair uma questéo sobre esse tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito esté sendo abordado. Reforco: 0 que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora muita coisa possa ser aproveitada por outras matérias). § Curiosidade @ (ja vi isso cair isto em alguns concursos recentes...) © Cédigo Civil anterior no mencionava a expresséo decadéncia. Para ele tudo era prescrig&o. Ele possuia um artigo que dizia: “Prescreve... " e elencava uma série de situagdes. Era a doutrina que analisando item por item daquela relagao dizia 0 que era prescrigéo e 0 que era decadéncia. Mas mesmo assim, nao havia um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunga... Hoje a matéria esta bem facil. O Cédigo diz exatamente o que é prescrico e o que é decadéncia. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situagées e os prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de concurso” que facilitam a diferenciac&o. Vou mencioné-los mais adiante. Direito Subjetivo é a faculdade que 0 ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura da relagéo poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever da outra. A infragéo deste dever resulta (nas relagées juridicas patrimoniais) um dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve (ou deveria) ser protegido por uma agdo. No momento em que este direito € violado surge 0 poder de se exigir do devedor uma aco ou omisséo, que permite a composigio do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir de pretensio. Pretensdio é a expresso utilizada para caracterizar o poder de exigir de outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever juridico. A pretenséo é deduzida em juizo por meio de uma ago. Violado um direito nasce para o seu titular a pretenso. A partir dai surge a possibilidade de se fazer valer em juizo este direito violado e também se inicia a contagem do prazo prescricional. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: Portanto, prazo prescricional se inicia no momento em que o direito é violado... € morre no Ultimo dia do prazo prescricional. Havendo violagdo ao direito e o titular deste permanecer inerte, a consequéncia serd a perda da pretensao. © pireETO AO PONTO WW Prescricdo é a perda da pretens&o do titular de um direito subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo determinado previsto em lei. Trata-se de uma sanc&o aplicada a pessoa que foi negligente, pois néo fez valer seu direito no prazo adequado, operando-se tanto em relagdo as pessoas naturais (fisicas), como em relagdo as juridicas. Portanto, a prescrig&o tem por objeto direitos subjetivos patrimoniais. e disponiveis (como exemplo as obrigacées), n&o abrangendo os direitos de personalidade, os relacionados ao estado da pessoa e os direitos de familia (que s&o imprescritiveis, conforme veremos adiante). + A quem a prescrigéo favorece? Ao devedor que no pagou seu débito e no foi acionado em tempo oportuno para fazé-lo! + A quem a prescrigéo prejudica? Ao credor que ao ter o direito violado, pois 0 devedor ndo pagou a divida, ficou inerte e nao o acionou judicialmente dentro do prazo fixado em lei! *Requisitos da PrescricSo: a) violagéo de um direito e nascimento da pretensdo (possibilidade de se ingressar com uma acdo); b) inércia do titular do direito violado; c) continuidade desta inércia durante prazo fixado em lei (decurso de tempo); d) inexisténcia de impedimentos ou causas suspensivas ou interruptivas do prazo. Embora esta expresséio seja bem técnica, precisamos mencioné-la, pois muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto é, néo pode correr a prescrig&o enquanto néo nascer a acéio possivel de ser ajuizada pela violac&o do direito. “Vamos agora dar um exemplo completo Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma pessoa, estabelecendo prazo de 06 (seis) meses para que a importancia seja devolvida. A partir do momento em que eu empresto o dinheiro, surge o direito ao crédito. Se o devedor pagar a divida dentro do prazo estabelecido a obrigagdo se extingue pelo seu cumprimento. Mas se ele assim no o fizer, haverd a violacéo ao direito de crédito. Neste momento “nasce” a pretensdo (actio nata), que é a possibilidade de se exigir judicialmente o direito que foi violado. A partir dai eu jé posso ingressar com uma agao pleiteando meu direito. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: Mas nada é eterno... eu tenho um prazo estabelecido na lei para fazer valer meu direito. E no momento em que eu posso ingressar com a ado, surge, também, um prazo para que faga isso. Devo, entéio, exercer 0 direito dentro do prazo, pois nesse momento também se inicia a contagem do prazo prescricional. Se eu entrar com a acéo dentro do prazo, eu exerci meu direito. Mas... e se eu nao ingressar com a aco dentro do prazo? - Ora, 0 meu direito (pretenséio) prescreveu... Eu ndo posso mais entrar com a aco. Na realidade eu até “posso” entrar com a aco... mas esta aco esta fadada ao fracasso, pois basta que a outra parte alegue (e mesmo que nao alegue o juiz podera reconhecer de oficio) que a ac&o seré extinta! E eu ainda deverei suportar todos os encargos processuais da ag&o (custas processuais, honorérios advocaticios de ambas as partes, etc.). Portanto o melhor é no entrar com a demanda. Com a prescrig&o eu perdi o instrumento juridico para fazer valer meu direito. Agora eu pergunto... e se o devedor pagar espontaneamente a divida que estava prescrita? O pagamento valeu? E 0 devedor, percebendo que a divida estava prescrita, pode se arrepender do pagamento que fez e pedir a devolugdo do dinheiro? Resposta: de fato, a divida estava prescrita, mas a pessoa que pagou no pode mais pedir de volta o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a divida prescrita, este pagamento valeu! E por qué? -Porque o direito material (que é 0 meu direito ao crédito, que nasceu no dia em que eu fiz 0 empréstimo) ainda existia. Ele nao foi extinto pela prescrig&o. A pessoa ainda estava me devendo. A prescrigéo atingiu apenas a pretensdo; com a prescrigio eu perdi o instrumento judicial para cobrar a divida (ou seja, o direito de ag&o). E ndo o direito ao crédito. Com a prescrigéo perde-se apenas o direito a pretenséo (no havendo mais a agéio para exercer 0 direito em juizo). Mas o direito em si (0 direito ao crédito) ainda se mantém intacto (embora sem protecdo juridica). Portanto a pessoa pagou algo que existia, valendo este pagamento, mesmo que a aco esteja prescrita, no se podendo pedir a devolugao da quantia paga. Alids, divida prescrita é um excelente exemplo de obrigacéo natural, isto 6, de uma obrigacdo sem proteg&o judicial, pois ndo pode ser exigida pelo credor e o devedor sé paga se quiser; mas, pagando, no pode pedir a restituig& do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prevé: “Nao se pode repetir 0 que se pagou para solver divida prescrita ou cumprir obrigagdo judicialmente inexigivel” (lembrando que repetir, em sentido juridico, significa pedir de volta). ® vamos recordar. A prescrig&io ndo serve para proteger o lesante. Trata-se de uma punig&o ao préprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse social de pacificagio das demandas. Ela extingue a pretensio. Extinta a pretensio perde-se 0 direito de ajuizar a ac&o, ou seja, perde-se o direito de resolver a pendéncia judicialmente. Todavia, 0 direito em si (0 direito material, 0 direito cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: propriamente dito) permanece incdlume, sé que sem_proteséo juridica para solucioné-lo. DISPOSICOES GERAIS SOBRE A PRESCRICAO Vejamos cada item do Cédigo Civil de forma pormenorizada: Exceg&o (art. 190, CC) Determina 0 Cédigo Civil: “A excegéio prescreve no mesmo prazo em que a pretensdo” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a esta frase, em especial aqueles que nao tém formac&o juridica. A express&o “excegdo" possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral_ significa aquilo que foge a regra; que nao se inclui em determinada situacéo; dé uma ideia de ressalva, de reserva, de exclusdo. No entanto, na técnica juridica 0 vocabulo significa outra coisa: indica uma forma de defesa realizada por uma das partes (em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do adversério. Substitua no texto legal a expresséio excecio por defesa... veja como ficou mais facil! © autor de uma acéo deduz uma pretensdo (exigindo do réu o cumprimento de um dever juridico). E 0 réu pode se defender por meio de uma excecdo. Muitas vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar categoricamente 0 fato alegado pelo autor, alega um outro fato ou direito com 0 objetivo de elidir ou paralisar a ago proposta. Exemplos: 0 autor ingressa com uma aco (deduzindo uma pretensdo: cobrando uma divida) e 0 réu alega como defesa que jé foi processado, sendo que a acao foi julgada improcedente por aquele mesmo fato (neste caso falamos em excegéio de coisa julgada); ou alega que jé hé uma ac&o pendente sobre o mesmo assunto (excecio de litispendéncia); ou que aquele juizo é incompetente para apreciar este tipo de questionamentos (excec&io de incompeténcia); ou que ele nao é parte legitima no processo (excecdo de ilegitimidade processual); etc. Outro exemplo: “A" possui um crédito contra “B”, mas este se encontra prescrito, Portanto “A” n&o pode exigir de “B” o pagamento da divida. Ocorre que “B” ingressou contra “A” uma ag&o cobrando este por outra divida. Pergunta-se: “A” pode se defender alegando a compensagao desta divida com a outra da qual é credor, mas se encontra prescrita? Resposta: Nao! Ora, se esté prescrita a pretensdo (0 crédito de “A” contra “B"), prescrita também estd a defesa (excecéio), que no caso se daria com a compensag&o. Assim, se o direito nao pode ser alegado como modalidade de ataque (pretensdo), também nao poderé ser invocado como meio de defesa (excecio: no caso a compensacio). & Resumindo: 0 que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a manifestag&o do contradireito (que é a excegdo ou a defesa) é exatamente o mesmo que a lei estipula para que o titular da aco exerca sua pretenséio. Por cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO E DECADENCIA © isso costuma-se dizer que “a exceg&o (defesa) nasce com o exercicio da pretenséo”. Renuncia (art. 191, CC) Rentincia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da manifestagdo de vontade da outra parte. Uma divida esta prescrita. 0 credor n&o tem mais como cobrar a divida judicialmente. Mesmo assim o devedor pode renunciar a esta prescrigéo. Dispde a lei que esta renuincia pode ser expressa ou tacita, € sé valerd, sendo feita sem prejuizo de terceiro, depois que a prescriggo se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas consequéncias juridicas. Vamos por partes. Inicialmente nosso Cédigo n&o admite a rentincia prévia ou antecipada. Ou seja, 0 devedor néo pode renunciar & prescrigéo antes dela ocorrer, até porque, n&o se pode renunciar algo que ainda n&o temos ou que ainda nao existe. Ex.: Digamos que eu seja um credor. 0 devedor no pagou 0 que deve. Eu tenho um prazo para entrar com a ag&o, Mas eu nao entrei com a acéio no prazo legal. Portanto ocorreu a prescricéo. Mas, mesmo prescrita a divida, 0 devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a divida apés 0 prazo prescricional) estaré renunciando a prescrigdo. Portanto a rentincia é um ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar & prescric&o apés a consumacao desta. Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, 0 devedor n&o pode renunciar ela. Isto para ndo destruir a sua eficacia pratica. Se assim nao fosse o credor poderia inserir uma cléusula abusiva em um contrato. Ex.: 0 credor insere no contrato uma cldusula em que o devedor renuncia (isto é desiste do direito de alegar) de forma antecipada, eventual e futura prescrigéo. A lei proibe esta conduta. Caso contrario qualquer credor poderia colocar uma cléusula no contrato de que o seu direito permaneceria valido e eficaz até 0 momento que ele, credor, desejasse e eventualmente ingressasse com a acéo judicial. Ou seja, poderia propor a aco quando quisesse. Qutra coisa: néo pode haver rentincia & prescrigéo quando esta for em prejuizo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas dividas auténomas). Em relag&o a B a divida estd prescrita, Resta entéo A pagar C. No entanto A renuncia a prescrigéo em relacdo a B e paga sua divida em relacdo a ele. A seguir alega que no tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a divida estava prescrita. B ndo tinha mais como cobrar a divida. E A ao pagar B, renunciou a prescrigéo, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta no € permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C pode anular a renuncia e pedir a entrega do dinheiro para si. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: cla A rentincia pode ser classificada em: a) Expressa: 0 prescribente (pessoa a quem a prescrigdo aproveitaria; 0 devedor) abre m&o do direito de forma explicita. Ex.: devedor redige um documento por escrito abrindo mao da prescrig&o; como isso possibilita-se a0 credor acionar o devedor exigindo o crédito que estaria prescrito. b) Tacita: 0 interessado pratica determinado ato incompativel com a prescrig&io. O exemplo classico é 0 préprio pagamento da divida prescrita. Se eu pago uma divida que esta prescrita, eu estou renunciando tacitamente & prescric&o. Outro exemplo € 0 requerimento que o devedor faz de “parcelamento do débito”; com esta conduta ele demonstra que quer pagar a divida prescrita, embora em prestacées. @* Cuidado com as expressdes usadas pelos examinadores (todas erradas): “no pode haver renuncia a prescricéo”; “a rentincia sé pode ser expressa"; “sé pode ser tacita”; “pode ser expressa ou tacita e ocorrer antes de sua consumagao", etc. Alegac&o (art. 193, CC) A prescrigéo pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada com a sua declarac&o. Uma ac&o geralmente é interposta perante um Juiz singular (primeira inst&ncia), seguindo um tramite processual. A prescrig&io pode ser alegada em qualquer momento deste tramite: na contestacéio, na audiéncia de oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Apés a sentenga do Juiz, as partes podem recorrer da deciséo. O processo ent&o seré encaminhado para um Tribunal, que € 0 érg&o de segunda insténcia. Também no Tribunal a prescrig&o pode ser arguida. * Atenco @“ A doutrina aponta que nao é cabivel a alegagdo de prescrigéio na fase de liquidacéio em processo de execugio, nem em fase de liquidagio da sentenga. Ou seja, 0 proceso, propriamente dito jé acabou. Agora somente estamos executando o que ficou anteriormente decidido. Portanto n&o teria cabimento alegar a prescrico no momento de se executar o que jé foi exaustivamente debatido. Também se tem entendido que embora o art. 193 diga que a prescrigdo possa ser alegada “em qualquer grau de jurisdic", ela n&o poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de Justiga (STJ) e 0 Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais séo considerados como jnstdncias_especiais_e extraordindrias. Eles somente poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prévio debate da matéria em outras instancias (chamamos isso de pré-questionamento). auiaos plus walbicos cs mane) Pie AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL RICO € DECAD! EFEITOS ESSENCIAIS DA PRESCRIGAO Um contrato néo pode conter cldusula declarando que um direito é imprescritivel. Sé a lei pode fazé-lo e mesmo assim em circunstancias muito especiais, conforme veremos. Os prazos prescricionais nia podem ser alterados pelos particulares, ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, CC), seja para reduzi-los, aumenté-los ou mesmo suprimi-los, uma vez que se trata de matéria de ordem publica. Nao existe prazo prescricional convencional. Todos os prazos prescricionais so legais. E a lei_que determina em que prazo determinada pretensdo prescreve (veremos esses prazos mais adiante), impedindo que eles sejam alterados. Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessérios. Antes de consumada é irrenuncidvel: néo se pode renunciar a prescrig&o que ainda nao ocorreu. Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas juridicas tém direito a aco regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa prescrig&o, ou nao a alegarem oportunamente (art. 195, CC). Ex.: um rapaz com 16 anos que esté sob tutela, possui um crédito. Seu representante legal sabe disso e nao ingressa com a aco para cobrar a divida. Com o tempo ocorre a prescrigdo. Em relagao a divida nada mais pode ser feito. Ela esta prescrita. Mas posteriormente o rapaz podera acionar 0 seu tutor em razo de sua n&o-alegacao do direito. Trata-se de mais uma forma de se proteger e preservar 0 patriménio de incapazes ou das empresas. Entende a doutrina que a responsabilidade é subjetiva (é necesséria a prova do dolo ou da negligéncia do agente). Suspensa a prescrigio em favor de um credor solidério, somente se suspenderé a prescrigfo em favor dos demais se a obrigacdo for indivisivel. Ex.: Anténio se comprometeu a entregar um cavalo de raga para Bernardo e Carlos de forma solidaria. Assim, eles séo credores solidarios de um bem indivisivel (0 cavalo). Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso em relag&o a Bernardo, este prazo, por forga de lei (art. 201, CC), também ficaré suspenso em relaco a Carlos, pois a obrigaggo além de solidaria € indivisivel. No entanto, se a obrigag&o for divisivel (dinheiro) a prescrig&o0 somente ficaré suspensa em relag&o a Bernardo, correndo normalmente em relacéo ao outro credor. Falarei um pouco mais sobre este assunto mais adianate. “Cuidado @* Todos os efeitos citados acima tem uma grande incidéncia em concursos ptblicos!!! cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: cla Pessoas a quem aproveita A prescrig&o pode ser alegada e aproveita tanto as pessoas fisicas como as juridicas. A prescrigo iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor (art. 196, CC), a titulo universal (heranga) ou singular (legado). Ex.: Anténio tem um direito de ag&o em face de Bernardo. Digamos que o prazo prescricional € de dez anos. Passados sete anos Anténio nao ingressou com a ago e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Anténio, dispord apenas do prazo faltante para exercer a pretensdo (ou seja, trés anos). O prazo néo parou em raz&o da morte de Anténio. Ou seja, a morte ndo interrompe e nem suspende o prazo prescricional, que continua a fluir normalmente contra os sucessores. No entanto... (como n&o podia deixar de ser...) hd uma excecéio a essa regra: na hipétese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a prescrig&o no corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). Aproveitando © exemplo acima: Anténio faleceu e Carlos, seu Unico filho, tem 12 anos de idade. Neste caso a morte de Anténio faré com que o prazo prescricional fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciaré quando Carlos completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz). Finalmente em relagéo a este tépico: prescrevendo o direito principal, prescrevem também os acessérios. Exemplo: se a divida principal prescreveu, com ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicacéo da regra, que aqui também se aplica, de que “os acessdrios acompanham o principal"). Declaragio de Oficio (ex officio) @“Indagaco Importante: um Juiz, no curso de uma ac&o judicial, pode reconhecer a prescricéio, mesmo que a outra parte néo tenha alegado, ou seja, mesmo que nao tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos que uma eventual pretensdo jé esteja prescrita. Eu tenho ciéncia deste fato, mas, assumindo 0 risco, ingresso com a ac&o judicial mesmo assim... A outra parte nfo alega a prescrigto (dizemos na giria que ela “engoliu barriga” ou “comeu bola"). © Juiz percebe que ocorreu a prescrig&o. Pergunto: pode o Juiz reconhecer a prescriggo sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso de declaragao ex officio)? A lei era taxativa no sentido de que o Juiz nao podia suprir de oficio a alegac&o de prescric&o, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de fevereiro de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o §5° do art. 219, CPC. Ou seja, atualmente o Juiz “deve” reconhecer a prescricio de uma ago, independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer situac&o (e ndo somente para favorecer absolutamente incapaz, como anteriormente). AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL Estabelece atualmente o art. 219, §5°, CPC: “O juiz pronunciard, de oficio, a prescrig&o”. 0 objetivo deste dispositivo foi tornar o processo mais dinamico. SD observem que colocamos 0 verbo deve entre aspas, pois hd quem defenda que apesar do imperative “pronunciara”, trata-se apenas uma faculdade do Juiz reconhecer a presctico de oficio e néo de uma obrigagio, uma vez que o préprio Cédigo Civil admite a rentincia da prescrig&o. Alguns autores acham que 6 recomendavel ao Juiz, antes de declarar a prescrigéo no curso no processo (civel, evidentemente), abrir vista as partes para que se manifestem em relacdo a eventual prescricao. Requisitos para se reconhecer a prescrig3o0 + pretenséio a ser exercida: a pretensio nasce com a violacio de um direito, + inércia do titular desta pretensao: nao exercicio do direito. + decurso de prazo: continuidade da inércia durante certo lapso de tempo fixado em lei. + auséncia de algum fato ou ato a que a lei confira eficdcia impeditiva, suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo adiante. Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrigdo Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretensdo. E a partir dai comega a correr o prazo prescricional para se ingressar com a acéio adequada. No entanto a lei prevé situagdes em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que ja surgida a pretens&o (so as causas impeditivas) ou que suspendem o curso da prescrig&o jé iniciada (causas suspensivas) ou fazem com que 0 prazo seja reiniciado (causas interruptivas). “A relacio das hipéteses impeditivas, suspensivas e interruptivas é taxativa. Ou seja, as causas estéo expressamente previstas na lei, néo se podendo fazer uma “interpretagdo extensiva’. Estas causas sé podem ser estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem publica). Vejamos cada uma das situacdes previstas no Cédigo Civil. A expressaio “ndo corre a prescri¢do" (prevista nos artigos 197, 198, 199 e 200, CC) indica uma causa impeditiva gu suspensiva do prazo prescricional. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL A diferenca entre impedimento e suspenséo é sutil. Ambas possuem 0 mesmo regime juridico. Porém se diferenciam: ™ Causas impeditivas so circunstancias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razéo do estado de uma pessoa individual ou familiar (atendendo a razdes de confianga, amizade, parentesco e de ordem moral). A contagem do prazo nao se inicia enquanto durar a impossibilidade juridica do impedimento. Ou seja, se 0 prazo ainda n&o comegou a fluir a causa ou obstaculo impede que ele comece. ™ Causas suspensivas so circunstancias que_—_paralisam temporariamente 0 prazo prescricional que jé estava em curso, sem prejuizo do tempo ja decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, 0 prazo prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e computando- se 0 prazo ja decorrido antes do fato. & Resumindo: nas causas impeditivas 0 prazo nem comegou a contar; nas causas suspensiva 0 prazo comecou a fluir, mas parou, voltando a contagem quando cessar o motivo da “parada”. Impedimento do Prazo Prescricional ANOS IMPEDIMENTO. 1° 2° 3° 4° 5° © prazo somente comega a fluir apds_a cessacao da circunstancia que impede que o curso prescricional se inicie. Suspensdio do Prazo Prescricional Ano Ano 1° 2° 3° | _prave 40 5° Fluxo de prazo|____ Cessada a prescricional de 05 anos, Suspenso suspensdo, 0 prazo ‘onde jé decorreram 03 anos. retoma seu fluxo pelo saldo (no caso s&o mais 02 anos). Nao corre a prescricdo: » Entre os cénjuges na constancia da sociedade conjugal (art. 197, I, CC). Observem que dependendo do momento em que a divida venceu pode ser hipétese de impedimento gu de suspensdo do prazo. Ex.: uma mulher empresta determinada quantia a seu namorado. Antes do vencimento da divida credora e devedor se casam (ndo importa saber qual o regime de AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL bens adotado pelo casal). O prazo prescricional sequer se inicia, pois no corre prescric&o na constancia do casamento. E hipdtese de impedimento. Se © marido nao pagar a divida e eles se separarem a mulher teria (ao menos em tese) o direito de cobrar a divida. No entanto se a divida venceu antes do casamento, o prazo prescricional jd se iniciou, comegou a correr... Apos isso, sem que haja o pagamento da divida, credora e devedor se casam. Neste momento 0 prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo prescricional voltara a fluir pelo tempo que ainda resta. Enunciado 296 da IV Jornada de Direito Civil_do STJ: “Nao corre prescriggo entre os companheiros, na constancia da uniao estével”. > Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197, II, CC). Ex.: vamos imaginar que haja um conflito de interesses entre um menor e seus pais. Seria um absurdo se exigir que o menor ingressasse com uma ago judicial contra seus ascendentes para preservar seus direitos, sob pena de prescric&o. Portanto, aguarda-se a extingéo do poder familiar (18 anos), quando entéo a pessoa, sentindo-se lesada, poderd acionar seus ascendentes. “‘Observacdo: hé uma polémica se a prescrig&o corre entre avés e netos, pois a lei foi genérica (“ascendentes e descendentes”). No ha duvidas de que avés e netos estéo numa relacio de parentesco em linha reta. O avd é ascendente do neto, e, consequentemente, o neto é descendente do avé. Ocorre que © dispositive legal também exige que haja uma relacdo de “poder familiar”. Como somente ha poder familiar entre pais e filhos (art. 1.630, CC) entende-se que entre avé e neto pode correr a prescrigéo. E mesmo que se tratasse de tratasse de pais e filhos, no haveria causa de impedimento ou suspensdo da fluéncia do prazo prescricional caso houvesse sido afastado o poder familiar (ex.: procedimento judicial de destituigo, maioridade, etc.). Neste sentido jé caiu uma questo elaborada pelo CESPE (Advogado SERPRO - 2013). > Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela (art. 197, III, CC). E a mesma justificativa em relagéo ao menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto a falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores). > Contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (art. 198, I, CC). E vamos imaginar que uma pessoa que é credora de outra, faleca. O de cujus (falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa crianga nem ao menos sabe de seus direitos e que tém créditos a receber. Por isso, para protegé-la, 0 CC determina que no corre prescrigéo contra ela, pois é absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja relativamente incapaz); somente a partir dai o fluxo do prazo prescricional teré inicio. No entanto a prescricéo pode correr “a favor” dos absolutamente AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL incapazes. Ex.: quando 0 incapaz é 0 devedor e o credor nao 0 aciona no tempo certo; neste caso opera-se a prescrigéo, pois ela foi favordvel ao incapaz. @ Resumindo O a) prescric&o contra absolutamente incapazes > no corre. b) prescric&o contra rela c) prescrigio a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) —» corre normalmente. amente incapazes —> corre normalmente. >» Contra os ausentes do Pais em servico puiblico da Unido, dos Estados, oudosMunicipios (art. 198, II, CC). >» Contra os que se acharem servindo nas Forgas Armadas, em tempo de guerra (art. 198, III, CC). > Pendendo condic&o suspensiva (art. 199, I, CC): acompanhem o desenvolvimento légico neste exemplo: eu Ihe darei um carro se vocé passar no concurso (condig&o suspensiva). Enquanto vocé n&o passar no concurso, isto é, enquanto a condic&o nao for realizada, vocé n&io adquire o direito. Se n&o houve a aquisicéo do direito, ainda nao ha uma ac&o para proteger o direito. E se no hd uma ag&o que se possa exercitar o prazo prescricional no se inicia. >» Nao estando vencido o prazo (art. 199, II, CC). Trata-se do mesmo principio do item anterior. Se o prazo de uma divida ainda nao venceu, ainda ndo se pode exigir 0 seu pagamento. E se ainda nao se pode exigi-lo o prazo prescricional também nao pode ter inicio. %» Pendendo ag&o de evicc&o (art. 199, III, CC), suspende-se também a prescrigéo em andamento. EvicgSo é a perda da propriedade para terceiro em virtude de ato juridico anterior e de sentenca judicial. Exemplo: hd um litigio para se saber quem € 0 proprietério de um imével. Enquanto nao resolvido este litigio definitivamente, o prazo prescricional n’o pode ter inicio. Mais uma vez trata-se do principio da actio nata (a prescrigéo nao corre enquanto nao nascer a agao possivel de ser ajuizada). %» Quando a agdo se originar de fato que deva ser apurado no juizo criminal n&o correré a prescrigéo antes da respectiva sentenca definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que A & acusado de matar B. A alega que ndo matou (negativa de autoria). Neste caso a deciso criminal ird influir no Direito Civil. Em reara hd independéncia entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em algumas situagées (ex.: a existéncia ou n&o do fato delituoso e a negativa de autoria), a decisao criminal faz coisa julgada no civel. Portanto, deve-se AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL re AULA 02 — FATOS JURIDICOS (12 Parte) — PRESCRICKO £ DECADENCIA aguardar 0 desfecho do processo criminal. Somente depois que a questao for resolvida no Juizo Criminal (decisdo final com transito em julgado), apontando a autoria e a materialidade do delito é que se inicia o prazo prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentenga criminal. Se A for condenado criminalmente, a partir desta condenacio inicia-se 0 prazo de prescrigéo para que os familiares de B ingressem com eventual aco de reparacéio de danos pela pratica do ato ilicito no Juizo Civel. Vejamos agora um exemplo pratico em relacio aos efeitos da suspenséo da prescrigSo: imaginem um direito qualquer, cujo prazo prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se trés anos e a pessoa no entrou com a aco judicial adequada. Apés esse periodo (trés anos), surge uma causa suspensiva da prescrigo. A partir deste momento o prazo fica paralisado, suspenso. Durante o periodo em que o prazo esteve parado, ele ndo é computado. Posteriormente a circunstancia que fez com que o prazo fosse suspenso, deixou de existir. © prazo volta a correr. O credor tem direito de ingressar com a ag&o de cobranca. Mas sé pelo prazo que resta. No exemplo dado sé restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos trés anos (prazo que jé havia ocorrido), é igual a dois anos (0 que ainda resta). Assim, é esse 0 prazo que resta para se ingressar com a agéio, antes do prazo fatal da prescrig&io. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. Bobservacgao Importante B Vamos reforcar e aprofundar um tema jé visto, mas que ¢ muito importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais dificil, utiliza o dispositive previsto no art. 201, CC: “Suspensa a prescrigéo em favor de um dos credores solidérios, s6 aproveitam os outros se a obrigac&o for indivisivel”. Se uma obrigacdo tiver credores soliddrios (ou seja, duas ou mais pessoas sio credoras de outra e qualquer desses credores pode exigir do devedor a prestac&o por inteiro), mas o objeto é divisivel (ex.: dinheiro) e ocorreu uma causa de suspensdo de prescrigdo para apenas um dos credores, a prescrig&o ficaré suspensa apenas em relagdo este credor (ou seja, em relag&o aos demais credores 0 prazo continua a correr normalmente). Exemplo: trés pessoas s&o credoras de uma quarta de uma importancia em dinheiro. Um dos credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso 0 prazo prescricional somente no corre (fica suspenso) contra o incapaz, correndo normalmente contra os demais, pois a obrigac&o de entregar dinheiro é divisivel. Por outro lado, se a obrigag&o solidaria for indivisivel, uma vez suspensa a prescrigéo em favor de um dos credores, tal suspensdo aproveitara (sera estendida) aos demais credores. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13 anos (absolutamente incapaz) tém direito de receber um cavalo puro-sangue AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO E DECADENCIA © reprodutor (obrigac&o indivisivel). Neste caso 0 prazo prescricional somente comegara a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir dai ele deixa de ser absolutamente incapaz), Isso porque, sendo o direito indivisivel, a prescrigéo também fica “indivisivel” (aproveita a todos). Sresumindo S Suspensa a prescric&o para um dos credores solidarios: a) Obrigag&o divisivel (dinheiro) > a suspens&o no se estende aos demais credores e continua a correr normalmente para eles. b) Obrigacéio indivisivel (cavalo) » a suspensdo se estende aos demais credores; 0 prazo prescricional fica paralisado para todos. Sao circunstancias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, inutilizando o tempo jé decorrido, de modo que o prazo recomeca a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, 0 periodo jd decorrido € inutilizado e 0 prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeca do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. Apés trés anos de fluéncia de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo recomega do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a acéo apropriada. 0 efeito € instantaneo: 0 prazo recomeca a correr da data do ato que a interrompeu, ou do ultimo ato do processo para a interromper. “ Suspensao X Interrupcio © A grande diferenca ente suspenséo e interrupgao da prescrigio é que na suspensdo 0 prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o fato suspensivo, a prescrig&o continua a correr computando-se 0 tempo que jé tinha decorrido (recomega a correr pelo tempo faltante), J4 na interrupcéio a causa interruptiva faz com que o prazo ja iniciado seja desconsiderado, comegando a ser contado de novo desde o inicio. Qutra coisa: Na interrupcdo, em reara, exige-se um comportamento ativo, uma provocacio do credor (ex.: a notificagio). Ja na suspensdo exige-se apenas a ocorréncia de um fato previsto na lei; ocorrido este, 0 prazo prescricional é suspenso de forma automatica. S&o causas que interrompem a prescrig&o (art. 202, CC): > Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citacao, se © interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL necessério fazer uma conexao com 0 art. 219 do Cédigo de Processo Civil: “A citagdo valida torna prevento o juizo, induz litispendéncia e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por Juiz incompetente, constitu em mora © devedor e interrompe a prescrig&o”. Notem que hd um certo conflito entre 0 texto do Cédigo Civil (que menciona o despacho do Juiz) e 0 texto do Cédigo de Processo Civil (que menciona a citagéo em si). A doutrina vem tentando harmonizar os dois dispositivos, prevalecendo a tese de que a interrupc&io se dé com a citag&o, porém, com efeitos retroativos a data da propositura da ac&o, desde que obedecidos os prazos fixados na lei processual. > Protesto judicial (trata-se de uma ac&o judicial, na verdade uma medida cautelar prevista no CPC) ou_protesto cambial (ou seja, 0 protesto extrajudicial de um titulo de crédito como o protesto de um cheque, de uma nota promisséria ou de uma duplicata). Ambas as situagdes se destinam a prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar qualquer intengfo de modo formal. Tais providéncias refletem um comportamento ative do credor, demonstrando a sua intengao de agir, de ver seu crédito pago, constituindo 0 devedor em mora e interrompendo a prescrig&o. >» A apresentagéo do titulo de crédito em juizo de inventario, ou em concurso de devedores. A habilitacao do credor em inventario, na faléncia ou nos autos de insolvéncia civil, constitui comportamento que também demonstra a intengéio do credor em interromper a prescrigéo. > Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Ex.: interpelagao judicial, notificagao judicial, agées cautelares de uma forma geral, etc. > Qualquer ato inequivoco ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela do débito, pedido de prorrogacao de prazo para pagamento da divida, etc. (nesta hipétese nao hd uma atividade do credor, mas sim do devedor). * AtencSo @* No Direito Civil a interrup¢’o da prescriggo sé pode ocorrer uma Unica vez (art. 202, CC). Tal restrig&éo é benéfica, evitando inumeras interrupgdes abusivas, a ma-fé e 0 adiamento da solucéo das pendéncias. Exemplo pratico de uma hipétese de interrupcéo do prazo de prescricdo: imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco anos. Passaram-se trés anos e a pessoa nao entrou com a acdo judicial. Apés esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescricéo (ex.: credor ingressa com uma notificacéo ou protesta um titulo de crédito). Neste caso o prazo AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: “zera”, ou seja, volta a estaca zero. O prazo reinicia 0 seu curso. A pessoa tinha cinco anos para exercer o direito. Passaram-se trés e no exerceu. Com a interrupgo devolve-se © prazo de cinco anos para ingressar com a ac&o principal. Observer o quadro abaixo: Interrupg&o do Prazo Prescricional Ano Ano Ts PO [rey 2° 7 3° 7 40 7 5° Fluxo de um prazo ==“ Taterrompide, 0 prazo fluiré prescricional de 05 Prazo por mais 05 anos; inicia-se anos, onde i! Interrompido —-[Mevamente,_mas por apenas decorreram 03 anos. uma vez mais. Quem pode promover a interrupgao da prescric&o? Nos termos do art. 203, CC, a interrupg&o da prescricfo poderé ser promovida por qualquer pessoa que tenha um interesse juridico. Portanto tém legitimidade para 0 ato: + 0 préprio titular do direito em via de prescricao. + quem legalmente o represente. + terceiro que tenha legitimo interesse (ex.: credores, fiadores ou herdeiros do credor). Reflexos da interrupc&o da prescri¢&io (art. 204, CC) Eis outro dispositive que os examinadores gostam para complicar um pouco... Em principio a interrupgdo da prescrigéo beneficia apenas quem a promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, 0 fato de um credor promover a interrupgao, tal fato beneficiara apenas quem alegou a interrupgao, ndo se estendendo aos demais credores. Da mesma forma, como regra, se houver a pluralidade de devedores e 0 credor interrompeu a prescrig&o em relagéo a apenas um deles, este fato prejudicial néo seré estendido aos demais devedores. No entanto ha excecée: + Se for obrigacao solidaria (passiva ou ativa) a interrup¢ao efetuada contra um devedor atingird (prejudicando) os demais; e a interrupcéo aberta por um dos credores atingiré (beneficiando) os demais. Isto porque na solidariedade os varios credores so considerados com um sé credor e, da mesma forma, todos os devedores so considerados como um sé devedor. + A interrupg&o operada contra um dos herdeiros do devedor solidario n&o prejudicaré os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigacéo indivisivel (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade nao se transmite aos herdeiros, salvo se a obrigagao for indivisivel. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: + Finalmente, se um credor interrompe a prescricéio contra o devedor de uma obrigacéio principal (ex.: locagao), interrompe-se, também, eventual prazo prescricional contra o devedor da obrigacéo acesséria (ex.: fianca). Lembrem-se mais uma vez da regra: “o acessério segue o principal’. PRAZOS PRESCRICIONAIS prazo da prescric&o € 0 espago de tempo que decorre entre seu termo inicial e final. O art. 205, CC optou por um critério simplificado de 10 anos para © prazo prescricional geral, tanto para as agdes pessoais como para as reais, salvo quando a lei nao Ihe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto tempo prescreve uma determinada ag&o, devemos proceder da seguinte forma: primeiramente verificamos se a acio que desejamos propor esta prevista em algum dos paragrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situagao prevista em algum dispositive, o prazo é o nele determinado expressamente. Porém, se analisamos todas as situagdes legais e no encontramos a aco que desejamos propor aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC. Assim, temos duas espécies de prazo: ® Ordindrio (ou comum): 10 (dez) anos em agdes pessoais (ex.: uma acéio de cobranga que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex.: uma ag&o que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patriménio do titular da pretensdo. Art. 205, CC: “A prescrigo corre em dez anos, quando a lei nao Ihe haja fixado prazo menor”. % Especial: s8o prazos mais exiguos (de um a cinco anos), pois hé uma presungao de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o exercicio de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do passado remoto possam ainda ser questionados. Estéo previstos no art. 206 e todos os seus pardgrafos do CC. A diferenga dos prazos repousa em uma valoracdo feita pelo legislador, bem como em condigdes pessoais do titulares das pretensdes. Nao se discute se eles s&o longos ou curtos; so fixados pela lei, que é a Unica fonte deles em nosso sistema. Destacamos como mais importantes (somente pelo fato de que hé maior incidéncia em concursos publicos): @ 02 (dois) anos: pretenséo para haver prestagdes alimentares, a partir da data em que se vencerem. E a unica hipdtese que prescreve em dois anos. Observacao Importante: E interessante deixar claro que o direito aos alimentos é imprescritivel (a fome reclama urgéncia!). O direito nao cessa pelo seu no exercicio, A qualquer tempo, surgindo a necessidade, eles poderdo ser pleiteados. O que se opera é a prescrig&o em relagio aos valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestagdes alimentares fixadas judicialmente e n&o pagas e nem exigidas no prazo legal. Lembrando, também, que 0 ndo pagamento da pensao alimenticia fixada em sentenca cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL judicial pode gerar a priséo do devedor inadimplente. Esta priséo, autorizada pela atual Constituicéo Federal, esta plenamente justificada em face do bem juridico protegide, que no caso ¢ a sobrevivéncia digna de seres humanos incapazes de prover seu proprio sustento. @ 03 (trés) anos: pretens&o de reparacdo por ato ilicito (ou seja, este é 0 prazo prescricional para as aces de responsabilidade civil em geral, em relago a danos materiais e/ou morais); pretensdo para haver 0 pagamento de titulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposicdes de lei especial); pretensdo relativa a aluguéis de prédios urbanos ou riisticos. @ 04 (quatro) anos: pretens&o relativa a tutela, a contar da data da aprovagio das contas (é a Unica hipétese que prescreve em quatro anos). @ 05 (cinco) anos: pretenséo dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honordrios, contado o prazo da conclusao do servico. VAMOS AGORA CITAR TODOS OS PRAZOS PRESCRICIONAIS, Prescrevem em 01 (um) ano a) a pretenséio dos hospedeiros ou fornecedores de viveres destinados a consumo no préprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; b) a pretensdo do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: - para 0 segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder a ao de indenizacao proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuéncia do segurador; - quanto aos demais seguros, da ciéncia do fato gerador da pretensdo; c) a pretensdo dos tabelides, auxiliares da justica, serventudrios judiciais, arbitros e peritos, pela percepgdo de emolumentos, custas e honordrios; d) a pretensdo contra os peritos, pela avaliagdo dos bens que entraram para a formagao do capital de sociedade anénima, contado da publicagéo da ata da assembleia que aprovar o laudo; e) a pretensdo dos credores n&o pagos contra os sécios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicagéo da ata de encerramento da liquidacdo da sociedade. Prescreve em 02 (dois) anos - a pretensdo para haver prestacées alimentares, a partir da data em que se vencerem. Prescrevem em 03 (trés) anos a) a pretenséo relativa a aluguéis de prédios urbanos ou risticos; b) a pretenséio para receber prestagées vencidas de rendas temporérias ou vitalicias; AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: c) @ pretensdo para haver juros, dividendos ou quaisquer prestacdes acessérias, pagdveis, em periodos ndo maiores de um ano, com capitalizago ou sem ela; d) a pretensdo de ressarcimento de enriquecimento sem causa; e) a pretenséo de reparacio civil; f) a pretensdo de restituigéo dos lucros ou dividendos recebidos de mé-fé, correndo 0 prazo da data em que foi deliberada a distribuicao; g) a pretenséo contra as pessoas em seguida indicadas por violac&o da lei ou do estatuto, contado o prazo: - para os fundadores, da publicagdo dos atos constitutives da sociedade anénima; - para os administradores, ou fiscais, da apresentac&o, aos sécios, do balango referente ao exercicio em que @ violacdo tenha sido praticada, ou da reuniao ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; - para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior a violagéo; h) a pretens&o para haver o pagamento de titulo de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposigdes de lei especial; i) a pretensdo do beneficidrio contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatdrio. Prescreve em 04 (quatro) anos ~ a pretensdo relativa a tutela, a contar da data da aprovagdo das contas. Prescrevem em 5 (cinco) anos a) a pretenséo de cobranga de dividas liquidas constantes de instrumento publico ou particular; b) a pretens&o dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honordrios, contado o prazo da conclusao dos servicos, da cessagao dos respectivos contratos ou mandato; c) a pretens&o do vencedor para haver do vencido 0 que despendeu em juizo. @“‘observacéo Importante@ Contas de agua, luz, gés, etc. e descumprimento contratual. N&o hd uma posigio definitiva sobre a prescrigéo das contas de agua, luz, gas, telefone, etc. A doutrina majoritéria afirma que a prescrigSo seria de cinco anos (encaixaria na situacio “dividas liquidas constantes de instrumento particular”). No entanto tenho visto decisdes judiciais (inclusive do STJ) que apontam o prazo de dez anos, isso porque, como a situagéo ndo se amolda perfeitamente em uma das situagdes especificas previstas em lei, deve ser aplicada a regra geral do art. 205, CC. Pelo mesmo motivo (auséncia de prazo expressamente previsto no art. 206, CC), 0 STJ vem decidindo que os danos decorrentes de descumprimento contratual podem ser pleiteados em até dez anos, de acordo com a regra geral do art. 205, CC, que estabelece esse prazo quando a lei Ihe néo fixar prazo menor. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AGOES IMPRESCRITIVEIS A prescritibilidade é a regra. No entanto, ha excecées. Sao imprescritiveis as agdes que versam sobre: + os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade, a intimidade, a prépria imagem, as obras literdrias, artisticas ou cientificas, etc. + 0 estado da pessoa, como filiago (ex.: investigacéo de paternidade), condig&o conjugal (separacao judicial, divércio), interdigéo dos incapazes, cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem é a seguinte: um filho nascido fora de um casamento pode mover acéo de investigag&o de paternidade a qualquer momento? N&o ha prescrigéo para isso? Quanto a este tema hé uma Sumula do Supremo Tribunal Federal a respeito (n° 149): “E impreseritivel a acdo de investigagao de paternidade, mas nao o & a de petigéo de heranga”. Portanto néo ha prazo par mover aco de investigac&o de paternidade. No entanto, a ac&o de peticao de heranca prescreve. Como vimos os prazos prescricionais especiais est&o previstos no art. 206, CC. A peti¢&o de heranga nao esta prevista naquele rol. Logo cai na regra geral do art. 205, CC, cujo prazo é de 10 anos (contados a partir da abertura da sucess&o, ou seja, da morte do de cujus). + © direito de familia no que concerne & questio inerente & penséo alimenticia, vida conjugal, regime de bens, etc. + aces referentes aos bens publicos de qualquer natureza. Lembrem-se que n&o pode haver usucapiao referente aos bens publicos, conforme o art. 102, CC. Simula 340 STF: “Desde a vigéncia do Cédigo Civil, os bens dominicais, como os demais bens publicos, ndo podem ser adquiridos por usucapido”. Usucapido nao deixa de ser uma espécie de prescricéo. Alguns autores inclusive a chamam de prescric&o aquisitiva. * ago para anular inscrig&o do nome empresarial feita com violacdo de lei ou do contrato (art. 1.167, CC). @obdservacdes Finais sobre Prescricgo @ 1) Quando se inicia e quando termina a contagem do prazo prescricional? Em relac&io a contagem dos prazos, prevalece o principio que prevé a exclusdo do primeiro dia e incluséo do dia do vencimento. Se o dia final cair em um sdbado, domingo ou feriado, prorroga-se para o primeiro dia Util subsequente. Isso foi harmonizado em razdo de dispositive do Cédigo Civil (art. 132: Salvo disposig&o legal ou convencional em contrério, computam- se os prazos, excluido o dia do comeco, e incluido o do vencimento) e do Cédigo de Processo Civil (art. 184: Salvo disposig&o em contrario, computar-se-do os AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO E DECADENCIA © prazos, excluindo 0 dia do comego e incluindo o do vencimento). © ST] também j4 firmou esse entendimento. 2) O que é prescrigéo intercorrente? E a prescrigéo que ocorre dentro do préprio proceso, ou seja, 0 prazo prescricional corre mesmo apés a ago ter sido proposta. Isso pode ocorrer no processo civil? O ST) entende que a prescrigdo intercorrente nao pode ocorrer no processo civil brasileiro (Sumula 106: “Proposta a ago no prazo fixado para o seu exercicio, a demora na citago, por motivos inerentes ao mecanismo da Justia, ndo justifica 0 acolhimento da arguigao de prescric&o ou decadéncia”), uma vez que 0 reconhecimento da prescricdo intercorrente sacrificaria o credor por conta da demora do Poder Judicidrio. No entanto ha autores que entendem que se demora for decorrente de conduta do préprio credor, além das sangées processuais (perempcio, preclus&o, abandono de causa), também deve ser reconhecida a chamada prescrig&o intercorrente. Mas isso, embora defensdvel, é controvertido.... Como vimos, direito subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Entretanto existem alguns direitos subjetivos que ndo fazem nascer pretensées, pois so destituidos dos respectivos deveres. O objetivo desses direitos é constituir, modificar ou desconstituir relagdes juridicas. Eles so chamados de potestativos. Direito Potestativo é o poder que o agente tem de influir na esfera juridica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa fazer qualquer coisa, sendo sujeitar-se a sua vontade. Ex.: aceitar ou renunciar & heranga. Ninguém pode me obrigar a aceitar uma heranca; eu aceito se eu quiser. E a minha conduta em nao aceitar a heranca pode refletir em outras pessoas (nos meus filhos que nao teréo direito a estes bens, nos outros herdeiros que poderdo acrescer o seu quinhéo, etc.). Mas estas outras pessoas (lado passivo da relacdo juridica) limitam-se apenas em se sujeitar ao exercicio da minha vontade. Por isso a doutrina costuma usar a seguinte expresso: direito potestativo é um direito de sujeicéo. Observem que n&o hd um dever da minha parte. E, néo havendo dever, nao se pode falar em descumprimento. Consequentemente, néo hd pretenstio. Qutro exemplo: uma jovem se casou e descobre posteriormente que seu marido & um bandido perigoso e procurado pela justica por jé ter sido condenado. Neste AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: caso ocorreu o chamado “erro essencial sobre pessoa”, prevista no art. 1.557, IL, CC. Esta jovem pode anular seu casamento. E possui um prazo decadencial de 03 (trés) anos para isso, de acordo com o art. 1.560, III, CC. Mas ninguém pode obrigé-la a isso. Ela ingressaré com a acéo anulatéria "se quiser”. Mas ndo © fazendo no prazo, no poder mais fazé-lo. Pode até se separar por outro motive, mas no anular o casamento. Notem que nos exemplos fornecidos n&o hd uma relacéio de crédito e débito (como na prescrigo); nao tem por contetido uma contraprestacao. Nao ha sequer pretensdo, por isso ndo ha o direito de exigir ou cobrar um crédito. Qutros exemplos: aceitar ou ndo a proposta de um contrato de locacéio ou de oferta de emprego; possibilidade do patrdo em demitir ou no um funcionario, etc. Observem: 0 tempo limita o exercicio dos direitos potestativos pela inércia do respectivo titular. Caducidade (em sentido amplo) significa extingdo de direitos de uma forma geral. Jé a expresso decadéncia é usada em sentido estrito, consubstanciando na perda dos direitos potestativos, posto que foi ultrapassado um prazo que a lei estabeleceu para o seu exercicio. Reforce-se: 0 prazo para o exercicio de um direito potestativo ¢ sempre decadencial. @ pireETo Ao PONTO @ Decadéncia é a perda do direito potestativo (e nao do direito subjetivo, como na prescrig&o) em raz&o de seu no exercicio em um prazo pré-determinado. Como falei acima, 0 Cédigo Civil atual apresenta mais uma inovacdo quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadéncia nos arts. 207 a 211. Com a decadéncia, extingue-se préprio direito existente pelo seu néo exercicio no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Em concursos é muito comum 0 uso da seguinte expressdio: “decadéncia é a perda de um direito potestativo”. © Cédigo Civil estabelece prazos para que a pessoa exerca o seu direito potestativo. Nao se exercendo este direito dentro de determinado prazo, por n&o haver neste direito uma prestago, ela jamais poderé fazé-lo; tem-se a extingo do préprio direito. Se alguém paga um débito cujo prazo eventualmente j4 havia sido atingido pela decadéncia, essa pessoa tem direito a restituiggo da importéncia paga, porque n&o mais existia o direito aquele crédito. Lembrem-se que se alguém pagar algo que estava prescrito no pode pedir de volta o que pagou, O pagamento valeu. Por qué? Porque o direito material ainda existia. Mas se alguém paga algo em que ocorreu a decadéncia, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que nao existe mais, sob o ponto de vista juridico. Ndo ha mais © direito material. Costumamos dizer que ainda existe a divida sob o ponto de vista moral; moralmente a pessoa ainda estaria devendo. Mas juridicamente a cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: divida n&o mais existe, pois a decadéncia atingiu o préprio direito; a divida em si. @* Decadéncia X Prescricéio Entre muitas outras diferencas (elaboramos um quadro comparativo mais adiante), a doutrina costuma enfatizar o seguinte: Embora inércia do titular do direito e decurso de tempo para o exercicio desse direito sejam seus pontos comuns, na decadéncia o prazo comeca a fluir no momento em que nasce o direito; surge, simultaneamente com o direito potestativo. Ja o prazo prescricional sé se inicia quando o direito é violado; quando ocorre a les&o ao direito subjetivo. Além disso, os prazos prescricionais resultam exclusivamente da lei; j4 na decadéncia, como veremos, os prazos podem ser legais ou convencionais. Enquanto a prescricdo atinge a pretensdo (direito subjetivo), a decadéncia atinge o préprio direito, o direito material (direito potestativo). 4“ Atencao o“ Direito de Ac&o X Direito Material Para ficar bem claro que na prescrig&o perde-se o direito a pretensdo e na decadéncia perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o que é um direito material e 0 que é um direito de aco. JA falamos sobre isso. Vamos reforcar... Vou inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A nossa Constituig&o Federal estabelece uma série de Direitos e Garantias. Um deles é 0 direito de locomoggo; 0 direito de ir, vir e permanecer (art. 5°, inciso LXVIII). Logo o direito de locomogao € um direito propriamente dito, é um direito material. Se uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a prisdo da pessoa de forma ilegal, 0 que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com uma aco!!! Qual o nome desta aco? - Habeas Corpus. O Habeas Corpus é, entéo, uma aco. Portanto: Direito Material +0 direito de locomoggo; a liberdade. Direito de Ac&o -» Habeas Corpus. Outro exemplo, agora no Direito Civil: eu empresto determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual é 0 meu direito? De receber de volta 0 dinheiro que eu emprestei (direito ao crédito). Este é 0 meu direito material; 0 meu direito propriamente dito. Se a pessoa n&o me paga o que esté devendo, esté violando meu direito material. O nao pagamento da divida faz “nascer” 0 meu direito a pretensdo. Ou seja, 0 meu direito de cobrar judicialmente o que ele me deve. Portanto: Direito Material + 0 de receber 0 que eu emprestei; Direito de Ag3o > a ac&o de cobranga que devo propor. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: cla Direitos Subjetivos X Direitos Potestativos Os direitos subjetivos envolvem uma prestagéo do devedor. As ages decorrentes da violagdo do direito subjetivo tém natureza condenatéria, sujeitas a prazos prescricionais. Ou seja, seu eu ingresso com uma ag&o contra o réu eu desejo que ele seja condenado a cumprir a obrigacio a que se comprometeu. Ex.: todas as acdes de cobranca em geral pela qual se pretende que o réu pague determinada quantia em dinheiro ou faca determinada prestacdo. Jé os direitos potestatives revelam uma sujeigéo de uma pessoa a outra, sendo que seu exercicio independe da vontade da outra pessoa. As agdes decorrentes do exercicio de direitos potestativos (que nao sdo suscetiveis de violago) so constitutivas (positivas e/ou negativas), sujeitas a prazos decadenciais. Ex.: as agdes anulatérias em geral (anulag&o do contrato por erro, dolo, em razio de incapacidade relativa do agente). ESPECIES DE DECADENCIA © objeto da decadéncia € o direito que por determinacéo legal ou convencional (vontade humana unilateral ou bilateral), estd subordinado a condigéo de exercicio em certo espago de tempo, sob pena de extingdo. A decadéncia pode ser classificada em: A) Decadéncia Legal Ocorre quando o prazo estiver previsto em lei. As hipsteses de decadéncia por determinacéo legal sdo as previstas expressamente no Cédigo Civil ¢ em leis especiais. Exemplos: prazo para alegar defeito oculto em algum produto que adquiriu; prazo para anular um negécio juridico por ter algum defeito relativo ao consentimento (erro, dolo, coagao, etc. - art. 178, CC). Segundo o art. 209, CC a decadéncia resultante de prazo legal néo pode ser renunciada elas partes (nem antes e nem depois de consumada), sob pena de nulidade absoluta. Isto porque as hipéteses legalmente previstas versam sobre questdes de ordem piiblica, néo cabendo as partes afastar sua incidéncia legal. B) Decadéncia Convencional Ocorre quando sua previséo decorrer de uma cldusula pactuada pelas partes em um contrato (autonomia privada). A contrario sensu (entendimento doutrinario) do art. 209, CC que profbe a rentincia da decadéncia fixada em lei, pode-se concluir que é possivel a renuncia 4 decadéncia convencional, tendo-se em vista a autonomia privada. Exemplo classico: oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda valida somente por alguns dias (a chamada “liquidac&o total’; ou “queima de AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: estoques”, etc.). Exercido 0 direito afasta-se a decadéncia, uma vez que esta se dé quando 0 direito nao € exercido. Assim, se vocé nao aproveitar a oferta dentro do prazo marcado, no podera mais ir a loja para “aproveitar a oferta”. Como a oferta nao existe mais, também o direito a ela se extinguiu. Outros exemplos: as partes podem convencionar no contrato um determinado prazo para que um direito seja exercido; n&o o sendo neste prazo, ocorre a decadéncia convencional. As partes podem estabelecer no contrato prazo para o exercicio do direito de arrependimento. Testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado) estabelecendo um prazo para que o beneficidrio venha solicitar a sua entrega. Loja de sapatos que estabelece um prazo de 30 dias para a troca de mercadoria vendidas em liquidagéo. Uma revendedora de automéveis pode conceder a chamada “garantia estendida”. Arguigéo Pelo art. 210, CC o Juiz deve (trata-se de um dever e no mera faculdade) conhecer e decretar a decadéncia legal, mesmo que nao haja provocacdo das partes, no momento em que a detectar. Falamos que neste caso © Juiz pode agir ex officio. Este direito é irrenuncidvel (diferentemente da prescrigfo, em que se pode renunciar, embora somente apds a sua consumago). Na decadéncia legal ha um interesse social em se ver extinto o direito pelo seu no exercicio no prazo previsto em lei. Por analogia entende-se que a decadéncia pode ser arguida em qualquer estado da causa e em qualquer instancia. Em que pese a revogasiio do art. 194, CC (referente & prescricéio), se 0 prazo decadencial foi estipulado pelas partes (convencional), o Juiz nao pode reconhecer a decadéncia de oficio. Isto porque foram os préprios contratantes (e nao a lei) que estabeleceram o prazo decadencial para o exercicio do direito. Portanto somente eles é que teriam o direito de alegé-la, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdig&0. Tal regra de extrai do art. 211, CC. SB Resumindo @ a) Prescrig&o: Juiz “deve” reconhecer de oficio (art. 219, §5°, CPC). b) Decadéncia legal: Juiz deve reconhecer de oficio (art. 210, CC). c) Decadéncia convencional: Juiz ndo pode reconhecer de oficio; somente declara a decadéncia convencional, se provocado pelo interessado; d) A parte interessada pode alegar a prescrigéo e a decadéncia em qualquer grau de jurisdicao (arts. 193 e 211, CC). Efeitos O efeito da decadéncia é a exting&o do préprio direito em decorréncia de inércia do titular para o seu exercicio, O efeito tempo é devastador: extingue o direito, extinguindo, indiretamente, a ago. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL Em regra, nfo se aplicam & decadéncia todas aquelas normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrig&o (art. 207, CC). Portanto o prazo decadencial corre contra todos (efeito erga omnes). Nem mesmo aquelas pessoas contra as quais nao corre a prescrig&o ficam livres de seu efeito. A Unica excegao é a hipdtese do art. 208, combinado com o art. 198, I, ambos do CC, pois 0 prazo decadencial n&o corre contra_os absolutamente incapazes (embora possa correr “a favor"). Concluindo, salvo a hipdtese mencionada pela lei, a decadéncia somente pode ser obstada pelo efetivo exercicio do direito, dentro do lapso de tempo prefixado. A exemplo da prescrico, os relativamente incapazes e as pessoas juridicas também tém direito de agao regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa a decadéncia ou n&o a alegaram oportunamente (art. 208, combinado com o art. 195, ambos do CC). PRAZOS DECADENCIAIS (Principais) Como vimos, atualmente os prazos prescricionais_estio expressamente discriminados nos artigos 205 e 206, CC. Logo, todos os demais prazos estabelecidos pelo Cédigo Civil sdo decadenciais. Citamos alguns, de forma exemplificativa (em vermelho, os que tém maior incidéncia em concursos): * 03 dias: sendo a coisa mével, inexistindo prazo estipulado para exercer o direito de preempcao (preferéncia), apés a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, CC). + 30 dias: contados da tradig&o da coisa para o exercicio do direito de propor a aco em que o comprador pretende o abatimento do prego da coisa mével recebida com vicio redibitério ou rescindir 0 contrato e reaver o prego pago, mais perdas e danos (art. 445, CC) — ago estimatéria. * 60 dias: para exercer o direito de preempc&o, inexistindo prazo estipulado, se a coisa for imével, apds a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, 28 parte, CC). + 90 dias: para o consumidor obter 0 abatimento do preco de bem imével recebido com vicio. + 120 dias: prazo para impetrar Mandado de Sequranca, contados da ciéncia, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei n° 12.016/09). + 180 dias: é anulavel o negécio concluido pelo representante em conflito de interesses com 0 representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou; é de cento e oitenta dias, a contar da concluséo do negécio ou da cessacéio da incapacidade, 0 prazo de decadéncia para pleitear-se a anulag&o prevista neste artigo (art. 119, pardgrafo Unico, CC); para © condémino, a quem no se deu conhecimento da venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando o valor correspondent ao AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL prego; direito de preferéncia, se a coisa for mével, reavendo o vendedor o bem para si (art. 513, paragrafo Unico, CC); para anular casamento do menor quando no autorizado por seu representante legal, contados do dia em que cessou a incapacidade (se a iniciativa for do incapaz), a partir do casamento (se a proposta for do representante legal) ou morte do incapaz (se a atitude for tomada pelos seus herdeiros necessérios) - art. 1.555 e §1°, CC; para a anulacéo de casamento, contados da data da celebragio, de incapaz de consentir (art. 1.560, I, CC); para invalidar casamento de menor de 16 anos, contados para o menor do dia em que perfez essa idade e da data do matriménio para seus representantes legais (art. 1.560, §2°, CC). + 01 ano: para obter a redibig&o ou abatimento no prego, se for imével, contado da entrega efetiva (art. 445, CC); para pleitear revogagdo de doacdio, contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar (art. 559, CC). + ano e dia: para desfazer janela, sacada, terrago ou goteira sobre o seu prédio (art. 1.302, CC). * 02 anos: o item principal diz respeito @ hipdtese do art. 179, CC: “Quando a lei dispuser que determinado ato é anuldvel, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulacao, serd esta de dois anos, a contar da data da conclustio do ato”. O exemplo que mais cai é 0 do art. 496, CC. Ou seja, esse dispositive estabelece que "é anuldvel a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e 0 cénjuge do alienante expressamente houverem consentido”. Ocorre que esse dispositivo néo menciona 0 prazo para se requerer a anulag&o. Portanto, aplica-se a regra geral de dois anos prevista no art. 179, CC. Outros prazos: para mover aco resciséria (art. 495, CPC); para exercer o direito de preferéncia se a coisa for imével (art. 513, pardgrafo unico, CC); anulag&o de casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560, II, CC); para pleitear anulag&o de ato praticado pelo consorte sem a outorga do outro, contado do término da sociedade conjugal (art. 1.649, CC). + 03 anos: para o direito de anular a constituigéo de uma pessoa juridica de direito privado por defeito do ato respectivo (art. 45, pardgrafo Unico, CC); direito de anular as decisdes da pessoa juridica com administragdo coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulagéo ou fraude (art. 48, pardgrafo Unico, CC); para o vendedor de coisa imével recobré-la, se reservou a si tal direito, mediante devolugéo do preco e reembolso das despesas do comprador (art. 505, CC); exercer direito de intentar aco de anulacdo de casamento, contado da data da celebragao, em raz&o de erro essencial sobre a pessoa do outro cénjuge (art. 1.560, III, CC). AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL + 04 anos: para pleitear anulac&io de negécio juridico contado: no caso de coacao, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou leséio, do dia em que se realizou 0 negécio juridico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, Ile III, CC); para intentar ago de anulagdo de casamento, contado da data da celebrac&o por ter havido coag&o (art. 1.560, IV, CC). + 05 anos: impugnar a validade de testamento, contado da data de seu registro. + Um exemplo que nao esta no Cédigo Civil é 0 do art. 26 do Cédigo de Defesa do Consumidor, ou seja, 0 direito do consumidor de reclamar pelos vicios aparentes ou de facil constatag&o, que caduca em: a) 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de servigos e de produtos ndo-duraveis; b) 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de servigos e de produtos duraveis. Caros alunos Como vimos, é importantissima a distinggo e 0 conhecimento dos institutos da prescrig&o e decadéncia. No entanto, alguns vocabulos de outras matérias também podem ser usados pelo examinador para tentar confundir o candidato. Portanto, mesmo estes nao estando no programa de Direito Civil, acho interessante a sua mengao e uma breve explicagao. Assim: ™ Preclusdo: é a perda de uma faculdade ou de um direito processual, por no ter sido exercido no momento correto. Garante-se 0 avango da relacao processual € obsta-se o seu recuo para fases anteriores. Todo processo tem um rito a ser seguido. Em cada fase do processo a lei faculta as partes praticarem determinados atos. Caso assim nao procedam, perdem a oportunidade, ocorrendo a preclusdo. Ex.: as partes tém um prazo para arrolar testemunhas no processo; 0 Juiz as notifica para tanto e elas nada requerem — houve a preclus&o temporal. Outro exemplo: o Juiz condenou uma das partes e a intimou para recorrer da deciséo. No entanto o condenado perdeu o prazo para recorrer da deciséio. Ocorreu a precluséo e ele n&o pode mais recorrer. Portanto a precluséio impede que a questdo seja renovada, dentro do mesmo processo (art. 183, CPC). Ultrapassado o momento adequado para praticar 0 ato, o Juiz nao iré reabrir mais este prazo... 0 processo segue adiante. ™ Perempcao: é o ato ou efeito de perimir; de extinguir algo. Juridicamente é usado em trés situagdes. No Processo Civil é a perda do direito de acdo pelo autor que foi contumaz (ou seja, que reiterou o erro), dando causa a trés arquivamentos sucessivos (art. 268, paragrafo unico do CPC), impedindo que a mesma aco seja proposta uma quarta vez. No Processo Penal ela também é uma sanc&o processual, mas somente existe nas agdes AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 - FATOS RESCRICAO E DECADENCIA © JRIDICOS (1# Parte) penais privadas (ou seja, que se iniciam por meio de uma queixa-crime do ofendido - e nao por meio de dentincia oferecida pelo Ministério Publico). 0 art. 60 do CPP estabelece as hipdteses de perempgio (ex.: quando o querelante - que é 0 autor da ago, 0 ofendido - deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos). JA a terceira situagdo diz respeito ao Direito Civil, mais especificamente a hipoteca, Neste caso perempcio é 0 nome que se dé a extinc&o da hipoteca apés o transcurso do prazo de trinta anos (art. 1.485, CC). Preempg&o: este € outro termo que serve para confundir o aluno em concursos. Observem que é sé trocar uma letra “e” pelo “r” e perempgao se transforma em preempgo. Preempcio significa... prelag&o... Bem... € 0 que & prelacdo? E o direito de preferéncia. Assim, preempgio, prelacdo e preferéncia so expressées sinénimas. Exemplo pratico: Se eu sou locador (proprietério) de um imével e desejo vender este imével, preciso dar o direito de preferéncia ao locatario (inquilino) para que ele diga se quer ou n&o compré-lo. O mesmo pode ocorrer em um condominio. Trés pessoas séio “donas” de um barco. Um dos coproprietarios deseja vendar sua parte. Ele precisa dar o direito de preferéncia aos demais condéminos. © quadrinho que veremos adiante é de suma importancia. E a sintese das diferencas entre prescric&o e decadéncia. Recorram a ele sempre que estiverem com alguma duvida. Quadro Comparativo entre Prescrigao e Decadéncia PRESCRICAO. Perda da pretensao juridical (poder de exigir de outrem uma acdo/ou omissdio) em virtude ida inércia do titular de um direito subjetivo violado (direito. de crédito), durante! determinado espaco de tempo previsto em lei, AcSes constitutivas " (positiva ¢/ou negativa), geralmente anulatérias. 1. Extingue @ pretensdo, pela inércia do agente. Nao atinge o direito material, que permanece intacto. A contagem do prazo se inicia com a violacao do direito. 2. Prazos estabelecidos somente pela lei. N3o podem ser suprimidos, nem alterados pela vontade das partes, No existe prazo prescricional convencional (matéria de ordem publica). DECADENCIA Perda do direito Potestativo. (direito| material sem pretensdo; insuscetiveis de jiolacdo) pela inércia de seu titular que| ixou escoar o prazo legal ou dei convencional. Aces condenatérias _(acées| de cobranca em eral, pretendendo|ique o| réu_pague determinada quantia ou faca determinada prestacao). 1. Extingue direito material (direito em si, potestativo) pela falta de exercicio dentro do prazo. Indiretamente atinge a aco e demais pretensdes. A contagem do| prazo se ia com a aquisicSo (nascimento) do direito. 2. Os prazos decadenciais podem ser legais (estabelecidos pela lei) ou convencionais (estabelecidos pelas partes| no contrat). Os legais néo podem ser| alterados pela vontade das partes. © 3. Atualmente “deve” ser declarada de Joficio pelo Juiz, mesmo nas acdes patrimoniais. O art. 194, CC foi revogado e hd ldisposicao legal expressa no art. 219, §5°, CPC. AULAC AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL 2 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) ~ PRESCRICAO E DECADENCIA, 3. Na decadéncia decorrente de prazo legal 0 Juiz deve declara-la de oficio (art. 210, CC). A convencional nao pode ser reconhecida de oficio (art. 211, CC). 4. A parte pode nao alegd-la. Por isso é renuncidvel. A rentincia pode ser expressa ou tdcita e sé valeré depois da consumagéo da prescriggo, no podendo ser feita em prejuizo Jde terceiros. 4. A decadéncia decorrente de prazo legal nao pode ser renunciada pelas partes: nem antes e nem depois de consumada (art. 209, CC). A convencional pode ser| renunciada. 5. No corre contra determinadas pessoas. JO prazo pode ser impedido, suspenso ou cénjuges, poder familiar, interrompido. Ex.: tutela, curatela, absolutamente incapazes, etc. 5. Em rega corre contra todos (efeito| erga omnes). Nao se suspende e nem se interrompe. Excecio > no corre contra os| absolutamente incapazes (art. 208, c.c. art. 198, I, ambos do CC). 6. Causas de impedimento ou suspensio — larts. 197, 198, 199 200, CC, Causas de interrupcéo > art, 202 CC. As causas estéo| lexpressamente previstas em lei, nao se Jadmitindo analogia. 6. N&o se aplicam as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrigéo (art. 207, CC). Sé ‘obstada pelo exercicio efetivo do da aco. Excecdo: absolutamente incapazes| (art. 208, CC). 7. Regra Geral -> Prazo de 10 anos (art. 205, CC). Prazos Especiais > 01, 02, 03, 04 e| 05 anos (conforme previsdo do art. 206 e seus| paragrafos, CC). 7. N&o ha regra geral para os prazos.. Eles podem ser de dias, meses € anos. Cédigo e.em Leis Especiais. @ dica de Concurso Slum caso concreto, para saber se o prazo é prescricional gu decadencial (0 examinador pode pedir isso - é muito comum, inclusive), procure inicialmente identificar se este prazo esta previsto no art. 205 (prazo geral) ou no art. 206 (prazos especiais), do Cédigo Civil. Caso identifique 0 prazo nestes artigos, sera 0 mesmo prescricional. J4 os prazos decadenciais esto previstos em dispositivos espalhados pelo Cédigo Civil e em leis especiais. Apds isso, verifique a contagem de prazos. Se for em dias, meses ou ano e dia, 0 prazo é decadencial. Se o prazo for em anos (01, 02, 03, 04 05 ou 10) poderd ser de prescric&io ou de decadéncia. Na préxima aula daremos continuidade ao Capitulo sobre os Fatos Juridicos, abordando 0 Negécio Juridico, sua classificagéo e elementos constitutivos, bem como seus defeitos e consequéncias. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO E DECADENCIA © FATO -> Qualquer acontecimento ou ocorréncia. I. FATO COMUM — Aco humana ou fato da natureza sem repercussdo na érbita do Direito, IL. FATO JURIDICO (Fato + Direito) -» Acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui_ efeitos, possuindo relevancia juridica. AB.M.E. (Aquisicao, Resguardo, Modificago e Extingfo de Direitos). Alguns autores acrescentam também a Iransmissao de Direitos. A) Aauisicéo: conjuncéo (uniéo) dos direitos com o seu titular; incorpora ao patriménio e/ou a personalidade do titular. B) Resguardo: medidas ou providéncias destinadas @ conservagao e protecao dos direitos (preventivo ou repressivo; judicial ou extrajudicialmente). C) Modificagao: alteracéo de seu contetide (objeto) ou de seu titular (sujeito ativo ou passivo), sem alteracao de sua esséncia. D) Extingao: perecimento da coisa, falecimento do titular, renuncia, abandono, alienacdo, prescricéo e decadéncia. IIT. CLASSIFICACAO DOS FATOS JURIDICOS A) Fato Juridico Natural (fato juridico em sentido estrito ou stricto sensu) > provenientes de fendmenos naturais, mas que produzem efeitos juridicos (veremos melhor abaixo, no item IV): 1) Ordindrios. 2) Extraordindrios. B) Fato Juridico Humane (Ato) + veremos melhor na préxima aula: 1) Ato Licito - Ato Juridico em Sentido Amplo (Jato sensu) ou Voluntério, previsto no art. 185, CC, englobando: a) Ato Juridico em Sentido Estrito (stricto sensu): efeitos decorrentes da lei. b) Negécio Juridico: efeitos decorrentes da vontade das partes. 2) Ato Ilicito (ou Involuntdrio): transgresséo de um dever juridico; conduta praticada em desacorde com 0 ordenamento juridico. a) Penal + sango pessoal. b) Administrativo > sang3o pessoal. ¢) Civil (arts, 186 e 187, CC) + sangGo patrimonial + dever de reparar ‘0 dano causado (é a que nos interessa mais de perto). C) Ato-fato Juridico (doutrina) +a lei encara a agéo humana como um fato, sem levar em consideracdo a vontade, intencéo ou a consciéncia do agente. Ex.: crianga que compra um doce na padaria. IV. FATO JURIDICO NATURAL 9u_FATO JURIDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU) A) Ordindrios + os que normalmente ocorrem (previsiveis), produzindo efeitos juridicos relevantes: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO E DECADENCIA © aluvido (art. 1.250, CC), avulsdo (art. 1.251, CC), decurso de tempo (prescrigdo e decadéncia, usucapiao), etc. B) Extraordinarios + ocorrem de forma inesperada ou imprevisivel; sdo chamados de caso fortuito ou da forca maior (ex.: terremoto). Possuem importancia ao Direito, pois excluem, como regra, a responsabilidade. Elementos: imprevisibilidade, inevitabilidade e auséncia de culpa. V.PRESCRICAO (arts. 189 a 206, CC) A) Pretensdo. Todo direito subjetivo deve ser protegido por uma acdo. No momento em que o direito é violado surge a pretens4o (actio nata). Pretensio é 0 poder de exigir coercitivamente de outrem o cumprimento de um dever juridico. B) Conceito: prescri¢éo € a perda da pretensdo do titular de um direito violado, em virtude da inércia de seu titular durante determinado espaco de tempo previsto em lei. Atinge as pessoas naturais e as juridicas. A excecao (forma de defesa) prescreve no mesmo prazo que a pretensao. C) Requisitos: a) violagéo de um direito; b) agao judicial exercitavel; c) inércia do titular do direito violado; c) decurso de tempo (continuidade da inércia durante prazo fixado em lei; d) inexisténcia de impedimentos ou causas suspensivas ou interruptivas do prazo. D) Pretensées imprescritiveis + as que protegem o direitos da personalidade, aos estado das pessoas, ao direito de familia, aos bens puiblicos, etc. E) Rentncia (art. 191, CC): 0 devedor pode _renunciar & prescrigéo (ex.: devedor paga uma divida prescrita). Mas isto somente pode se dar depois que a prescricio se consumar (é proibida a rentincia antecipada) e desde que nao cause prejuizo a terceiros. A rentincia pode ser expressa (por escrito) ou técita (pratica de aos incompativeis). F) Alegacdo (art. 193, CC): em qualquer fase do processo; primeira ou segunda instancia, pela parte a quem aproveita. G) Declaracao ex officio (ou seja, sem que a outra parte tenha alegado): Como 0 art. 194, CC foi revogado, atualmente o Juiz “deve” declarar a prescrigéo de oficio, ou seja, sem ser provocado (nos termos do art. 219, §5°, CPC). H) Efeitos Essenciais 1) Os prazos prescricionais no podem ser alterados pelas partes, ainda que haja acordo de vontades entre elas; somente a lei pode delimité-los (matéria de ordem ptiblica). Com o principal prescrevem os acessérios (art. 192, cc). 2) Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas juridicas tém direito a acao regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa a prescricéo, ou ndo a alegarem oportunamente (art. 195, CC); responsabilidade subjetiva. 3) A prescricao iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor, a titulo universal ou singular (art. 196, CC)). Excecéo + se o seu sucessor for absolutamente incapaz 0 prazo no se inicia enquanto nao superada a incapacidade. I) Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas + vejam as hipéteses nos arts. 197, 198, 199, 200 e 202 do Cc. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 02 — FATOS JURIDICOS (1# Parte) - PRESCRICAO E DECADENCIA © 1) Causas Impeditivas: sao circunstancias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razdo do estado de uma pessoa, atendendo a razées de confianga, amizade ou ordem moral. 2) Causas —Suspensivas: so __circunstdncias_ que _paralisam temporariamente 0 curso prescricional. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, extinta a circunstancia que provocou a suspenséo, 0 prazo prescricional continua a correr de onde parou, computando-se o prazo jé decorrido antes do fato. Quando uma aco se originar de fato que deva ser apurado no juizo criminal, nao correré a prescricao antes da respectiva decisdo definitiva. Obs.: suspensa a prescrigio em favor de um credor solidario, nfo se suspendera a prescricéio em favor dos demais. Excecéo + na hipétese de obrigacdo indivisivel a suspens&o promovida por um credor se estende aos demais. 3) Interruptivas: s&o circunstancias que inutilizam o prazo_prescricional Iniciado, de modo que 0 prazo recomega a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, 0 periodo ja decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeca do zero. No Direito Civil sé se admite uma Unica interrupcao, que pode ser levada a cabo por qualquer interessado. A interrupcao da prescricéo operada por um credor n&o aproveita aos outros; a interrupcéo da prescricio operada contra um codevedor nao prejudica os demais. Excecdo > solidariedade ativa e passiva. J) Prazos Prescricionais: espago de tempo compreendido entre o termo inicial e final. 1) Prazo Geral (ou ordindrio) » 10 (dez) anos = art. 205, CC. 2) Prazos Especiais -» Prazos mais exiguos (01, 02, 03, 04 e 05 anos). Relacao completa: art. 206 e seus pardgrafos do CC. Prazos de maior incidéncia em concursos: a) 02 (dois) anos - pretenséo para haver prestacdes alimentares, a partir da data em que se vencerem; b) 03 (trés) anos. — pretensdo de reparacéo civil por ato ilicito; pretenséo para haver o Pagamento de titulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposicées de lei especial); pretensdo relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rusticos; ¢) 05 (cinco) anos - pretensdo dos profissionais liberals em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorarios, contado o prazo da conclusao do servigo. VI. DECADENCIA (arts. 207 a 211, CC) 1) Conceito: perda do direito material (direito _potestativo, direito propriamente dito ou direito em si) pela inércia do titular que deixou escoar o prazo previsto em lei ou_o prazo voluntariamente fixado para seu exercicio. O objeto da decadéncia é 0 direito que, por determinacao legal gu convencional, esta subordinada a condicéo de exercicio em certo espaco de tempo. Enquanto a prescricéo atinge a pretensao, a decadéncia atinge o préprio direito. 2) Espécies a) Legal: 0 prazo é 0 previsto na lei (Cédigo Civil e Leis Especiais). O seu prazo nao pode ser renunciado pelas partes (nem antes e nem depois de consumada a decadéncia), sob pena de nulidade absoluta (norma de ordem publica: art. 209, CC). Deve ser declarada de oficio pelo Juiz (art. 210, CC). Ex.: 04 (quatro) anos para se pleitear a anulacdo de um negécio juridico contado, AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL |AUUAO2 ~FATOS JURIDICOS (1# Parte) — RESCAICKO E DECAD: no caso de coacao do dia em que ela cessar; em caso de erro, dolo, estado de perigo, lesdo e fraude contra credores do dia em que se realizou 0 negécio juridico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, Ie Il, CC). b) Convencional: cléusula pactuada pelas partes em um contrato. EX.: prazo estipulado pelas partes para o exercicio de um direito estabelecido no contrato (cldusula de arrependimento); testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado) estabelecendo prazo para que o beneficiério venha solicitar a entrega, etc. Pode ser alegada em qualquer fase processual; 0 Juiz néo pode suprir a alegag&o (no pode ser declarada de oficio pelo Juiz): art. 211, CC. 3) Efeitos: a) exting&io imediata do direito e, de forma indireta, também a aco; b) a legal é irrenuncidvel; a convencional pode ser renunciada, a teor do art. 209, CC, a contrario senso; c) prazos decadenciais legais ndo podem ser alterados pela vontade das partes (os convencionais podem); d) ndo se aplicam a decadéncia as normas que impedem, suspendem e interrompem a prescricao (art. 207, CC). Excecao (art. 208, CC) > nao corre 0 prazo decadencial contra absolutamente incapazes. Os relativamente incapazes e as pessoas juridicas também tém ac&o regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa a decadéncia ou néo a alegaram oportunamente. 4) Arguicéo: em qualquer momento processual. Decadéncia legal: o Juiz deve reconhecer de oficio (art. 210, CC). Decadéncia convencional: estipulada pelas partes; somente o beneficiado pode alega-la; o Juiz néo suprir a alegacéo e reconhecé-la de oficio (art. 211, CC), pois foram os préprios contratantes que estabeleceram o prazo para 0 exercicio do direito. Para a elaboragio desta aula foram consultadas as seguintes obras: DINIZ, Maria Helena — Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva. FARIAS, Cristiano Chaves de @ ROSENVALD, Nelson - Curso de Direito Civil. Editora JusPODIVM. GAGLIANO, Pablo Stolze ¢ PAMPLONA, Rodolfo Filho - Novo Curso de Direito Civil. Editora Saraiva. GOMES, Orlando ~ Direito Civil. Editora Forense. GONCALVES, Carlos Roberto - Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva. MAXIMILIANO, Carlos - Hermenéutica e AplicagSo do Direito. Editora Freitas Bastos. MONTEIRO, Washington de Barros - Curso de Direito Civil. Editora Saraiva. NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade - Cédigo Civil Comentado. Editora Revista dos Tribunais. PEREIRA, Caio Mario da Silva - Instituigdes de Direito Civil. Editora Forense. RODRIGUES, Silvio — Direito Civil. Editora Saraiva. cla AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL RICKO € DECADE! ont JAULAO? —FATOS JURIDICOS 1 Parte) PR SERPA LOPES, Miguel Maria de - Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos. SILVA, De Placido e - Vocabulério Juridico. Editora Forense. VENOSA, Silvio de Salvo - Direito Civil. Editora Atlas. EXERCICIOS COMENTADOS 1) (TRT/14@ Regido/RO e AC - Magistratura do Trabalho - 2013) Leia as proposicées a seguir e marque a alternativa CORRETA: I. Fato juridico é todo acontecimento, previsto em norma juridica, em razéo do qual nascem, se modificam, subsistem e se extinguem relacées juridicas, sendo classificados em fatos naturais, aqueles que independem da vontade humana (nascimento, morte, maioridade, tempestade, naufragio, etc.), € fatos humanos, aqueles que dependem de vontade humana (perddo, ocupagao, confisséio, adogao, contratos, ate ilicito). II. O decurso do tempo, que dé azo a prescrig&o e & decadéncia, é reputado um fato juridico natural. IIL. A excegdo prescreve um ano apés a pretensdo. (A) apenas as proposicées I e II so verdadeiras. (B) apenas as proposicées I e III so verdadeiras. (C) apenas as proposigées II e III so verdadeiras. (D) todas as proposigdes sdio verdadeiras. (E) todas as proposicdes sdo falsas. COMENTARIOS. A proposig&o I esté correta. Fornece o conceito exato de fato juridico e sua divis&o. A proposicéo II esta correta, pois segundo a doutrina dominante o decurso de tempo (do qual pode decorrer a prescricéo, a decadéncia, a usucapido) € exemplo de fato juridico natural (ordinario). A proposigéo III esté errada, pois nos termos do art. 190, CC, a excecéo Prescreve no mesmo prazo em que a pretensdo. Gabarito: “A” (apenas as proposigées I e II so verdadeiras). 2) (DPE/DF - Estdgio para Defensoria Publica do Distrito Federal - 2013) A respeito do fato juridico, assinale a opgdo CORRETA. (A) a decadéncia extingue a pretensdo e, por via obliqua, o direito. (B) pode haver rentincia a prescrigéo antes da consumagao do respectivo prazo, desde que néo haja prejuizo a terceiros. (C) ato juridico em sentido estrito é 0 que surge como mero pressuposto de efeito juridico preordenado pela lei sem fungéo e natureza de autorregulamento. (D) © negécio juridico, ato independente da vontade humana, produz efeitos juridicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL RICKO € DECADE! ont JAULAO? —FATOS JURIDICOS 1 Parte) PR COMENTARIOS. A letra “a” esté errada, pois nos termos do art. 189, CC é a prescrigio que extingue a pretensdo; a decadéncia extingue 0 direito propriamente dito, o direito potestativo. A letra “b” esta errada, pois nos termos do art. 191, CC a renuncia da prescrigéio pode ser expressa ou tacita, e sé valeré, sendo feita, sem prejuizo de terceiro, depois que a prescricéo se consumar; tacita é/a rentincia quando se presume de fatos do interessado, incompativeis com a prescric&o. A letra "c" esté correta, pois no ato juridico em sentido estrito hd a participaggo humana, voluntéria e consciente, mas os efeitos sdo os impostos pela lei e nao pelas partes interessadas, ndo havendo regulamentagio da autonomia privada (ex.: reconhecimento de filho, fixagdo de domicilio, abandono, ocupagéo, etc.). A letra “d” esté errada, pois no negécio juridico ha a participagdo humana e os efeitos desta participacéio s&o ditados pela prépria manifestacao de vontade; os efeitos so os desejados pelas partes (ex.: contrato, testamento, etc.). Gabarito: "C”. 3) (FIG-RIO - PGM - Auxiliar de Procuradoria - 2013) A pretenso se extingue pela: (A) prescric&o. (B) decadéncia. (C) obrigagao. (D) coagao. (E) perempgio. COMENTARIOS. Dispée o art. 189, CC: “Violado o direito, nasce para o titular a pretensdo, a qual se extingue, pela prescrig&o, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206”. Gabarito: “A”. 4) (FCC - TCE/AM - Analista de Controle Externo - 2013) A prescrigéo (A) deve ser alegada no primeiro grau de jurisdig&o, sob pena de preclusdo. (B) extingue o direito material. (C) pode ser regulada por acordo entre as partes. (D) corre entre os cénjuges, na constdncia da sociedade conjugal. (E) pode ser renunciada de maneira expressa ou tacita, depois de consumada e desde que no haja prejuizo a terceiros. COMENTARIOS. A letra “a” esta errada, pois a prescric&o pode ser alegada em qualquer grau de jurisdic&o (art. 193, CC). A letra “b” estd errada, pois segundo © art. 189, CC a prescrico extingue a pretensdo (e no o direito material). A letra “c" esta errada, pois a prescrigfo (em especial os seus prazos) n&o pode ser regulada por acordo entre as partes (art. 192, CC). A letra “d” esta errada, pois a prescric&o nao corre na constancia da sociedade conjugal (art. 197, II, CC). A letra “e” esta correta nos exatos termos do art. 191, CC. Gabarito: “E”. 5) (CETRO - Procurador Autarquico - IMPLURB - 2013) Assinale a alternativa CORRETA, considerando as disposicées legais acerca da prescric&o. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL (A) a excegaio prescreve no mesmo prazo em que a pretensdo. (B) a rentincia da prescrig&o somente pode ser expressa. (C) 0s prazos de prescrigao somente podem ser alterados por acordo das partes. (D) a prescric&o pode ser alegada somente na primeira instancia. (E) a prescrigéio iniciada contra uma pessoa suspende-se contra o seu sucessor. COMENTARIOS. A letra “a” esta certa, nos exatos termos do art. 190, CC. A letra “b” esta errada, pois o art. 191, CC admite que a rentincia a prescrigdéo seja expressa ou tacita. A letra "c" est errada, pois o art. 192, CC estabelece que os prazos da prescricéo néo podem ser alterados por acordo das partes. A letra “d” esta errada, pois o art. 193, CC dispde que a prescrigéo pode ser alegada em qualquer grau de jurisdig&o. Finalmente a letra “e” esta errada, pois nos termos do art. 196, CC, a prescrigo iniciada contra uma pessoa continua a correr contra 0 seu sucessor. Gabarito: “A”. 6) (FCC - TCE/SP - Auditor do Tribunal de Contas ~ 2013) A prescrig&o (A) somente pode ser conhecida no primeiro grau de jurisdic&o. (B) n&o corre pendendo condig&o resolutiva. (C) poderé ser interrompida, em relacéo a uma mesma pretensdo, tantas quantas forem as causas de interrupgao. (D) pode ser interrompida por ato do devedor. (E) € suspensa pelo protesto cambial. COMENTARIOS. A letra “a” esté errada, pois segundo o art. 193, CC a prescrig&o pode ser alegada em qualquer grau de jurisdig&o, pela parte a quem aproveita. A letra “b” esta errada, pois a prescrigéo nao corre pendendo condig&o suspensiva (e no resolutiva), de acordo com o art. 199, I, CC. A letra “c" esté errada, pois a prescrigéo somente pode ser interrompida uma unica vez, de acordo com o art. 202, caput, CC. A letra “d” esta correta, nos termos do art. 202, VI, CC. Finalmente a letra "e” esta errada, pois o protesto cambial é causa de interrupgao da prescrig&o (e n&o de suspenso), nos termos do art. 202, III, CC. Gabarito: "D”. 7) (FCC - TST - Analista Judiciério - 2012) Quanto a prescrigdo, é CORRETO afirmar que (A) © prazo prescricional iniciado contra uma pessoa nao corre contra o seu sucessor. (B) sua rentincia seré necessariamente expressa. (C) seus prazos podem ser alterados por acordo das partes, se maiores e capazes. (D) pode ser alegada em qualquer grau de jurisdicéio, pela parte a quem beneficia. (E) nao pode ser pronunciada de oficio pelo juiz, necessitando da iniciativa da parte para tanto. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL COMENTARIOS. A letra “a” esta errada segundo o art. 196, CC, pois a prescrigéo continua a correr contra o sucessor. A letra “b” esta errada nos termos do art. 191, CC, pois a rentincia da prescrigéo pode ser expressa ou tacita. A letra “c” esta errada, pois os prazos prescricionais néo podem ser alterados, ainda que haja acordo entre as partes e estas sejam maiores e capazes (art. 192, CC). A letra “d” esta correta nos termos do art. 193, CC. Finalmente a letra “e” esta errada, pois além do art. 194, CC ter sido revogado, prevé o art. 219, §5° do Cédigo de Processo Civil que “O juiz pronunciara, de oficio, a prescrigéo”. Gabarito: "D". 8) (FCC - TRF/34 Regio - Analista Judicidrio - 2014) Considere: I. A prescrigéo entre cénjuges, apés 0 casamento, na constancia da sociedade conjugal. IL. Ago de eviccéio pendente. IIL. Ato judicial que constitua em mora o devedor. IV. Ato inequivoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. De acordo com o Cédigo Civil brasileiro, considera-se hipdtese de interrupcdo da prescrigdo o que consta APENAS em (A) le lv. (8) Tell. (C)1, Well. (D) I, He Iv. (E) Helv. COMENTARIOS. O item I é hipétese de suspensdo da prescric&o (art. 197, I, CC). O item II é hipétese de suspensdo da prescric&o (art. 199, III, CC). O item III é caso de interrupg&o da prescrig&o. O item IV é caso de interrupgaio da prescric&o. Gabarito: “E” (so hipsteses de interrupg&o da prescricdo os itens Ile IV). 9) (FCC - TCE/PR - Analista Judicidrio - 2011) Interrompe-se a prescrigao (A) durante a demora que tiverem as repartig6es publicas no estudo do direito pleiteado pelos particulares. (B) pelo casamento entre devedor e a credora. (C) se sobrevier incapacidade absoluta ou relativa ao credor. (D) durante 0 perfodo no qual o servidor publico estiver trabalhando em pais estrangeiro no exercicio de seu cargo ou funcao. (E) pelo protesto cambial. COMENTARIOS. © art. 202, inciso III, CC prevé que a prescrigio seré interrompida em caso de protesto cambial. Gabarito: “E”. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL 10) (FCC - TRT/208 Regido/SE - Analista Judicidrio - 2011) Suspensa a prescrigéo em favor de um dos credores soliddrios, esta suspensdo sé aproveitara os demais se a obrigagao for (A) indivisivel. (B) alternativa. (C) divisivel. (D) de dar coisa certa. (E) de fazer. COMENTARIOS. E o que estabelece literalmente o art. 201, CC. Gabarito: vA", 11) (FCC - TRT/194 Regido/AL - Analista Judiciério - 2014) Apés sofrer acidente automobilistico, Marcio, ent&o com 20 anos de idade, passa outros 25 anos em estado de coma. Ao se recuperar, j4 aos 45 anos de idade, Marcio (A) no poder pleitear indenizagéio contra 0 causador do acidente, pois houve decadéncia. (B) n&o poderd pleitear indenizacéio contra o causador do acidente, pois a pretenso esta prescrita. (C) poderé pleitear indenizacéio contra o causador do acidente, mas deverd fazé-lo no prazo de 3 anos de sua recuperacéo. (D) poderd pleitear indenizac&o contra o causador do acidente, mas devera fazé-lo no prazo de 5 anos de sua recuperacio. (E) poderé pleitear indenizag&o apenas se o causador do acidente se dispuser a pagé-la, espontaneamente, por se tratar de obrigacao natural. COMENTARIOS. Segundo o art. 198, I, CC, n&o corre prescrigéo contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC. Ja o art. 3°, III, CC estabelece que séo absolutamente incapazes os que mesmo por causa transitéria néo puderem exprimir sua vontade. Portanto, no caso concreto, combinando os dois dispositivos, podemos afirmar que a fluéncia do prazo prescricional somente tera inicio quando a pessoa se recuperou. Ainda que tenha ficado 25 anos em coma, esse prazo no ser levado em conta para a prescricéo, tratando-se de uma causa de impedimento. No entanto, segundo o art. 206, §3°, V, CC a pretensdo para reparacao civil prescreve em 03 (trés) anos. Assim, no momento em que se recuperou do coma inicia-se a contagem trienal de prescricao. Gabarito: “C”. 12) (FCC - TRT 182 Regi&o/GO - Analista Judicidrio - 2013) Acidente de veiculo vitimou crianga de 10 anos de idade, causando-lhe danos materiais e morais. Ao completar 18 anos, a vitima decidiu ajuizar agao de reparago civil. Considerando-se que o acidente ocorreu sob a vigéncia do Cédigo Civil atual, tal pretensdo (A) ndo esta prescrita, pois o caso retrata hipétese de decadéncia. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL (B) esta prescrita, pois j4 se passaram mais de 3 anos da data do fato. (C) esta prescrita, pois j4 se passaram mais de 5 anos da data do fato. (D) n&o esta prescrita, pois a vitima era absolutamente incapaz no momento do fato. (E) no esta prescrita, pois o fato é imprescritivel. COMENTARIOS. Combinando 0 art. 198, I, CC com o art. 3°, I, CC, podemos afirmar que a flu&ncia do prazo prescricional somente terd inicio quando a pessoa tiver 16 anos, sendo que no caso concreto a ofendida tinha apenas 10 anos quando do acidente. Segundo o art. 206, §3°, V, CC a pretenséo para reparacdo civil (danos materiais e morais) prescreve em trés anos. No momento em que ela ingressou com a agao tinha 18 anos, ou seja, jé haviam escoados apenas dois anos. Conclusao: a prescric&io ainda n&o se operou, pois 0 prazo de trés anos teve inicio quando a pessoa completou 16 anos. Como agora tem 18 anos, decorreram apenas dois anos, portanto ainda faltaria um ano para se operar a prescrigéo. Gabarito: "D”. 13) (IESES - TJ/RN - Titular de Servigos de Notas e Registros - 2012) Assinale a alternativa INCORRETA: (A) a interrupgSo da prescrig&o somente pode se dar uma vez. (B) apesar de previstos em lei, os prazos prescricionais podem ser alterados por vontade das partes. (C) nao corre prescrig&o entre cénjuges, na consténcia da sociedade conjugal. (D) se ocorrer a interrupgdo da prescrigéio, comeca a correr novamente da data que a interrompeu. COMENTARIOS. A letra “a” esté correta nos termos do art. 202, CC, pois a interrupgéo da prescrig&o pode ocorrer apenas uma vez (lembrando que depois de interrompido, 0 prazo se reinicia a partir do zero). A letra “b” esta errada, pois nos termos do art. 192, CC os prazos prescricionais, por serem de ordem ptblica, ndo podem se alterados pela vontade das partes. A letra “c” esté correta nos termos do art. 197, I, CC. A letra “d” esta correta nos termos do pardgrafo Unico do art. 202, CC. Gabarito: “B”. 14) (FCC - MPE/AL - Promotor de Justica - 2012) Mauro, médico cirurgiéo plastico, realiza uma cirurgia para colocacdo de prétese de silicone em Patricia, sua paciente, sendo estabelecido o prego de R$ 8.000,00 pelo procedimento, que é realizado com absoluto sucesso no dia 11 de maio de 2007. Patricia pagou pela cirurgia apenas o sinal exigido pelo médico de R$ 2.000,00. Apés seis meses Mauro e Patricia se encontram em um bar e comegam a namorar. No dia 11 de maio de 2008, eles se casam regularmente de acordo com a legislacéo brasileira. Contudo, no més de setembro de 2012 0 casal se divorcia. Neste caso, Mauro (A) terd o prazo de um ano para exigir de Patricia o pagamento da divida, sob pena de prescric&o. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL (B) nao poderé mais exigir 0 pagamento de seus honordrios, uma vez que restou consumado o prazo prescricional. (C) tera © prazo de trés anos para exigir de Patricia 0 pagamento da divida, sob pena de prescricao. (D) tera 0 prazo de dois anos para exigir de Patricia 0 pagamento da divida, sob pena de prescricdo. (E) teré o prazo de quatro anos para exigir de Patricia o pagamento da divida sob pena de prescrigao. COMENTARIOS. Antes de tudo, devemos esclarecer que esta questéo foi elaborada em setembro de 2012 e isso deve ser levado em consideracdo para a sua resolug&o. Patricia passou a dever para Mauro no dia 11 de maio de 2007, sendo que 0 prescricional dessa divida é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 206, §5°, II, CC: pretensdo dos profissionais liberais em geral (médico), contado o prazo da concluséio dos servigos (no caso o dia da cirurgia). O prazo prescricional correu normalmente até 11 de maio de 2008. A partir desse dia, como credor e devedora se casaram, 0 prazo ficou suspenso (art. 197, I, CC). Em setembro de 2012 o casal se separou. Portanto, a partir desta data o prazo volta a fluir de onde havia parado. Como o prazo prescricional é de cinco anos e hd havia corrido um ano, a partir de setembro de 2012 Mauro ainda terd quatros anos para exigir de Patricia o valor da divida. Gabarito: “E". 15) (FCC - TRF/3@ Regio - Analista Judicidrio - 2014) Considere as seguintes situagées hipotéticas: I. Minerva emprestou R$ 10.000,00 para sua amiga Glaucia, uma vez que a mesma necessitava saldar despesas hospitalares de seu filho. As amigas celebraram confisséo de divida assinada por duas testemunhas idéneas, divida esta n&o saldada por Glaucia. II. Lurdes Maria é contadora. No ano de 2012, Lurdes prestou seus servigos profissionais para a Familia Silva, elaborando as declaracées de imposto de renda do Sr. e Sra. Silva, bem como de seus dois filhos, cobrando pelos servigos o valor de quatro saldrios minimos. A familia Silva n&o efetuou o pagamento dos servigos de Lurdes Maria. III. Horténcia alugou seu conjunto comercial para Amanda que esté Ihe devendo R$ 20.000,00 pelo nao pagamento do aluguel referente aos ultimos quatro meses. Nestes casos, de acordo com o Cédigo Civil brasileiro, em regra, prescreveré em cinco anos, APENAS (A) a pretensdo de Minerva. (B) a pretensdo de Horténcia. (C) as pretensdes de Minerva e Horténcia. (D) as pretensdes de Lurdes Maria e Horténcia. (E) as pretensdes de Minerva e Lurdes Maria. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL RICKO € DECADE! ont JAULAO? —FATOS JURIDICOS 1 Parte) PR COMENTARIOS. No item I, a confiss’o de divida assinada por Glducia se encaixa na situacéo prevista no art. 206, §5°, I (pretensdo de cobrancga de dividas liquidas constantes de instrumento publico ou particular); assim sendo Minerva tem 05 (cinco) anos para propor a acdo contra Glducia. No item II, a hipétese se encaixa na situag&o prevista no art. 206, §5°, II (pretenséo dos profissionais liberais em geral); assim sendo Lurdes Maria também tem 05 (cinco) anos para propor a ag&o contra a Familia Silva. No item III, a hipétese se encaixa na situagao prevista no art. 206, §3°, I (pretensao relativa a alugueis de prédios urbanos ou riisticos); assim sendo Horténcia tem 03 (trés) anos para propor a aco contra Amanda. Gabarito: “E”. 16) (FCC - TRT/1@ Regiéo/RJ - Magistratura do Trabalho - 2012) N&o correm prazos decadenciais e prescricionais (A) entre cénjuges na constancia da sociedade conjugal. (B) contra os que, mesmo por causa transitéria, ndo puderem exprimir sua vontade. (C) contra os ausentes do Pais em service pubblico da Unido, dos Estados ou dos Municipios. (D) quando a acéo se originar de fato que deva ser apurado no juizo criminal antes da respectiva sentenga definitiva. (E) contra os ébrios habituais, os viciados em téxicos e os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido. COMENTARIOS. Todas as alternativas s&o hipdteses de impedimento ou suspensdo do prazo prescricional. No entanto o cabecalho da questo fala em prazos prescricionais ¢ decadenciais. Assim, a unica alternativa correta ¢ a letra “b” uma vez que as pessoas que mesmo por causa transitéria néo podem exprimir sua vontade séo absolutamente incapazes (art. 3°, III, CC) e o art. 198, I, CC determina que nao corre a prescrigéo contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC. Além disso, determina o art. 208, CC que se aplica a decadéncia 0 disposto no art. 198, I, CC, sendo esta a tinica causa de suspenséo do prazo decadencial. Gabarito: “B”. 17) (FCC - TCE/SE - Analista de Controle Externo - 2011) A respeito da prescric&o e da decadéncia, considere: I. A prescrigéo entre ascendente e descendente inicia-se na data em que o menor completar 18 anos de idade ou cessar, por outra causa, a incapacidade. II. E causa interruptiva da prescrigéo ato inequivoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. III. A decadéncia prevista em lei pode ser objeto de reniincia ou alteracéo por convengéio das partes. Esta correto 0 que se afirma APENAS em (A) Le Il. (B) Te Il. (©) Well. AUXILIAR JUDICIARIO TJ/PA = DIREITO CIVIL (0) 0. (E) 1. COMENTARIOS. O item I esté correto, pois prevé o art. 197, II, CC que nao corre prescrig&o entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (que termina aos 18 anos). O item II esté correto nos termos do art. 202, VI, CC. O item III esté errado pois a decadéncia legal nfo pode ser renunciada (art. 209, CC). Gabarito: “A”. 18) (FUB) - MPE/RJ ~ Analista Processual ~ 2011) Sobre a prescrigao, é INCORRETO afirmar que: (A) a pretensdo e a excegdo prescrevem no mesmo prazo. (B) ao contrério da decadéncia, os prazos da prescrigéio podem ser alterados por acordo das partes. (C) a prescrig&o iniciada contra uma pessoa prossegue contra seu sucessor. (D) ago de eviccéio pendente impede ou suspende a prescric&o. (E) a prescrig&o pode ser interrompida por qualquer interessado. COMENTARIOS. A letra “a” esta correta nos termos do art. 190, CC. A letra “b” esté errada, pois nos termos do art. 192, CC, os prazos de prescrigéo no podem ser alterados por acordo das partes. O mesmo se aplica aos prazos de decadéncia legal; j4 os prazos decadenciais convencionais podem ser alterados por acordo entre as partes. A letra “c” esta correta nos termos do art. 196, CC. A letra “d” esta correta nos termos do art. 199, III, CC. A letra “e” esta correta nos termos do art. 203, CC. No entanto, a questdo deveria esclarecer que isso somente é possivel nas hipéteses do art. 202, CC. Gabarito: "B”. 19) (FCC - TRT/14? Regisio/RO e AC - Analista Judicidrio - 2011) Prescreve em trés anos a pretensdo (A) relativa a tutela, a contar da data da aprovacao das contas. (B) de cobranga de dividas liquidas constantes de instrumento publico ou particular. (C) do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juizo. (D) dos profissionais liberais em geral pelos seus honorarios, contado o prazo a conclusdo dos servicos ou cessag&o dos respectivos contratos. (E) do beneficiétio contra o segurador e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatério. COMENTARIOS. E 0 que estabelece literalmente o art. 206, §3°, IX, CC. Cuidado para no confundir esta situago com a prevista no art. 206, §1°, II, que também diz respeito ao contrato de seguro. Gabarito: “E”. 20) (FCC - TRT/124 Regi&o/SC - Analista Judicidrio - 2013) No tocante & prescricdo: (A) seu prazo néo correra se pender condig&o suspensiva. (B) pode ela ser interrompida apenas pelo titular do direito violado.

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