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AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL ue AULA 01 — PESSOAS JURIDICAS ©) itens especificos do edital que seréio abordados nesta aula > DAS PESSOAS JURIDICAS. Pessoas juridicas de direito pubblico e de direito privado. Domicilio. Subitens —> Das Pessoas Juridicas. Conceito. Classificacio: Pessoa Juridica de Direito Publico e de Direito Privado. Personalidade Juridica. Inicio da Personificagdo e Término de sua existéncia legal. Registro e Representacéo. Domicilio. Responsabilidade. Grupos nao personificados. Abuso e Desconsideracdo da Personalidade Juridica. Legisiacéo a ser consultada > Cédigo Civil: arts. 40 até 69 (Pessoas Juridicas). Ler também o art, 75, CC (domicilio da Pessoa Juridica). INTRODUGAO E CONCEITO Natureza Juridica Pressupostos de Existéncia . Representagéo.. CLASSIFICAGAO GERAL. Pessoa Juridica de Direito Puiblico Pessoa Juridica de Direito Privado Inicio da Exist€ncia Legal. Constituigéo Registro... Domici.io.. Responsabilidade.. Extingao .. Grupos Despersonalizados . Desconsideracao da Personalidade Juridica RESUMO ESQUEMATICO DA AULA . Bibliografia Basice . EXERCICIOS COMENTADOS AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no INTRODUGAO, © homem, desde seus primérdios, sempre teve necessidade de se agrupar para garantir a subsisténcia e atingir fins comuns. A necessidade de circulagao de riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas sociedades grupos de atuacéio conjunta na busca de objetivos semelhantes. E 0 Direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociagées, nao ignorou estas unidades coletivas, Portanto, a pessoa juridica é fruto desta evolug’o hist6rica-social. CONCEITO De forma técnica Pessoa Juridica pode ser definida como a unio de pessoas naturais ou de patriménios, com o objetivo de atingir determinadas finalidades, sendo reconhecida pela ordem juridica como sujeito de direitos e obrigagdes. Assim, como sujeito de relagdes juridicas, possui personalidade juridica individual e prépria (aut6noma), independente da personalidade das pessoas naturais que a compée, principalmente quanto ao patriménio. @ observacdio. A doutrina usa outras expressbes para se referir as pessoas juridicas, tais como: pessoa moral, ideal, intelectual, coletiva, abstrata, ficticia, “ente de existéncia ideal”, etc.. Na realidade tais expressées n&o foram adotadas pelo nosso ordenamento juridico, mas sim por leis de outros paises, sendo “importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e pedem essa a terminologia nas provas. Nao é raro cair a seguinte indagacdo em um concurso: “quais as caracteristicas da pessoa moral?” A primeira vista pode- se pensar que pessoa moral é sinénimo de pessoa fisica (pois somente uma pessoa fisica é que teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa moral (expresséio adotada pela Franca) é sinénimo de pessoa juridica. Portanto, prestem ateng&o quanto aos sinénimos usados nas questdes pelos examinadores, pois podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a matéria, mas desconhecia a expresso. As pessoas juridicas tém direito 4 personalidade (identificagao, liberdade para contratar, boa reputag&o, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietéria, usufrutuaria, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma forma geral) e até mesmo aos direitos sucessérios (podem adquirir bens causa mortis, ou seja, por testamento). E interessante acrescentar que os dispositivos relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC) também podem ser aplicados em relacéo & pessoa juridica, no que couber, por forga do art. 52, CC. Portanto, pode-se afirmar que sua capacidade juridica nao se limita a esfera patrimonial, uma vez que tem direito ao nome, a marca, a imagem, a AUXILAR JUDICIARIO — T/PA = DIREITO CIVIL PESSOAS JURIDICAS propriedade, ao segredo, etc. Segundo a doutrina ela tem honra objetiva, pois tem patriménio, reputaco, bom nome, etc. Portanto, no campo do Direito Civil, a pessoa juridica pode ser vitima e sofrer danos morais, tendo, inclusive, direito de acionar o Poder Judicidrio para exigir reparag3o desses danos. Trata-se da Sumula 227 do Superior Tribunal de Justiga (“A pessoa juridica pode sofrer dano moral”). No entanto o proprio STJ deixou claro que isso somente ocorre hipdtese em que haja ferimento @ sua honra objetiva, isto é, quanto ao conceito que a pessoa juridica goza no meio social. A jurisprudéncia do STJ também admite a possibilidade da pessoa juridica ser vitima de coaco moral, desde que esta se refira a atos juridicos contrarios a sua finalidade e 4 sua reputacdo. NATUREZA JURIDICA Diversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa juridica. Uma corrente doutrindria nega a sua existéncia (negativista). Mas a corrente afirmativista € a majoritaria. E esta se divide basicamente em dois grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisdio: a) Teorias da Ficc&io (a pessoa juridica é apenas uma criagdo artificial da lei ou da doutrina); b) Teorias da Realidade (realidade organica ou objetiva, realidade juridica, realidade técnica, etc.). Como nosso curso € objetivo, visando concursos publicos, vamos deixar de lado a andlise de cada uma dessas teorias sobre natureza da pessoa juridica e vamos nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas. @ bireto ao Ponto: de todas as teorias existentes sobre o tema, a que melhor se adapta ao nosso sistema juridico, sendo acolhida pelos mais renomados doutrinadores e que tem caido em concursos (e é isso 0 que nos interessa), é a TEORIA DA REALIDADE TECNICA, onde a pessoa juridica existe de fato (ente real e no uma mera abstragio), sendo, portanto, sujeito de direitos obrigacées. O préprio Estado reconhece a existéncia de grupos de pessoas que se unem na busca de determinados fins, entendendo ser necessaria a existéncia de personalidade juridica prépria, distinta da dos membros que a compée. Assim, a personalidade juridica é um atributo concedido a estes entes coletivos por meio do ordenamento juridico, sem que isso possa redundar em facilidade para que seus componentes a utilizem como um instrumento de fraudes a lei ou 20s direitos de terceiros, como veremos adiante. PRESSUPOSTOS DE EXISTENCIA DA PESSOA JURIDICA A) Vontade humana criadora. Trata-se da affectio societatis, ou seja, inteng&o especifica dos sécios em constituir uma entidade com personalidade distinta da de seus membros. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no B) Obediéncia aos requisitos impostos pela lei para sua formacdo. As pessoas juridicas somente existem porque a lei assim o permite. Portanto, ela necessita se submeter aos requisitos impostos pela prépria lei, entre eles, como veremos adiante, a elaboracéo dos atos constitutivos e seu respectivo registro. C) Licitude de sua finalidade, ou seja, deve ter objeto licito abrangendo em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos perseguidos. REPRESENTACAO Por n&o poder atuar por si mesma, a pessoa juridica deve ser representada por uma pessoa fisica ativa e/ou passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Pelo art. 47, CC, todos os atos negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa juridica, que deverd cumpri- los. Mas se 0 representante extrapolar estes poderes, responderd pessoalmente pelo excesso, ou seja, a sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros (exceto se foi beneficiada com a pratica do ato, quando entdo passaré a ter responsabilidade na proporgdo do beneficio auferido). A doutrina chama isso de teoria ultra vires societatis (além do conteido da sociedade), caracterizada pelo abuso de poder do administrador, ocasionando violac&o do objeto social licito para o qual foi constituida a empresa. 1. Pessoas Juridicas de Direito Publico Interno + s8o representadas (art. 12, Ie II do Cédigo de Processo Civil): a) Unido, Estados, Distrito Federal e Territérios > por seus Procuradores. b) Municipios + por seu Prefeito ou Procurador. 2. Demais Pessoas Juridicas (art. 12, VI, CPC) +em regra é a pessoa indicada em seu ato constitutive. Na omisséo, a representac&o seré exercida por seus diretores. Se a pessoa juridica tiver administragao coletiva (geréncia colegiada), as decisées seréio tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Se houver vacancia geral na administragéo 0 Juiz deverdé nomear um administrador provisério (art. 49, cc). Como no mundo dos negécios € praticamente impossivel o administrador de uma grande empresa estar presente a todos os eventos, pode-se outorgar mandato, que € uma espécie de contrato. Ou seja, transfere-se parte dos poderes para que uma terceira pessoa (mandatério) pratique atos em nome da pessoa juridica (mandante). AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS © Esco 24" fé0 confundir &@ Mandatério X Preposto Segundo o art. 653, CC, “opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses”. Jé © preposto é uma figura que encontramos no Direito do Trabalho. Trata-se de um empregado da empresa, que preferencialmente exerce cargo de gerente ou outro de confianga e que tenha conhecimento dos fatos constantes da reclamatéria trabalhista, com capacidade para defender ou esclarecer os temas e devidamente autorizado (carta de preposic&o) a representd-la junto a Justica do Trabalho. Prazos para Anulag&o Sobre esse tema, as questes de concurso costumam pedir duas espécies de prazo de anulacao: a) Anulag&o da constituiggo da pessoa juridica. Art. 45, pardgrafo Unico: decai em trés anos o direito de anular a constituiggo das pessoas juridicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicacao de sua inscrig&o no registro. b) Anulag&o das decisées dos administradores. Art. 48, pardgrafo Unico: decai em trés anos o direito de anular as decisées tomadas por maioria de votos em administracéo coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulacéio ou fraude. A) Quanto & Nacionalidade — las podem ser consideradas como nacionais ou estrangeiras, tendo em vista sua articulagéo e subordinacéo a ordem juridica que Ihe conferiu personalidade, sem se ater, em regra, a nacionalidade dos membros que a compée e origem do controle financeiro. Sociedade Nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no Pais a sede de sua administragéo (arts. 1.126 a 1.133, CC). A Sociedade Estrangeira nao podera funcionar no Pais sem autorizacéo do Poder Executivo e ficard sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui praticados (arts. 1,134 a 1.141, CC). B) Quanto a Estrutura Interna 1) Universitas Personarum — nelas, o mais importante é 0 conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade Unica. O objetivo é o bem-estar de seus membros. Ex.: as sociedades (de uma forma geral) e as associacdes. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL au PESSOAS JURIDICAS 2) Universitas Bonorum —nelas, 0 mais importante é 0 patriménio personalizado destinado a um determinado fim e que Ihe dé unidade. O objetivo € 0 bem-estar da sociedade. Ex.: fundagdes. O patriménio ¢_as finalidades (objeto) das fundacdes sao seus elementos essenciais. C) Quanto as Fungdes e Capacidade —Podem ser divididas em pessoas juridicas de direito publico e pessoas juridicas de direito privado (art. 40, CC). Este € 0 item mais importante, pois € o que tem maior incidéncia em concursos. Daremos agora uma viséio geral e panordmica sobre o tema. A seguir vamos analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma minuciosa. I. DIREITO PUBLICO A) Interno (art. 41, CC) 1) Administrago Direta: Uniéo, Estados, Distrito Federal, Territérios e Municipios. 2) Administragéo Indireta: autarquias, associagdes e demais entidades criadas por lei (sé as fundacées publicas de direito publico). B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas pelo direito internacional puiblico. II. DIREITO PRIVADO (art. 44, CC) A) Universitas Personarum 1) Sociedades: a) Simples. b) Empresdria. 2) Associagdes, partidos politicos e organizagées religiosas. 3) Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). B) Universitas bonorum 1) Fundagées particulares (segundo a doutrina também as fundag@es publicas de direito privado). sone LE lt ronen Republica Federativa do Brasil: pessoa juridica de direito publico externo (ou internacional). %» Unio: pessoa juridica de direito puiblico interno; é apenas uma das entidades que forma o Estado Federal, e que, por determinacao constitucional (art. 21, I, CF/88) tem competéncia exclusiva de representé-lo em suas relagGes internacionais. B) PESSOA JURIDICA DE DIREITO PUBLICO INTERNO DE ADMINISTRACAO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC) — So entidades descentralizadas, criadas por lei, com personalidade juridica prépria para o exercicio de atividade de interesse piiblico. S&o elas: a) Autarquias. b) Associagdes Publicas (Lei n° 11.107/05). c) Demais entidades de carater puiblico criadas por lei. Vejamos cada um destes itens: AUTARQUIAS: S&o pessoas juridicas de direito publico, que desempenham atividade administrativa tipica, com capacidade de auto-administracéo nos limites estabelecidos em lei. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa autonomia, possuindo patriménio e orgamento préprio, mas sob o controle do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do Legislativo. As autarquias n&o tém capacidade politica (isto é, néo podem legislar e criar 0 préprio Direito, devendo obedecer a legislacdo administrativa & qual est&o submissas), porém podem baixar instrucdes normativas (que n&o séo consideradas leis em sentido estrito). Elas so criadas por lei especifica (iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo), com personalidade juridica de direito publico; integram a administracdo indireta, possuindo atribuicdes estatais destinadas & realizacéio de obras e services piiblicos, de cunho social, geralmente ligadas a drea da satide, educacéo, etc. (excluem-se, portanto as de natureza econémica ou industrial). Portanto elas devem atuar em setores que exigem especializagdo por parte do Estado, com organizacéo propria, administragfo mais gil e pessoal especializado. Seus bens so considerados publicos. A autarquia nasce com a vigéncia da lei que a instituiu, nfo havendo necessidade de registro. Da mesma forma, sua extinggo também deve ser feita por meio de lei especifica (principio da simetria das formas juridicas). Seus atos so considerados como administrativos. Como possui personalidade juridica propria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir judicialmente a revisdo de sua aposentadoria, deve ingressar com ago judicial n&o contra a Unido (entidade criadora), mas contra o préprio INSS como entidade auténoma e com patriménio préprio. Ex.: INSS (Instituto Nacional do AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no Seguro Social), INCRA (Instituto Nacional de Colonizagéo e Reforma Agraria), CVM (Comisséo de Valores Mobiliérios), CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econémica), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis), Imprensa Oficial do Estado, etc. ASSOCIAGGOES PUBLICAS © art. 241, CF/88 autorizou a Unido, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios a realizarem mediante lei os chamados consércios ptiblicos e os convénios de cooperacéo entre os entes federados, autorizando a gestéo associada de servicos ptiblicos, bem como a transferéncia total ou parcial de encargo, servigos, pessoal e bem bens essenciais & continuidade dos servigos transferidos. A Lei n° 11.107/05 regulou os consércios publicos, cumprindo o disposto na Constituiggo sendo uma nova forma de se prestar um servigo publico. Essa lei optou por atribuir personalidade juridica aos consércios publicos, dando-Ihes a forma de uma associacdo, podendo ser de pessoa juridica de direito ptiblico (associagéo publica) ou de direito privado. Quando 0 consércio ptiblico for pessoa juridica de direito privado, assumira a forma de “associacéo civil”, sendo que aquisicéo da personalidade corre com a inscrig&o dos atos constitutivos no registro civil das pessoas juridicas. Mesmo assim, estes consércios esto sujeitos as normas de direito puiblico no que diz respeito a realizagéo de licitacdo, celebragéo de contratos, prestac&o de contas, admissio de pessoal, etc. Quando criado com personalidade de direito puiblico, 0 consércio puiblico se apresenta como uma associacdo publica. O consorcio ptblico sera constituido por contrato, cuja celebragéo dependeré de prévia subscrigéo de protocolo de intenges. As questées de prova em concurso tém entendido que as associacées pliblicas s’o uma espécie de autarquia (e néo uma nova espécie de entidade da administracao indireta). FUNDAGGES PUBLICAS Fundag&o, de uma forma geral, é uma instituigéo do direito privado. Sua criag&o resulta da iniciativa de uma pessoa (fisica ou juridica), que destina um acervo de bens particulares (que adquirem personalidade juridica) para a realizagio de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional, assistencial, etc.). Compreende sempre: patriménio ¢ finalidade. Ultimamente 0 Poder Puiblico também tem instituido fundagdes para a execugo de algumas atividades de interesse coletivo, sem finalidade lucrativa (assisténcia social, satide, educag&o, pesquisa cientifica, cultura, protegao ao meio ambiente, etc.). Elas integram a administracio publica indireta no nosso sistema juridico, pois uma pessoa politica faz a dotacéo patrimonial e destina recursos orgamentarios para a manutengfio da entidade. No entanto, AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no como suas atividades néo s&o exclusivas do Poder Publico costuma-se dizer que elas exercem atividades atipicas do Poder Publico. As fundacées puiblicas se assemelham as fundagées particulares, mas se diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundag&o privada é criada a partir de um ato (inter vivos ou causa mortis) de um particular e com patriménio deste, a fundacao publica é criada mediante uma lei especifica, a partir de um patriménio publico. Ex.: FUNASA (Fundacéo Nacional da Satide), FUNARTE (Fundaciio Nacional das Artes), FUNAI (Fundagio Nacional do {ndio), FBN_(Fundagao Biblioteca Nacional), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica), IPEA (Instituto de Pesquisa Econémica Aplicada), EUB (Fundagéo Universidade de Brasilia), etc. Se observarmos 0 art. 41, CC, que arrola as pessoas juridicas de direito ptblico, vamos concluir que ele ndo menciona a “fundag&o”, como sendo uma de suas espécies. No entanto, segundo a doutrina, as fundagdes piblicas estariam implicitas na expresso “demais entidades de caréter pliblico criadas por lei”. E Constituigio Federal de 1988, em especial apés a Emenda Constitucional n° 19/98 (art. 37, XIX), reforcou esta posigao. @ observacéo 01. Sobre este tema, os civilistas so bem objetivos: fundagéo publica é uma pessoa juridica de direito publico interno (apesar de nao haver previséo expressa neste sentido). Ponto! Porém... para os administrativistas a coisa nao é téo simples (vou falar sobre isso de forma superficial, pois isso nao interessa tanto ao Direito Civil). Para o Direito Administrative a posigéo mais aceita é que existem duas espécies de fundag@es ptiblicas: a) Fundagées publicas com personalidade juridica de direito publico: criadas diretamente pela edigdo de uma lei especifica (Poder Legislative). Elas adquirem a personalidade juridica com a vigéncia da lei instituidora. Na realidade elas séo espécies do género autarquias (sio também chamadas de fundagdes autarquicas ou autarquias fundacionais), sujeitando-se ao regime juridico do direito ptblico (idéntico ao das autarquias), com todas as suas prerrogativas e restrigdes. Segundo a doutrina somente estas pertenceriam ao direito publico. b) Fundagdes publicas com personalidade juridica de direito privado: ha uma autorizaggo dada em lei para criacdo da entidade; apés isso o Poder Executivo elabora os atos constitutivos da fundacao e a seguir deve providenciar a inscrig&o no registro competente. Somente apés esse registro ela adquire a personalidade. Possuem um carater hibrido; parte regulada pelo direito privado e parte pelo direito puiblico, Segundo a doutrina elas pertencem ao direito privado (seus bens nao s&o ptiblicos, néo esto sujeitas ao regime de precatérios, ete.). AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no Seja a espécie que for as fundagdes puiblicas nao estdo sujeitas ao disposto no art. 66, CC, segundo o qual o Ministério PUblico estadual velard pelas fundagées onde estiverem situadas. O verbo “velar” tem um sentido juridico atribuindo ao Ministério Ptiblico uma fungéo de “curador" das fundagdes. Mas isso somente se aplica as fundagdes genuinamente particulares. E certo que as fundag®es ptiblicas sofrem um controle, mas este é 0 mesmo que é exercido sobre todas as entidades da administrag&o indireta. @ observacéo 02. Segundo a doutrina (principalmente ligada ao Direito Administrativo), todos os temas que falamos acima so espécies de autarquias. Explico! Ha quem sustente que autarquia representa um género, sendo dividida em: a) autarquias comuns ou ordindria: maisacima como item auténomo. so aquelas a que nos referimos b) autarquias sob regime especial: s80 aquelas em que a lei instituidora prevé determinados instrumentos aptos a Ihes conferir maior grau de autonomia perante o Poder Publico do que as autarquias comuns. Os exemplos cléssicos so 0 BACEN (Banco Central do Brasil) e a USP (Universidade de Sao Paulo). Nestas espécies também estariam incluidas as agéncias _reguladoras, entidades que possuem alto grau de especializacéo técnica, incumbidas de normatizar_e_fiscalizar_a_prestacso de certos servicos de grande interesse publico (impede praticas anticoncorrencial e de abuso do poder econémico, protege os interesses dos usuarios e assegura a universalizagao dos servicos pliblicos). O Estado, ao invés de assumir diretamente o exercicio de uma atividade empresarial, intervém ativamente nessas atividades, _utilizando instrumentos & dil —x.: ANATEL (Agéncia Nacional de Telecomunicagées), ANEEL (Agéncia Nacional & imp Elétrica), ANAC (Agéncia Nacional de Aviagéo Civil), ANP _(Agéncia Nacional do Petréleo, Gas Natural e Biocombustiveis), ANA (Agéncia Nacional de Aguas), etc. Fala-se, também em “agéncias executivas”. Estas, no entanto, ndo sdo uma espécie de entidade, mas sim uma qualificagéo que pode ser conferida pelo poder pliblico as autarquias em geral ou as fundacées ptiblicas que com ele celebrem contrato de gest&o (art. 37, §8°, CF/88; ver também o art. 51 da Lei n® 9.649/98). Ou seja, se uma autarquia cumpre determinadas metas estabelecidas em um contrato, 0 Poder Publico a qualifica como agéncia executiva. Com isso amplia-se a sua autonomia gerencial, orgamentéria e financeira (sem prejuizo, é evidente, do controle a que se sujeitam todas as entidades da administragSo indireta). cc) autarquias fundacionais (hé quem as chame de fundagdes autdrquicas): s&o as fundagdes publicas com personalidade de direito ptiblico a que nos referimos acima. Na realidade o regime juridico a que se sujeitam estas AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS Once fundagdes e as autarquias comuns é idéntico. A diferenga é simplesmente conceitual: define-se as autarquias como um servico ptiblico personificado, em regra tipico do Estado e estas fundacées como um patriménio_personalizado destinado a finalidade especifica de interesse social. d) associagées piblicas: so os consércios puiblicos que falamos acima. @ observacdo 03. Hd ainda quem acrescente outras duas espécies: a) autarquias territoriais: so os territérios federais, responsdveis pela execugio dos servigos ptiblicos em determinadas reas geograficas; b) autarquias corporativas (ou profissionais): exercem o poder de policia sobre determinadas profissdes. Ex.: Conselho Federal de Medicina (CFM). No entanto, de acordo com © STF, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ndo é autarquia corporativa muito menos pertence & Administrag&o Publica. DIFERENCAS BASICAS: AUTARQUIA X FUNDAGAO PUBLICA AUTARQUIAS FUNDACOES: Atividades Atribuicdes Atividades tipicas (exclusivas) Qu atipicas da Administracao. atipicas da Administracao. Regime Juridico Apenas Direito Publico. Direito Publico ou Privado. Exclusivamente publica. Exclusivamente publico ou Dotagao Patrimnonial publico e privado Espécies Comuns, especiais, | Fundacées de Direito Publico fundacionais, associagées | (autarquicas) e de Direito publicas (além das territoriais Privado. e corporativas). A pessoa juridica de direito privado é instituida por iniciativa dos particulares em geral. A doutrina costuma usar a expresséo “Corporagéo” para designar 0 género, tendo como divisdo (art. 44, CC): associagées (a doutrina engloba neste item os sindicatos, pois eles tam natureza de associagao civil), sociedades, fundacées, organizagées religiosas, partidos politicos e as empresas individuais de responsabilidade limitada. Vejamos. 1. FUNDAGGES PARTICULARES A doutrina costuma usar a seguinte expresso: fundagdes sdo universalidades de bens (resultam da afetacéo de um patriménio e néo da AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) E unio de individuos), personificados, em ateng&o ao fim que lhes da unidade. Portanto, dois séo seus elementos fundamentais: a) patriménio; —_b) finalidade (que é imutavel e no pode visar lucro). Fundagao é 0 complexo de bens livres colocados por uma pessoa fisica ou juridica, a servigo de um fim licito e especial, com alcance social pretendido por seu instituidor, e em atengéo ao disposto em seu estatuto. Uma pessoa (natural ou juridica) separa parte de seu patriménio, criando a fundag&o para atingir objetivo n&o econémico. A partir de sua criagéo, o patriménio da fundaco ndo pertence mais ao patriménio da pessoa que a criou, uma vez que passa a ter personalidade propria. Ex.: a Fundag&o Roberto Marinho n&o pode ser confundida com a Rede Globo de Televisao. O préprio instituidor poderé administrar a fundacéio (forma direta) ou encarregar outrem para este fim (forma fiducidria). De acordo com o art. 62, pardgrafo Unico do CC teréo sempre fins religiosos, morais, culturais ou de assisténcia, Nesses conceitos compreendem-se também as fundages para fins cientificos, educacionais ou de promogdo do meio ambiente. Exemplos: Fundacéo S80 Paulo (mantenedora da Pontificia Universidade Catdlica de Sao Paulo), Fundag&o Ayrton Senna, etc. S&o criadas a partir de uma escritura publica (ato inter vivos) ou de um testamento (causa mortis). Portanto elas no podem ser criadas por instrumento particular ou privado. Para a sua criag&o pressupdem-se: + Dotacéio de bens livres: 0 instituidor destina determinados bens que compord o patriménio da fundacéio, que deve ser apto a produzir rendas ou servigos que possibilitem alcancar os objetivos visados, sob pena de frustré- los. Os bens podem méveis (inclusive dinheiro) ou iméveis, desde que livre de quaisquer nus. + Elaborac&io de estatutos com base em seus objetivos. Eles devem ser submetidos & apreciagéo do Ministério Publico estadual que os fiscalizard. proprio MP pode elaborar os estatutos, caso o mesmo no seja feito por quem de direito. Em regra o seu objetivo é imutavel. No entanto é possivel a reforma dos estatutos, desde que: seja deliberada por dois tercos dos competentes para gerir e representar a fundagdo; no contrarie ou desvirtue 0 seu fim; seja aprovada pelo érgéo do Ministério Publico (caso este a denegue, poderd o Juiz supri-la, a requerimento do interessado). Se no houver unanimidade da alterac&o do estatuto, de haver a impugnagéo pela minoria vencida no prazo decadencial de 10 dias (art. 68, CC). + Especificacéo dos fins: como vimos, eles devem ser sempre religiosos, morais, culturais ou de assisténcia. A exemplo da associacéo, se gerar receita, esta deve ser revertida para ela mesma. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL au PESSOAS JURIDICAS « Previsio do modo de administré-la: embora seja interessante que a fundacéio preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item ndo € essencial para sua existéncia. Nascimento As fundagées surgem com o registro de seus atos constitutivos no Registro Civil de Pessoas Juridicas. Caracteristicas * Seus bens, em regra, sao inaliendveis (nao podem ser vendidos ou doados) e impenhordveis (ndo pode recair penhora). Para uma eventual venda de seus bens é necessdrio ingressar com uma ago judicial, onde é consultado © Ministério PUblico, Posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou no caso de venda desses bens. Como regra o produto da venda deve ser aplicado na prépria fundagao. + O fundador é obrigado a transferir para a fundacao a propriedade sobre os bens dotados; se nao o fizer, os bens serao registrados em nome dela por ordem judicial. « N&o ha sécios. + Os estatutos sfo suas leis bdsicas. * Os administradores devem prestar contas ao Ministério Publico. @ observacio. As chamadas organizagées n&o governamentais (ONGS), pertencentes ao chamado terceiro setor, juridicamente organizam-se no Brasil como fundag&es ou associagées. Parte da doutrina tem defendido o uso da terminologia “organizages da sociedade civil” para designar tais instituigdes. Supervisdo das Fundagdes As fundacdes privadas séo supervisionadas pelo Ministério Publico do Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das fundagdes, que deve zelar pela sua constituigéo e funcionamento. Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberé 0 encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Publico estadual (art. 66, §2°, CC). A doutrina entende que nao ha esta fiscalizagdo do Ministério Publico em relagéo as fundac@es publicas. 4“ Atencdo $40 art. 66, §1°, CC prevé que se a fundacdo funcionar no Distrito Federal caberé o encargo ao Ministério Publico Federal. No entanto este dispositivo foi objeto de uma Aco Direta de Inconstitucionalidade, sendo que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade deste paragrafo, posto que se a fundacdo funcionar no DF, a competéncia para fiscalizagdo é do Ministério Publico do Distrito Federal e Territorial (MPDFT). Ressalva-se, no AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL au PESSOAS JURIDICAS entanto, segundo a deciséo do STF, a atribuigéo do Ministério Publico federal para velar pelas fundacdes federais de direito publico (ADIN n° 2.794-8). Término Nao ha um prazo determinado para o funcionamento de uma fundagéo. No entanto, nada impede que o prdprio instituidor estabelega um prazo para esse funcionamento. Por outro lado as fundacées sero extintas se (art. 69, CC): a) tornarem+se ilicitas (0 Ministério PUblico pode ingressar com acéio visando sua extingSo), impossiveis ou intiteis as suas finalidades; b) vencido o prazo de sua existéncia. Uma vez extinta a fundacéio, o destino do seu patriménio sera o previsto nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patriménio sera destinado, por determinago judicial, a outras fundacées com finalidades semelhantes. 2. PARTIDOS POL{TICOS Os partidos politicos so entidades integradas por pessoas com ideias comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a consecugéo de um programa. S80 associagdes civis que visam assegurar, no interesse do regime democratico, a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos fundamentais definidos na Constituic&o Federal. De acordo com o art. 17, §2°, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos politicos, embora tenham um caréter publico, passaram a ser considerados como pessoas juridicas de direito privado, tendo natureza de associacdo civil. Os estatutos devem ser registrados no cartério competente do Registro Civil de Pessoas Juridicas da Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (Lei n° 9.096/95). 3. ORGANIZAGOES RELIGIOSAS As organizagées religiosas sio pessoas juridicas de direito privado, formadas pela uniao de individuos com 0 propésito de culto a determinada fora (ou forgas) sobrenatural, por meio de doutrina e ritual préprios, envolvendo preceitos éticos. Atualmente a Lei n° 10.825/03 (que alterou o Cédigo Civil) deixou bem claro que elas so pessoas juridicas de direito privado, tendo também natureza de associacdo civil. E vedado ao poder publico negar-Ihe o reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos necessdrios a seu funcionamento. @ Enunciado 142 da III Jomade de Direito Civil do STJ: “Os partidos politicos, os sindicatos e as associagdes religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-lhes 0 Cédigo Civil’. 4, ASSOCIACOES As associagdes s&o caracterizadas pela uniéo de pessoas que se organizam para fins néo econémicos (comunhao de esforcos para um fim AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no comum). A associac&o pode ser de pessoas fisicas ou de pessoas juridicas (ex.: ABIA + Associacao Brasileira das Industrias da Alimentagao, etc.). © érg&o maximo da associagio no € o diretor-presidente, mas a Assembleia Geral. Sua competéncia e atribuigées encontra-se estabelecido no art. 59, CC. O membro da associagdo € 0 associado. Ele possui um vinculo direto com a finalidade da associagao, n&o possuindo qualquer vinculo com os demais associados; néo hd, entre os associados, direitos e obrigagdes reciprocas (art. 53 e seu paragrafo unico, CC), de forma diferente das sociedades, onde ha este vinculo. No entanto é possivel a existncia de uma categoria_de associados com vantagens especiais (art. 55, CC). Salvo autorizagdo estatutdria, é vedada a transmissibilidade da qualidade de associado (art. 56, CC). E admissivel a exclusio de um associado se houver justa nos termos do estatuto, apés o tramite de um procedimento administrative que assegure 0 contraditério e a ampla defesa, bem como recurso (art. 57, CC); trata-se do “devido processo legal privado”: eficdcia horizontal dos direitos fundamentais. As associagdes podem ser civis, religiosas, pias (de caridade), morais, educacionais, cientificas ou literdrias, politicas, esportivas, recreativas e até de utilidade publica. O art. 5° da CF/88 (incisos XVII a XXI), ao dispor sobre as associages, estabelece que: a) é plena a liberdade de associaciio para fins licitos, vedada a de carater paramilitar; b) a criac&io de associacées e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizagdio, sendo vedada a interferéncia estatal em seu funcionamento; c) as associagées sé poderdio ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deciséo judicial, exigindo-se, no primeiro caso, 0 transito em julgado; d) ninguém poderé ser compelido a associar-se ou permanecer associado; e, e) as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tém legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. © fato de uma associag&o possuir determinado patriménio e realizar negécios para aumentar esse patriménio no a desnatura, pois no ird proporcionar lucro aos associados. Portanto, elas néo esto impedidas de gerar renda para manter ou aumentar suas atividades. A convocac&o dos érgdos deliberativos deve ser feita na forma do estatuto, garantindo-se a 1/5 dos associados 0 direito de promové-la. © ato constitutivo da associagéo é o seu estatuto que deve conter os requisitos do art. 54, CC. Esse estatuto deve ser registrado no Registro Civil de Pessoas Juridicas. Com ele passa a ter aptidéo para ser sujeito de direitos e obrigacées, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida prépria, que n&o se confunde com a de seus membros. Se ndo houve registro a associacao AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) existe, mas seré considerada irregular (associacéio no personificada); serd tida como mera relagdo contratual disciplinada pelo seu estatuto. Observacéio: A doutrina afirma que os sindicatos tem natureza associativa. No entanto eles possuem um viés de representacdo politica de uma categoria. Jé as associagdes tém um cunho cultural, esportivo, artistico, sem uma competéncia legal para representac&o da categoria, mas t8o somente de associados a ela. 5, SOCIEDADES Sociedade & espécie de corporagéo dotada de personalidade juridica prépria e instituida por meio de um contrato social (que € 0 seu ato constitutivo), com o objetivo de exercer atividade econémica e _ partilhar lucros. Assim, duas ou mais pessoas, visando realizar negécios lucrativos, resolvem criar uma entidade e aplicar nela dinheiro e servico, formalizando por escrito o ato constitutivo; ao se tornarem sécias elas passam a ter o direito de participar dos resultados econémicos da entidade criada. Ela esté prevista em outro tépico do Cédigo Civil, dentro do Livro II da Parte Especial (Do Direito de Empresa), a partir do art. 981. Prevé este dispositivo: Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servigos, para o exercicio de atividade econémica e a partilha, entre si, dos resultados. Pardgrafo Unico. A atividade pode restringir-se & realizacao de um ou mais negécios determinados. Caracteristicas das Sociedades em Geral + Pluralidade: devem ser formadas por duas ou mais pessoas. A lei admite excecdes, as chamadas sociedades unipessoais que veremos adiante, as quais possuem apenas um sécio. + Affectio Societatis: intenc&o especifica dos sécios em constituir a sociedade, com personalidade distinta da de seus membros e permanecerem unidos, para a execugdo de uma ou mais atividades econémicas. + Exploraggo da Atividade Econémica: devem ter o propésito de executar atividades ligadas & produg&o ou circulagao de bens ou servicos. + Contribuiggo de Bens ou Servicos: o capital social de ser constituido, mediante contribuigéo de seus sécios, tanto em forma de bens (dinheiro, iméveis, veiculos, aparelhos, etc.), como em services (trabalho a ser desenvolvido com conhecimentos técnicos especiais em beneficio da sociedade). Obs.: a possibilidade de contribuigéo em servigos n&o é admitida em algumas espécies de sociedades, como nas sociedades limitadas e nas sociedades por acées. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no + Fins Lucrativos: devem ter o intuito de gerar novos recursos para serem distribuidos entre os sécios. O atual Cédigo Civil deixou bem claro que a finalidade lucrativa ¢ 0 que distingue uma associaggo de uma sociedade. Tanto isso é verdade que o art. 1.008, CC estabelece que é nula a estipulac&o contratual que exclua qualquer sécio de participar dos lucros e das perdas (principio da vedac&io de cldusula leonina). Atencao: repartir o lucro de forma diferenciada nao viola a lei; 0 que € proibido é que algum sécio seja excluido da participacao nos lucros. Natureza das Sociedades A) Sociedades Empresdrias (0 que anteriormente chamavamos de sociedades comerciais) —s&o as que visam finalidade lucrativa (lucro repartido entre os sécios), mediante exercicio de atividade mercantil (ex.: compra e venda mercantil). Segundo 0 art. 982, CC, “salvo excecdes expressas, considera-se empreséria a sociedade que tem por objeto o exercicio de atividade prépria de empresdrio sujeito a registro (Registro Publico de Empresas Mercantis); e simples as demais. Pardgrafo Unico. Independentemente de seu objeto, considera-se empreséria a sociedade por ages; e, simples, a cooperativa”. Requisitos da sociedade empresdria ™ Material: toda sociedade empreséria realiza uma atividade econémica organizada (atividade empresarial), nos termos do art. 966: Considera-se empresdrio quem exerce profissionalmente atividade econémica organizada para a produco ou a circulagao de bens ou de servicos. Paragrafo Unico. N&o se considera empresério quem exerce profisséo intelectual, de natureza cientifica, literdria ou artistica, ainda com 0 concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercicio da profissdo constituir elemento de empresa. > Formal: registro na Junta Comercial (Registro Publico de Empresa). B) Sociedades Simples (0 que anteriormente chamavamos de sociedades civis) —também visa fim econémico (lucro), mediante exercicio de atividade n&o mercantil. Em regra so constituidas por profissionais de uma mesma érea, ou por prestadores de servicos técnicos. Ex.: um escritério de advocacia, uma sociedade imobilidria, uma clinica dentéria, etc. Seus atos constitutivos devem ser inscritos no Registro Civil de Pessoas Juridicas (RCPJ). @ observagSo. Diferencas. @ Atualmente vém-se utilizando as expressdes: organizagéo e atividade (a0 invés de objeto) para distinguir 2 sociedade empreséria da simples. Ou seja, a classificago se da em funcio do exercicio da atividade econémica organizada para a produc&o ou circulagéo de bens ou servigos. Havendo a organizagio dos fatores de producdo (capital, mao de obra, AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL au PESSOAS JURIDICAS tecnologia e insumos) se considera caracterizada a empresa e o empresério sera quem a exerce. Sociedade empresdria € aquela que conjuga os requisitos do art. 982, CC. Além disso, hé uma impessoalidade, pois seus sdcios atuam como meros articuladores de fatores de produg&o (capital, trabalho, tecnologia e matéria prima), a exemplo de um banco ou de uma revendedora de veiculos. 0 seu registro é feito na Junta Comercial e sujeitam-se legislagao falimentar. Sociedade simples tem como caracteristica principal a pessoalidade: os seus sécios n&o so meros articuladores de fatores de producéo, uma vez que eles prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida. Em geral, séo sociedades prestadoras de servicos, a exemplo da sociedade de advogados ou de médicos. O seu registro é feito, em geral, no Registro Civil de Pessoas Juridicas (CRPJ). Uma banca de advocacia, por maior que seja, sob 0 aspecto material, é uma sociedade simples, até porque seu registro continua sendo feito no RCPJ e na OAB (e nao na Junta Comercial). Tipos Societérios Tanto as sociedades empresdrias como as sociedades simples podem assumir os seguintes tipos societarios: + Sociedade em Comandita Simples (C/S) + Sociedade em Nome Coletivo (N/C) + Sociedade Limitada (Ltda.) + Sociedade Anénima (S/A) + Sociedade em Comandita por Agdes (C/A) As sociedades simples que n&o adotarem um desses tipos serao regidas pelas normas préprias das sociedades simples (art. 983, segunda parte, CC e arts. 997 até 1.038, CC). Toda Sociedade Anénima e toda Sociedade em Comandita por Acdes teré sempre natureza empresarial. Por outro lado, toda Sociedade Cooperativa teré sempre natureza simples, independentemente de seu objeto. 7 2 Observacdes Importantes 1) Sociedade Simples e Sociedade Empresdria ndo sao tipos societérios, mas sim naturezas de sociedades. A sociedade simples possui regras préprias de funcionamento (arts. 997/1.038, CC). Jé a sociedade empresdria n&o possui regras préprias, mas pode assumir algum dos tipos societarios (arts. 1.039 a 1.092, CC). 2) A Sociedade Simples também pode optar por adotar qualquer dos tipos societarios previstos na lei, inclusive as sociedades por acdes. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no 3) Toda Sociedade por Acdes (S/A e C/A) é uma sociedade empreséria, independentemente de seu objeto (seja ele de natureza simples ou de natureza empreséria). 4) Desta forma, se uma Sociedade Simples adotar o tipo societario Sociedade Anénima (que é sociedade por acdes) seré considerada automaticamente como Sociedade Empreséria por forga de lei (primeira parte do pardgrafo Unico do art. 982, CC), estando sujeita as regras de registro empresarial préprio, a escrituragéo prépria e obrigatéria do empresério, @ Lei das S/A e de Faléncias, etc. € possivel a sociedade entre cénjuges? Estabelece o art. 977, CC que faculta-se aos cénjuges contratar sociedades, entre si ou com terceiros, desde que nao tenham casado no regime da comunhao universal de bens, ou doda separacaoobrigatéria. E possivel a existéncia de uma sociedade que tenha apenas um sécio? Nossa legislagéio admite, em situagdes excepcionais, que uma sociedade possa ser formada por apenas um sécio (sociedade unipessoal). Hipéteses: * Sociedade Unipessoal Tempordria do art. 1.033, IV, CC: digamos que a sociedade tenha dois sécios e um deles morreu. Essa sociedade poderd funcionar normalmente com apenas um sécio durante 180 dias. Apés esse prazo, se no for regularizada seré extinta. No entanto, atualmente o sécio remanescente tem a opgao de transformar o registro de sociedade em registro de empresério individual de responsabilidade limitada (EIRELI). + Sociedade Unipessoal Temporéria do art. 206, I, “d” da Lei das S/A: permite-se o funcionamento de uma sociedade por agdes com apenas um sécio até a préxima assembleia geral (que é anual). Apés isso, se néo for regularizada a situac&o, dissolve-se a Companhia. + Sociedade Subsidiéria Unipessoal Integral (art. 251, da Lei das S/A): segundo esse dispositive uma sociedade por aces pode ser formada por apenas um sécio quando esse for uma sociedade brasileira. + Empresa Publica Unipessoal: é possivel a criagdo de uma empresa, sendo que todos os recursos pertencem a somente um ente da Federacéo; sua criagéo depende de prévia autorizacdo legislativa (art. 37, XX, CF/88), como no caso da Caixa Econémica Federal. 84 Atencio 44 As empresas publicas e as sociedades de economia mista, apesar de fazerem parte da administraco indireta ou descentralizadae terem capital puiblico, sujeitas aos principios informadores da Administracdo, so dotadas de personalidade juridica de direito privado. So regidas pelas normas empresariais e trabalhistas (art. 173, CF/88), mas com as cautelas do AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no direito publico (ex.: sujeitam-se ao controle _do Estado -» administrativo, financeiro e jurisdicional, devem fazer concurso publico para a investidura de servidores, etc.). Podem perseguir fins néo lucrativos, como também atividades lucrativas (produg&o e comercializagéo de bens ou prestacéo de servicos de natureza econémica). Empresas Piblicas e Sociedades de Economia Mista Embora nao seja matéria especifica de Direito Civil (sequer esto previstas no Cédigo Civil) penso que é interessante menciond-las, nem que seja de forma superficial. Ambas s&o integrantes da administraco publica indireta. No entanto o Decreto-Lei n° 200/67 (alterado pelo Decreto-Lei n° 900/69) as descreve como pessoas juridicas de direito privado, criadas pelo Estado como instrumento de sua atuacéo no dominio econémico. Ou seja, séo os chamados “bracos do Estado-empresario”. A criag&o de ambas depende de lei especifica. Apés isso 0 Poder Puiblico elabora os atos constitutivos e depois providencia o seu registro. E com o registro que ela adquire a personalidade juridica. A doutrina costuma afirmar que ambas possuem “natureza hibrida”: formalmente so pessoas juridicas de direito privado; no entanto elas néo atuam integralmente sob as regras do Direito Privado. Na pratica elas tém seu regime juridico determinado pela natureza de suas atividades (objeto), pois ambas podem atuar na exploracéo de atividades econémicas (nessa hipdtese sujeitam-se ao regime juridico préprio das empresas privadas, previsto no art. 173, CF/88) guna prestagao de servicos publicos (nessa hipétese sujeitam-se ao regime administrativo préprio das entidades publicas, previsto no art. 175, CF/88). A @*observacio: embora haja esta dualidade no objeto, segundo posicionamentos doutrinarios modernos, as empresas pliblicas e as sociedades de economia mista, qualquer que seja 0 objeto, néo estéo sujeitas & faléncia, por forca da nova lei de faléncias (Lei n° 11.101/2005) que em seu art. 2°, I, afirma: “Esta lei ndo se aplica a: I. empresa publica e sociedade de economia mista (...)”. Outro ponto é que ainda que ambas estejam sujeitas ao regime das empresas privadas (quando exploram atividade econémica), continuam obrigadas a licitagao. ®@ Empresas Publicas: so pessoas juridicas de personalidade de direito privado, integrantes da administracdo indireta, instituidas pelo Poder Publico, mediante autorizac&o de lei especifica a se constituir com capital proprio e exclusivamente publico, para exploraggo de atividade econémica ou prestagdo de servigos publicos ou coordenadora de obras plblicas, podendo se revestir de qualquer das formas de organizacéo empresarial (Ltda., S/A, etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de © AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL ac AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS Telégrafos (EBTC), Caixa Econémica Federal (CEF), Casa da Moeda, Servigo de Processamento de Dados (SERPRO), EMURB, etc. @ — Sociedades de Economia Mista: so pessoas juridicas integrantes da administrag&o indireta, mas também de personalidade de direito privado, instituidas pelo Poder Publico mediante autorizagdo legal, constituidas com patriménio pUblico ¢ particular, destinadas & exploracéo de atividades econémicas gu servicos de interesse coletivo (publicos), sendo que sua forma € sempre a de uma Sociedade Anénima. Embora haja a conjugacéio de capital ptiblico e privado, as acées com direito a voto (controle aciondrio) devem pertencer em sua majoria ao Poder PUblico. Ex.: Banco do Brasil, Petrobras, etc. ere Eee eter) Pode revestir-se de qualquer das Forma | formas admitidas em —direito, | _Reveste-se obrigatoriamente na Juridica | (sociedades —civis,__—sociedades | forma de sociedade anénima. comerciais, Ltda., S/A, etc.). E formado pela conjugacéo de recursos pliblicos e de recursos privados. Composigao. E formado apenas com recursos do capital | publicos. ‘Suas causas serdo processadas e julgadas pela Justiga Federal, exceto as de faléncia, as de acidente do trabalho e as sujeitas a Justica Eleitoral e a Justica do Trabalho. Nao foi contemplada com o foro processual da Justica Federal, sendo suas causas processadas e julgadas na Justica Estadual. Foro processual 6. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA A Lei n® 12.441/2011, alterando 0 Cédigo Civil, inseriu no rol das pessoas juridicas (art. 44, VI), também a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). Até ent&o nosso ordenamento nao permitia a formacao de uma empresa com apenas um sécio (a néo ser em casos excepcionais). O que se tinha era o “empresério individual”. No entanto, este era considerado como a prépria pessoa natural (e ndo juridica), sendo que seu patriménio pessoal confundia-se com o utilizado no empreendimento, o que era considerado uma temeridade, pois no caso de execucéo por dividas geradas pela empresa, os bens pessoais do empresirio seriam vendidos para cobrir 0 passivo da empresa. Ou seja, 0 empresario individual possui responsabilidade ilimitada. Para fugir disso, geralmente era criada uma “sociedade” limitada, mas formada por “sécios laranjas”. Ex.: de 100 cotas, 97 eram dele, 1 da esposa, 1 de um filho e outra do outro filho. A nova lei corrigiu esta distorc&o. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no No que se refere & organizacéo, a EIRELI é constituida por uma Unica pessoa como titular da integralidade do capital social, sendo que o valor deste n&o pode ser inferior a 100 vezes o maior saldrio minimo vigente no Pais. Assim, estabelecem-se limites para esta opc&o de pessoa juridica, deixando de fora os empresarios de menor porte. Se o salario minimo aumentar o titular nado. precisa aumentar seu capital, pois a exigéncia da lei € apenas no momento da constituigdo. Observagao: ha um piso minimo, mas ndo ha um teto maximo. Quanto ao nome empresarial, que identifica o empreendedor nas realizagées empresariais e contratuais, ele poderd adotar o préprio nome ou sua abreviag&o, bem como um nome distinto da pessoa natural. No entanto o nome adotado deverd conter como sinal distintivo a expresso “EIRELI” apés a firma ou denominacéo adotada. Exemplos: José Jodo EIRELI; ou J.J. EIRELI, ou J.J. Comercial EIRELI; ou ainda Alfa Comercial EIRELI. A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderd figurar em uma Unica empresa dessa modalidade, o que a diferencia das demais sociedades, uma vez que nestas os sécios podem ter outro empreendimento sem qualquer problema. A EIRELI pode ser originéria ou derivada. Origindria quando a pessoa inicia do zero a atividade empresarial. Derivada quando resulta da transformag&o de um empresério individual ou de uma sociedade, em EIRILI. Assim, se uma sociedade limitada deixar de possuir pluralidade de sécios, ela poderd ser transformada em uma EIRELI. Anteriormente esta situacdo implicava numa verdadeira corrida contra o tempo do sécio remanescente, pois ele era obrigado a procurar um novo sécio no prazo de 180 dias (sob pena de ver sua sociedade extinta caso permanecesse na condig&o de apenas um sécio). A V Jornada de Direito Civil do STJ aprovou Enunciado n° 468 explicando a natureza juridica da EIRELI: “A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) nao 6 sociedade, mas novo ente juridico personificado”. Portanto, ela é uma pessoa juridica constituida por apenas uma pessoa (usa-se a expressdo “titular”, ao invés de “sécio"), tendo natureza especial, bem como tratamento especifico no novo art. 980-A, CC. Aplicam-se & EIRELI, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas, sendo que 0 Enunciado 469 do STJ estabelece que o patriménio da EIRELI responde pelas dividas da pessoa juridica, néo se confundindo com o patriménio da pessoa natural que a constitui, sem prejuizo da aplicacio do Instituto da desconsideracéo da personalidade juridica (do qual falaremos mais adiante). Finalmente, estabelece o Enunciado 470 que os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisic&o de personalidade juridica. A falta de arquivamento ou de registro de alteragdes dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no RESUMINDO A EIRELI (ver art. 980-A e seus pardgrafo, CC): a) é pessoa juridica (e nao fisica) de direito privado (possui personalidade juridica; deve ser registrada); néo é uma nova espécie de sociedade; b) seu capital inicial deve ser de no minimo 100 vezes o maior salario minimo, totalmente integralizado por seu Unico titular (pessoa fisica); c) pode ser criada de forma originaria ou derivada; d) cada pessoa sé pode constituir uma unica EIRELI; e) responsabilidade limitada até o valor do capital social (so regidas, no que couber, pelas normas das sociedades limitadas); d) firma ou denominagao seguida da expressao EIRELI. @ pvistincées @ Associagéo X Sociedade Semelhancas: conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade Unica. Distingdes: Associacio +> nao ha fim lucrativo (ou de dividir resultados, embora tenha patriménio), formado por contribuigéo de seus membros para a obteng&o de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade ~ visa fim econémico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sécios. INICIO DA EXISTENCIA LEGAL DA PESSOA JURIDICA. CONSTITUIGAO. Enquanto a pessoa natural surge com um fato biolégico (o nascimento com vida...), a pessoa juridica tem seu inicio, em regra, com um ato juridico ou uma norma. No entanto ha diferengas entre elas quanto a forma de constituig&o: 1) Pessoas Juridicas de Direito Publico » sua existéncia se dé em raz&o da lei e do ato administrative, bem como de fatos histéricos, previsdo constitucional, tratados internacionais, etc. Sao regidas pelo Direito Publico. Um Pais surge quando afirma sua existéncia em face dos outros. Os Estados- membros tém o reconhecimento de sua existéncia quando instituides na prépria Constituigdo Federal deste Pais. J4 os Municipios, peculiaridade de nosso regime federativo, também tém sua autonomia assegurada pela Constituigdo, tendo seu inicio no provimento que os criou (sdo regidas pelas Constituigées estaduais e pelas Leis Organicas). As autarquias e demais pessoas juridicas de direito publico so criadas e organizadas por leis, que estabelecem todas as condices para o exercicio de seus direitos e obrigagdes. Assim elas nascem com a prépria lei. 2) Pessoas Juridicas de Direito Privado ->0 fato que lhes da origem é a vontade humana convergente (affectio societatis). Sua criacfo possui duas fases: a elaboracéo dos atos constitutivos eo seu respectivo registro. Primeira Fase: Elaborag&o dos Atos Constitutivos — A pessoa juridica se constitui, por escrito, por ato juridico unilateral inter vivos ou causa mortis em AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL au PESSOAS JURIDICAS relago as fundagées e por ato juridico bilateral ou plurilateral em relacéo as sociedades e as associacées. + Regra: a) Fundagées — escritura publica ou testamento; b) Associagdes (sem fim lucrativo) Estatuto. b) Sociedades simples ou empresdrias (com finalidade lucrativa) > Contrato Social (no caso do capital social ser dividido em quotas: Sociedade em Nome Coletivo, Comandita Simples e Limitada) ou Estatuto Social (no caso do capital social ser dividido em acdes: Sociedade Anénima e Comandita por Ages). Segunda Fase: Registro do Ato Constitutive —Para que a pessoa juridica exista legalmente, é necessdrio inscrever os contratos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar. Antes do registro é chamada de “sociedade de fato”. + Regra: a) Sociedades Empresdrias > Registro Publico de Empresas Mercantis (Junta Comercial); b) Demais pessoas juridicas + Registro Civil de Pessoas Juridicas. Quaisquer alteragées supervenientes nestas instituigdes devem ser averbadas no mesmo registro. Obs.: algumas entidades ainda necessitam da Terceira Fase: Autorizag&o prévia do governo para existir e funcionar. Ex.: instituigdes financeiras: bancos, estabelecimentos de seguro, administradoras de consércios, universidades, sociedades estrangeiras, bolsa de valores, casas lotéricas, etc. (confiram o art. 21, inciso XII, CF/88 e art. 45, CC). REGISTRO Como vimos, somente com o registro a pessoa juridica adquire a personalidade. Tal registro se dé no Registro Civil das Pessoas Juridicas. No entanto uma sociedade empreséria deve ser registrada no Registro Publico de Empresas Mercantis e Atividades Afins (Lei n° 8.934/94), sendo competente para tais atos as Juntas Comerciais. Art. 1.150, CC: O empresario e a sociedade empreséria vinculam-se ao Registro Publico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Juridicas (...). Segundo o art. 46, CC 0 registro deve conter os seguintes elementos: a) a denominacéo, os fins, a sede, 0 tempo de duracdo e o fundo social (quando houver); b) 0 nome e a individualizag&o dos fundadores ou instituidores e dos diretores; c) forma de administragdo e representacao ativa e passiva, judicial e extrajudicial; d) possibilidade e modo de reforma do estatuto social; e) previsdo da responsabilidade subsidiaria dos sécios pelas obrigagdes sociais; f) condigées de extingo da pessoa juridica e o destino do seu patriménio. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no Uma pessoa juridica comeca a existir no momento em que é efetuado o seu registro, passando a ter aptidéo para ser sujeito de direitos e obrigagées, obtendo capacidade patrimonial, adquirindo vida prépria e auténoma, néo se confundindo com a personalidade de seus membros. Vejamos 0 que dispde 0 art. 45, CC: “Comeca a existéncia legal das pessoas juridicas de direito privado com a inscrigéo do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessério, de autorizag&o ou aprovagdo do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterages por que passar o ato constitutivo”. £6 atencéio + Personalidade da Pessoa Natural: nascimento com vida. O registro possui apenas efeito declaratério, pois quando ele ¢ feito, a condigéo de pessoa jé havia sido adquirida. O registro apenas declara uma situagao pré- existente: 0 nascimento com vida. + Personalidade da Pessoa Juridica: registro. O registro neste caso possui efeito constitutivo; é com ele que a pessoa juridica “nasce” ou se constitui juridicamente. + Observacd importante para concursos: digamos que uma sociedade funcionou durante cinco anos sem ser registrada. Apés este prazo, resolveram registra-la. Pergunta-se: o registro retroage desde 0 inicio das atividades da sociedade ou somente a partir do registro? Resposta: os efeitos do registro da pessoa juridica so sempre para 0 futuro (efeito ex nune); nao se pode retroagir, legitimando o passado. DOMICILIO DAS PESSOAS JURIDICAS As pessoas juridicas também possuem domicilio (art. 75, CC); é a sua “sede juridica", onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigacées. Vejamos as situagées legais: + Unio —> Distrito Federal. + Estados e Territérios > suas respectivas Capitais. + Municipios > 0 lugar onde funciona a Administrag&o Municipal (a sede municipal). + Demais Pessoas Jurfdicas —» Regra: o lugar onde elegerem domicilio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos. Na omissdo é 0 local onde funcionam as respectivas diretorias e administragdes. Tendo a pessoa juridica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles serd considerado domicilio para os atos nele praticados. Admite-se, portanto, a pluralidade domiciliar da pessoa juridica, desde que tenha estabelecimentos em lugares diferentes (ex.: filiais, agéncias, escritdrios de representagao, etc. ~ AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no art. 75, §1°, CC). Finalmente estabelece o art. 75, §2°, CC que se “a administragdo, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-é por domicflio da pessoa juridica, no tocante as obrigagdes contraidas por cada uma das suas agéncias, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder”. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURIDICAS A responsabilidade civil das pessoas juridicas em geral pode ser de natureza contratual ou extracontratual. 1) No 4mbito da responsabilidade contratual as pessoas juridicas (seja de direito privado ou pubblico) so responsdveis por seus atos. Ou seja, elas respondem pelos danos decorrentes de suas condutas. Se assumiram determinada obrigac&o, se assinaram determinado contrato, devem cumpri-lo da forma como foi estipulado. Se a obrigacéo ajustada nao for cumprida o devedor responde por perdas e danos (além dos juros, correc&o monetéria e honorérios advocaticios). O fundamento legal desta regra encontra-se no art. 389, CC. Portanto, na responsabilidade assumida por meio de uma obrigagéo contratual, as pessoas juridicas devem responder com seus bens por esse inadimplemento (no cumprimento) contratual. 2) J no campo da responsabilidade extracontratual (ou aquiliana) vigora a regra geral do neminem laedere (ou seja, a ninguém se deve lesar). Reprime-se a pratica dos atos ilicitos em geral, impondo a obrigagdo de reparacéo de eventuais danos. Ela tem fundamento nos arts. 186 e 187 combinados com o art. 927, CC. No entanto, hé uma nuance entre a responsabilidade das pessoas juridicas de direito publico e as de direito privado. Vejamos: A) Pessoa Juridica de Direito Privado. Neste caso existem duas formas de responsabilidade: 1) Por ato préprio —nesta hipétese a responsabilidade ¢ direta e subjetiva. Isto porque a pessoa juridica responde pelos atos de seus érgdos (os diretores e os administradores esto apenas cumprindo as determinacdes das suas assembleias). 2) Por ato de terceiro —nesta hipétese a responsabilidade € indireta e objetiva. Determina 0 Cédigo Civil que as pessoas juridicas de direito privado so civilmente responsdveis pelos atos danosos praticados por seus empregados, servicais ou prepostos (representantes) no exercicio do trabalho que Ihes competir ou em razéo dele (art. 932, III, CC). Por tal motivo trata-se de responsabilidade indireta. Ou seja, a pessoa juridica ira responder por uma conduta praticada por terceiro (ex.: empregado), mas que, em razéo de um vinculo com a pessoa juridica, gera a responsabilidade desta. Acrescenta o art. 933, CC que esta responsabilidade independe de culpa (em sentido amplo) de AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no seus agentes, sdcios ou representantes. Portanto a responsabilidade é do tipo objetiva. Observem que neste caso a pessoa juridica nada fez de irregular; quem agiu de forma errénea foi o dirigente ou o empregado. Mas ainda assim ela ird responder por este ato. Além disso essa responsabilidade também sera solidaria, pois a vitima pode reclamar os danos tanto da pessoa juridica, como do agente causador do prejuizo. Ex.: 0 motorista de caminho de uma empresa, embriagado, atropela e mata um pedestre; a familia da vitima pode ingressar com ago judicial de responsabilidade civil somente contra a empresa, somente contra o motorista, ou contra ambos, posto que tanto a empresa, como o motorista so responsdveis soliddrios. Se preferir ingressar com a agdo somente contra a empresa, esta teré 0 direito de regresso contra o empregado. B) Pessoa Juridica de Direito Publico. A partir de 1946 a responsabilidade passou a ser prevista na prépria Constituigéo da Republica, principalmente em virtude da criagéio dos chamados direitos individuais de segunda geracéo. Com base no principio da igualdade de todos perante a lei (todos tém encargos equitativamente distribuidos), no seria justo que, para beneficio de toda uma coletividade, somente uma pessoa sofresse os énus. Inicia-se, ent&éo a chamada Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado. A pessoa lesada apenas deve provar que houve uma conduta por parte do Estado, que ela sofreu um dano e que houve um nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Ou seja, a vitima no tem mais 0 énus de provar culpa ou dolo do funciondrio. Vigora atualmente a Teoria do Risco Administrativo. Nela o Estado responde objetivamente, porém n&o em qualquer hipétese. Permite-se que a responsabilidade do Estado seja afastada em situagées onde consiga provar a culpa exclusiva da vitima (no caso de culpa concorrente apenas se atenua sua responsabilidade, diminuindo o valor da indenizacio), 0 caso fortuito ou a forca maior, a auséncia de nexo causal, etc. Atualmente no Brasil as pessoas juridicas de direito publico e as de direito privado prestadoras de servicos piblicos (abrangendo as concessionarias e permissionérias) tém responsabilidade civil: % Pelos danos que seus agentes (sentido amplo), nessas qualidades, causarem a terceiros (art. 37, §6°, CF/88 ¢ art. 43, CC). Art. 43, CC: “As pessoas juridicas de direito publico interno so civilmente responsdveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvados direito regressive contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”. Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, do tipo objetiva, isto €, a responsabilidade existe independentemente de culpa do funcionario. Hé que se provar a conduta (positiva ou negativa), a leséo (dano patrimonial ou moral) e 0 nexo causal (a lesdo foi causada pela conduta). AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no Nao se analisa eventual culpa. Provados aqueles elementos (conduta, dano e nexo), 0 Estado deve indenizar. Também n&o se indaga da licitude ou ilicitude da conduta administrativa. Ou seja, as vezes, mesmo agindo licitamente 0 Estado pode ser obrigado a indenizar um particular. Ex quando © Estado realiza uma obra que em tese iré beneficiar a muitas pessoas, pode causar prejuizo a uma pessoa em especial. A obra realizada é licita. Mas se causar prejuizo a um particular (ex.: seu imével foi desvalorizado com a obra), ele deve ser indenizado. Os mesmos dispositivos citados (art. 37, §6°, CF/88 e art. 43, CC) autorizam ao Poder Publico o chamado direito de regresso contra o causador do dano, se houver culpa ou dolo de sua parte. Lembrando que quando se fala “culpa”, devemos entender seu sentido amplo, abrangendo tanto a culpa em sentido estrito (o agente praticou uma conduta, mas nao teve a intengao da ocorréncia de um resultado especifico, porém este acabou acontecendo por imprudéncia, negligéncia ou impericia do agente) como o dolo (0 agente teve a intengo de praticar a conduta, desejando ou assumindo o risco pelos resultados advindos de sua conduta). Assim, o Estado responde de forma objetiva (ou seja, independentemente de culpa). Mas se o Estado for condenado e ficar provada a culpa ou o dolo do funcionério, 0 Estado poderd acionar regressivamente o seu agente. Logo, a responsabilidade do funcionario é do tipo subjetiva, pois deve estar comprovada a sua culpa em sentido amplo (que abrange o dolo ou a culpa em sentido estrito) no evento. ™ por atos de terceiros e por fendmenos da natureza. Neste caso, a responsabilidade é somente subjetiva. Ou seja, deve-se provar a culpa da Administragao (ex.: casos de enchentes ou depredagées por movimentos populares, ja previstos pela administragao). Trata-se de uma excecéo a regra de que o Estado responde de forma objetiva. @ observacées @ 1) Uma parcela da doutrina entende que na hipétese de uma conduta omissiva por parte do Estado, a sua responsabilidade dependeria de demonstragio de culpa da sua parte. Seria ent&o mais um caso de responsabilidade subjetiva do Estado. Lembrando que mesmo neste caso, havendo culpa concorrente da vitima, a indenizacao seré reduzida. 2) © Supremo Tribunal Federal j4 decidiu que as agées fundadas na responsabilidade objetiva sé podem ser ajuizadas contra a pessoas juridica. No entanto, se o autor se dispde a provar a culpa ou dolo do servidor (responsabilidade subjetiva), abrindo m&o de uma vantagem, poderd mové-la diretamente contra 0 causador do dano. Isso pode ser mais vantajoso porque a execug&o contra o particular ¢ menos demorada (néio ha a expedicéio dos AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no famosos precatérios). Se preferir mover a aco contra ambos, deverd também arcar com o énus de provar a culpa do funciondrio. 3) Cabe ago contra 0 Estado ainda quando néo se identifique 0 funcionario causador do dano (“culpa anénima da administracao"). 4) A pessoa juridica também pode ser penalmente responsével, na hipstese de crimes ambientais (art. 225, §3°, CF/88 € art. 3° da Lei n° 9.605/98). EXTINGAO DA PESSOA JURIDICA A existéncia da pessoa juridica (em relag&o as sociedades e as associagées) termina: * Dissoluggo deliberada de seus membros (extingéo convencional) por unanimidade de votos e mediante distrato. Distrato é a rescisio de um contrato. Pode ser amigavel ou judicial. E ressalvado o direito de terceiros e da minoria. Assim, se a minoria desejar a continuidade da sociedade, impossivel serd sua dissolugéo amigével (haveré entéo uma sentenca judicial), a menos que o contrato contenha cléusula que preveja a extingdo por maioria simples. No entanto, se a minoria tentar extinguir a pessoa juridica, nao conseguira. + Morte de seus membros (exting&o natural). * Quando a lei assim determinar (exting&o legal). * Decurso do prazo, se constituida por prazo determinado. + Dissolug&o por decis&o judicial: procedimento falimentar (em regra para as sociedades empresdrias) ou liquidacéo (em regra para sociedade simples). + Administrativa: decorre da cassag&o da autorizacdo de funcionamento, especifica para algumas entidades (ex.: instituicées financeiras que dependem de autorizac&o do Banco Central). 8 importante notar que a exting&o da pessoa juridica néo se opera de modo instantaneo. Qualquer que seja o fator extintivo tem-se o fim da entidade. Porém, se houver bens em seu patriménio e dividas a resgatar, ela continuaré. em fase de liquidag&o. Assim, mesmo dissolvida uma pessoa juridica, ela ainda pode subsistir, mantendo a personalidade para fins de liquidac&o (pagamento das dividas e partilha do remanescente entre os sécios). Somente apés o encerramento da liquidacdo € que se promove o cancelamento da inscrig&o da pessoa juridica no respectivo registro (art. 51, CC), dando-se baixa nos atos constitutivos. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no Destino do patriménio na dissolugao Tratando-se de uma sociedade (finalidade lucrativa), cada sécio tera direito ao seu quinhéo; 0 remanescente do patriménio social sera partilhado entre os sdcios ou seus herdeiros. Tratando-se de uma associagdo (sem finalidade lucrativa), seus bens sero destinados: conforme o previsto nos estatutos; se ndo houver previséo, serdo destinados a estabelecimento municipal, estadual ou federal que possua finalidades semelhantes aos seus. GRUPOS DESPERSONALIZADOS, Como vimos, as sociedades, as associagées, as fundacées, etc., possuem personalidade juridica. Mas nem todo grupo que objetiva um determinado fim é dotado de personalidade juridica. Os grupos despersonalizados (ou com personificagéo anémala) constituem um conjunto de direitos e obrigacdes, de pessoas e bens, sem personalidade juridica, que geralmente se formam independentemente da vontade de seus membros. No entanto, apesar de ndo terem personalidade, possuem capacidade processual isto é, capacidade para postular em juizo (ou seja, ser autor ou réu em uma ago judicial). Citamos como principais exemplos: + Sociedades em Comum (sociedades de fato ou_irregulares) — so sociedades empresérias que n&o estao juridicamente constituidas, nao possuindo, portanto, personalidade juridica. Para alguns doutrinadores, sociedades de fato e sociedade irregulares séo expressdes sinénimas. Outros, contudo, as distinguem: nas sociedades de fato ndo hé qualquer instrumento firmado pelos sécios, néo hé qualquer ato constitutive (estatuto ou contrato social); j4 nas sociedades irregulares hd um contrato firmado entre os sécios, pode até haver um ato constitutive, porém 0 mesmo néo foi levado a registro. A sociedade em comum pode elaborar e registrar 0 ato constitutive no cartério competente a qualquer momento, ocasiéo em que passaré a ser uma sociedade personificada, podendo escolher uma das cinco formas societérias (nome coletivo, comandita simples, limitada, sociedade anénima ou comandita por agées). Elas no podem requerer faléncia de outras empresas e nem requerer a sua recuperagéo judicial. Hé responsabilidade solidéria @ ilimitada dos sécios_pelas obrigacées da sociedade. Isto porque nelas os credores da sociedade siio credores dos sécios, n’o havendo autonomia da pessoa juridica. Est&o previstas nos arts. 986 a 990, CC. + Massa Falida —decretando-se a faléncia de uma sociedade, a pessoa perde 0 direito & administracéo e & disposigéo do patriménio, sendo que os as coisas € os direitos so arrecadados; a reunido desses bens recebe o nome de massa falida. O administrador judicial da faléncia a representa ativa e AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS © Esco passivamente (ou seja, pode ser autor ou réu de uma aco judicial). Lembrando que a express&o “administrador judicial” foi inserida em nosso ordenamento pela Lei n° 11.101/2005 (que regula a recuperacao judicial e extrajudicial, bem como a faléncia do empresério e da sociedade empreséria), em substituicdo a expressao “sindico da massa falida” usada pela antiga Lei de Faléncias (Decreto- Lei n° 7.61/45) e que ainda costuma cair nas provas. * Espélio — € 0 conjunto de direitos e obrigagdes ou uma simples massa patrimonial deixada pelo de cujus; € a heranga, propriamente dita. O inventariante prestaré compromisso legal e iré representar ativa e passivamente, em juizo ou fora dele os interesses do espélio. + Heranga Jacente e Vacante —é 0 conjunto de bens deixados pelo falecido, enquanto no entregue a um sucessor devidamente habilitado. Ocorre a heranga jacente se, n&o havendo testamento, 0 de cujus néo deixar herdeiros, ou deixando, eles renunciam, ficando sob a guarda e administrac3o de um curador nomeado pelo Juiz. Aguarda-se... ninguém apareceu... Os bens da heranga jacente so ent&o declarados vacantes. Decorridos cinco anos da abertura da sucesso, os bens arrecadados passaréio ao dominio do Estado (em sentido amplo). £4 Condominio Especial (condominio em edificagdes) —trata-se de uma questSo controvertida. Ainda hd autores que o consideram como ente despersonalizado. No concurso como eu fago? Penso que seguindo a tendéncia do Direito devemos considerd-lo como tendo personalidade juridica. Inicialmente porque hoje em dia um condominio é obrigado a ter CNPI (Cadastro Nacional de Pessoas Juridicas). Além disso, no condominio também ha uma affectio societatis (lembram-se desta expresséio falada no inicio deste ponto?), havendo aptiddo a titularidade de direitos e deveres, podendo adquirir iméveis, materiais para construgS0, conservac&o e administragdo do edificio em seu nome. Finalmente devemos acrescentar que o Enunciado n° 90, alterado pelo 246 da I e III Jornadas de Direito Civil do STJ, realizadas pelo Conselho da Justiga Federal, orienta que: “Deve ser reconhecida personalidade juridica ao condominio edilicio nas relagdes juridicas”. Lembrando que cabe a representagao do condominio (ativa e passiva) ao sindico ou administrador (que pode ser uma pessoa fisica ou juridica). Como vimos, a pessoa juridica é um sujeito de direitos e obrigagdes, tendo existéncia independente_dos membros que a compéem (principio da autonomia da pessoa juridica). Como costumo dizer: pessoa juridica é uma AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no coisa... pessoas fisicas que integram a pessoa juridica é outra coisa. Hé uma separacao patrimonial entre os bens da pessoa juridica e os bens dos sécios e administradores. Partindo desta ideia, a pessoa juridica somente responde pelos débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o patriménio individual des sécios que a compée. Devido a essa excluséo de responsabilidade dos sécios, que vigorava de forma plena em nosso Direito, a pessoa juridica, por vezes, se desviava de seus principios e finalidades, cometendo abusos, fraudes e desonestidades (evidente que se trata de uma minoria; ndéo vamos aqui generalizar), provocando uma reac&o na doutrina e na jurisprudéncia. Em alguns casos a pessoa juridica servia apenas como um escudo ou um manto protetor de distorgées e fraudes levadas a efeito pelas pessoas fisicas. Visando coibir tais abusos, surgiu a figura da desconsideragdo da pessoa juridica. Desconsiderar significa ignorar ou n&o levar em conta a disting&io criada pela ficc&o legal entre os dois patriménios. Com isso, so alcangados os bens das pessoas fisicas que se escondem dentro de uma pessoa juridica para a pratica de atos ilicitos ou abusivos. Trata-se de uma excecdo. A doutrina da desconsideracéo pretende o afastamento temporério da personalidade juridica da entidade para permitir que os credores prejudicados possam ssatisfazer os seus direitos no patriménio pessoal do sécio ou administrador que cometeu o ato abusivo. @ curiosidade Historica D Anteriormente nao havia no Brasil uma previséio expressa na lei. Quem primeiro tratou do tema no Brasil foi o Prof. Rubens Requio. Relata a doutrina que © primeiro caso na histéria abordando o tema ocorreu na Inglaterra em um famoso proceso que ficou conhecido como “Salomon versus Salomon & Co. Ltd.”, julgado pela House of Lords (Camara dos Lordes), em 1897. Uma pessoa chamada Aaron Salomon constituiu uma sociedade com seis sécios, todos eles membros de sua familia, cedendo uma ago para cada e reservando outras vinte mil para si. A empresa (pessoa juridica), que passava por dificuldades financeiras, emitiu titulos privileaiados, sendo que o préprio Salomon (pessoa fisica) os adquiriu. A pessoa juridica Salomon & Cia. Acabou falindo... No entanto, antes disso, pagou seu débito para com a pessoa fisica Aaron Salomon (que era o credor com privilégios). A empresa n&o conseguiu pagar os demais credores, que no tinham preferéncias. Entendeu-se inicialmente que Aaron usou a companhia apenas como “escudo” para lesar os demais credores. A tese inicialmente vingou: Aaron teria agido com mé-fé. No entanto a Camara dos Lordes (uma espécie de segunda instancia) acabou por entender que a conduta de Aaron foi legal, pois ele (pessoa fisica) néo poderia responder pelas dividas de sua empresa (pessoa juridica). Ocorre que apesar da tese ter sido perdedora AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no final do processo, acabou ganhando adeptos e repercutiu nos Estados Unidos, onde ganhou forca e se espalhou vitoriosa. Posteriormente retornou para os paises europeus e se difundiu. Como se trata de um institute que teve inicio no Direito anglo-saxdo (Inglaterra e EUA) é comum, inclusive em concursos, a utilizagio de expressdes inglesas: disregard of the legal entity (desconsideragéo da pessoa juridica) ou disregard doctrine (doutrina da desconsiderac&o), ou piercing the corporate veil (perfurando ou rasgando 0 véu da corporagao) gu lifting the corporate veil (levantando ou desvelando o véu da corporacio). No Brasil, inicialmente, tratava-se apenas de uma doutrina. Com 0 tempo a teoria foi ganhando forga e os juizes comecaram a aplicé-la como uma questao de justica, de equidade, coibindo assim os abusos e enriquecimentos sem causa (principios que vedam o abuso de direito e da fraude contra credores). Com o tempo a teoria foi ganhando forga e foi se formando uma sélida jurisprudéncia. O passo seguinte foi a previséo do instituto em lei. Portanto, a desconsideracéo jd era aplicada mesmo antes da positivacdo em lei. © estatuto legal pioneiro no Brasil sobre o tema foi o Cédigo de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90 - CDC), ainda em vigor, nes seguintes termos: Art. 28: “O Juiz poderé desconsiderar a personalidade juridica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infragdo da lei, fato ou ato ilicito ou violagéo dos estatutos ou contrato social. A desconsideragdo também seré efetivada quando houver faléncia, estado de insolvéncia, encerramento ou inatividade da pessoa juridica causada por ma administragao" (...) §5°: “também poderd ser desconsiderada a pessoa juridica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstdculo ao ressarcimento de prejuizos causados aos consumidores”. A seguir o instituto foi se espalhando por todo o Direito brasileiro, como na Lei Antitruste (Lei n° 8.84/94, art. 18); Lei do Meio Ambiente (Lei n° 9.605/98, art. 4°) e acabou chegando ao Cédigo Civil de forma expressa: Art, 50, CC: “Em caso de abuso da personalidade juridica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusdo patrimonial, pode o Juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Publico quando Ihe couber intervir No processo, que os efeitos de certas e determinadas relacdes de obrigacdes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sécios da pessoa juridica”. Segundo a corrente majoritdria referente ao art. 50, CC, dispensa-se a prova do dolo especifico do sécio ou administrador. Tal instituto permite ao Juiz (somente ele e ndo uma autoridade administrativa ou mesmo o Ministério Publico), de forma fundamentada (n&o pode agir de oficio, ou seja, sem ser provecado por um interessado), ignorar os AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no efeitos da personificagéo da sociedade, para atingir e vincular também as responsabilidades dos sécios, com intuito de impedir a consumacéo de fraudes e abusos, desde que causem prejuizos e danos a terceiros. Os sécios e administradores serao entdo incluidos no polo passive do processo, respondendo com seus bens particulares nos negécios juridicos praticados em nome da pessoa juridica pelos danos causados a terceiros. Uma pessoa lesada por uma empresa pode ser ressarcida por meio das préprias pessoas que constituiram a empresa. Neste caso especifico e determinado, 0 Juiz n&o leva em consideracao a pessoa juridica (dai o termo “desconsiderag&o da pessoa juridica”), decidindo como se a prépria pessoa fisica tivesse realizado 0 negécio. No entanto, o Juiz deve agir com cautela ao decidir pela desconsideragéo. Deve examinar cada caso em particular, se foram preenchidos todos os requisitos legais para decretagéo da medida. £4 Atencdo $4“ Desconsideracéo X Despersonificagéio A desconsideragéo tende a permitir a manuteng&o posterior de suas atividades (principio da continuidade da empresa). A despersonificagao aniquila a pessoa juridica, cancelando seu registro. Enunciados + Enunciado 7 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “Sé se aplica a desconsideragéo da personalidade juridica quando houver a pratica de ato irregular, e limitadamente, aos administradores ou sécios que nela hajam incorrido”. * Enunciado 281 da IV Jornada de Direito Civil do STJ: “A aplicagdo da teoria da desconsiderago, descrita no art. 50 do Cédigo Civil, prescinde da demonstragao de insolvéncia da pessoa juridica”. + Enunciado 282: “O encerramento irregular das atividades da pessoa juridica, por sis6, nao basta para caracterizar abuso de personalidade juridica”. £0" aTeNcKo £6“ A desconsiderac&o da personalidade juridica no acarreta a extingo ou torna nula a pessoa juridica desconsiderada (ou seja, nao atinge a existéncia da pessoa juridica), nem atinge a validade dos demais atos praticados; ela apenas “afasta” a personalidade da pessoa juridica, buscando nos patriménio dos sécios os meios para indenizar os lesados, mantendo-se, no mais, a integridade da sociedade e de suas atividades. Como se trata de medida excepcional, tem-se entendido que a desconsideracdo somente pode atingir os bens da pessoa que incorreu na pratica do ato irregular, apés a observancia dos parametros exigidos pela lei. AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL 1a¢ AULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS ©) no @ observacées Doutrinarias e Jurisprudenciais Importantes @ 1) A respeito da desconsideracao, fala-se em Teoria Maior ¢ Teoria Menor. Pela Teoria Maior (ou subjetiva) a desconsideragdo nao pode ser aplicada com a mera demonstracéo de estar a pessoa insolvente para o cumprimento de suas obrigagdes. Exige-se maior apuro e preciso na constatago dos requisitos legais para a decretagio da medida. Se o magistrado entender que houve abuso da personalidade (desvio de finalidade ou demonstracéo de confuséo patrimonial) pode aplicar a desconsideragdo da personalidade juridica, usando seu livre convencimento (dai ser subjetiva), desde que o faca de forma bem fundamentada. E a regra geral em nosso sistema juridico, adotada pelo Cédigo Civil. Jé a Teoria Menor (ou objetiva) é aquela em que se dispensa um raciocinio mais cuidadoso para a incidéncia do instituto; € mais facil de ser aplicada a desconsideragdo. Nao se exige a demonstragéo do abuso, basta que haja o descumprimento da obrigacéo. Porém, seu Ambito de aplicagao fica restrito ao Direito Ambiental (art. 4° da Lei n° 9.605/1998) e ao Direito do Consumidor (art. 28, §5°, da Lei n°? 8.078/1990). Para esta teoria o risco empresarial normal as atividades econémicas nao pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa juridica, mas sim pelos sécios e/ou administradores. 2) Se a desconsideracéo incidir sobre uma Sociedade Limitada, entende © STJ que os sécios administradores respondem integralmente com o seu patriménio pelas dividas contraidas pela sociedade, ndo _havendo limitacéo_em relagio as quotas sociais_de cada _sécio. Isso seria temerdrio, indevido e resultaria na desestabilizago do instituto da desconsideragdo da personalidade juridica, até porque nos dispositivos legais sobre 0 tema n&o ha qualquer restrig&o acerca de a execucéio contra os sécios ser limitada &s suas respectivas quotas. 3) Fala-se em desconsideraco inversa, como modalidade auténoma quando se vincula o patriménio da pessoa juridica, para responsabilizé-la por uma obrigagao contraida pelo sécio. Exemplo: uma pessoa muito rica transfere todos os seus bens para uma pessoa juridica da qual possui o controle absoluto. Assim, embora tecnicamente n&o seja proprietario dos bens, continua a desfrutar de todos eles. E se a pessoa fisica contrair uma divida, em tese, 0 credor n&o pode executar tais bens, pois eles no séo dela, mas sim da pessoa juridica (escondides). O devedor assim procede para lesar a pessoa de quem pediu 0 dinheiro emprestado ou para livrar os bens de uma futura partilha em uma separagdo judicial. Por meio da “desconsideracéio inversa” se desconsidera a pessoa juridica, para que esta responda com o seu patriménio perante terceiros, pelas dividas contraidas pela pessoa fisica. Enunciado 283 da IV Jornada de Direito Civil do STJ: “E cabivel a desconsideragéo da personalidade AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL ac AULA 01 — PESSOAS JURIDICAS ©) juridica denominada ‘inversa’ para alcangar bens de sécio que se valeu da pessoa juridica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuizo a terceiros”. 4) Fala-se, também em desconsideragao indireta, nos casos em que uma empresa é controladora de outra, principalmente quando a primeira se utiliza da segunda para praticar fraudes e abusos diversos. Neste caso desconsidera-se a controlada para atingir a controladora (art. 28, §1° CDC: “A pedido da parte interessada, o juiz determinardé que a efetivacio da responsabilidade da pessoa juridica recaia sobre o acionista controlador, 0 sécio majoritério, os sécios gerentes, os administradores societérios e, no caso de grupo societario, as sociedades que o integram). Na pratica hd casos de dificil solugdo por ndo se saber bem que é a controladora. E mais. As vezes uma pessoa juridica age no Pais com pouco ou nenhum patriménio e esta totalmente em mos de uma empresa escritural estrangeira (as chamadas off shores), praticando irregularidades. E um caso de dificil solug&o, cabendo ao Juiz avaliar este aspecto e onerar o patriménio do verdadeiro responsdvel pelo fato, sempre que um prejuizo injusto for ocasionado a terceiros. 5) Como uma evolugao da desconsideragdo da personalidade juridica tem-se adotado a Teoria da Sucessdo de Empresas, pela qual, nos casos em que ficar patente a ocorréncia de fraude poderé o magistrado estender as responsabilidades de uma empresa para outra (denominadas empresa sucedida e sucessora, respectivamente). 6) Como a lei nao faz ressalvas, entende-se que as pessoas juridicas de direito privado sem fins lucrativos_ou de fins ndo-econémicos também s&o atingidas pela teoria da desconsideragdo. Neste sentido é 0 Enunciado 284 da IV Jornada de Direito Civil do STJ: “Art. 50. As pessoas juridicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins néo-econémicos estéio abrangidas no conceito de abuso da personalidade juridica”. No entanto, neste caso, a desconsideragao atinge somente os seus dirigentes (que a representam na forma dos estatutos) e ndo os associados em geral. 7) Ultimo ponto. Nao confundir a desconsideragéio com a teoria da ultra vires societatis (além do contetido da sociedade). A regra geral é que os atos dos administradores vinculam a pessoa juridica pela qual sé responsdveis. No entanto, de acordo com tal teoria, a sociedade poderd ficar isenta de responsabilidade quando provado que os administradores excederam os poderes que Ihes so conferidos. Assim, 0 dever de indenizar devera ser imputado exclusivamente ao administrador. As hipdteses estdo no art. 1.015, paragrafo Unico, CC. N&o hd uma desconsideracéio, até porque o sécio no se esconde atrés da pessoa juridica. Por isso ele responde por atos préprios, aplicando-se, para a reparacao do dano causado, a norma contida na legislagao civil (arts. 186 e 927, CC). AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL Ownit LULA 01 ~ PESSOAS JURIDICAS CONCEITO Pessoa Juridica (moral ou coletiva) ¢ a uniéo de pessoas naturais (fisicas) ou de patriménios, com o objetivo de atingir certos fins, reconhecida como entidade com aptiddes de direitos e brigades. Possui personalidade juridica propria e individual, distinta da dos membros que a compée. NATUREZA JURIDICA Corrente majoritaria -> Teoria da Realidade Técnica (a pessoa juridica existe de fato e no como mera abstracao). Reauisitos: a) Vontade humana criadora (affectio societatis); b) Obediéncia aos requisitos legais; c) Licitude do objeto. Stimula 227 do STJ: “A pessoa juridica pode sofrer dano moral” (restrita as hipéteses de ferimento & sua honra objetiva, isto é, 0 conceito que goza no meio social: patriménio, reputacao, bom nome, etc.). CLASSIFICACAO PRINCIPAL A) Pessoas Juridicas de Direito Publico 1. Externo (art. 42, CC) > Regulamentadas pelo Direito Internacional - Ex.: outros paises soberanos, Santa Sé, unides aduaneiras (MERCOSUL) E ‘organismos internacionais (ONU, OEA). 2. Interno (art. 41, CC) > O Estado. a) Administracéo Direta ou Centralizada -» Unido, Estados Membros, Distrito Federal, Territériose Municipios. b) Administragdo Indireta ou Descentralizada > autarquias comuns ou especiais (agéncias reguladoras); associagdes puiblicas (consércios: Lei n° 11.107/05); demais entidades de cardter publico criadas por lei (fundagdes piiblicas de direito publico). B) Pessoas Juridicas de Direito Privado (art. 44, CC) 1. Espécies a) Fundagdes Particulars: universalidades de bens personificados em ateng&o ao fim que Ihes dé unidade (arts. 62/69, CC). Registro da escritura publica ou testamento. Elementos Fundamentais: a) patriménio (dotacéo de bens livres que passam a ser inaliendvels); b) finalidade: especificagio dos objetivos (em regra imutdveis e sem finalidade lucrativa: religiosos, morais, culturais e de assisténcia). b) Partidos Politicos (Lei n° 10.825/03). c) Organizagées Religiosas (Lei n° 10.825/03). d) Associagées: unio de pessoas, sem finalidade lucrativa (seu objetivo pode ser moral, cultural, esportivo, beneficente, etc.). Liberdade de associago para fins licitos (art. 5°, XVII, CF/88). Entre os associados no ha direitos e obrigagées reciprocas. Registro do Estatuto. Incluem-se os sindicatos. e) Sociedades: pessoas naturais que formalizam por escrito uma unido de esforcos, aplicando dinheiro e servico para a realizagéo de negécios

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