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homem é frágil frente ao sagrado e como são essenciais os ritos para o equilíbrio
social e individual.
Jung tem uma compreensão da religião, ou melhor dizendo do religare,
diferente daquela das confissões em geral, ele o compreende na concepção de
Rudolf Otto de Numinoso: "Se lumen pode servir para formar luminoso, numen
pode formar o numinoso. Falo de uma categoria numinosa como uma categoria
especial de interpretação e de avaliação, um estado de alma que se manifesta
quando essa categoria é aplicada, isto é, cada vez que um objeto é concebido
como numinoso. Essa categoria é absolutamente sui generis, original e
fundamental, ela não é um objeto de definição no sentido estrito da palavra, mas é
um objeto de estudo. Não se pode tentar compreender o que ela é a não ser
tentando chamar a atenção do ouvinte para a mesma e fazer-lhe encontrar em sua
vida íntima o ponto onde ela surge e se torna então consciente."( O Sagrado,
págs. 12 e 13).
"Ele é de tal natureza que cativa e emudece a alma humana... Só uma
expressão apresenta-se capaz de exprimir a coisa: é o sentimento do misteriun
tremendum, do mistério que faz tremer", (idem pag. 17).
Esse Deus, necessariamente, misterioso e tremendo tem como
característica fundamental o "ser outro", ele está em oposição ao eu. Jung, em
seu livro M.S.R. analisa inclusive o quanto é complexo o "tornar-se homem" de
Deus. Como o Criador, misteriun tremendum, se tornou um homem, Jesus?
Jung (M.S.R. pág.292): "Os contrastes interiores necessários na imagem
de um Deus Criador podem ser reconciliados na unidade e totalidade do si-
mesmo, enquanto coniunctio oppositorum. Na experiência do si-mesmo não se
cogita mais de superar o contraste Deus e homem, como anteriormente, mas da
oposição no próprio seio da imagem de Deus. É esse o sentido do serviço de
Deus, isto é, do serviço que o homem pode prestar a Deus, para que a luz nasça
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das trevas, para que o Criador tome consciência de sua criação, e que o homem
tome consciência de si mesmo".
Em "Psicologia e Religião Oriental" Jung diz (pág.5): Para a psicologia
ocidental, o espírito é uma função da psique. É a mentalidade de um indivíduo.
Na esfera da filosofia ainda é possível encontrar um espírito universal e impessoal
que parece representar um resquício da alma humana primitiva. Esta maneira de
interpretar a concepção ocidental talvez pareça um tanto drástica, mas no meu
entender não está muito distante da verdade. Em todo caso, é esta a impressão
que temos, quando a comparamos com a mentalidade oriental. No oriente, o
espírito é um princípio cósmico, a existência do ser em geral, ao passo que no
ocidente chegamos à conclusão de que o espírito é a condição essencial para o
conhecimento e , por isso, também para a existência do mundo enquanto
representação e idéia".
O Oriente por ter a Divindade também imanente possuí uma atitude
introvertida, porque o sentido está no interior, o exterior é maya, é ilusão, nossos
sentidos só fazem nos afastar de nossa própria essência, portanto é preciso
dominá-los, tê-los sob controle para não nos afastarmos do eu interior, si-mesmo,
atman.
Do oriente vem as tradições mais antigas, e as mais recentes são, em
verdade, adaptações ou variações dessas. Os ritos são vivos e participativos. A
vida é um ritual, tem o ritmo ritualístico , é um viver sagrado, porque em tudo há a
presença da centelha divina: Krishna - "Tu és Isto". Do grão de mostarda ao
Cosmos, tudo é Brahman, ou Tão.
Há implícito o sentido de pertença, o indivíduo é ciente do seu lugar e do
seu destino, que não está no exterior mas no interior.
O mito do significado que é tão difícil de ser sentido pelo ocidental, é
cristalino para o oriental. O significado da existência é a iluminação, o nirvana; a
individuação?
podemos empurrá-la para a periferia cósmica, tornando cada vez mais difícil seu
encontro, como analisa Paul Davies em seu livro "A Mente de Deus".
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ciência e religião, mas mesmo esse grande filósofo grego sofreu forte influência do
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Bibliografia Recomendada