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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Nutrição
Trabalho de Conclusão de Curso
Brasília - DF
2014
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Brasília, DF
2014
2
___________________________________________
Prof. Msc. Maria Fernanda Castioni Gomes
Orientador
Nutrição – UCB
___________________________________________
Prof. Msc. Fernanda Bassan Lopes da Silva
Nutrição – UCB
___________________________________________
Nutricionista Patrícia Marques de Sousa
Nutrição – UCB
Brasília, DF
2014
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INTRODUÇÃO
A Doença de Alzheimer (DA) é caracterizada pela degeneração e perda de
neurônios e sinapses, de forma progressiva, em todo o cérebro, ocorrendo declínio
da função cognitiva e perda de memória. Observou-se ao longo dos anos, com
diversos estudos, que as áreas mais afetadas do cérebro são das células nervosas
responsáveis pela memória e funções executivas, que envolvem planejamento e
execução de funções complexas, como o pro encéfalo, hipocampo e o córtex.
Estudos realizados apontam que a disfunção do sistema colinérgico é uma das
causas das desordens cognitivas, por estar relacionada com o declínio da síntese de
acetilcolina, o que auxilia a progressão da doença (PARK, et al 2002).
A DA está comumente associada à fase senil da vida, que compreende
indivíduos acima de 65 anos, podendo acometer também os mais jovens. Dados
recentes afirmam que existem cerca de 35,6 milhões de pessoas no mundo com a
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METODOLOGIA
Realizou-se pesquisa bibliográfica com consulta na base de dados Google
Acadêmico, Scielo e PubMed.
Pesquisaram-se publicações dos últimos 15 anos, utilizando as seguintes
palavras-chaves: Alzheimer’s disease e choline associado aos termos cognitive
impairement; choline alfoscerate, clinical trial; acetylcholine; memory; amnesia;
cholinergic synapse; dietary intake; usual intake. Incluíram-se artigos publicados há
mais de 15 anos que contivessem informações relevantes ao tema. Foram
selecionados 26 artigos, em inglês e português, dentre os quais 7 apresentaram
maior correlação com os objetivos do trabalho. A seleção dos artigos incluiu
avaliação crítica e de artigos publicados em revistas científicas de impacto segundo
classificação Qualis (CAPES).
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DEFINIÇÃO DE COLINA
A colina (trimetil-beta-hidroxietanolamônia) é definida como uma amina
quaternária e classificada como uma vitamina do Complexo B, porém, ao contrário
das outras vitaminas desta classe, a colina desempenha um papel estrutural nos
tecidos e não apenas um co-fator em reações metabólicas (MECK e WILLIAMS,
2003; COZZOLINO e COMINETTI, 2013).
Alguns compostos essenciais para o organismo necessitam da colina para
serem sintetizados, como por exemplo, fosfolipídeos, esfingomielina, fator de
ativação de plaquetas (ZEIZEL, 2003).
Dentre as funções da colina, podemos citar a integridade estrutural e função
sinalizadora em membranas celulares, metabolismo do grupo metil e síntese de
neurotransmissores, como a acetilcolina. Indivíduos que apresentam ingestão
inadequada de colina podem desencadear esteatose hepática e danos musculares
(INSTITUTE OF MEDICINE, 1998).
A colina é essencial para muitas funções biológicas no corpo humano, além
de ser a precursora da acetilcolina conforme já foi dito, essa molécula também serve
como precursora da fosfatidilcolina e da esfingomielina, componentes estruturais da
membrana celular (POLY et al, 2011).
Além de auxiliar no fechamento do tubo neural durante a gestação, a
suplementação de colina durante este período, pode aumentar a capacidade da
memória, atenuando o declínio da atenção e da memória na fase adulta (MECK,
WILLIAMS, 2003). Uma ingestão adequada de colina nos períodos pré e pós-
gestacional é capaz de afetar permanentemente a função cerebral, melhorando a
cognição, a atenção e a memória durante toda a vida (ZEIZEL, 2006).
A colina é sintetizada no organismo, porém a quantidade produzida não é
suficiente para a manutenção das necessidades humanas, o que a tornou essencial,
em 1998, pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos. Dessa maneira é
necessária a obtenção de forma exógena, proveniente da alimentação, através do
consumo das principais fontes de colina que são os ovos, a carne bovina, a carne
suína e a soja. A colina está amplamente presente nos alimentos, conforme
apresentado na tabela 1, principalmente na forma de fosfatidilcolina (COZZOLINO;
COMINETTI, 2013).
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Homens
Estágio da vida UL (g/dia)
9-13 anos 375
Crianças
14-18 anos 550
1-3 anos 1,0
19-30 anos 550
4-8 anos 1,0
31-50 anos 550
9-13 anos 2,0
51-70 anos 550
Adolescentes
>70anos 550
14-18 anos 3,0
Mulheres
Adultos
9-13 anos 375
>18 anos 3,5
14-18 anos 400
Gestação
19-30 anos 425
14-18 anos 3,0
31-50 anos 425
>18 anos 3,5
51-70 anos 425
Lactação
>70anos 425
14-18 anos 3,0
Gestantes
>18 anos 3,5
14-18 anos 450
Fonte IOM, 1998.
19-30 anos 450
DOENÇA DE ALZHEIMER
Caracteriza-se a Doença de Alzheimer (DA) como um distúrbio
neurodegenerativo que compromete principalmente a área cortical do cérebro,
responsável pela cognição, memória, atenção, aprendizado, compreensão,
linguagem e julgamento, afetando de forma progressiva o estado de consciência dos
pacientes. No cérebro, há a degeneração e perda de neurônios e sinapses,
causando demência e morte prematura (BRASIL, 2002). Com a progressão da
doença o indivíduo perde a habilidade de realizar tarefas diárias, de assimilar novas
informações e o controle físico e mental de seu próprio corpo (FORLENZA, 2005).
A etiologia da DA ainda não é totalmente esclarecida, porém observa-se que
o fator genético tem grande influência. Na ocorrência de um ou mais parentes de
primeiro grau com DA, aumentam as chances em 25% sobre aqueles indivíduos
sem casos na família. Sabe-se que é uma doença multifatorial, tendo além da
genética, causas ambientais, sociais e nutricionais (BRASIL, 2002).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Relação entre Colina e Doença de Alzheimer
Desde a década de 70 já se desconfiava do papel da colina nas doenças
neurológicas. Um estudo realizado nessa época analisou o efeito da administração
de cloreto de colina em pacientes com DA, em um período de 2 a 4 semanas. Nas
duas primeiras semanas utilizaram 5g/dia e nas 2 semanas subsequentes, 10g ao
dia. Testes psicométricos realizados não comprovaram melhora significativa, porém,
observou-se melhora no comportamento dos pacientes, reduzindo a irritabilidade e
aumentando o estado de consciência desses pacientes. Com o aumento da
dosagem administrada, foi possível observar efeitos colaterais, como hipotensão,
náuseas e diarréia (BOYD, et al, 1977).
Recentemente, Scheltens, et al, 2014, através de um estudo randomizado,
placebo-conrtrolado, multi-países e duplo-cego, analisou o uso de um fármaco
composto basicamente por três nutrientes - DHA - Docosa Hexanoic-acid, Uridina e
Colina - em 239 pacientes com estágios iniciais de DA, por 12 a 24 semanas,
observando melhora na conectividade entre as diferentes regiões cerebrais, melhor
performance cognitiva, melhor função e formação de sinapses. Foi utilizado uma
dose comercial deste fármaco ao dia, composto por EPA (300mg), DHA (1200mg),
Fosfolipídeos (106mg), Colina (400mg), Uridina Monofostato (625mg), Vitamina E
(40mg), Vitamina C (80mg), Zinco (60mcg), Vitamina B12 (3mcg) e Ácido Fólico
(400mcg). Para avaliar o desempenho dos pacientes foram realizadas baterias de
testes neuropsicológicos e encefalografias. O melhor resultado está diretamente
relacionado com o tempo de administração do produto.
Poly, et al, (2011), realizou um estudo avaliando de maneira direta
(Questionário de Ingestão Habitual, Ressonância Magnética, Testes
Neuropsicológicos) a atividade cerebral de 1391 indivíduos em diferentes quesitos
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como: memória visual, memória verbal, aprendizado verbal e função executiva, por
um período entre 1991 a 1995 e de 1998 a 2001. Os sujeitos foram divididos em
dois grupos: um grupo com uma alta ingestão de colina dietética e outro com baixa
ingestão. Não foram usados suplementos nutricionais, apenas listados os alimentos
que deveriam ser consumidos pelo grupo de teste, aqueles que contivessem maior
quantidade de colina e baixa concentração de ácido fólico, para garantir que os
efeitos observados fossem, de fato, da ingestão de colina. Os autores observaram
que aqueles indivíduos do grupo de teste, apresentaram um melhor desempenho
cognitivo, do que quando comparado ao grupo controle.
Em outro estudo realizado para avaliar a capacidade da memória de ratos
suplementados com CDP-colina e um grupo controle, expostos a condições
ambientais em que eram estimulados constantemente com exercícios de memória,
exercendo uma sobrecarga no hipocampo, observou-se que os ratos que receberam
três meses de suplementação foram capazes de melhorar o déficit de memória e,
quanto mais duradoura esta suplementação, mais eficazes eram os resultados
(TEATHER e WURTMAN, 2005).
Outros trabalhos vem demonstrando essa relação assim como o de Moreno
realizado em 2002, que realizou um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e
placebo-controlado, em 261 pacientes, divididos em grupo teste e grupo controle,
com estágios iniciais a moderados de DA, administrando diariamente, cápsulas com
400mg de Colina alfocetarato, um sub produto da colina, três vezes ao dia, por um
período de 180 dias. Após aplicação de alguns protocolos já estabelecidos para a
avaliação neurológica de pacientes com Alzheimer, como o "Alzheimer's Disease
Assessment Scale-Cognitive Subscale (ADAS-Cog)", Mini-Mental State Examination
(MMSE)", "Global Deterioration Scale (GDS), "Alzheimer's Disease Assessment
Scale-Behavioral Subscale (ADAS-Behav)" e "Clinical Global Impression (CGI)",
observou uma diminuição da progressão do declínio cognitivo e dos sintomas da
demência no grupo teste, quando comparado ao grupo controle.
Através da suplementação de colina, é possível observar mudanças no
desempenho cognitivo, memória e comportamento de pacientes com DA,
aumentando a síntese de neurotransmissores, membranas sinápticas e sinapses,
tendo sido relatado uma melhora comportamental dos pacientes (BOYD, et al,1977;
MORENO, 2002; WURTMAN, 2014).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos nesta área ainda são escassos, porém, os resultados encontrados
têm se mostrado positivos para o funcionamento cerebral e para o controle da
Doença de Alzheimer, principalmente, quando realizado nas fases iniciais da
doença.
A maior ingestão de colina durante a vida pode exercer um efeito
neuroprotetor, prevenindo ou retardando o aparecimento da DA ou outros tipos de
demência.
Tratamentos realizados em um período maior tem se mostrado mais eficazes
e, quando descontinuado, os sintomas voltam a aparecer.
O uso da colina, seja na forma livre ou de algum de seus subprodutos, está
diretamente ligado com o aumento dos níveis plasmáticos, o que torna possível uma
maior síntese de acetilcolina, estimulando maior transmissão colinérgica, maior
formação de membranas sinápticas e sinapses.
O nutricionista é capaz de orientar e auxiliar na prevenção e controle da
Doença de Alzheimer, através da suplementação de colina e também na escolha
dos melhores alimentos fonte desta vitamina, que é fundamental para a formação e
proteção cerebral.
No entanto, ainda são necessários mais estudos que investiguem e
confirmem esses objetivos, assim como a dosagem e o substrato ideal, a fim de
beneficiar os pacientes com DA.
The use of choline in the prevention and treatment for Alzheimer's Disease
acetylcholine and impaired cholinergic system, are the main features of Alzheimer's
disease (AD). The etiology of AD is not yet fully understood, but it is suggested that
genetic factors and environmental influences are determining factors in the
installation and development of the disease. The analyzed studies suggest that
intake of choline, whether or dietary supplementation, has a direct effect on the
synthesis of acetylcholine, including a neuroprotective effect, which is effective in the
prevention of AD or other dementia associated with cognitive decline related senile
period and fastness of progression of symptoms in patients with mild to moderate
stages of AD.
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