Leigos e Leigas na Igreja: Sujeitos na Igreja "em saída"
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Leigos e Leigas na Igreja - José Carlos Pereira
1. A ARTE DO BEM COMUM
O país, o estado ou o município são como um barco. Imagine um barco, com muita gente, na travessia de um mar tempestuoso. Esse barco tem um comandante no leme. O papel do comandante é conduzir o barco no rumo certo, desviando das ondas fortes, das rochas e de outros obstáculos. A meta desse barco é chegar à outra margem, que está bem distante. Até aí, tudo parece normal nesse barco.
Porém, esse barco é de remo. Todos que estão no barco devem remar, exceto o comandante, que está no leme. O desempenho desse barco depende dos remadores. Apesar de haver muita gente no barco, nem todos estão remando. Há os que se esforçam com seus remos, dando muitas braçadas, mas há os que, por alguma razão, ou simplesmente por acomodação e preguiça, recolhem os remos e ficam olhando os outros remarem; há os que não podem remar por terem alguma deficiência, e há os que remam ao contrário, dificultando o deslizar do barco, causando peso aos que remam na direção certa e, muitas vezes, não deixando esse barco sair do lugar. Quando isso ocorre, cria-se um impasse, e todos os ocupantes do barco são prejudicados. Os que remam ao contrário acham que é o comandante que está conduzindo o barco na direção errada, e querem tirar quem está no comando para ver se o barco desliza, mas o comandante tem uma tripulação que está com ele e a orienta. Às vezes, essa tripulação não se entende e dificulta ainda mais a condução do barco. Como se não bastasse, fortes ondas fazem o barco balançar, criando instabilidade no barco e desconforto para todos, inclusive enjoos. Uns acham que o barco deve continuar seguindo na direção traçada; outros acham que ele deve ir por outra rota e, assim, o barco balança, gira e não sai do lugar. E o pior, corre o risco de afundar. Se afundar, a maioria irá morrer, porque o barco, apesar de grande, não tem salva-vidas para todos. Apenas alguns se safarão do naufrágio e esses são os que têm algum tipo de garantia. A maioria pobre, que ocupa o convés desse barco, será engolida pelo mar.
Qual seria, então, a solução? Tirar o comandante e colocar outro no lugar? Mas os que estão dispostos a ocupar seu lugar no leme não estão preparados para conduzir um barco. Aliás, muitos desses já fizeram outros barcos naufragarem ou contribuíram para tal. Não seria o caso, em vez de destituir o comandante do barco, de somar forças, e todos remarem na mesma direção, deixando, assim, o barco seguir?
Porém, há quem não esteja preocupado com o barco, mas com lugares que ocupam no barco. Eles querem a primeira classe, ou os lugares em que possam ser vistas as melhores paisagens. Esses não sabem, ou fingem não saber que, se o barco afundar, há probabilidade de todos morrerem, não importando o lugar que cada um ocupa.
Mas não, no afã de querer comandar o barco, um grupo, apoiado pelos comissários
do barco, que se encarregam de dar a notícia de como o barco está sendo conduzido, incita os ocupantes do barco a terem atitudes que poderão fazer o barco afundar, argumentando que o barco já está afundando e, assim, assustando a todos, colocando os ocupantes do barco em pânico. Pânico num barco à deriva é o pior que pode acontecer.
Porém, o barco ainda não está afundando, apesar do mar revolto e das tempestades provocadas. Ele está apenas balançando, porque seus ocupantes estão agitados e fazendo movimentos bruscos que desestabilizam o barco. O perigo não está nos movimentos dos ocupantes, mas nas decisões que a tripulação pode tomar, mudando a rota do barco, fazendo com que ele retroceda, ou pior, naufrague.
Retroceder significa voltar a obstáculos que já foram superados – e que obstáculos – e naufragar significa afundar mesmo, causando pânico e muitas mortes. Vale lembrar que esse barco já esteve muitas vezes no fundo do mar, mas foi resgatado às custas de muitos esforços, de muitas vidas que foram ceifadas.
É bem preocupante essa história que se repete! Esse barco, apesar de imenso, parece não ter um memorial descritivo de rotas anteriores e de grandes tragédias já vividas. Ou tem, mas é ignorado. Que fazer? Pular do barco? Ajudar a remar no rumo traçado? Recolher os remos e assistir? Remar ao contrário e voltar à margem de onde o barco saiu? Apoiar um golpe e destituir o comandante e a tripulação, e permitir que outros assumam o comando, mesmo que esses outros tenham um histórico de barcos deixados à deriva e de grandes naufrágios nos seus currículos?
A decisão é de cada um, mas o resultado atinge a todos.
Exercício de reflexão
Com o método da leitura orante, leia Mt 14, 22-32 e responda às seguintes perguntas:
1 - O que o texto diz em si?
2 - O que o texto diz para mim ou para nós, hoje?
3 - O que o texto me faz dizer ao meu próximo?
4 - O que o texto me faz dizer a Deus?
5 - O que o texto me impulsiona a fazer?
6 - O que esse barco representa, e o que você gostaria de destacar dessa passagem bíblica sobre o comportamento dos discípulos no barco?
7 - Você consegue enxergar posturas políticas nesta passagem bíblica? Como e por quê? Exemplifique?
8 - Como você se sente quando vê o país afundando e as pessoas não se entendendo? Que reação você tem diante de situações dessa natureza?
9 - Você se considera uma pessoa que rema na direção certa? Ou já remou ao contrário? Ou, então, já recolheu os seus remos? Como e por quê?
10 - Como anda a sua relação com o barco e os demais passageiros desse barco? Existe diálogo de ideias, discussão ou intolerância? Se existe algo dessa natureza, como é? Se não existe, por que não existe?
11 - O barco é um bem comum. O que você tem feito para que as pessoas que estão nesse barco se conscientizem de que se deve remar na mesma direção?
12 - O que mais você gostaria de destacar desse texto bíblico e da sua relação com a política?
A partir da leitura e da reflexão do texto acima e do texto bíblico sugerido (Mt 14,22-32), partilhe em grupo as respostas dessas questões e veja o que você poderá fazer para que o barco não afunde.
2. GESTÃO DE DONS
Política é a arte ou a ciência de governar, por isso eu o convido agora a refletir sobre o governo, ou a gestão, de dons, de talentos e de outros bens que lhes foram confiados para administrar. Sim, a primeira ação política começa em nós, governando, gerindo bem aquilo que recebemos como dom, pois quem não consegue gerir seus próprios bens mais valiosos, que são os dons recebidos naturalmente, dificilmente conseguirá gerir os bens públicos, os bens materiais, enfim, o bem comum, como a própria palavra política significa, embora esses dons, como nós veremos a seguir, são ou deveriam ser comuns, ou seja, para os outros, para a comunidade, e não apenas para nós. Nisso consiste o nascedouro da verdadeira política.
Assim, é bom que saibamos, em primeiro lugar, que tudo o que temos não é nosso ou para nós, mas para que possamos contribuir com o mundo, com a sociedade em que vivemos, e só vamos contribuir com o mundo se nós partilharmos esses bens, ou dons, da melhor forma, colocando-os a serviço. Se assim não procedermos, perde-se o sentido daquilo que temos, pois existimos em função do outro ou do mundo. Por essa razão, há uma interdependência entre as coisas criadas, entre os seres criados e, sobretudo, entre os seres humanos, pois ninguém é completo sozinho. Portanto, ninguém existe para si. Existimos uns para os outros. Esse conhecimento é básico para uma boa vivência e convivência, para uma consciência política, ou do que seja realmente política.
Se cada um guardar para si os bens que Deus lhe confiou, essa pessoa se tornará pobre, porque tornou o mundo mais pobre. Quando o mundo empobrece, nós empobrecemos, e quando nós empobrecemos, o mundo também empobrece. Desse modo, quando alguém faz algo para tornar o mundo melhor, todos se beneficiam com isso. Por outro lado, quando alguém faz algo que prejudica o mundo, todo mundo é prejudicado. Essa relação que existe entre as coisas criadas nos faz perceber que a nossa ação pessoal, por menor que seja, interfere no mundo. Por isso, é importante gerir boas ações para gerar um mundo melhor.
Por exemplo, se Deus me deu o dom de comunicar, seja através da fala ou da escrita, se eu me calar, de que me adianta esse dom? Ele não serve para nada. Como disse Jesus sobre o sal: Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens
(Mt 5,13). Um dom que não é colocado a serviço não serve para nada, é como o sal que perde o poder de salgar. Por isso, a cada manhã, ou em qualquer momento do dia, sinto que me falta algo se eu não partilhar esses dons com os outros, seja escrevendo algo nas redes sociais, seja através de minhas homilias, sermões ou palestras, seja através de artigos em jornais e revistas, ou através de livros. O dom de falar e de escrever é um dom profético. Podemos profetizar, isto é, denunciar e anunciar através da fala ou da escrita, como também podemos profetizar através de ações e reações.
Assim deveria ser com qualquer outro dom. Por exemplo, se você tem o dom de tocar ou cantar, toque e cante em qualquer lugar do mundo onde você estiver. Se você tem o dom de pintar e bordar, pinte e borde – no bom sentido – ou seja, deixe o mundo mais bonito com sua arte. Enfim, coloque seus dons a serviço, porque eles vão fazer o mundo ser melhor, mais belo e mais humano. Caso contrário, você e o mundo serão extremamente pobres.
Quem não entendeu essa dinâmica da vida, não entendeu a vida. Você acha que Deus lhe deu algo para que se ensoberbeça e se sinta melhor do que os outros? Ou, então, para guardar para si tais talentos? Nada disso, ele não o fez melhor por isso, ele o fez diferente, para que a sua diferença faça a diferença