Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

A Mansão Stonebridge
A Mansão Stonebridge
A Mansão Stonebridge
Ebook344 pages4 hours

A Mansão Stonebridge

Rating: 0 out of 5 stars

()

Read preview

About this ebook

Lady Baldwin não é apenas charmosa e bonita, mas também é manipulativa, sexy, maldosa e propensa a ser promíscua. Quando é assassinada, muitos suspeitos aparecem com muitos motivos, então, não será fácil encontrar o assassino.

Contada com muito detalhe por um mordomo que já trabalhou em inúmeras residências, a história dá aos leitores uma ideia de como é a vida em uma casa endinheirada, desde os empregadores aristocratas, até os empregados que cuidam deles. A Mansão Stonebridge é um livro divertido que atrairá aqueles que são fascinados para saber como funciona nobreza e suas entrelinhas. O autor também conta os humores e sarcasmos que acontecem nesse estilo de vida singular.

LanguagePortuguês
PublisherBadPress
Release dateAug 5, 2017
ISBN9781507185131
A Mansão Stonebridge
Author

Peter C. Bradbury

Born near Manchester, England, I became a Butler in 1985. After working in many very large homes, I moved to California in 1994 after marrying my wife, Debbie, who is from San Francisco.I started writing because I was always being asked, "What is it like to work for wealthy people?" I turned some of my experiences into a novel, and called it Stonebridge Manor.Since that first book, which is a murder mystery, I have written thrillers and I have just finished my fifth book.I write in a very entertaining style, whatever the subject, and I hope you enjoy them.I still have family in the UK and in the USA, and I enjoy football (soccer) and golf.

Related to A Mansão Stonebridge

Related ebooks

Mystery For You

View More

Related articles

Reviews for A Mansão Stonebridge

Rating: 0 out of 5 stars
0 ratings

0 ratings0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    A Mansão Stonebridge - Peter C. Bradbury

    Este livro é dedicado a todas as pessoas que dividiram ou influenciaram minha vida, incluindo minha esposa Debbie, minha família na Inglaterra e Estados Unidos, meu mentor, Leslie, e todas as pessoas para as quais trabalhei e com quem trabalhei como mordomo. Também gostaria de agradecer a Jason Davis, Samantha Davis Darrin e Rebecca Poma.

    Todas as personagens desse livro são totalmente fictícias. Essa é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, locais, eventos e incidentes são obra da imaginação do autor ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança, de pessoas, vivas ou mortas, eventos ou locais, é pura coincidência.

    Índice

    Capítulo Um

    Capítulo Dois

    Capítulo Três

    Capítulo Quatro

    Capítulo Cinco

    Capítulo Seis

    Capítulo Sete

    Capítulo Oito

    Capítulo Nove

    Capítulo Dez

    Capítulo Onze

    Capítulo Doze

    Capítulo Treze

    Capítulo Quatorze

    Capítulo Quinze

    Capítulo Dezesseis

    Capítulo Dezessete

    Capítulo Dezoito

    Capítulo Dezenove

    Capítulo Vinte

    Capítulo Vinte e Um

    Capítulo Vinte e Dois

    Capítulo Vinte e Três

    Capítulo Vinte e Quatro

    Capítulo Vinte e Cinco

    Capítulo Vinte e Seis

    Capítulo Vinte e Sete

    Capítulo Vinte e Oito

    Capítulo Vinte e Nove

    Capítulo Trinta

    Capítulo Trinta e Um

    Capítulo Trinta e Dois

    Capítulo Trinta e Três

    Capítulo Trinta e Quatro

    Capítulo Trinta e Cinco

    Capítulo Trinta e Seis

    Capítulo Trinta e Sete

    Capítulo Trinta e Oito

    Capítulo Trinta e Nove

    Capítulo Quarenta

    Capítulo Quarenta e Um

    Capítulo Quarenta e Dois

    Capítulo Quarenta e Três

    Capítulo Quarenta e Quatro

    Capítulo Quarenta e Cinco

    Capítulo Quarenta e Seis

    Capítulo Quarenta e Sete

    Capítulo Quarenta e Oito

    Capítulo Quarenta e Nove

    Capítulo Cinquenta

    Capítulo Cinquenta e Um

    Capítulo Cinquenta e Dois

    Capítulo Cinquenta e Três

    Capítulo Cinquenta e Quatro

    Capítulo Cinquenta e Cinco

    Capítulo Cinquenta e Seis

    Capítulo Cinquenta e Sete

    Capítulo Cinquenta e Oito

    Capítulo Cinquenta e Nove

    Capítulo Um

    Lady Baldwin estava deitada com o rosto virado para a cama, o lençol branco mal cobria seu corpo, mas não sua silhueta. Embora estivesse na casa dos quarenta, ela ainda era desejada por homens suficientes para que se mantivesse feliz. Ainda tinha seus atributos, cintura fina, seios fartos, que tiveram pequenos ajustes cirúrgicos, e pernas longas e magras. Mesmo que seu cabelo louro, na altura dos ombros, estivesse bagunçado, e seu batom borrado, ela não se importava, nesse momento em particular. Tinha acabado de fazer amor e já queria mais. Ela ergueu o corpo e se apoiou no cotovelo direito, arrumou os lençóis em sua volta, para um efeito melhor, deixando em evidência suas pernas e seu traseiro redondo. Hoje ela sabia que estava irresistível.

    Seus olhos azuis passaram, rapidamente, por seu entorno; um quarto pequeno com mobília limitada, a maior era uma cama queen size, que havia comprado; duas cômodas ao lado da cama, uma penteadeira e uma cadeira, todos feitos com o mesmo tipo de madeira, e um pequeno guarda-roupa. As paredes eram brancas e as cortinas de um tom de chocolate horroroso. Elas estavam fechadas, deixando parte da luz natural de fora. Afinal, eram apenas três horas da tarde. Suas roupas estavam espalhadas pelo carpete bege, e ela sorriu ao se lembrar da pressa em que estava, quando as teve retiradas.

    Lady Baldwin ouviu quando ele deu a descarga, e abriu a torneira para lavar as mãos, no banheiro; depois ouviu o som de passos em direção à cozinha. Ela sabia que ele a amava, a idolatrava, mas ela não o amava. Ele era apenas um amante.

    Na cozinha, ele se ocupou em pegar dois copos, e uma garrafa gelada de champanhe. Champanhe era a bebida que ela mais gostava, e havia enviado uma caixa para o apartamento apenas para suas visitas frequentes, junto com seus objetos pessoais. Ela, provavelmente, logo redecoraria todo o lugar, mas ele não ligava, desde que ela visitasse.

    Simon havia trabalhado para ela antes, como seu mordomo. No entanto, não era muito bom como mordomo de seu marido, Lorde Baldwin, e o tinha demitido. Mal ele sabia que foi decisão dela. Gostava de tê-lo trabalhando para ela, mas se sentia claustrofóbica, com ele andando ao seu redor, e tinha certeza que seu marido estava suspeitando de algo. Além do mais, Simon não era seu único amante.

    Simon tinha voltado a Londres. Tinha retornado a seu antigo emprego, de cuidar de um senhor americano, que raramente visitava a Inglaterra, e então, precisava pouco de seus serviços. Era bom em organização e serviços administrativos, mas era péssimo valete e não servia bem as refeições. Trabalhar em tempo integral para Lorde Baldwin, que esperava seus ternos passados e sapatos brilhando diariamente, era um desastre. Ainda bem que ele tinha conseguido recuperar o antigo emprego. Como Lady Baldwin não gostava de visitá-lo em sua nova residência, ela encontrou esse pequeno apartamento para que se encontrassem sempre que estivesse na cidade. Não era o melhor arranjo para ele. Ele preferiria algo mais permanente, mas entendia que era melhor do que nada, e ela era muito generosa. Se ele pudesse apenas se livrar do marido dela...

    Simon era quase vinte anos mais novo do que a dama; tinha em torno de 1,82 de altura, bonito, com cabelos escuros enrolados e curtos, olhos azuis, magro, mas musculoso, bem-educado e sempre bem-apessoado.  Ele era um jovem cavalheiro ideal, com preferência por mulheres mais velhas. Jovens mulheres, sem nada na cabeça, não eram para ele. Sua mulher ideal era Lady Baldwin, ou C, como a chamava agora, uma mulher manipuladora, que sabia exatamente o que queria - que nesse momento, era ele.

    Simon, onde está você e o champanhe? Ela chamou do banheiro. Nessas horas sua voz era suave e sexy, sem sotaque, uma dama inglesa clássica. Em outras horas, ela podia cortar as pessoas com seu tom de voz, uma pessoa completamente diferente.

    Já vou, C, ele respondeu assim que retirou a rolha, segurando a garrafa com uma mão, e duas taças pelas hastes, na outra. Ele voltou seminu, vestindo apenas uma cueca de listras, que havia colocado quando foi ao banheiro. Aquela seria uma longa tarde.

    Capítulo Dois

    Aproximadamente duzentos e sessenta quilômetros dali, numa casa de um quarto, uma conversa telefônica estava começando.

    Boa tarde, disse uma voz de barítono profunda, no outro lado da linha em outro subúrbio de Londres.

    Olá Ken. O que é todo esse barulho no fundo? Respondeu Phillip, em seu sotaque divertido do Norte.

    Espere um minuto, seu tonto. Vou baixar o volume.

    Seguiu-se o som do telefone sendo baixado e depois o volume da quinta sinfonia de Beethoven sendo drasticamente reduzido. Ken amava Beethoven. Provavelmente, antes do telefone tocar, ele estava sentado no braço do sofá, regendo a orquestra com sua batuta. Ele realmente tinha regido uma orquestra uma vez, somente um ensaio, mas ele o tinha feito e tinha sido muito bom. Mas é claro que Phillip nunca diria isso a ele. Eles eram amigos demais para começar com elogios, em vez disso, trocavam insultos e piadas, que faziam os dois rirem.

    Ken era muito mais velho que Phillip, tinha 81 anos para os 37 de Phillip. Ken era mordomo aposentado, e havia ensinado Phillip vários anos antes. Se deram bem desde o início, mesmo sendo completamente diferentes. Ken era extrovertido, falador, e gostava de artes e de cozinhar, odiava esportes. Também foi um grande paquerador. No entanto, eles tinham o mesmo senso de humor, honestidade e acreditavam em serem verdadeiros.

    Sabe, Ken disse quando pegou novamente o telefone, nunca entenderei porque, uma pessoa do seu intelecto, escuta aquele barulho ensurdecedor que você chama de música, em vez de Beethoven, o maior músico que já viveu.

    Phillip riu. Sempre discutiam sobre música e sempre que se visitavam, eles tocavam aquilo que gostavam, apenas para se provocarem. Normalmente ele submetia Ken a alguma música do Rolling Stones.

    Então, como está, garoto? A bruxa má do Norte ainda está te levando à loucura? Continuou Ken, se referindo a patroa de Phillip, Lady Baldwin.

    Não mais do que o normal. Mas já passei por isso antes. Devo ser masoquista, para gostar de sofrer punições.

    Bem, eu já te disse qual é o problema dela. Você devia me apresentar, e eu a encantaria e a levaria para a cama, e daria o que ela precisa.

    Pare com isso, Ken. Você tem oitenta anos. Se a levasse para a cama, ela teria que esperar um mês pela sua ereção. O sarcasmo pingava das palavras de Phillip.

    Bem, eu acho que deveria me apresentar a ela, ou fazer o serviço você mesmo. Ela não é feia, é?

    Não, mas não, obrigado. Ela precisa de alguém velho, decrépito, e sem moral. Phillip parou e falou de modo provocador, Talvez eu devesse te apresentar a ela?

    Tudo bem, entendi o insulto; mas ficarei feliz em servi-la.

    Claro, Ken. Vou manter você em mente, quando ela estiver realmente maldosa.

    Então, meu velho, essa é uma ligação social, ou precisa de meu vasto conhecimento profissional?

    Na verdade, eu estive pensando se você gostaria de ir para a copa do mundo, este ano.

    Copa do mundo?

    Sei que você é ignorante quando se trata de esportes, mas, com certeza, já deve ter ouvido falar na copa do mundo?

    Não.

    É uma competição de futebol, entre países do mundo todo.

    Você quer dizer aquele jogo idiota onde homens adultos ficam correndo pelo campo, atrás de uma bolinha branca?

    Sim, mas não é idiota.

    É, para mim. Por que eu gostaria de ir nisso?

    Por que será sediado nos Estados Unidos.

    Ken amava os Estados Unidos. Ele e Phillip tinham viajado, em férias, para lá, juntos.

    Então por que não disse isso antes, em vez de toda essa bobagem de copa do mundo?

    Quer ir?

    Claro que quero. Apenas me diga quando e quanto. Deixarei os detalhes para você resolver. Não achei que voltaria para lá, agora que comprou seu carro estúpido.

    Phillip tinha, recentemente, comprado um Toyota MR2, numa cor que ele gostava de descrever como ‘a cor do céu num dia sem nuvens.’ O carro era novinho, seu primeiro carro esportivo, e ele amava tirá-lo da garagem, mesmo que fosse para ir apenas até o mercado. Mas olha, as parcelas eram exorbitantes, só que ele era solteiro e ganhava bem, então ‘que se dane.’

    Meu carro não é estúpido.

    Só tem dois assentos.

    Só preciso de um.

    Isso é egoísta. E se estiver em um encontro?

    Tem um banco para cada um de nós.

    Onde eu me sentaria?

    Se eu estivesse em um encontro, você estaria sentado em casa.

    Isso é egoísta.

    Essa era uma conversa normal entre Ken e Phillip, e nada nunca era tomado como insulto.

    Que seja. Então, vai querer assistir a algum jogo?

    Não sei. Se for caro, não.

    Vou pesquisar. Quero ir para ficar um mês. Tudo bem para você?

    Claro, mas como você vai conseguir um mês de férias? A bruxa má não gosta que você tire férias.

    Quando eu voltei eu disse a eles que, se não tivesse um tempo decente de folga, eu iria embora novamente. Seu lorde fica me perguntando quando será minha ‘andança’, como ele fala, então eu disse Julho, o mês todo. Ela vai ter um treco, mas ela pode suportar.

    Acha que ele já contou para ela?

    Sem chance. Eu já saberia se ele tivesse contado.

    Ele tem testículos?

    Ela os cortou alguns meses atrás. Ele chegou em casa andando como um peão que passou um mês na sela, e perguntei o que estava de errado. Ele tinha feito uma vasectomia.

    Senhor do céu. Eu pensei que eles eram velhos demais para terem mais filhos.

    Acho que ela quer prevenir que ele encontre alguém e tenha filhos. Foi dessa forma que ela o prendeu. Não é como se ela tivesse parado de tomar o anticoncepcional.

    Como você sabe disso?

    Ken, somos mordomos. Lembre-se, sabemos de tudo.

    Perdoe-me, Phillip. Aposentadoria atrapalha a mente.

    Me lembrarei que disse isso, Ken. Pensei que estava ficando senil.

    Você vai pagar por essa. Falando sério novamente, Ken perguntou, então acha que a bruxa má está curtindo por aí?

    Claro que está. Ela não os traz aqui, mas eu a ouço ao telefone, às vezes, falando com alguns deles. Acho que o lorde suspeita. Não parece gostar quando eles ligam e ela sai da sala para falar com eles, mas ele nunca diz nada.

    Incrível. Não acredito que ele não fale nada.

    Não entendo porque ele não fala. Com todo o dinheiro que tem, ele conseguiria achar outra pessoa facilmente.

    Certo, não é como se ele fosse feio e pobre, como você.

    Verdade. Enfim, chega de falar deles. Então vamos para a América?

    Tente me impedir. Fran ficará maluca quando eu contar a ela, essa noite.

    Fran era a amiga mais próxima de Ken, da mesma forma que tinha sido amiga da esposa dele, que morreu depois de um longo período doente. Se não fosse pela ajuda de Fran, Ken teria tirado a própria vida, pois ficou perdido com a morte da mulher, e Fran o trouxe de volta aos eixos. Ela também via as pessoas pelo que realmente eram, enquanto Ken confiava em todo mundo e podia ser facilmente enganado. Phillip gostava de Fran. Ela sempre falava o que pensava, não importava o que fosse.

    Ela vai ficar animada de se livrar de você por um tempo.

    Não sei porque ela gosta tanto de você. Tudo o que faz é me insultar.

    É por isso que ela gosta de mim.

    Ela virá aqui hoje à noite, então contarei a ela. Vai trabalhar esta noite?

    Não, ele vai para Cotswold, para a outra casa deles, então eu tenho a noite de folga. Mas isso significa que ficarei com os cães.

    Ainda tem que ficar na casa mesmo quando não tem ninguém aí?

    Sim, é uma droga e sem necessidade, mas eles querem assim, então tenho que fazê-lo.

    Faça o que tem que fazer. Não vou mais tomar seu tempo, Phillip. Estou muito contente que vamos para a América novamente. Me diga quando precisar do dinheiro da minha parte da viagem, e me mantenha informado dos seus planos. Mal posso esperar para irmos.

    Vamos nos divertir muito, Ken. Mande lembranças a Fran, e ligo para você de novo logo.

    Tenha uma boa noite, Phillip e obrigado.

    Você também, Ken. Nos falamos logo. Tchau.

    Resolvido então, pensou Phillip, enquanto desligava o telefone, imaginando como ele conseguiria o dinheiro e encontraria os ingressos para os jogos que ele queria ver. Ele sabia que, provavelmente, não veria tantos jogos quanto gostaria, mas era solteiro, não tinha hipoteca ou contas para pagar, então, poderia usar o crédito.

    Mesmo se achando feio, Phillip não era, e muitos achavam ele bonito. Era magro, tinha 1,77, um sorriso amável, e olhos malandros que variavam do mel para verde, um nariz imponente, e bigode. Quando tinha vinte anos ele já era grisalho, e perdeu a maioria do cabelo, a não ser no topo e nas laterais da cabeça. Recentemente tinha parado de se importar com seu cabelo, e estava mais relaxado, o que explicava porque tinha voltado a trabalhar ali.

    Era sua segunda vez no emprego. Ainda se perguntava por que tinha voltado, especialmente porque tinham se passado poucos meses desde que tinha ido embora. Quando saiu, tinha deixado claro que era por causa do comportamento de Lady Baldwin em relação a ele. As mudanças de humor, a raiva, e a constante mudança de rotina que ela dizia que queria, eram insuportáveis. Ele disse aos dois o motivo de sua saída, sabendo que o lorde ficaria furioso com ela. Phillip tinha sido a única pessoa que não só podia fazer o seu serviço, mas o de todos os outros também. Era querido por todos, e podia passar ternos e polir sapatos exatamente como Lorde Baldwin gostava. Se a dama tivesse pedido, pessoalmente, para que ficasse, em vez de mandar a mensagem pela babá, talvez tivesse ficado. Mas ficou bem irritado com a atitude dela, então, ele foi embora.

    Quando Phillip retornou para o apartamento da mãe, eles já tinham ligado para ela, pedindo que ele retornasse as mensagens, mas apenas as ignorou. Ele voltou a seu emprego anterior, trabalhando para a corte superior e seus juízes. Era um trabalho temporário, mas, tirando o salário baixo, conseguia pagar as contas e era um serviço fácil. Ele não gostava de passar muito tempo na casa da mãe, mas ela continuava a receber as ligações, então ele cedeu a elas, indo ver os Baldwin. Nessa época, Lady Baldwin já tinha, mais ou menos, se mudado para a nova casa em Cotswolds, Gloucestershire, e o lorde ia lá em alguns finais de semana. Eles encontraram um mordomo para aquela casa, e queriam alguém para Crompton Hall, em Derbyshire. Como Lorde Baldwin ainda passaria tempo ali, e as festas de tiro continuariam a acontecer como antes, um mordomo era necessário. Dadas as novas circunstâncias, ele concordou em cuidar da casa.

    A nova casa, a mansão Stonebridge, era, pelo menos, duas vezes maior que Crompton. Diferentemente de Crompton, ela ficava bem no meio da propriedade, então não era fácil de encontrar. Ele a encontrou, eventualmente, e dirigiu até uma pequena vila, que certamente fazia parte da propriedade. A única rua o levou diretamente para o portão da casa principal. Eles obviamente o estavam esperando, ou talvez o portão ficasse aberto durante o dia. As pedras do caminho faziam barulho embaixo dos pneus. Ele passou por mais três outras casas, que pertenciam à propriedade, que, sem dúvida, estava cheia de empregados. Conhecia parte dos funcionários que estava ali, e tinha trabalhado com eles em Crompton, mas ainda tinham alguns que ele não conhecia, e se perguntava quanto tempo durariam ali.

    Ele viu parte da mansão pelo caminho. Uma grande casa georgiana de três andares acima do solo, com porão completo, fazendo com que a casa tivesse quatro andares no total. Era muito maior que Crompton. Como de costume para um serviçal, ele entrou pela entrada de serviço, estacionou, e saiu do carro. Ele não estava de uniforme, que, para ele, era um terno diurno, mas ele usava um conjunto cinza escuro, camisa branca, e gravata listrada. Se bem que não estava ali para impressionar ninguém. Ele não se importava se lhe oferecessem o emprego de volta, ele estava mais interessado no que Lady Baldwin tinha a dizer.

    Ei, Phil, pensei que tivesse se livrado de nós.

    Phillip se virou, colocando um braço no terno. Ele sabia quem estava falando com ele, era Cathy, a empregada, mas olhou para ter certeza, antes de responder com sarcasmo.

    Eu tinha, mas fico recebendo ligações dizendo que minha liberdade tinha sido apenas temporária, e que eu precisava terminar minha pena.

    Ambos riram, e se abraçaram.

    Bom ver você de novo, Phil. Sentimos sua falta.

    Obrigado, Cathy; mas fico imaginando por que estou aqui. Bom ver você também.

    Kay virá em um segundo. Ela também sentiu sua falta.

    Não tem mais ninguém para tirar sarro de vocês, por isso sentem minha falta.

    Até Lady B sentiu sua falta. Cathy comentou, bem séria.

    Agora sei que está brincando, ele riu.

    Phillip!

    Kay, como você está?

    Me dê um abraço. Bem-vindo ao lar.

    Cathy e Kay eram as empregadas mais próximas a Lady Baldwin, que era sempre chamada de Lady B, quando estava longe. Cathy era sua dama de companhia, e Kay era a babá das crianças, confidente, além de organizadora. As duas eram o meio de comunicação entre todos, elas diziam coisas a Lady B que ela não tinha o direito de saber, mas podiam dizer coisas sobre Lady B se elas assim o quisessem. Era um jogo, na verdade, mas era um jogo que Phillip podia jogar.

    As duas mulheres tinham a mesma altura, 1,65 de altura, louras, mas era ali que as similaridades terminavam. Cathy era magra, seu cabelo era longo, olhos castanhos, era casada e tinha filhos, e era bem emotiva. Ela não era feia, mas além de arrumar os cachos de seus cabelos, ela não fazia muito em seu rosto, ou talvez tivesse sido orientada pela patroa a não o fazer.

    O cabelo de Kay era liso e curto, lutava com seu peso e corpulência, era solteira, tinha mais estudo, assustava muita gente com suas maneiras, e não era de chorar. Como Cathy, ela não era feia, e se maquiava melhor. Sua pele era boa, e, independentemente de como gostava de se portar, ruborizava com facilidade.

    As duas deveriam ter saído dali há anos, na opinião de Phillip, mas elas eram bem recompensadas e não tinham muitas opções.

    Phillip tinha chegado cedo, então elas deram um rápido passeio com ele pela mansão, antes de terminarem na cozinha, onde seu amigo Rene, o chef, estava ocupado fazendo o almoço.

    Rene, já é ruim o fato de eu estar aqui, mas eu pensei que tinha aberto seu restaurante em Paris. Phillip disse sorrindo e oferecendo a mão para cumprimentá-lo.

    Rene era alto, passava de 1,80, muito magro, cabelo preto, não tinha barba e nem bigode. Ele tinha a habilidade de sempre parecer mal arrumado, não importava a situação, e mesmo assim, sua mulher, que também era francesa, era o exemplo da elegância.

    Rene pegou a mão dele, e sorriu de volta. Alguém me bateu no lance no último minuto, ele respondeu em seu forte sotaque Francês, prometo que os matarei, se descobrir quem fez isso. Mas não importa, estou aqui de novo. Ele parou, e é claro que é bom te ver.

    Bater no lance era como ele explicava o fato de ter oferecido o preço para o imóvel e alguém, no último minuto, ter oferecido mais do que ele poderia cobrir.

    Sua família está bem?

    Sim, muito bem. Talvez tenha a chance de vê-los antes de ir para casa, certo?

    Espero que sim, mas o que aconteceu exatamente com o restaurante?

    Ah, voltamos para Paris pensando que todos os contratos haviam sido assinados. Estava comprando equipamentos para o restaurante e já tínhamos até nos mudado. Então o agente nos disse que tínhamos que sair, porque alguém pagou mais caro pelo lugar, de última hora. Não sei quem, mas já tinha sido revendido, acredito eu, Rene balançou a cabeça, então estou aqui de novo.

    Sinto muito, Rene. Sei o quanto estava ansioso para ter seu próprio negócio, mas é muito bom te ver de novo.

    Tinham trabalhado juntos antes em Crompton e Rene tinha sempre deixado claro o quanto gostaria de ter seu próprio restaurante. Ele tinha encontrado um perto de Paris e, quando Phillip saiu, Rene estava de aviso prévio, cheio de animação por estar voltando para casa.

    Rene era um ótimo chef. Era o melhor com quem Phillip já havia trabalhado, e já havia trabalhado com vários. Ficava sempre imaginando como Rene aguentava Lady B atrasada para as refeições, já que sempre tinha que refazer a comida. Pelas costas dela, reclamava e xingava pelos atrasos, ‘vaca’

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1