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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS

GERAIS - UFMG
FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FaE

O uso de imagens em um livro didático


de Língua Portuguesa construído com
base nos estudos atuais sobre os
conceitos de alfabetização e letramento

Belo Horizonte
2008
Trabalho apresentado à disciplina
Comunicação Educativa com a orientação da
professora Célia Abicalil Belmiro.

AUTORES: Rúbia Costa Tunes


Thiago Lucas de Andrade
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o uso de imagens
em livros didáticos de Língua Portuguesa e observar as relações
entre imagens e textos presentes nesses livros.
Os livros escolhidos para análise pertencem a coleção: Uma
proposta para o letramento, da autora Magda Soares.
A escolha dessa coleção se deve ao fato de ser uma coleção com
uma proposta nova, que está dentro das discussões atuais a
respeito dos processos de alfabetização e letramento.
Selecionamos para a análise os dois primeiros livros da coleção
por serem livros que trabalham mais diretamente com a
alfabetização. Dessa forma, através dessa análise podemos
perceber se o uso das imagens em livros que são construídos
dentro das novas propostas de letramento possibilitam, também,
uma educação do olhar.
Esse trabalho tem como base os estudos apresentados por BELMIRO
(2001) e (2004), nos quais a autora mostra o significado e a
importância das imagens na vivência e na educação das crianças e faz
uma análise de como as imagens aparecem em alguns livros didáticos
de Língua Portuguesa, como essas imagens se relacionam com os
textos presentes nesses livros e como as práticas educativas
favorecem ou não a formação de um olhar estético nas crianças.
Análise feita pelo PNLD 2008 dessa coleção:
“A metodologia de ensino-aprendizagem efetivada pela coleção é
representativa de uma postura construtivista que compreende a
aprendizagem como um processo que se desenvolve pela indução,
e que contempla as capacidades de análise e reflexão sem deixar
de orientar os procedimentos no campo da leitura e da produção
textual. Essa postura flexível é coerente com a concepção de
linguagem como prática social; com a noção de texto como produto
empírico do gênero representativo dessa prática; e com a
compreensão de língua como fenômeno dinâmico que apresenta
variações em função dos falantes ou da situação de uso.
Quanto à sua organização, a coleção associa os temas aos
gêneros textuais: cada volume apresenta quatro unidades
organizadas por uma temática específica, em torno da qual são
apresentados entre sete e oito textos de gêneros diversificados,
com pontos de vista
diferenciados.”
BELMIRO (2001) fala de como o PNLD faz a avaliação dos livros
didáticos e principalmente como avalia o trabalho com as imagens
presentes nesses livros. A autora mostra que:

“Certamente que a instabilidade atual com que as imagens vêm sendo


utilizadas nos livros didáticos, bem como a análise sucinta das
imagens, vistas como ilustração, propostas nas fichas de avaliação
do PNLD/2002 do MEC, podem indicar alguns caminhos de
reflexão: o primeiro, que a escola tem dificuldade de lidar com
formas renovadas de subjetividade externas a ela, fabricadas e
conformadas na dimensão do social e traduzidas por imagens. A
escola tem sido o espaço para o desaguadouro de diferenças, de
desconhecimentos, de perguntas e no qual, contudo, se
homogenizam respostas e comportamentos; um segundo ponto, e
como conseqüência do primeiro, é que a interlocução entre
discurso científico e discurso pedagógico ainda não construiu bases
sólidas para que a escola possa formular uma teoria da imagem; e,
finalmente, uma questão que amplia a discussão para o
entrecruzamento dos campos moral, político e pedagógico: a que
deve conduzir à sustentação ética sobre a qual os LDP vêm
organizando as unidades temáticas, no momento em que
apresentam uma multiplicidade de formas estéticas através de
imagens, descontextualizando e recontextualizando significados, e
que conformará padrões de visualidade. (BELMIRO, 2001, Pg.
319).
Análise feita pelo PNLD 2008 a respeito do projeto gráfico-
editorial da coleção:

“O projeto gráfico-editorial da coleção apresenta funcionalidade e


correção com fácil localização das informações, que se apresentam
com estrutura hierarquizada dentro de cada unidade, qualidade visual
com distribuição adequada e equilibrada das imagens e textos escritos
na página, com utilização de recursos de descanso visual para os
textos de maior extensão. Uma ressalva deve ser feita quanto ao
sumário, que se reduz à denominação
dos temas das unidades e à listagem dos textos que as compõem.”
É de suma importância começar falando da capa do livro e como ela,
por si só, já traz o que é trabalhado na obra. Temos quatro elementos
desenhados que representam o que será tratado nos capítulos do
livro.
Outro ponto que chama a atenção são esses elementos desenhados e
não fotografados. Quando Analisamos o índice também encontramos
elementos interessantes. Colorido e com estímulos bem visíveis o
índice também acompanha a tendência que gera uma curiosidade e
realmente te encanta para abrir o livro. Os mesmos personagens da
capa aparecem na divisória de cada capítulo, uma vez que é baseado
nos personagens que os capítulos irão trabalhar os temas da língua
portuguesa.
De acordo com Belmiro (2004), muitas vezes as imagens são usadas nos
livros didáticos apenas como ilustração e são “didatizadas” de forma rápida,
sem a devida exploração. E além disso, muitos professores apresentam certa
dificuldade de trabalhar essas imagens, não unindo os elos da cadeia
conceitual, dificultando sua prática em sala de aula, assim como o trabalho dos
alunos.
No entanto, de acordo com a análise da autora, alguns livros fazem um
trabalho interessante e adequado com as imagens, como no caso dos livros
aqui analisados. A autora coloca que:

“Em alguns projetos pedagógicos, os textos literários são precedidos de


imagens que abrem as unidades, em forma de colagem, de desenhos, de
reprodução de pinturas, de fotografias, e que servem aos propósitos de leitura
e compreensão de textos. Certos exercícios captam a capacidade de produção
de sentidos que a imagem tem, propondo uma investigação visual através da
exploração de conhecimentos de mundo da criança, de propostas que
conduzem a inferências, ao domínio do sistema alfabético a que a criança vem
se capacitando, tudo isso respeitando a coerência visual do cenário.”
(BELMIRO, 2004, Pg. 152)
Belmiro (2001) fala da importância da educação visual para a formação dos
alunos:

“Compreende-se a educação visual como parte de um processo mais amplo de


formação cultural dos alunos. É bom lembrar, porém, que educação visual não
se conforma à educação estética, esta sendo moldada por critérios avaliadores
das obras de arte; é a educação que inclui o nosso cotidiano visual, com o qual
construímos a significação para o mundo que nos cerca.”
(BELMIRO, 2001, Pg. 307).

Sendo assim, podemos perceber que a autora dos livros analisados trabalha o
texto juntamente com os estímulos visuais de uma forma bem interessante. O
livro traz uma mescla de trabalho bem diferenciado entre si e que soma ao
aprendizado de uma maneira fácil e gostosa de entender. Textos com
imagens, exercícios com imagens, palavras chave de cores diferentes às dos
textos, poemas e letras de música, interpretações de textos mais acessíveis as
crianças, além de capítulos bem presentes no dia-a-dia dos infantes, como ir à
escola, animais, etc.
Já os textos com imagens são bem desenvolvidos, uma vez que buscam
trabalhar a imagem não somente como imagem, mas também como texto,
cheio de significados dentro de significantes simples para nós, adultos, que
para as crianças pareceriam mais complexos se não fossem colocados como a
proposta é dada.
Belmiro (2001) também faz uma análise de como as práticas de letramento nas
escolas podem favorecer ou dificultar a relação da criança com a realidade
através do trabalho com as imagens:

“Da mesma forma que as práticas de letramento explicitam diferentes estados


de apropriação dos usos da língua por diferentes grupos sociais, as atividades
com imagens que a escola oferece tendem a produzir certas formas de relação
com a realidade. Isso não significa que os alunos não exercitem outros
procedimentos de interpretação pela imagem; fica claro, porém, que não só as
imagens, mas o modo como essas imagens são oferecidas no espaço escolar
constroem um determinado mundo de referências. O visível oferecido na
escola tende a mascarar a natureza dialógica e polifônica das imagens, que
tão harmoniosamente interagem com o texto verbal, por exemplo, nos livros de
literatura infantil.” (BELMIRO, 2001, Pg. 307).

Porém, nos livros analisados, vemos que a autora faz um trabalho que leva em
conta a realidade da criança, pedindo para analisar as imagens, fazer
comparações com as imagens do seu dia-a-dia, conversar com os colegas e
mesmo com os familiares sobre o que pensam dessas imagens e dizerem o
que sentem diante delas.
Percebemos que a autora do livro estudado trabalha com obras feitas por
pintores famosos, incluindo essas pinturas em um texto, pedindo que as
crianças observem essas pinturas, falem o que sentem e pensam sobre elas,
comparem obras de diferentes pintores com visões diversas e propõe outras
atividades que permitem que a criança pense sobre o que vê e discuta isso
com os colegas. Segundo Belmiro (2001):

“A convivência da palavra falada com a imagem em culturas ágrafas é o


melhor exemplo de como a imagem assume funções comunicacionais, cuja
compreensão depende da decifração, e não da contemplação, como os objetos
que denominamos obra de arte”.
(BELMIRO, 2001, Pg. 303).

Em outro momento a autora complementa sua idéia sobre esse trabalho com
as “obras de arte” da seguinte forma:

“Essas imagens são textos que explorados adequadamente, proporcionam ao


aluno constituir conceitos, desenvolver habilidades visuais, utilizar estratégias
de intertextualidade com outros tipos de texto.”
(BELMIRO, 2004, Pg. 152).
Podemos perceber nas atividades anteriores que são os exercícios trabalhados
que complementam a imagem, sendo que esta funciona como um texto
propriamente dito, com contexto, indicações de lugares, feições, movimento,
estilo e época, além de demonstrar praticamente tudo o que a autora quer
delinear nessa margem do aprendizado. Esse tipo de imagem quando
trabalhada como texto em si, quebra todo o contexto que estamos
acostumados a nos deparar, uma vez que o texto escrito toma conta de quase
todos os livros didáticos e de leitura e, conseqüentemente, a maioria
esmagadora da população não conhece um texto somente ilustrado. Devemos
nos ater a esse tipo de produção, pois ela traz consigo muito significado e
auxilia o estudante em sua imaginação, facilitando, com
isso, o trabalho desenvolvido.

Outra situação de trabalho interessante ocorre na página 44 do capítulo


“brinquedos e brincadeiras”, também exemplificado anteriormente, mostrando a
interação intensa entre criança, livro e vida. O trabalho manual é incorporado
ao trabalho didático, sendo que o estudante construirá uma mini poltrona com
alguns itens de fácil acesso, como fósforos, tecido e cola. Porém o que chama
a atenção é que a autora trabalha as imagens da poltrona construída e essa
por sua vez remete á uma poltrona de verdade, o que também auxilia a criança
a trazer a realidade para mais perto de si, imaginando um trabalho adulto e
recriando mental ou manualmente algo que estará presente em sua vida em
algum tempo.
Conclusão

Analisando a relação das imagens e o texto nos livros didáticos dessa


coleção vemos que é possível realizar um trabalho em sala de aula
que favoreça o desenvolvimento de um olhar estético nas crianças.
A autora trabalha com imagens diversas como pinturas, desenhos,
fotografias, capas de livros, propagandas, quadrinhos, etc. trazendo
essas imagens para a realidade das crianças, propondo atividades
através das quais elas podem fazer inferências, comparações,
perceber seus sentimentos e criar suas próprias imagens.
Esse trabalho diversificado possibilita à criança contato com diferentes
formas de ver e sentir o mundo através de imagens e, dessa forma,
produzir novos significados para esse mundo.
Referência Bibliográfica

• BELMIRO, Celia Abicalil. (2001). Uma Educação estética nos livros


didáticos de Português. In: ROJO e BATISTA (Orgs.). Livro didático
de língua portuguesa, letramento e cultura da escrita. Campinas,
SP: Mercado de Letras, 2003. p. 299-320.

• BELMIRO, Celia Abicalil. Textos literários e imagens, nas


mediações escolares. In: PAULINO, Graça e COSSON, Rildo
(Orgs.). Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2004. P.
147-153.

• Guia do livro didático 2007 : Língua Portuguesa : séries/anos


iniciais do ensino fundamental / Secretaria de Educação Básica. –
Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
2006.

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