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A clínica na

contemporaneidade

Ana Lúcia Francisco


 Texto : A clínica (figura)
 Contexto: A contemporaneidade (fundo)
 Figura e fundo se interpenetram, havendo
entre eles uma afetação recíproca.
 Isto implica em pensar uma clínica que
possa tanto teorizar as formas de
subjetivação presentes na
contemporaneidade e como elas se
apresentam; como, também, produzir uma
prática voltada para as necessidades e
sofrimentos que emergem nesta
contemporaneidade.
 Isto implica em re-visitar a clínica.
REVISITANDO A CLÍNICA
 Campos de estudos que possibilitaram a
sua emergência.
 O contexto paradigmático no qual a
psicologia clínica surge.
. Projeto da Modernidade: produz uma
concepção de ciência e, por
desdobramento, uma concepção de
homem, de saúde-doença, de
subjetividade e de clínica.
 Concepção Clínica como técnica.
CAMPOS DE ESTUDO QUE DERAM
ORIGEM À CLÍNICA

 Estudo do comportamento anormal


- Visão anímica
- Visão pré-científica
- Visão científica
 Estudo das Diferenças individuais
- Psicometria
 Clínica como técnica – procedimentos :
tratamento e cura.
PROJETO DA MODERNIDADE
Alicerces de Fundação e sustentação

 Ideário Iluminista: todos


seriam dotados de
razão, capazes de
nortear suas crenças e
valores a partir de certos
referenciais, como
também iguais em
Voltaire direitos e deveres.
Ideário do Romantismo:

 predominando as
exigências e valores de
espontaneidade,
autenticidade e
singularidade, cuja
expressão deveria ser
estimulada e permitida.
Rousseau
Ideário do Liberalismo
 busca uma regulação entre
estes dois pólos, de forma
a garantir a livre expressão
da singularidade em
consonância a livre
circulação da cultura e da
economia gerada pela
Adam Smith
igualdade de direitos e
deveres, produzindo-se,
também a distinção entre o
público e o privado.
PROJETO CIENTÍFICO DA MODERNIDADE
PARADIGMAS DOMINANTES
 A partir do Séc. XVII observa-se uma redefinição das
relações sujeito/objeto, tanto no plano da ação como
no do conhecimento:

A razão contemplativa, orientada


desinteressadamente para a verdade e concebida
como um modo receptivo de apreensão empírica
da essência das coisas, dá lugar,
progressivamente , à ação e à razão instrumental.

O experimento acrescenta-se à observação e a


finalidade utilitária emerge como justificativa e
legitimação da ciência ao lado da busca da
verdade objetiva.
 O “real” passa a ser o real tecnicamente manipulável,
na forma efetiva do controle ou na forma do cálculo e
da previsão.A tecnologia da ciência e a tecnologia
produtiva progridem juntas,retroalimentando-se, na
medida em que ambas encarnam um mesmo projeto e
visam o mesmo objeto.
O sujeito empírico é concebido como fator de erro
e ilusão, por isso é preciso, também, que este
sujeito seja submetido ao autocontrole e à
autocorreção – origem do projeto da psicologia
como ciência natural do subjetivo.

A sensibilidade, a afetividade, a vivência pré-


reflexiva são expurgadas dando lugar à razão
instrumental.Procura-se extirpar dos discursos
quaisquer vestígios de subjetividade.
 O projeto cientifico da
modernidade tenta produzir
um sujeito sem
subjetividade ou uma
subjetividade sem sujeito.

 A psicologia vê-se num


impasse: renunciar ao seu
objeto – experiência
subjetiva ou assumir as
exigências das ciências
naturais e “naturalizar” a
experiência subjetiva.

 Matrizes científicas e
matrizes compreensivistas.

Modernidade e dupla consciência/Felix Ayoh


CONCEPÇÃO DE HOMEM

 Modelo Mecânico
O sujeito se vê com uma
essência identitária, uma
ordem estável, sempre
igual a si mesmo,
inafetável pelo outro,
igualmente entendido
como tendo uma
essência identitária.
Para o sujeito do mundo
mecânico, o outro é
neutro.
Rene Descartes
 Modelo
Termodinâmico:
Se reconhece que o
encontro com o outro
traz turbulências à
ordem identitária do
sujeito.
Mas, neste momento,
esta turbulência é
entendida como algo
que vem perturbar a
ordem identitária,
ameaçando
desintegrá-la.
CONCEPÇÃO DE SAÚDE-DOENÇA

 Curva estatística;
normativa
 Não há espaço para a
subjetividade: sujeito
racional produz uma
subjetividade sem
sujeito ou um sujeito
sem subjetividade.
PONTO
DE
MUTAÇÃO

 Mudanças paradigmáticas
 Repensando a clínica
 Transformações nas paisagens subjetivas
- Sujeito da Modernidade
- Sujeito da Pós-modernidade
 Novos sofrimentos psíquicos
 A clínica como uma prática ética e política.
MUDANÇAS
PARADIGMÁTICAS
 Paradigmas do Séc. XIX:
sistemas de verdades fechadas,
idêntico, neutralidade dos corpos.

 Paradigmas do Séc. XX-XXI – Paradigma


da Complexidade:
sistemas de verdades como relativas e
provisórias, caos, diferença, afetação,
processo, transformação, devir.
CONCEPÇÃO DE HOMEM-SUBJETIVIDADE
NA CONTEMPORANEIDADE
 Se a co-existência entre os corpos, entre o
homem-mundo não é neutra, pois há um
processo de afetação e transformação
recíprocas, estas transformações não são
portadoras de destruição, mas, ao contrário,
elas permitem um processo de
complexificação cada vez maior do homem e
do mundo.
. Homem e mundo modificam-se. Portanto, o
homem não é mais percebido como tendo uma
essência identitária e imutável. Ao contrário, ele
é processual, é possibilidade de mudança, é
devir. Afeta e é afetado por tudo o que o cerca.
 Por sua vez, a subjetividade, um dos
fundamentos da condição humana e da clínica,
compreendida, aqui, como um modo de ser, de
pensar, de agir, de sentir, afetada pelo mundo
do qual o homem é parte e partícipe, também é
processual.

 Subjetividade que é construída a partir de um


campo de forças, tanto de natureza psíquica
(sistemas de percepção, de afeto, de
sensibilidade, de desejo, de representações
etc) quanto de natureza extra-pessoal
(sistemas econômicos, tecnológicos,
ecológicos , sociais, de mídia, etc) , sem deixar
de lembrar os sistemas corporais, orgânicos,
fisiológicos e biológicos
 EQUÍVOCOS QUANTO À DEFINIÇÃO
DO QUE É A CLÍNICA:
1. Definir a clínica por seu lugar de efetuação
(consultório).
2. Considerar a clínica Psicologia Aplicada em
oposição à Psicologia Básica.
3. Oposição da Psicologia Clínica à outras áreas
de conhecimento, como Psicologia educacional e
escolar, à Psicologia do trabalho ou
organizacional, à Psicologia Social e assim por
diante.
4. Considerar a clínica como mera aplicação de
conhecimentos, mera área de atuação, ou defini-
la pela sua intenção curativa.
O QUE É A CLÍNICA
 É verdade que a clínica implica numa intervenção
diferenciada da educacional, organizacional, etc,
tendo sua especificidade.
A clínica define-se por um dado ethos, por uma ética:
ela está comprometida com a escuta do interditado,
com o excluído, com a sustentação das tensões e dos
conflitos. Considera, portanto, o que se coloca no
campo fenomenal e não-fenomenal, propiciando
condições para que o virtual (aquilo que não se pode
dizer), mas que se diz sob a forma de sintomas, de
dificuldades, de sofrimentos possa emergir.
O psicólogo clínico coloca-se, portanto, como um
intercessor,possibilitando que o estranho-em-nós que
nos habita encontre passagem e se potencialize.
PAISAGENS SUBJETIVAS E SUAS
TRANSFORMAÇÕES
SÉCULO XIX SÉCULO XX e XXI
- Moral judaico- -Questionamento incessante
cristã de valores. Busca de novos
- Pecado valores.
- Vergonha -Sujeito que se vê,
- Culpa cotidianamente exposto à
sua finitude.
- Sujeito do cogito
-Guerra bacteriológica
cartesiano
- Sujeito da Avanço Tecnológico (criamos
vida)
psicologia
clássica, fundado Indústria da informação e da
na introspecção transformação digital-
(consciência de si minimização do tempo e
para si) maximização do espaço.
PASSAGEM DA MODERNIDADE PARA A
PÓS-MODERNIDADE
 A partir dos anos 50 – Sociedade pós-
industrial. Também chamada Era da
“Entre
Informática nós e o mundo
ou Sociedade Programada.
estão os meios tecnológicos de comunicação,
 Características:
ou seja, de simulação.
3. Mobilizada pelo consumo
Eles não informam e saturada de
sobre o mundo;
informação.
eles o refazem a sua maneira,
4. Desenvolvimento é avaliado
hiper-realizam o mundo,em função da
qualidade do conhecimento
transformando-o técnico-científico
num espetáculo”.
aplicado à produção. (Guy Debord)
5. A tecno-ciência atravessa de ponta a ponta a
vida cotidiana.
SUBJETIVIDADE E MODERNIDADE

 Regida pela ética do


trabalho
 Adiamento da Satisfação
 Maiores possibilidades
sublimatórias
 Condutas guiadas segundo
valores relativamente
cristalizados e legitimados.
 Controle: Superego
SUBJETIVIDADE E PÓS-MODERNIDADE
 Estética do consumo
 Satisfação acessada imediatamente
 Evacua-se o lugar do impossível, não
há limites.
 Sociedade que aponta em todas as
direções sem se fixar em nenhuma.
 Cultura performática, narcísica
 Maior possibilidade de idealização
 Controle: Ideal do Ego
 Apagamento das diferenças
 Tempo de existir passa a ser tempo
operacional.
 Esquecimento do passado – ética do
esquecimento.
O sofrimento do homem
contemporâneo
O Excesso. Este se manifesta imediata e
inicialmente no registro do SENTIR para,
então, as intensidades se disseminarem
nos registros do corpo e da ação;
 Súbitas variações de humor, polarizadas
entre Apatia e Irritabilidade, campo em
que se inscrevem as Distimias;
 Vazio que invoca a Depressão e o Nada
que envolve a Melancolia.
O sofrimento do homem
contemporâneo
 O Excesso no campo da Ação: Existimos em uma
hiperatividade permanente, isto é, em uma
Excitabilidade Elevada, condição de possibilidade de
Violência e Compulsão.
 No campo do Pensamento: perde-se a temporalidade e
a capacidade de simbolizar as experiências.
Esgarçamento dos laços afetivos, dos elos de
ligação, fragilidade das regulações simbólicas.
 A fragilidade das regulações simbólicas impede que as
intensidades se increvam como trilhamentos no campo
psíquico (Freud, 1895), a descarga tende a se impor de
maneira brutal: distimia, somatizações, passagem ao
ato.
PROPOSTAS PARA SE PENSAR O
FAZER CLÍNICO NA ATUALIDADE
 Escuta do Sintoma - funcionam
como um sedativo para o mal-estar.
 Nos dão acesso simultâneamente a
irrupção de diferenças e ao tremor
que isto provoca às figuras até
então vigentes; manifestam a
resposta contemporizadora que
está sendo dada a este problema,
na tentativa de escapar do conflito;
explicitam a estratégia existencial
construída a partir desta resposta.
 Cartografar os modos de
subjetivação vigentes e os
que estão em vias de devir
 Instrumentalizar a travessia
que está se operando.
Interceder para que o
estranho em nós emerja. Dar
ancoragem ao processo de
outrar-se.
 Ter como referenciais para
esta prática os princípios
ético, estético e político.
Obrigado a todos e até
uma próxima oportunidade!

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