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c Infância
c Faculdade de medicina

c Jornalismo

c Trabalhos

c Ingresso na Literatura

c Reconhecimento
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c Lirismo
c Imaginação
c Interioridade
c Flutuação de gêneros

c Obras:
c - Raiz de Orvalho (1983)
c - Raiz de Orvalho e outros poemas (2001)
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c Fusão de literatura e texto jornalístico
c Proximidade do leitor moçambicano
c Técnica do desenredo
c Recriação verbal e humor

c Obras:
c - Cronicando (1988, 1991, 2003)
c - O País do Queixa Andar (2003)
c - Pensatempos. Textos de Opinião (2005)
c - E se Obama fosse Africano? e Outras Interinvenções
(2009)
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c onho
c Ritual

c Doença do sonho

c Memória

c Crítica às questões de Moçambique

c Metáforas e armadilhas
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c Obras:
c - Vozes Anoitecidas (1986; 1987; 2006; 1990)
c - Cada Homem é uma Raça (1990; 2005)
c - Estórias Abensonhadas (1994; 2003)
c - Contos do Nascer da Terra (1997; 2002)
c - Na Berma de Nenhuma Estrada (1999; 2003)
c - O Fio das Missangas (2003; 2004)
c - Terra onâmbula (2004; 1995)
c - A Varanda do Frangipani (1996; 2003)
c - Mar Me Quer (1998, 2000; 2004)
c - Vinte e Zinco (1999; 2004)
c - O Último Voo do Flamingo (2000; 2004; 2001)
c - O Gato e o Escuro, com ilustrações de Danuta Wojciechowska (2001; 2003)
c - Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra (2002; 2004)
c - A Chuva Pasmada, com ilustrações de Danuta Wojciechowska (2004)
c - O Outro Pé da ereia (2006)
c - O beijo da palavrinha, com ilustrações de Malangatana (2006)
c - Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008)
c - Jesusalém [no Brasil, o livro tem como título Antes de nascer o mundo] (2009)
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c 1995 - Prémio Nacional de Ficção da Associação
dos Escritores Moçambicanos
c 1999 - Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da
sua obra
c 2001 - Prémio Mário António, pelo livro O último
voo do flamingo
c 2007 - Prémio União Latina de Literaturas
Românicas
c 2007 - Prêmio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de
Literatura, na Jornada Nacional de Literatura
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c iga-se o improvérbio dá-se o braço e logo querem a mão. Afinal, quem tudo perde,
tudo quer. Contarei o episódio evitando juntar o inutil ao desagradável. Veremos, no
final sem contas, que o ultimo a melhorar é aquele que ri. Mandaram vir para
Maputo a avó Carolina. Razões de guerra. A velha mantinha magras sobrevivências
lá, no interior, em terra mais frequentada por balas que por chuva. Além disso, a avó
estava bastante cheia de idade. Carolina merecia as penas. A vovó chegou e logo se
admirou dos luxos da familia. Alcatifas, mármores, carros, uisques tudo abundava.

c Nos principios, ela muito se orgulhou daquelas riquezas. A Independencia, afinal,


não tinha sido para o povo viver bem? Mas depois, a velha se foi duvidando. Afinal,
de onde vinham tantas vaidades? E porque razão os tesouros desta vida não se
distribuem pelos todos? Carolina, calada em si, não desistia de se perguntar.

c Parecia demorar-se em estado de domingo. Mas, por dentro, os mistérios lhe davam
serviço. Na aldeia, a velha muito elogiara a militancia dos filhos citadinos,
comentando os seus sacrificios pela causa do povo. Em sua boca, a familia era
bandeira hasteada bem no alto, onde nem poeira pode trazer mancha. Mas agora
ela se inquietava olhando aquela casa empanturrada de luxos. A filha vinha da loja
com sacos cheios, abarrotados.
c - Este abastecimento não é tão demais?
c - Cala vovó. Vai lá ver televisão.

c entavam a avó frente ao aparelho e ela ficava prisioneira das Luzes. Apoiada numa velha
bengala, adormecia no sofá. E ali lhe deixavam. Mais noite, ela despertava e luscofuscava
seus pequenos olhos pela sala. Filhos e netos se fechavam numa roda, assistindo video.
Quase lhe vinha um sentimento doce, a memória da fogueira arredondando os corações. E lhe
subia uma vontade de contar estórias. Mas ninguém lhe escutava. Os miudos enchiam as
orelhas de auscultadores. O genro, de óculos escuros, se despropositava, ressonante. A filha
tratava-se com pomadas, em homenagem aos gala-galas(*) [* lagarto de cabeça azul]. A avó
regressava à sua ilha, recordando a aldeia. Lá, no incendio da guerra, tudo se perdera.
Ficaram
c sofrimentos, cinzas, nadas.

c - Essas coisas todas, meu genro, de onde vêm?


c - ão horas extraordinárias.

c Devia ser horas muito extraordinárias, avaliava a avó. Cansada de tanta coisa que não podia
explicar, ela pediu para regressar. Voltava para o lugar onde pertencia, vizinha da ausência.
Então, os filhos lhe ofereceram roupas bonitas, sapatos de muito tacão e até um par de óculos
para corrigir as atenções da idosa senhora. Carolina cedeu à tentação. Bonitou-se. Pela
primeira vez saiu a ver a cidade.

c - Nunca atravesse nenhuma rua. Você não tem idade para pedestrar.
c ¦  c g tr v ss r. Lg  ss i, l vi s i s f rr s, is ri
ig . s s s l sri, cri  l fss r ri
ri 
fs lss v s-s  s i, ir s cls, sfrg s l s.

c rv  si  s l


gris fciis, r cs s ivis ls grss 
cs, l s i s r s, ir  c  s fis.  l  cr  rir s
csgrs c ls, c ri  c l c  lç s . j-s sl,
ixisi, r  rsis s rs. ¦ss i,  lvis  rsii 
r rg s r  grr. srv-s is rs, ss  s cç s. 
s i, s  ig ss vir,  vl  ir s s gl  cr 
 rl   lvis . cr s sil ç, s virs iilr  lcif. s is s
sligr, fic  f rcglr.

c - i-l s, s cs gri  v .

c riir s s s fcr. s is  c rr, ssss. gr r ili-
s s css. S r rivs, rg-s  gs  ç. s  v ,    
gl, vis  :

c - T cl-. ¦  ss vrg 


is  ssr i   sl     fzs
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c Incrustada em espanto, a familia encarava a anciã. Carolina monumentara-se, acrescida de muitos
tamanhos. Então, atravessou a sala, vassourou os estragos, meteu os vidrinhos num saco de
plástico.

c - Estão aqui todos disse.

c E entregou o saco ao genro. Do plástico pingavam gotas de sangue. O genro espreitou as próprias
mãos. Não, ele não se tinha cortado. Era sangue da avó, gotas antiquissimas. Tombaram no tapete,
em vermelha acusação. Na manhã seguinte, a avó despachou o seu regresso. Voltou à sua terra,
nem dela se soube mais. Na cidade, a familia se recompos sem demora. Compraram um novo
aparelho de televisão, até que o anterior já nem era compativel. De vez em quando recordavam a avó
e todos se riam por unanimidade e aclamação. Festejavam a insanidade da velha. Coitada da avó. No
entanto, ainda hoje uma mancha vermelha persiste na alcatifa. Tentaram lavar desconseguiram.
Tentaram tirar os tapetes impossível. A mancha colara-se ao soalho com tal sofreguidão que só
mesmo arrancando o chão. Chamaram o parecer do feiticeiro. O homem consultou o lugar, recolheu
sombras. Enfim, se pronunciou. Disse que aquele sangue não terminava, crescia com os tempos,
transitando de gota para o rio, de rio para oceano. Aquela mancha não podia, afinal, resultar de
pessoa única.

c Era sangue da terra, soberano e irrevogável como a própria vida.


 

c Aline Pereira
c Isabela Cabral

c Ana Carolina oares

c Nestor ouza

c André Dias

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