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GASTON BACHELARD

Contribuições para se pensar em modos


de produção de conhecimento na
perspectiva da ciência
Maria Inês Petrucci Rosa
GEPEC/FE
Traços biográficos

 Nasceu em Champagne
(França) em 1844 e viveu até
1962.
 Foi professor de física e de
química.
 Aos 35 anos, passou a estudar
filosofia.
 Foi professor na Sorbonne.
 Orientou várias teses,entre
elas, a de Louis Althusser.
 "Demasiadamente tarde,
conheci a boa
consciência, no trabalho
alternado das imagens e
dos conceitos, duas boas
consciências, que seria a
do pleno dia e a que
aceita o lado noturno da
alma" (citado por Hilton
Japiassu, 1976, p. 47)
JAPIASSÚ, Hilton. Para ler Bachelard.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976
Principais obras
 Dentre as obras diurnas destacam-se "O novo
espírito científico", de 1934; "A formação do
espírito científico", de 1938; "A filosofia do
não", de 1940; "O racionalismo aplicado", de
1949 e "O Materialismo Racional", de 1952.
Dentre as obras noturnas destacam-se "A
psicanálise do fogo", de 1938; "A água e os
Sonhos", de 1942; "O ar e os sonhos", de
1943; "A terra e os devaneios da vontade", de
1948; "A poética do espaço", de 1957.
O Bachelard diurno:
 Dedica-se à construção de uma
epistemologia.
 Aprofunda aquilo que ele chama
de espírito científico.
 Espírito – sentido cartesiano -
princípio do pensamento;
expressão da racionalidade.
 Inspira outros teóricos como
Bordieu,que escreve a partir de
Bachelard, sobre uma
metodologia em Sociologia.
O Bachelard noturno:

 Dedica-se à poética
e ao devaneio.
 Importante
contribuição para os
estudos do
imaginário.
Formação do Espírito Científico

 Discurso Preliminar

“Tornar geométrica a representação, isto


é, delinear os fenômenos e ordenar em
série os acontecimentos decisivos de
uma experiência; eis a tarefa primordial
em que se firma o espírito científico.
• (...) O pensamento científico é levado para “construções”
mais metafóricas que reais, para “espaços de
configuração”, dos quais o espaço sensível não passa,
no fundo, de um pobre exemplo. (...) A ciência da
realidade já não se contenta com o como
fenomenológico; ela procura o porquê matemático.
• (...) Quando se consegue formular uma lei geométrica,
realiza-se uma surpreendente inversão espiritual, viva e
suave como uma concepção; a curiosidade é substituída
pela esperança de criar.
• (...) As forças psíquicas que atuam no conhecimento
científico são mais confusas, mais exauridas, mais
exitantes do que se imagina quando consideradas de
fora, nos livros em que aguardam pelo leitor. É imensa
a distância entre o livro impresso e o livro lido, entre o
livro lido e o livro compreendido, assimilado, sabido.
• (...) Não é de admirar que essa geometrização tão difícil e tão
lenta apareça por muito tempo como conquista definitiva e
suficiente para constituir o sólido espírito científico, tal como se
vê no século XIX. O homem se apega àquilo que foi
conquistado com esforço. Será necessário, porém, provar que
essa geometrização é um estágio intermediário.
• (...) Em sua formação individual, o espírito científico passaria
necessariamente pelos três estágios seguintes, muito mais
exatos e específicos que as formas propostas por Comte:
• 1o. O estado concreto, em que o espírito se entretém com as
primeiras imagens do fenômeno;
• 2o. O estado concreto-abstrato, em que o espírito acrescenta à
experiência física esquemas geométricos e se apóia numa
filosofia da simplicidade;
• 3o. O estado abstrato, em que o espírito adota informações
voluntariamente subtraídas à intuição do espaço real, (...)
desligadas da experiência imediata e até em polêmica declarada
com a realidade primeira, sempre impura, sempre informe.
•  
• (...) Criar e manter um interesse vital pela pesquisa
desinteressada não é o primeiro dever do educador? (...) Sem
esse interesse, a paciência científica seria sofrimento. Com
esse interesse, a paciência é vida espiritual. Estabelecer a
psicologia da paciência científica significa acrescentar (...)
uma lei dos três estados de alma:
• 1o. Alma pueril ou mundana, animada pela curiosidade
ingênua, cheia de assombro diante do mínimo fênomeno
instrumentado, brincando com a física para se distrair e
conseguir um pretexto para uma atitude séria, (...) passiva até
na felicidade de pensar;
• 2o. Alma professoral, ciosa de seu dogmatismo, imóvel na sua
primeira abstração, fixada para sempre nos êxitos escolares
da juventude, repetindo ano após ano o seu saber, impondo
suas demonstrações voltada para o interesse dedutivo,
sustentáculo tão cômodo da autoridade, (...) ou dando aula a
qualquer burguês como faz o professor concursado;
• 3o. A alma com dificuldade de abstrair e de chegar à
quintessência, consciência científica dolorosa, entregue aos
interesses indutivos sempre imperfeitos, no arriscado jogo do
pensamento sem suporte experimental estável.
•  
 (...) O amor pela ciência deve ser um dinamismo
psíquico autógeno. No estado de pureza alcançado
por uma psicanálise do conhecimento objetivo, a
ciência é a estética da inteligência.
 (...) A experiência científica é (...) uma experiência que
contradiz a experiência comum. (...) Como a
experiência comum não é construída, não poderá ser
efetivamente verificada. Ela permanece um fato. Não
pode criar uma lei.
 (...) Entretanto, o epistemólogo – que nisso se difere
do historiador – deve destacar as idéias fecundas
entre todos os conhecimentos de uma época.”
Expressões “psicanálise”,
“psíquica”, “psicologia”
 Usos próprios:
Ainda se referem a processos mentais.
Tudo que se refere ao intelecto, à
inteligência, aos processos mentais que
envolvem a inteligência.
Para Bachelard:

 Todo conhecimento é resposta a uma


questão.
 Se não há questão , não pode haver
conhecimento científico.

 NADA É DADO. TUDO É


CONSTRUÍDO.
Onde está Bachelard (sua obra)?

 Início do século XX
 Revolução Científica (principalmente na
Física)
 Teoria da Relatividade de Einstein
(1905)/ emergência da Quântica (De
Broglie; Bohr; Heisenberg)
 Nesse contexto, ele propõe uma
historicidade para a epistemologia e uma
relatividade para o objeto da ciência.
• “No fundo, o ato de conhecer dá-se contra um
conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal
estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é
obstáculo à espiritualização.
• (...) Quando o espírito se apresenta à cultura científica,
nunca é jovem. Aliás, é bem velho, porque tem a idade
de seus preconceitos. Aceder à ciência é rejuvenescer
espiritualmente, é aceitar uma brusca mutação que
contradiz o passado.
• A ciência (...) opõe-se absolutamente à opinião. (...) A
opinião está, de direito, sempre errada. A opinião pensa
mal; não pensa: traduz necessidades em
conhecimentos. (...) Não se pode basear nada na
opinião: antes de tudo, é preciso destruí-la.”
(In: A Formação do Espírito Científico)
Para Bachelard:

“toda cultura científica deve começar por


uma catarse intelectual e afetiva”
Conceitos principais da obra diurna:

 Obstáculo epistemológico
 Perfil epistemológico
 Ruptura epistemológica
Existem múltiplas formas de se conhecer algo...
Obstáculo epistemológico

 Causas de estagnação, de regressão,


de inércia
 Obstáculos ao espírito científico
 A experiência primeira – realismo
 Um obstáculo epistemológico é um
contra-pensamento.
CONCEITO DE MASSA

massa – aquilo que vejo (realismo)


O que me parece mais pesado, a partir da
experiência concreta.
Outros obstáculos:

 Animismo – atribuir vida ou


propriedades antropomórficas a
materiais inanimados.
“Aparelhos elétricos são alimentados por
eletricidade”
“O fogo come o ar.”
Outros obstáculos:
 Substancialismo:
Transferir para o nível
microscópico
características físicas dos
materiais.
“Átomos de ouro são
dourados” (??)
“Moléculas de água são em
forma de gota.” (??)
Outros obstáculos:

 Pragmatismo:
Visão utilitária das coisas.
“O ar é o sopro da vida.”
“As moscas possuem asas para voar.”
Bachelard rompe no seu contexto histórico, com as visões
positivistas vigentes de produção de conhecimento:

 Há diferentes formas de se conhecer


 Formas atribuídas ao espírito pré-
científico (obstáculos
epistemológicos)
 Formas atribuídas ao espírito científico

 Essas diferentes formas compõem


zonas.
Zonas de quê?

 Zonas de um perfil epistemológico.

 Todos nós temos em nosso espírito, um


perfil.
 A ciência tem um perfil epistemológico.
 Os cientistas raciocinam ou conhecem
de diferentes formas.
Voltando ao conceito de massa:

 Como o realista responde:


“O que é mais pesado – 1 kg de chumbo
ou 1 kg de algodão?”

BRINCADEIRINHA DE CRIANÇA
Alguém que confia nos instrumentos
de medição, rapidamente responde:
 Se têm 1 kg, tem a mesma massa... (chumbo
e algodão).

 Essa é outra zona do perfil – zona empírica


 Empirismo – empeiria – experiência
 Aquilo que pode ser conhecido pela
experiência. (não pelo realismo! Pela
experiência!)
Racionalmente
 Massa é quantidade de matéria. A matéria é
constituída de partículas. Quanto maior a
massa de um corpo, maior a quantidade de
partículas nele presente.

 Essa é uma forma clássica de racionalidade


na ciência.
 (no caso desse conceito: concepção clássica
é newtoniana)
Racionalismo moderno, discursivo
ou ultraracionalismo...
 Massa é a relação entre matéria e
energia. A matéria não é um objeto
ontológico estável, depende do ponto de
vista, depende do observador.
 A dualidade matéria/energia passa a ser
uma “realidade”.
http://www.youtube.com/watch?v=o5n0VH7Th6g
Ruptura epistemológica

O conhecimento científico não se dá por continuidade com o


senso comum.
A relação entre o espírito pré-científico e a ciência é de
RUPTURA.(por isso,uma FILOSOFIA DO NÃO)
Ruptura não significa necessariamente abandono,mas sim
investir em outra forma de pensar.
Para Bachelard, essas formas são legítimas, porém
hierarquizadas em relação a ciência.
REALISMO EMPIRISMO RACIONALISMO ULTRA-
RACIONALISMO
Perfil epistemológico
 O perfil epistemológico, em cada conceito, difere de um
indivíduo para outro.
 Ele é fortemente influenciado pelas diferentes experiências
que cada pessoa tem, pelas suas raízes culturais diferentes.
 A altura de cada zona do perfil corresponde à extensão na
qual essa 'maneira de ver' está presente no pensamento
individual, o que é definido pelo background cultural e pelas
oportunidades que o indivíduo tem de usar cada divisão do
perfil na sua vida.
 Quanto maior é uma determinada zona do perfil, mais forte é
essa característica do conceito no perfil como um todo.
(Mortimer ,1995)
Ver também:

 ROSA, M. I. P. ; SCHNETZLER, R. P. .
O perfil epistemológico de Bachelard e a
noção de perfil conceitual para
transformação química. São Paulo:
Moderna, 1998 (www.moderna.com.br).

 Publicação eletrônica no site da Editora


Moderna.
Por que estudar Bachelard?
• No seu tempo (início do séc. XX), é
considerado um anti-positivista, à
medida que assume um rompimento
com o monismo metodológico vigente na
época.
• Assume uma pluralidade de abordagens
na construção do objeto científico.
• Não abre mão de hierarquizar as
diversas formas, privilegiando as formas
racionais e discursivas de conhecimento.
• Focaliza a atenção para a premissa de
que “os fatos não falam por si”,mas sim
são construídos.
• É um racionalista moderno que muito
contribui para o pensamento científico,
no sentido de problematizar visões
únicas sobre os fenômenos.
As gravuras são de

 Rob Gonsalves:
 Artista canadense, nascido em
Toronto em 1959. Mestre da
arte fantástica, suas obras
criam ilusões e interagem entre
o mundo real e o imaginário
fazendo com que o expectador
reflita sobre o que está vendo e
tente desvendar os mistérios
destas obras.
 Tem sido comparado pela
crítica a Renê Magritte.
O vídeo exibido é excerto do filme:

“Ponto de Mutação”
 Baseado no livro de mesmo
nome, de F. Capra. (1983)

 Físico teórico austríaco,


nascido em 1939, famoso
pelas suas obras que
defendem o que ele chama
de “educação ecológica”. É
uma referência importante
na constituição do campo
da Educação Ambiental.

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