Desenvolvimento Refere-se às mudanças qualitativas, tais como aquisição e o aperfeiçoamento de capacidades e funções, que permitem à criança realizar coisas novas, progressivamente mais complexas, com uma habilidade cada vez maior. O crescimento
termina em determinada idade , quando esta alcança a sua
maturidade biológica ≠ O desenvolvimento
é um processo que acompanha o homem através de toda a
sua existência O desenvolvimento abrange processos fisiológicos, psicológicos e ambientais contínuos e ordenados, ou seja, segue determinados padrões gerais.
Tanto o crescimento como o desenvolvimento
produzem mudanças nos componentes físicos, mental, emocional e social do indivíduo, independentemente de sua vontade. Embora todas as crianças progridam com certos padrões, a idade em que cada uma se torna capaz de executar atividades novas e a maneira como as executa, varia de uma para outra.
Por exemplo: uma criança pode desenvolver-se de
uma forma lenta , rápida , regular ou irregular em vários aspetos de sua vida.
E esta é uma das várias razões para se afirmar que
uma criança não deve ser comparada com outra, pois cada uma segue um estilo próprio e um ritmo peculiar de desenvolvimento. Há fatores que interferem desenvolvimento infantil e que começam atuar mesmo antes do nascimento e continuam durante toda a vida dos indivíduos. 1. Aspectos biológicos e psicológicos da própria criança: • tendências hereditárias (ex.: propensão a determinada doença), • constituição física, sexo (menino ou menina), • tipo de personalidade (ex.: introvertida/extrovertida) 2. Família: • Nível sócio-económico • Religião e cultura • Casamento/Divórcio • Forma de comunicação entre pais e filhos 3. Escola: • Professores • Colegas • Proposta pedagógica e metodologia de ensino • Avaliação da aprendizagem e do comportamento O processo de pensamento, o qual inclui as seguintes capacidades: • compreensão dos fatos que ocorrem à sua volta; • perceção de si mesmo e do ambiente; • perceção de semelhanças e diferenças; • memória; • execução de ordens; • compreensão de conceitos de cor e de forma; • compreensão de tamanhos; • compreensão de espaço; • aquisição de conceitos e o estabelecimento de relações entre fatos e conceitos; • compreensão de tempo e a relação dos conceitos entre si. O aspeto fundamental durante a construção do “eu” na infância, está ligado a: um clima emocional estável, onde a criança tem condições de receber amor e segurança. O QUE É EMOÇÃO? Medo - Provocado em crianças de alguns meses por ruídos fortes, estímulos dolorosos e súbita falta de apoio.Lentamente, o medo vai sendo uma reação mais limitada a certas situações especificas e surgem reações de prudência, de cuidado e de aflição. Cólera- A criança quando frustrada, tende a destruir os objetos que se encontram à sua frente. Como o medo, a cólera “ramifica-se” em emoções e sentimentos, e os mais notados são o ódio, o ciúme, o desprezo, o ressentimento e a vingança. No acesso de cólera, ou de raiva, a criança lança-se contra o ambiente, sem se sentir insegura. Embora provocada por frustrações durante o processo de ajustamento, a cólera pode decorrer de causas internas: frustrações inconscientes, fadiga, sono, fome, doenças e aborrecimentos em geral. Prazer- Emerge da satisfação das necessidades orgânicas do bebé, ou pela presença de familiares. A agitação dos membros e o sorriso são algumas das caraterísticas observadas. O organismo depois relaxa e esse relaxamento sinestésico leva a criança ao sono. No período pré-escolar, o prazer surge como produto da satisfação das necessidades fisiológicas, o alimento e a aprovação social. O FETO E O RECÉM-NASCIDO
Nos anos 60 foi possível estudar o
bebé no útero e tornou-se incontestável a evidência fisiológica de que o feto ouve, reage ao stress, tem sensações, faz experimentações, tem medo, assusta-se, etc. O bebé está em contacto constante com as emoções da mãe através das variações circulatórias e neurofisiológicas. O meio intra-uterino pode reger significativamente a formação das características comportamentais, físicas e emocionais dos bebés. A presença amorosa e a tranquilidade dos pais, o contacto, desde o 1º dia de vida, o colo, o embalo, o carinho, o sorriso, a voz suave, as canções em sussurros, ensinarão que o “mal-estar” e a “frustração” (deceção) tem um limite, que depois dela virá a gratificação e o bebé desenvolverá normalmente várias funções mentais e emocionais. O bebé age movido pelas suas necessidades, medos e aflições. No início do seu desenvolvimento emocional, a forma pela qual a criança se “livra” das vivências desagradáveis que não consegue conter, é pela descarga motora e através das atividades corporais como mordida. Ao significar o que é fome, sede, dor, alegria, raiva, tristeza, ou seja, a multiplicidade das vivências emocionais que experiencia, vai possibilitando à criança a representação e a simbolização do mundo de coisas e de afetos compartilhados pelos humanos através da linguagem verbal, gestual, mímica, corporal e etc. 0 A 3 MESES Já se percebe o esboço de satisfação, excitamento, alegria, ou angústia na expressão fisionómica. Pára de chorar quando o pegam ao colo. Sorriso provocado em respostas aos agrados dos adultos. 4 a 5 meses- dá risadas, ri alto, e dá gargalhadas. 6 meses- começa manifestar desprazer. 7 a 8 meses- chora alto e grita. Mostra ansiedade na identificação de pessoas conhecidas e estranhas e reage com violentas reações de temor. 9 meses- aprecia a companhia e demonstra alegria quando reconhece os rostos 10 a 12 meses- apresenta reações desagradáveis quando provacado, na companhia de pessoas amigas. Nota a presença de outras crianças e aprecia. Fica envergonhada na presença de estranhos. 15 meses- apresenta um certo grau de altivez. Mostra entusiasmo por objetos de seu agrado e irrita-se quando procuram tirá-los. 18 meses- presta atenção à música. Marcha, sacudindo o corpo todo acompanhando uma música barulhenta. 2 ANOS
Tranquila, pelo menos mais
calma em relação ao ano anterior. É tímida e colabora muito pouco no jogo. Demonstra afeto pela mãe, principalmente na hora de dormir. Pode cuidar afetuosamente dos seus brinquedos. Tem idéia de posse das coisas, mas não sente ciúme das restantes crianças. 3 ANOS Feliz e satisfeita, entretém-se tranquilamente. Afável, serviçal, acessível.
Pode demonstrar ciúme dos irmãos mais novos.
Goza com os jogos de palavras e quando percebe algo
errado que o adulto diz sente-se alegre. 4 ANOS A criança é polémica e discute com frequência. Mostram-se egoístas, rudes, impacientes com os irmãos mais novos. Expressam afeto pela mãe na hora de dormir (um beijo e um abraço “bem forte”). A criança de 4 anos pode sentir ciúme do pai e da mãe ao mesmo tempo. Sente-se orgulhosa dos seus próprios trabalhos e criações. Quando joga, ri sem reserva. Sente-se alegre quando houve ou faz rimas e jogos de palavras. Insulta, profere algumas palavras obscenas e ameaça crianças e adultos. 5 ANOS Mais séria, acomodada, afável, compreensiva, afetuosa, mais realista. É serviçal, orgulha-se do seu aspeto e de suas roupas bonitas. É curiosa e anseia por informações. Diz à mãe que gosta de ouvir histórias. Fica excitada quando lhe falam do futuro. Sabe o que quer. Insulta outras crianças. 6 ANOS Acentuado desequilíbrio nas relações com outras crianças. Fica zangada quando a
criticam. É expansiva. Ama e odeia a mãe. É brincalhona e considera-se
“sabichona”. Gosta de elogio e da apreciação que fazem ao seu trabalho ou às suas
“artes”. Sofre acessos de cólera. Cai em pranto facilmente. Irritável, rebelde,
dominadora, ri sem motivo. É conformista. Acusa e critíca os demais. Em
determinados momentos é carinhosa, angelical, generosa, para o adulto. Tem
ciúme dos seus brinquedos e de outras crianças. Emprego agressivo da linguagem;
insulta, ameaça, contradiz, discute, emprega alguns termos obscenos.
7 ANOS Retraída e distraída, principalmente no lar. Apresenta ainda certo negativismo e uma certa insegurança para enfrentar os problemas diários. Começa a tomar atitudes de desafio, normalmente em relação à mãe, quando ameaçada. Devido ao desenvolvimento mental (maior capacidade de inibir as próprias reações), começa a meditar sobre o que lhe acontece. Busca a perfeição e mostra-se encolerizada quando erra ou é perturbada pelos irmãos mais novos. Revela vergonha dos erros. É escrupulosa, menos egoísta. Começa a sentir e analisa as influências externas sobre seu comportamento. Já aparecem os devaneios nas horas de cansaço e insatisfação. 8 ANOS Menos sensível, menos retraída e voltada mais aos outros. Prefere os empreendimentos difíceis, mas revela impaciência consigo mesma. Continua a opor-se às ordens da mãe. Chora menos por motivos internos que por razões sociais. Parece mais interessada em discutir e tem melhor senso crítico. Ri sem preocupação com o que pensem os demais. Serviçal na escola, gosta de competir com os colegas e pode chorar quando perde uma disputa. Quando há compreensão no lar, a criança de 8 anos é bondosa, companheira e empreendedora. 9 ANOS Assume responsabilidades. É obediente. Apreensiva quanto às suas possíveis dificuldades na escola. A sua impaciência e os ataques de cólera são de curta duração. Tem vergonha de certos atos passados. Começa a julgar os seus familiares. Sente-se orgulhosa em cuidar de suas próprias coisas. Reage emocionalmente a todas as histórias que lhe contam. Muito sensível às críticas, deseja sempre agradar os mais velhos. 10 ANOS ATÉ A PUBERDADE Simpática, tranquila, generosa e franca. Sobretudo equilibrada, a criança de 10 anos deixa os pais preocupados, com medo que nos anos vindouros deixe de ser assim. Prefere mais ação que pensamentos. Revela pouco temor das coisas do mundo. Tem ataques de ira. Não aceita injustiças e manifesta suas opiniões. Esses ataques, todavia, são de curta duração. Nas expressões de alegria, revela a mesma eficiência. Diminui o desejo de competir. Gosta de piadas, mas não sabe contá-las muito bem. Tem um repertório de reações emocionais desejáveis para a prática de desportos em conjunto. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR Nos 2 Primeiros Anos
O recém-nascido imóvel primeiramente, torna-se “gatinhante”
movimentando-se apoiado nos quatro membros e mais tarde passa para duas pernas, deixando as mãos livres para manipular e explorar os objectos. Aquisição da Marcha
Esta aquisição vai permitir um aumento da autonomia da
criança, abrindo deste modo o leque de situações para a criança explorar.
Embora haja uma variabilidade em termos de tempo, todas as
crianças passam por estádios no progresso para andar.
Entre os 6 a 10 meses Preferência das Mãos
1º Preensão palmar
2º Pinça grossa
3º Pinça fina Dos Dois aos Seis Anos
A criança com 2 anos pode andar e correr.
O desenvolvimento motor dos 2 aos 6 anos consiste no
aperfeiçoamento das habilidades de mobilidade e aumentar as habilidades motoras mais finas, tais como a destreza digital necessária ao manipulação de ferramentas ou de um lápis. Desenvolvimento Motor Grosseiro Dois anos: - joga com uma bola pequena a um metro ou metro e meio; - salta com os dois pés juntos; - anda de frente, de lado e de costas; - sobe e desce escadas sem auxilio; - corre; Três anos: - salta com um só pé, dois ou três passos. - salta do chão com os dois pés - caminha na trave de equilíbrio durante uma curta distância - atira uma bola pequena a 3 metros - anda de bicicleta/triciclo (63%) - salta bem (42%) - sobe e desce escadas alternando os passos. Quatro anos: - desce as escadas com um pé de cada vez, sem assistência - anda de bicicleta/triciclo (100%) - salta com um só pé - salta com habilidade - sobe com proficiência (60%) Cinco anos: - salta alternando os pés - pula de oito a dez vezes com um só pé - atira a bola por cima do ombro (74%) - salta à distância com habilidade - agarra a bola que lhe é atirada Seis anos:
anda de bicicleta;
sobe com proficiência
(92%);
- atira a bola sobre o
ombro com proficiência (85%); Controlo do Intestino e da Bexiga – com 2 anos as crianças têm controlo intestinal, contudo, apenas exibem 50% de controlo noturno; com três anos, 75% das crianças podem controlar a bexiga e 90% podem fazê-lo com cinco anos.
Curiosidade: A Enurese (noturna e diurna) só pode ser diagnosticada a
partir dos 5 anos de idade. Coordenação Motora Fina
As mudanças nos desenhos da criança, para além de refletirem
mudanças na sua capacidade conceptual e perceptiva, também refletem coordenação motora fina.
Estádios através dos quais os desenhos das crianças progridem:
1) Rabiscos – surge antes dos dois anos. Inicialmente são constituídos por linhas horizontais ou verticais repetidas. Só a partir da segunda metade dos dois anos é que os rabiscos começam a reflectir a crescente coordenação fina. 2)Figuras “Cercadas” – Com 3 anos a criança começa a produzir figuras cercadas. Inicialmente a figura é quase sempre um círculo.
3) Combinações e Agregados – 3 anos – A combinação de duas
figuras é reproduzida depois de ser observada a ser produzida. As crianças de quatro e cinco anos têm dificuldade em dispor as figuras nas posições espaciais apropriadas.
4) Representações Pictóricas – após os quatro anos. A criação
de representações de objectos reflecte mudanças no pensamento, assim como melhorias na coordenação física. Dos Seis aos Doze Anos
Ao longo deste período os ossos das crianças tornam-se mais
longos, os seus músculos ficam maiores e elas tornam-se constantemente mais rápidas, fortes e ágeis.
O sistema neurológico da criança está próximo da maturidade
plena quando ela atinge este período. Embora a mielinização continue a ocorrer um pouco ao longo da adolescência, a maior parte deste processo já se encontra completo quando ela tem de 6 a 8 anos. A família A família desempenha um papel de extrema importância no desenvolvimento da criança, uma vez que é através desta que se constroem pessoas adultas com uma determinada auto-estima e onde estas aprendem a enfrentar desafios e a assumir responsabilidades. Esta deve assegurar a sobrevivência dos filhos, o seu crescimento saudável e sua socialização dentro dos comportamentos básicos de comunicação. Deve acarinhar e estimular as crianças no sentido de transformá-las em seres humanos com capacidade para se relacionar competentemente com o seu meio físico e social, assim como para responder às exigências necessárias à sua adaptação ao mundo. As famílias de hoje carecem de tempo para conviver e para comunicar. Encontrar tempo para ouvir e para falar, significa deixar de lado muitas outras coisas que nos interessam muito, mas que não são tão importantes. Por vezes, a falta de assunto associada stress do dia a dia aumentam o distanciamento entre os membros da família. A verdade é que os pais devem fazer um esforço no sentido de fomentar o diálogo e consequentemente os laços familiares, até porque, existe sempre algo para dizer: uma aventura no seu trabalho, uma tarefa doméstica, um programa na rádio, o futebol, etc. “Não ignorando as necessidades que a sociedade atual impõe aos pais, e que eles próprios constroem, é vital que se olhe para o avô como um adulto que tem uma vida, experiência e identidade própria que não pode ser subjugada às necessidades da nova geração de pais”. (Lídia Rego: 2002) Para além dos pais, os restantes membros da família (avô, avó, tios) também têm um papel de extrema importância no desenvolvimento das crianças (contando histórias). As crianças também deverão participar e enriquecer os restantes membros da família com as suas aventuras e peripécias. Aprender a dialogar em família é algo acessível a todos. As crianças aprendem continuamente através dos seus pais, não só o que estes lhes contam, mas também, sobretudo, pelo que vêem neles, como atuam, como respondem perante os problemas. Em definitivo, as crianças observam e copiam o proceder dos seus pais perante a vida. A verdadeira educação nos valores transmite-se, passa dos pais para os seus filhos desde o dia do nascimento até ao final da vida. A família é a instituição mais privilegiada da educação, pois é no seu meio natural que o homem nasce e existe e onde se desperta como pessoa. Exerce enorme influência quer na integração escolar quer no desenvolvimento dos filhos.