Sei sulla pagina 1di 13

A PRÁXIS

LIBERAL E SUA
TRAJETÓRIA
NO BRASIL
Aula 1
Professor Leandro Torelli
O AUTOR: WANDERLEY
GUILHERME DOS SANTOS
 WGS (1935-) está entre os principais cientistas políticos
brasileiros. Pode-se dizer que, junto de Fábio Wanderley Reis e
Bolívar Lamounier, compõe a tríade mais importante da área,
especialmente após a profissionalização nos anos 1970 e 1980.
 Sua obra trata de diversos temas e períodos da vida política
brasileira e internacional:
 Pensamento político;
 Sistema eleitoral e partidário;
 Democracia e ditadura;
 Políticas públicas;
 Análises de conjuntura política.

 No texto que vamos estudar, de 1978, o autor procura


compreender e analisar o papel do pensamento liberal na vida
política prática brasileira, desde a formação do Estado até o
cenário contemporâneo.
O TEMA: A PRÁXIS LIBERAL
NO BRASIL
 O que é práxis?
 A ação política e a construção das ideias para a ação.

 O que é liberalismo?
 Constructo social elaborado pela burguesia como ator político, cujo objetivo era
eliminar o controle religioso e estatal da sociedade. Nesta visão, os “indivíduos
tentando obter o máximo de lucros pessoais, enfrentando-se uns aos outros em uma
abstração chamada ‘mercado’, seria suficiente para produzir eficiência na extração e
alocação de valores na sociedade, ademais de justiça social e bem-estar geral”.
 O “mercado” seria a inclinação natural do ser humano, em substituição ao Estado
Religioso e o Estado Mercantil.
 É no mercado que se racionaliza de forma ótima os recursos: terra, trabalho e
capital.
A PRÁXIS LIBERAL NO
BRASIL
 A práxis liberal no Brasil é compreendida como as tentativas de criar uma sociedade segundo
o modelo descrito antes e, além disso, as dificuldades enfrentadas por todos aqueles que
tentaram implementá-lo.
 Em última análise WGS está buscando responder: Como construir uma sociedade liberal num
país que se constituiu em oposição a este modelo?
 Apontam-se as dificuldades:
 Colônia de um país periférico na Europa.
 Pouco acesso direto e imediato ao “mercado” que se constitui no contexto da Revolução Industrial.
 Regime escravista e Estado patrimonialista.
 Ausência de um sistema de formação de indivíduos e cidadãos livres.

 Uma elite forjada pela riqueza produzida pela atividade açucareira e pela exploração aurífera
teve acesso a estudos na Europa e tomou consciência do liberalismo e do atraso português. É
esta elite que se colocará a questão da formação do Estado e da nação no Brasil entre fins do
século XVIII e início do XIX.
OS MODELOS LIBERAIS
1. Inglês:
• Estado liberal representativo de Locke.
• Liberdade de mercado de Smith.

2. Francês:
• Estado democrático plebiscitário de Rousseau.
• Laissez-faire dos economistas fisiocratas.

 É com esses modelos de Estado liberal que surgem as primeiras tentativas de


rompimento colonial no Brasil:
 Conjuração Mineira (1789): modelo inglês.
 Conjuração Baiana (1798): modelo francês.
A FORMAÇÃO DO ESTADO
BRASILEIRO
Observando os movimentos de independência da América espanhola, as elites

brasileiras tinham receio que o mesmo acontecesse aqui: conflitos armados e
fragmentação político-territorial.
 Por isso, o primeiro objetivo das elites locais foi “liberalizar” Portugal, mas a elite
lusitana queria “recolonizar” o Brasil.
 É a partir de 1821-1822 que de fato um projeto de independência passa a ser gestado.
Mas a manutenção da unidade do território dependia da manutenção da escravidão e
da monarquia, aspectos contrários ao ideário liberal.
 Assim, o Estado formado no Brasil, entre 1822 e 1841, garante três características
absolutamente antiliberais:
1. Poder imperial ao herdeiro do trono lusitano, com o Poder Moderador.
2. Direito de participação/representação política por critério censitário.
3. Estado protetor da propriedade, inclusive a de escravos.
A FORMAÇÃO DO ESTADO
BRASILEIRO
 Na década de 1830, com as Regências (1831-1840), se vivenciou uma experiência
descentralizadora, que fracassou.
 O medo da fragmentação, pela explosão das revoltas regenciais, levou a elite imperial a
retomar a centralização com o Golpe da Maioridade (1840).
 Durante o Segundo Reinado (1840-1889), o projeto liberal passou a ser o questionamento do
poder moderador e do voto censitário. Pretende-se a criação de uma Monarquia Parlamentar
Constitucional e a diminuição dos valores de renda com direito a voto.
 Entretanto, a sociedade de mercado, que envolvia o fim da escravidão, não estava na pauta.
 As transformações do cenário econômico, com a reintegração do Brasil ao comércio
internacional com o café e as pressões pelo fim do tráfico negreiro, é que obrigam a elite local
a mudar as regras para o surgimento paulatino da mão-de-obra livre, com a imigração
europeia.
A FORMAÇÃO DO ESTADO
BRASILEIRO
As mudanças do Segundo Reinado:

 Tarifas alfandegárias Alves Branco (1844): gerou protecionismo para a produção nacional,
em discordância com as teses clássicas liberais de livre mercado.
 Manutenção da base eleitoral censitária, em contraposição à teoria do Estado liberal-
democrático de Stuart Mill.
 As ideias que aqui passaram a penetrar nesse momento foram as
positivistas/evolucionistas, que sustentavam a ideia da necessidade de um Estado forte
e autoritário para levar a sociedade ao progresso.
 A partir do fim da década de 1860 é que o liberalismo se torna mais radicalmente
opositor do tipo de sociedade e Estado aqui constituído no Império:
 Manifesto Liberal Radical (1869): defende o fim da escravidão.
 Manifesto Republicano (1870): exige o fim da Monarquia e a implantação da República
federalista.
A REPÚBLICA E A
PRÁXIS LIBERAL
 A Monarquia resiste quase 2 décadas aos movimentos
liberais e republicanos, mas:
 1888: fim da escravidão.
 1889: fim da Monarquia e instalação da República.

 A Constituição de 1891 é uma peça liberal perfeita, mas


a prática no período da Primeira República (1889-1930)
está longe de representar esse liberalismo.
 No pensamento de Oliveira Vianna (1883-1951),
expresso em obras da década de 1910 e 1920, o dilema
do liberalismo no Brasil: a sociedade brasileira não é
liberal, logo não há um caminho natural ao liberalismo.
OS MODELOS LIBERAIS E
AUTORITÁRIOS
 Liberalismo doutrinário: reformar os homens pela mudança das instituições, com um
novo sistema eleitoral, uma representação das minorias e uma burocracia pública
profissionalizada. “As leis mudam a sociedade”
 Autoritarismo integralista: há diferenças inatas, biológicas, entre os seres humanos. Os
melhores devem governar a maioria incapaz de perceber os aspectos importantes para o
bem comum.
 Autoritarismo estadonovista: há razões históricas para os governos autoritários
modernos, que é regular as relações entre capital e trabalho em sociedades industriais e
complexas.
 Autoritarismo instrumental: um Estado autoritário capaz de proteger a sociedade do
poder dos oligarcas e promover reformas para a criação da sociedade liberal que se
tornaria viável mais à frente.
O AUTORITARISMO
INSTRUMENTAL
 Oliveira Vianna seria o pai intelectual do autoritarismo instrumental brasileiro, algo que
acabou se tornando a base da práxis liberal no Brasil na visão de WGS.
 “O liberalismo político seria impossível na ausência de uma sociedade liberal e a
edificação de uma sociedade liberal requer um Estado suficientemente forte para romper
os elos da sociedade familística. O autoritarismo seria assim instrumental para criar as
condições sociais que tornariam o liberalismo político viável.” (p. 106).
 Mas como promover essa conversão da sociedade clânica para a liberal?
 Virgílio Santa Rosa: uma reforma agrária era essencial para quebrar a elite oligárquica.
 Martins de Almeira: criar a sociedade de mercado sob um regime autoritário para que o
liberalismo econômico surja e permita, em seguida, o político.
A PRÁTICA DO AUTORITARISMO
INSTRUMENTAL
Durante a Era Vargas (1930-1945), muitos liberais aderiram ao governo autoritário como
caminho para a realização das reformas necessárias para a instalação do liberalismo.
 No entanto, após o Estado Novo (1837-1945), os liberais romperam com Vargas e
formaram, na República Democrática (1945-1964), um partido de oposição ao varguismo:
a União Democrática Nacional (UDN).
 A UDN se recusava a aceitar o sistema política erigido pela Constituição de 1946, e
lançou mão do golpismo durante todo o período, até que o mesmo se realizou em 1964.
 Na visão de WGS, uma espécie de “autoritarismo instrumental de esquerda” se ensaiou
entre 1961 e 1964, no Governo Goulart.
 O Golpe de 1964 é uma reação a isso, e uma retomada do projeto de 1930: liberalizar o
mercado e fechar a vida política para construir, no futuro, a sociedade liberal.
REFLEXÃO FINAL
 Seria o autoritarismo instrumental uma ferramenta analítica
importante para se pensar a práxis política no Brasil?
 Apenas para o pensamento liberal?
 As outras forças políticas forjadas na sociedade brasileira não seriam
também adeptas de formas autoritárias para a realização de seus projetos?
 Existe alternativa democrática para as propostas reformistas brasileiras?
 Seriam as instituições uma garantia contra projetos autoritários ou são
expressão dessa forma de se constituir a vida política nacional?

Potrebbero piacerti anche