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A Carta de Tiago e o

debate com a tradição


paulina (Tg 2,14-26)
ἡ πίστις, ἐὰν μὴ ἔχῃ ἔργα, νεκρά ἐστιν καθ᾽ ἑαυτήν (Tg 2,17)
Convergência de vocabulário entre Paulo e Tiago

 Oposição entre πίστις/ἔργα articulado à linguagem da


justificação
 Explícita referência ao exemplo de Abrãao, acompanhado da
citação de Gn 15,6 (Tg 2,23; Rm 4,3.9; Gl 3,6).
Obs.: Há, no conjunto da carta de Tg, ecos de outros temas
paulinos, tais como: parusia do Senhor (5,7; 1Ts 2,19 (et. al.);
1Cor 15,23 – cf.: Margaret M MITCHELL, The Letter of James
as a Document of Paulinism?, 2007.)
 Tg 2,14-26 faz referência explícita ao universo simbólico da
teologia paulina.
Divergências significativas
 Tg 2, 14-26 opõe as “obras” à “fé somente // Rm e Gl, oposição entre “obras
da Lei” e a “fé de/em Jesus Cristo”
Tg 2,24 Rm 3,20.22 Gl 2,16 Fl 3,9
ὁρᾶτε ὅτι ἐξ διότι ἐξ ἔργων νόμου οὐ οὐ δικαιοῦται ἄνθρωπος μὴ ἔχων ἐμὴν
ἔργων δικαιοῦται δικαιωθήσεται πᾶσα ἐξ ἔργων νόμου ἐὰν μὴ δικαιοσύνην τὴν ἐκ
ἄνθρωπος καὶ οὐκ σὰρξ ἐνώπιον αὐτοῦ. διὰ πίστεως Ἰησοῦ νόμου ἀλλὰ τὴν διὰ
ἐκ πίστεως μόνον. 22δικαιοσύνη δὲ θεοῦ Χριστου πίστεως Χριστοῦ, τὴν ἐκ
διὰ πίστεως Ἰησοῦ θεοῦ δικαιοσύνην ἐπὶ τῇ
Χριστοῦ. πίστει

 Em Tg não a referencia à Lei e ao Cristo


 πίστις/ἔργα designam realidades diversas nos dois corpus. Em Paulo, a fé é
ligada ao Cristo, que é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto. Em Tiago, não há
mais esta referência à fé de Jesus Cristo, mas à necessidade de ter fé (2,14:
ἐὰν πίστιν λέγῃ τις ἔχειν), é ausente em Paulo.
Divergências significativas
 Tg 2,14-26 é marcado pelo campo semântico da salvação, ligando a fé à
salvação (2,14: μὴ δύναται ἡ πίστις σῶσαι αὐτόν). Em Paulo (proto), a
πίστις Ἰησοῦ Χριστοῦ justifica o cristão, mas não o salva. Além disso, o
termo “salvação” tem um conotação escatológica (cf. Rm 5,9).

 Sem dúvida, Tg debate com a tradição paulina. Dito isso, as divergências


nos mostram, porém, que não se trata de uma debate com o Paulo das
proto-paulinas.
A carta de Tiago e a tradição paulina posterior
 Comparação entre quatro textos: Tg 2,14-26 // Ef 2,8-10 // 2 Tm 1,9 //
Tt 3,5.8b
Tg 2,14.24 Ef 2,8-10 2 Tm 1,9 Tt 3,5.8b
Τί τὸ ὄφελος, ἀδελφοί Τῇ γὰρ χάριτί ἐστε τοῦ σώσαντος ἡμᾶς καὶ οὐκ ἐξ ἔργων τῶν ἐν
μου, ἐὰν πίστιν λέγῃ τις σεσῳσμένοι διὰ καλέσαντος κλήσει ἁγίᾳ, δικαιοσύνῃ ἃ
ἔχειν ἔργα δὲ μὴ ἔχῃ; μὴ πίστεως καὶ τοῦτο οὐκ οὐ κατὰ τὰ ἔργα ἡμῶν ἐποιήσαμεν ἡμεῖς ἀλλὰ
δύναται ἡ πίστις σῶσαι ἐξ ὑμῶν, θεοῦ τὸ δῶρον ἀλλὰ κατὰ ἰδίαν κατὰ τὸ αὐτοῦ ἔλεος
αὐτόν; 9 οὐκ ἐξ ἔργων, ἵνα μή πρόθεσιν καὶ χάριν, τὴν ἔσωσεν ἡμᾶς διὰ
24 ὁρᾶτε ὅτι ἐξ ἔργων τις καυχήσηται. δοθεῖσαν ἡμῖν ἐν Χριστῷ λουτροῦ παλιγγενεσίας
δικαιοῦται ἄνθρωπος 10 αὐτοῦ γάρ ἐσμεν Ἰησοῦ πρὸ χρόνων καὶ ἀνακαινώσεως
καὶ οὐκ ἐκ πίστεως ποίημα, κτισθέντες ἐν αἰωνίων πνεύματος ἁγίου
μόνον. Χριστῷ Ἰησοῦ ἐπὶ ἔργοις 8b ἵνα φροντίζωσιν
ἀγαθοῖς οἷς καλῶν ἔργων
προητοίμασεν ὁ θεὸς, προΐστασθαι οἱ
ἵνα ἐν αὐτοῖς πεπιστευκότες θεω
περιπατήσωμεν.
A carta de Tiago e a tradição paulina posterior
 Pelo vocabulário, Tiago é próximo da maneira como as deutero-
paulinas interpretam Paulo: pistis, erga, sôzô, etc...
 Ef, p. ex., é centrada na questão da salvação pela graça por meio da fé ou a
salvação pelas obras.
 A questão não é mais centrada em torno da Lei de Moisés oposta à fé de/em
Cristo, mas concerne o lugar das obras, do agir cristão na economia da fé.
 2Tm e Tt utilizam um vocabulário próximo de Ef. Em Tt, não são as “obras
de justiça” que salvam, mas a “misericórdia” (Tt 3,5). No entanto, as “boas
obras” são expressão de destaque “dos que creram” (Tt 3,8b).
 Em 2Tm, não são as “nossas obras” que salvam, mas o “poder de Deus”.
A carta de Tiago e a tradição paulina posterior
 Ef e as Pastorais contextualizam a mensagem paulina: não é mais a
questão da centralidade da Torá e suas prescrições rituais que está no centro
destas comunidades. Não se trata pois das “obras da Lei” e da “justificação
diante de Deus”, mas o lugar do agir cristão na economia da salvação.
Nesta perspectiva, as “obras”, enquanto iniciativa própria de cada cristã,
não salvam.

 Ef e as Pastorais tentam evitar dois obstáculos: que as “obras” possas ter


uma importância além do que a teologia paulina havia refletido ou que, ao
contrário, elas sejam esquecidas como expressão da fé.
 Lembremos que, para Paulo, em Gl ou Rm, se é pela fé que o fiel é
justificado diante de Deus, esta fé deverá “agir pelo amor” (Gl 5,6).
A carta de Tiago e a tradição paulina posterior
 Já a carta de Tg polemiza com cristãos de tradição paulina, que
transformaram a fé numa espécie de marca identitária (temos a fé – hipótese de
Elian CUVILIER, Jacque et Paul em debat, p. 284), ou numa formalidade
intelectual. Diziam “ter fé”, mas não agiam como tal.
 Ora, esta compreensão de fé também seria criticada pelo próprio Paulo, que
insiste que as obras são consequências da fé vivida (basta ver as partes
parenéticas de suas cartas), bem como pela própria tradição paulina, quando se
fala das “boas obras preparadas de antemão” (Ef 2,6) ou “boas obras” (Tt 3,8).

 Assim, “parece lógico pensar que, quando Tiago foi escrita, uma fórmula
paulina tinha sido repetida fora de contexto e produzido um interpretação
falseada que precisava ser corrigida” (R. BROWN, Introdução ao N. T., p. 955).
A carta de Tiago e a tradição paulina posterior
 A carta de Tiago situa-se numa situação polêmica diante da recepção da
tradição paulina.
 Não contra o próprio Paulo, mas contra cristãos de tradição paulina que
fazem da teologia do Apóstolo das Nações uma simples herança religiosa,
sem consequências no concreto da vida de fé.

 Deste modo, as “obras da Lei” em Paulo, compreendida seja como mera


observância exterior dos mandamentos ou como marca identitária judaica,
correspondem, no contexto de Tiago, a um “fé sem obras”.
 Por outro lado, o que Paulo designa como “fé de/em Cristo”, ou seja, uma
experiência profunda que munda a orientação da existência (cf. Fl 3), Tg
compreende como “fé que age através das obras (Tg 2,22).

Tiago e Paulo: depois percursos diferentes para o Cristo
 Por sua conversão, Paulo vive um percurso de ruptura com uma
compreensão da Lei mosaica. Certo, a Lei, em si, é santa e o mandamento
“santo, justo e bom” (Rm 7,12), mas não tem poder diante da lei do pecado.
 O advento de Cristo, anunciado pela Lei e pelos profetas, confere plenitude
à Lei. Paulo anuncia, pois o fim/finalidade da Lei.

 O cristão é pois liberado da Lei, ou seja, ele não encontra o sentido de sua
vida de fé na obediência das prescrições legais. Mas, porque Cristo é a
plenitude da Lei, paradoxalmente, o cristão, no espírito de liberdade,
cumpre o sentido fundamental da Lei: o ágape.

Tiago e Paulo: depois percursos diferentes para o Cristo
 A carta de Tg não estabelece este percurso de ruptura com a tradição
mosaica. Ao dizer sim a Jesus, proclamado como Messias, Tg diz sim à Lei
em sua plena expressão. Basta lembrarmos a proximidade da Tg com o
Sermão da Montanha no Ev. de Mt.
 A Lei é relida à luz da fé pascal e acolhida como lei da liberdade.
 Há, portanto, um modelo de continuidade em Tg, que integra a herança da
fé hebraica de maneira mais “pacífica” que o modelo de ruptura paulina.

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