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A filosofia e o

sentido

Avenida, Karl Schmidt-Rottluff, 1921


A Filosofia e o Sentido

 A pergunta sobre o sentido da vida emerge, com alguma frequência, quando vivemos
momentos difíceis nas nossas vidas. Perante a morte inesperada de uma pessoa querida, uma
doença grave ou um trágico acidente, não é invulgar sentir que a vida não tem sentido.

 Pelo contrário, apaixonar-se, passar de ano, ter boas notas, o nascimento de um filho, um
casamento, o início de uma atividade profissional ou de um curso universitário são
acontecimentos que trazem habitualmente a sensação oposta, de que a vida tem sentido, que vale
a pena ser vivida.

Mas será que a vida tem sentido, afinal?


A pergunta pelo sentido da vida

 A pergunta pelo sentido da vida tem vários sentidos. Por vezes, queremos saber qual a melhor
forma de viver ou que aspetos privilegiar. Mas nem sempre é isso o que temos em mente quando
perguntamos se a vida tem sentido.

 A questão pode ser interpretada de muitas formas. Eis duas das mais habituais:

 Qual a finalidade da vida?

 A vida tem valor?

 Muitas vezes, quando perguntamos se a vida tem sentido ou qual é o sentido da vida, o que
queremos saber é qual o propósito da vida, qual o fim a que ela se destina. À semelhança de
qualquer outra atividade, a vida terá sentido se servir para atingir um qualquer objetivo presente
na mente de um ser inteligente.
A Filosofia e o Sentido

Se perguntar pelo sentido da vida for perguntar pela sua finalidade, então:

 A vida fará sentido se for um meio adequado para atingir um fim;


 Terá de existir (ou ter existido) algo ou alguém que delineou o propósito da vida, ou seja,
que teve em mente um certo objetivo, cumprido através da vida.
 Podemos admitir que a vida tem um propósito sem que saibamos qual é.
 Se a vida for apenas um meio para atingir um fim, terá somente valor instrumental.
 Poder-se-á alegar que a vida não tem sentido, apesar de ter um propósito, se
defendermos que o fim que ela serve não tem, ele próprio, valor.
A Filosofia e o Sentido

 A vida poderá não ter sentido, mesmo que tenha uma finalidade, se essa finalidade for
destituída de sentido, de valor. Para uma certa pessoa pode fazer sentido viajar 100 kms para
recolher mais um saco de supermercado para a sua coleção. Mas fazer uma coleção de sacos de
supermercado é um fim que em si mesmo não faz sentido, por não ter valor. Assim, a própria
viagem pode ser um meio adequado para atingir o fim, mas não ter sentido, por servir um
propósito que não tem valor.

 É por isto que muitas vezes se entende a questão sobre o sentido da vida como uma pergunta
acerca do valor da vida.
A Filosofia e o Sentido

Se perguntar pelo sentido da vida for perguntar pelo valor da vida, então:

 A vida pode ter valor, por ser um meio para atingir um fim valioso. (Nesse caso, não terá
apenas valor instrumental, uma vez que pode ter valor instrumental e não ter valor
neste sentido.)
 A vida pode ter valor em si, mesmo que não tenha uma finalidade.
 Se tiver valor em si, esse valor pode ser apenas subjetivo.
 Se tiver valor em si, poderá ter valor objetivamente.
O absurdo

Thomas Nagel (n. 1937) num artigo de 1971, “O Absurdo”, coloca a questão de uma outra forma:
Será a vida absurda?

 Nagel argumenta a favor da tese de que a vida humana está intrinsecamente ligada a um absurdo
que decorre da conjugação de dois fatores:
a) Por um lado, damos importância à nossa vida e aos aspetos particulares que ela
contém. Encaramos com seriedade os nossos afazeres, as nossas obrigações e os
nossos projetos.

 De um ponto de vista pessoal, autocentrado, muito do que fazemos parece decisivo. Dedicamos
muito tempo, energia e atenção aos aspetos particulares das nossas vidas e fazemos um esforço
para cumprir o que planeamos. Por isso, ficamos incomodados, aborrecido ou frustrados quando tal
não acontece. Ou ficamos assustados quando estão em perigo os aspetos que valorizamos, como a
vida dos nossos filhos, a nossa saúde ou o nosso posto de trabalho.
O absurdo

b) Por outro lado, de um ponto do ponto de vista do universo, nada do que fazemos tem importância.
O que se passa nas nossas vidas e que valorizamos é meramente contingente, ou seja, poderia nunca
ter acontecido sem que tal fizesse qualquer diferença.

 De um ponto de vista impessoal, descentrado de nós próprios, é indiferente que existamos ou não,
que cheguemos a horas ao trabalho ou não, que tenhamos saúde ou estejamos doentes, que os
nossos filhos vivam ou morram. Fazemos uma coisa mas poderíamos fazer qualquer outra sem que
isso tivesse realmente importância.

 Assim, como a colisão destes dois elementos da nossa vida – a seriedade e a consciência da
arbitrariedade – é inevitável, não podemos escapar ao absurdo que ela encerra. A vida é absurda e
continuará a sê-lo sempre.
 Todavia, segundo Nagel, e contrariamente ao que poderíamos pensar, devemos regozijar-nos com
esta condição, uma vez que ela decorre do facto de termos capacidades sofisticadas admiráveis que
nos permitem perceber o absurdo.
1. O pessimismo: a vida não tem qualquer tipo de sentido

 A tese de que a vida não tem qualquer tipo de sentido, por não ter um propósito e por não ter
valor, ficou definitivamente associada ao filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que se pronunciou
amplamente sobre o sofrimento e a futilidade da vida.
 Segundo Schopenhauer, a vida nada mais é que uma angustiante sucessão de trabalhos inúteis: o
homem infeliz traça um objetivo e acredita que, ao alcançá-lo, encontrará a satisfação que a vida
ainda não lhe trouxe; mas quando finalmente o alcança ele é apenas um momento que passa,
incapaz de acabar com o sentimento de vazio, de incompletude, de infelicidade. Insatisfeito, lança-se
na busca de um outro objetivo, na expetativa de um futuro que existe apenas no seu pensamento.
 Preso entre um passado que já não existe e um futuro que ainda não veio, o homem vive num
presente que se evapora em desilusão. Para vencer a desilusão, resta-lhe criar novas ilusões, novo
sofrimento, novas dores. E se alguma vez consegue a satisfação que procura, ela será apenas fonte de
aborrecimento, de tédio, e não uma fonte de sentido, de valor.
2. Vencer o absurdo: o valor objetivo em cada vida

 O filósofo James Rachels defende que não precisamos de saber se a vida tem um propósito exterior
a ela (uma vez que talvez tal seja impossível), para acreditarmos que tem sentido.
Podemos encontrar um sentido para a vida e vencer o absurdo identificado por Nagel.
Como é isso possível?
A argumentação de Rachels é a seguinte:
1) Se não nos quisermos comprometer com uma perspetiva religiosa, o que poderemos fazer é
encontrar um sentido para cada uma das nossas vidas particulares.
2) Procurar o sentido da vida é procurar aquilo que a torna valiosa.
3) Apesar das diferenças individuais, existem coisas que dão valor à vida, como relações pessoais
compensadoras, feitos de que possamos orgulhar-nos, apreciação estética, atividades aprazíveis,
aprender, contribuir para o bem-estar dos outros, etc.
4) Todas estas coisas dão um valor objetivo às nossas vidas. Para cada uma delas é possível pensar
em razões objetivas que as tornam boas.
5) Logo, a vida pode ter valor objetivamente.
3. A eternidade: o propósito religioso da vida

 A vida de Tolstoi tinha muitos dos elementos que, segundo Rachels, podem dar sentido à vida: relações
pessoais compensadoras, feitos de que podia orgulhar-se, apreciação estética, atividades aprazíveis,
contribuir para o bem-estar dos outros. Apesar de tudo isto, Tolstoi debatia-se com o sentimento
avassalador de que a vida não faz sentido.

“Não conseguia atribuir sentido a um só ato, ou à minha vida no seu todo. Apenas fiquei
surpreendido por não o ter compreendido logo de início. Tudo isto era conhecido há muito de
todos. Mais tarde ou mais cedo viriam as doenças e a morte para os que me são mais queridos
(já tinham chegado) e para mim, nada restando para além da pestilência e dos vermes. Todas
as minhas realizações, não importa o que tenham sido, mais cedo ou mais tarde serão
esquecidas, e eu próprio também deixarei de existir. Porquê, então, preocupar-me com todas
estas coisas? Que alguém possa viver e não compreender isto – eis o que é surpreendente!”
Tolstoi, Confissão
3. A eternidade: o propósito religioso da vida

 Segundo Tolstoi, nenhum dos aspetos que se costumam valorizar pode dar sentido à vida
por desaparecer mais cedo ou mais tarde. Como tudo tem um fim, nada tem valor – acredita.

 A perspetiva de Tolstoi é a de que a vida só terá sentido se tiver um propósito exterior a


ela própria. E esse propósito só poderá dar sentido à vida se for eterno (caso contrário
padecerá do mesmo mal que qualquer um dos aspetos da vida).

E terá a vida um propósito eterno exterior a ela?


3. A eternidade: o propósito religioso da vida

 Tolstoi observa os camponeses, iletrados, guiados pela fé, que vivem de forma simples e
suportam com robustez as agruras da vida. Isto só pode dever-se, conclui, ao facto de conhecerem o
sentido da vida.

 Qual é, então, o sentido da vida, que os camponeses conhecem?

As conclusões de Tolstoi são as seguintes:

 A vida tem sentido porque tem uma finalidade, um propósito.

 Esse propósito é a vida eterna, na companhia de Deus.

 Se vivermos de acordo com os seus ensinamentos, Deus premiar-nos-á com um paraíso


eterno que dá sentido vida.
4. Sísifo satisfeito: o valor subjetivo da vida

 A perspetiva de que a eternidade pode dar sentido à vida tem sido muito contestada. Eis um dos
principais argumentos usados para o efeito:

 Se uma vida for eterna mas repleta de infortúnios ou de atividades sem sentido, ela não será uma
vida com sentido.

 No último capítulo de Good and Evil, Richard Taylor ilustra esta ideia através do mito de Sísifo:

“Uma imagem perfeita de uma existência sem sentido, do tipo que procuramos,
encontra-se no mito de Sísifo. Sísifo, recorde-se, traiu os segredos divinos
divulgando-os aos mortais, e por isso foi condenado pelos deuses a carregar uma
pedra até ao cimo de uma montanha, voltando imediatamente a pedra a cair, para
Sísifo a carregar outra vez até ao cimo, caindo outra vez, e assim por diante, uma vez
e outra, para sempre. Ora, temos aqui a imagem de uma labuta destituída de sentido,
despropositada, uma existência destituída de sentido que nunca é redimida.”
4. Sísifo satisfeito: o valor subjetivo da vida

O que poderia então dar sentido às atividades repetitivas da vida de Sísifo ou de qualquer outra
pessoa?

 A vida de Sísifo teria sentido se as pedras que transporta se juntassem para construir um templo
ou se os deuses, piedosamente, lhe tivessem incutido o desejo de transportar pedras.
Neste último caso, a sua vida ganharia sentido, ou valor, subjetivamente, decorrente do facto de se
sentir realizado com a atividade de carregar pedras.

 Assim, a vida de Sísifo e, analogamente, a de qualquer outra pessoa terá sentido se:
Tiver um propósito;
Ou
As atividades de que se ocupa lhe proporcionarem o sentimento de realização.

 Ora, argumenta Taylor, a vida não tem nenhum propósito para além dela própria. As crenças
religiosas são apenas artifícios que criamos para mascarar a verdadeira realidade.
4. Sísifo satisfeito: o valor subjetivo da vida

 A vida é apenas uma sucessão de atividades destinadas a perpetuar a própria vida. E cada
geração, ainda que com pequenas diferenças, repete a anterior.

 Todavia, para a questão do sentido da vida, faz toda a diferença saber com que estado de
espírito realizamos as atividades de que repetidamente nos ocupamos.

 Assim, à semelhança de Sísifo satisfeito com a tarefa de carregar pedras, cada vida
particular terá sentido se for subjetivamente satisfatória, se trouxer realização. A vida tem
valor apenas subjetivamente, quando nos entregamos a atividades que nos realizam, que nos
satisfazem enquanto seres cuja natureza é a perseguir objetivos, um atrás do outro.

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