Análise musical dialógica: uma proposta de metodologia para análise de

solos improvisados a partir da teoria enunciativa-discursiva de Bakhtin

Klesley Bueno Brandão

Universidade Estadual de Campinas
buenobrandaotrp@yahoo.com
 
 Aproximações com a teoria enunciativa
discursiva de Bakhtin (2016)
As três esferas do enunciado:

Conteúdo (temático)
Estilo
Construções composicionais

Na relativa estabilidades das três referidas esferas

do enunciado, configura-se um gênero discursivo
 Dialogismo
• Segundo Bakhtin, “a expressão do enunciado,
em maior ou menor grau, responde, isto é,
exprime a relação do falante com os
enunciados do outro, e não só a relação com
os objetos do seu enunciado” (BAKHTIN, 2016,
p. 58).
 Contexto Situacional
• Chamemos de situação, um termo que já
conhecemos, aos três aspectos subentendidos
da parte não verbal: o espaço e o tempo em
que ocorre a enunciação – o "onde" e o
"quando"; o objeto ou tema de que trata a
enunciação – "aquilo de que" se fala; e a
atitude dos falantes face ao que ocorre – "a
valoração" (VOLÓCHINOV, 2013, p. 172).
Abordagem filosófica do enunciado
• Pode-se inferir acerca das dimensões ética (o
ato), cognitiva (o que se conhece) e estética (a
atividade criativa), as quais são refratadas no
conteúdo, estilo e construção composicional
do enunciado (BAKHTIN, 1988)
 Solo do trompetista José Lídio Cordeiro (Papudinho) (1931-1991), da música
Consolação composta por Baden Powell de Aquino (1937-2000) e Marcus Vinicius
de Moraes (1913-1980) gravada no LP Conjunto Som Quatro (1964
 Contexto situacional do solo
• Espaço e tempo
(década de 1960), período em que é notório uma forte ênfase política nos processos de
modernização do Brasil que já vinha ocorrendo desde à década de 1950

• Atitude dos falantes face ao que ocorre

influência da música norte-americana nos músicos do eixo Rio-São Paulo pode ter suas
razões remontadas à uma possível conferida aos produtos musicais provenientes do
músicos norte-americanos, os quais eram considerados como referências modernas e
“excelentes”

• Objeto do enunciado

pode-se inferir que a valoração desses produtos tornam-se nessa reflexão o objeto do
enunciado
 Legitimação
• Em cada época, em cada círculo social [...], em que
o homem cresce e vive, sempre existem
enunciados investidos de autoridade que dão o
tom [...], nas quais as pessoas se baseiam, as quais
elas citam, imitam, seguem. Em cada época, e em
todos os campos da vida e da atividade, existem
determinadas tradições, expressas e conservadas
em roupagens verbalizadas: em obras, enunciados,
sentenças, etc (BAKHTIN, 2016, p. 54).
 Desenvolvimento de vocabulário musical
“Nosso discurso, isto é, todos os nossos enunciados
(inclusive as obras criadas) é pleno de palavras dos
outros, de um grau vário de alteridade ou de
assimilabilidade, de um grau vário de aperceptibilidade e
de relevância. Essas palavras dos outros trazem consigo a
sua expressão, o seu tom valorativo que assimilamos,
reelaboramos, e reacentuamos”. (BAKHTIN, 2016).
 Referências
• BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Os Gêneros Do Discurso.
São Paulo: Editora 34, 2016.
• BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. O problema do conteúdo,
do material e da forma na criação literária. In: Questões
de Literatura e Estética (A teoria do romance). São Paulo:
Hucitec, 1988, p. 13-70.
• VOLÓCHINOV, Valentin Nikolaevich. A construção da
enunciação. In: GERALDI, João Wanderley (Org.). A
construção da enunciação e outros ensaios. Tradução e
notas de JoãoWanderley Geraldi. São Carlos, Pedro & João
Editores, 2013, p. 157- 188.
 Obrigado!

Klesley Bueno Brandão

Universidade Estadual de Campinas
buenobrandaotrp@yahoo.com