Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Deontológica de
Kant
(II parte)
FILOSOFIA
Sumário
A Priori – A lei moral é produzida pela razão, é uma obrigação racional. Relativos e Condicionais: Ordenam a ação como um meio para
Absoluto e incondicional – Ordena a ação de forma absoluta como
um fim - “Se queres A, deves fazer B” (Ex.: Se queres passar de
necessária em si mesma, não estando submetida a condições. Dá-nos uma
ano, deves estudar”; “Não copies no teste, se correres o risco de ser
obrigação moral incondicional, não dependendo dos nossos desejos e
apanhado”).
necessidades particulares.
Universal – É válido para todo o ser racional. Particulares: Não são válidos para todos, obrigam apenas quem
Formal – Dá-nos a intenção que deve presidir a todas as nossas ações quiser aquele fim.
(vazio de conteúdo). Materiais: Dão-nos uma regra para cada situação (com conteúdo).
Para Kant, as obrigações morais não são hipotéticas; só têm valor moral as ações praticadas por dever.
Ao ajudar outra pessoa apenas por compaixão estamos a seguir a máxima “Ajuda o próximo se sentires compaixão”.
Como a obrigação de ajudar se mantém mesmo se nenhum sentimento nos inclinar a fazê-lo, esta obrigação não é hipotética mas
absoluta.
Uma ação praticada por compaixão não tem valor moral porque a sua máxima seria apenas hipotética, enquanto as máximas
Mas, como descobrimos qual é o nosso dever numa dada circunstância? Aplicando o IC (Critério Supremo da Moralidade), que
Para Kant os imperativos categóricos são os nossos deveres absolutos. Mas, como descobrimos qual
é o nosso dever numa dada circunstância?
Ainda que nos pareçam muito diferentes, para Kant são apenas maneiras distintas de exprimir a mesma
ideia
-diz-nos que devemos sempre agir segundo máximas universalizáveis, isto é, que possamos querer que
sejam válidas para todos.
Ex.: Não posso querer que a máxima “mente sempre que for do teu interesse” se torne válida para
todos, pois deixaríamos de poder confiar uns nos outros.
(Máxima da ação – Regra particular que individualmente seguimos quando agimos; princípio subjetivo
que determina a ação)
Ex1: A Francisca é dona de um hotel que nunca engana os clientes, fazendo sempre um preço justo.
Ela faz isso não por interesse (para não perder os clientes), mas simplesmente por dever de ser honesta.
Sim. Porque (1) a máxima é “venderás sempre a um preço justo, porque é um dever ser honesto”.
E (2) é possível todos agirmos segundo essa máxima e queremos que todos obedeçam a essa
máxima.
Ex2: O Henrique usou cábulas e copiou no exame de filosofia. De facto, ele não se sentia preparado,
pois no dia anterior ao exame foi com os amigos para o bar e, assim, não teve tempo para estudar.
Será que este exemplo passa no teste do imperativo categórico?
Não. Porque (1) a máxima é “sempre que não te sentires preparado para um exame irás usar cábulas
ou copiar”. E (2) trata-se de uma máxima que não podemos querer ver transformada em lei universal;
pois, se essa máxima fosse universalizada nenhum exame realizado mereceria confiança por parte dos
avaliadores. Os próprios exames deixariam de ser objeto de confiança e para nada serviriam as
avaliações dado que se tornaria generalizada a suspeita.
T5. “Age de tal maneira que uses a tua humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, pp. 73.
É sempre errado instrumentalizar as pessoas, ou seja, usá-las como simples meios para atingir os nossos
fins.
- diz-nos que devemos sempre tratar qualquer pessoa como um fim em si mesmo e nunca como um
meio, isto é, não devemos instrumentalizar ninguém nem a nós próprios – Respeita a dignidade
humana, o valor absoluto de cada um.
Ex.: Não posso agir segundo a máxima “sempre que precisar de dinheiro, devo fazer a falsa
promessa de devolver o dinheiro que peço emprestado”, pois estaria instrumentalizar alguém, a
servir-me dele como um meio em função dos meus interesses.
(As duas formulações do IC estão interligadas, pois como se vê no exemplo dado, também não
poderíamos querer que esta máxima se tornasse universal)
As pessoas são seres racionais, e tratá-las como fim em si significa respeitar a sua racionalidade.
Assim, nunca poderemos manipular as pessoas, ou usá-las para alcançar os nossos objetivos. •
Para respeitar as pessoas, devemos tratá-las como seres racionais e autónomos – como fins em si.
Existe uma violação da autonomia e racionalidade de uma pessoa quando, por exemplo, obrigámo-la
a fazer o que ela não quer.
Segundo a fórmula do fim em si, não é errado tratar as pessoas como meios – é errada tratá-las como
simples meios (desrespeitando a autonomia e a racionalidade das pessoas).
Ex: Imagina que pedes dinheiro emprestado a um amigo e não tens qualquer intenção de o devolver.
Não; pois, se mentisses ao teu amigo, estarias apenas a manipulá-lo e a usá-lo como um mero meio.
Dizias a verdade ao teu amigo, que precisavas de dinheiro para um certo objetivo mas não serias capaz de
devolvê-lo.
O teu amigo poderia, então, tomar uma decisão sobre o empréstimo – e assim fazer uma escolha racional, livre e
autónoma.
T6. “Liberdade, se bem que não seja uma propriedade da vontade segundo leis naturais, não é por isso
desprovida de lei, mas tem antes de ser uma causalidade segundo leis imutáveis, ainda que de uma espécie
particular; pois de outro modo uma vontade livre seria um absurdo. (...) Que outra coisa pode ser, pois, a
liberdade da vontade senão autonomia, isto é, a propriedade da vontade de ser lei para si mesma? Mas a
proposição: «A vontade é, em todas as ações, uma lei para si mesma», carateriza apenas o princípio de não
agir segundo nenhuma outra máxima que não seja aquela que possa ter-se a si mesma por objeto como lei
universal. Isto, porém, é precisamente a fórmula do imperativo categórico e o princípio da moralidade;
assim, pois, vontade livre e vontade submetida a leis morais são uma e a mesma coisa”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, p. 100.
A Vontade Boa é a Vontade racional, autónoma, que se autodetermina, legisla para si mesma por
meio da aceitação livre dos princípios morais universais. Determina a ação em função do imperativo
da moralidade.
Ao contrário, uma vontade heterónoma não se autodetermina, é uma vontade afetada por inclinações,
não se dá a si mesmo a lei, mas obedece a ordens externas. Não é capaz de contrariar a força dos
desejos, de inclinações sensíveis ou de autoridades exteriores.
A dignidade do homem está relacionada com a sua capacidade de autonomia, sendo o fundamento do
imperativo categórico.
Na próxima semana, estudaremos as objeções à ética kantiana. Até lá, deixo uma sugestão de um filme
relacionado com esta temática:
--