Por fim, Eichmann em Jerusalém e “A banalidade do mal”. • Objeto do livro: Adolf Eichmann foi um oficial da Gestapo nazista responsabilizado pela logística de extermínio de milhões de pessoas. Foi capturado na Argentina e julgado em Jerusalém no ano de 1961. Hannah Arendt foi enviada como correspondente pela revista The New Yorker para cobrir as sessões do julgamento tornadas públicas pelo governo israelense. De seus artigos, resulta o livro. Tese do livro • Chocando a opinião pública mundial, segundo Hannah Arendt, Adolf Eichmann não era um monstro, alguém com um espírito demoníaco e antissemita. Ela o identificou como um burocrata, um sujeito medíocre, que de certa forma renunciou a pensar nas consequências que os seus atos poderiam ter. Originalidade da tese • A percepção de Arendt acerca do caráter desse personagem histórico, de sua postura comum que o fazia igual à tanta gente, causou mal estar. O que é a banalidade do mal ? • Por banalidade do mal, ela se referia ao mal praticado no cotidiano como um ato qualquer. A banalidade do mal significa que o mal não é praticado como atitude deliberadamente maligna. O praticante do mal banal é o ser humano comum, aquele que ao receber ordens não se responsabiliza pelo que faz, não reflete, não pensa. • A banalidade do mal é, portanto, uma característica de uma cultura carente de pensamento crítico, em que qualquer um – seja judeu, cristão, alemão, mulher, homem, não importa – pode exercer a negação do outro e de si mesmo. Citação de Arendt • “Será que a natureza da atividade de pensar, o hábito de examinar, refletir sobre qualquer acontecimento, poderia condicionar as pessoas a não fazer o mal? Estará entre os atributos da atividade do pensar, em sua natureza intrínseca, a possibilidade de evitar que se faça o mal? Ou será que podemos detectar uma das expressões do mal, qual seja, o mal banal, como fruto do não-exercício do pensar?” (ARENDT, 2008). Questões ?
• Eichmann teria sido um bom cidadão
( cumpridor do dever ) em um Estado assassino ? • Eichamn foi caracterizado por Arendt como uma pessoa tomada pelo “vazio do pensamento”, incapaz de um exame de consciência. • O mal, segundo Arendt, mais que uma patologia podia ser caracterizado como uma possibilidade da liberdade humana. • O mal sem motivos, sem raízes, sem explicações. • O novo conceito de Arendt apresenta um mal sem inspiração própria, porém não menos monstruoso em suas consequencias. • Todavia, para Arendt, banalidade não significa inocência e banalidade não significa normalidade. • Para tentar explicar o mal banal, Arendt aponta para a sociedade de massas: a superficialidade e a superfluidade. Ou seja, o mal se torna banal porque os seus agentes são superficiais e suas vítimas são consideradas supérfluas. Problemas colocados por Arendt
• Primeiro.Por que aconteceu ?
• Segundo. Como foi possível acontecer ? • Arendt passou a considerar o Holocausto como um crime de massas. Argumentações de Arendt • A) teoria da peça de engrenagem ( argumento de defesa de Eichmann ) = de que o mesmo seria apenas uma pequena engrenagem na maquinaria chamada solução final. • B) Teoria da culpa coletiva = “se todos tem culpa, ninguém efetivamente pode ser julgado. Se ninguém pode ser julgado, ninguém é imputável de crimes. • C) A voz da consciência = Eichmann tinha consciência do que estava fazendo ? Distinção entre culpa e responsabilidade
• Para Arendt a culpabilidade é algo individual,
por isso passível de penalidades jurídicas. Já a responsabilidade coletiva é mais um termo da categoria política entre culpa ( individual ) e responsabilidade ( coletiva ), por considerar que onde todos são culpados, ninguém é. Tese de Arendt • As barbáries cometidas por Eichmann não se fundamentaram na inveja, no ódio, na cobiça, nem mesmo na estupidez ( desconhecimento ), mas sim na irreflexão. • Relação entre a banalidade do mal e o vazio do pensamento. • Relação de ausência do pensamento e sua possível relação com os atos maus. • A incapacidade de pensar oferece um ambiente privilegiado para o fracasso moral. A hipótese de Arendt é que o ato de pensar poderia condicionar os seres humanos a não praticar o mal. Logo … • Seria possível relacionar, segundo o pensamento de Arendt, banalidade do mal, o vazio do pensamento e os imperativos de uma tarefa educativa que se queira moral ? • Poderia a educaçãao ser propícia ao pensamento enquanto estranhamento das coisas cotidianas ? Referências • Arendt, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Cia das Letras, 1999. • Arendt, Hannah. Homens em tempos sombrios. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Cia das Letras, 1987.