D04 - Ética e Cidadania 1ª PARTE A ÉTICA NA ESCOLA Porque se Fala Tanto em Moral Hoje? • Problemas morais assumem dimensões assustadoras na sociedade contemporânea; • tempo atual vive grandes e céleres transformações que afetam não só o exterior, mas também os fundamentos do ser e do pensar, as formas de julgar e decidir, as normas e os valores; • vivemos um tempo histórico em que se registra um esgarçamento das fronteiras entre o público e o privado, permitindo que o espaço público seja refuncionalizado em proveito do privado. Compete à Escola Fazer Educação Moral? • Adorno: fundamental importância evitar a barbárie, o que significa dizer que a formação moral deve ocupar o lugar central na educação • colocar o tema da barbárie no centro da consciência pedagógica, a educação já estará fazendo muito. Nesse posicionamento está subentendido que, se a educação não tematizar a barbárie, ela poderá favorecê-la indiretamente. Quem são os Alunos e quem são os Professores? • A escola, portanto, deve receber a criança como um ser já formado, embora não plenamente, pelo contexto social em que viveu e continua vivendo. Aliás, isso pode representar o primeiro grande desafio da formação ética: estabelecer uma relação não- traumática entre a identidade já constituída da criança e o imaginário moral vigente na escola; Quem são os Alunos e quem são os Professores? • A criança chega à escola já familiarizada com e influenciada por uma diversidade muito grande de opiniões, de posicionamentos a respeito dos mais diferentes assuntos; chega influenciada por posicionamentos religiosos, ora herméticos e dogmáticos, ora soltos e descomprometidos; chega marcada por imagens de violência, de erotismo, de relações utilitaristas; chega, sobretudo, seduzida por anseios, desejos, modelos de felicidade relacionados às prioridades do mercado, do consumo, do lucro. A solidariedade • o aluno deve ter acesso ao conhecimento de que o professor é o portador: a autonomia do professor na escolha, na proposição e na coordenação das formas de trabalho a serem utilizadas não pode descambar em autoritarismo e a aceitação dos alunos não pode se reduzir à mera subserviência. o professor • docentes tenham uma correspondente formação; • que tenham passado por um processo de conscientização de sua própria moralidade, de seus ideais e sentidos de homem, de mundo e de vida, dos fundamentos que orientam seu julgar e agir; • na educação moral escolar está sempre envolvida a escola como um todo. Dificuldade de elaboração e cumprimento do Projeto Político Pedagógico • A polis escolar muito dificilmente poderia ser identificada por seus cidadãos. Por isso é tão difícil elaborar e fazer cumprir um projeto político-pedagógico. Para que o projeto de uma escola orientasse efetivamente a construção de seu futuro, seria indispensável que seus autores obrigatórios – os professores - dispusessem do tempo e do local necessários à expressão e à defesa de suas idéias, até que o bom senso levasse ao consenso e este à edição das normas a serem por todos observadas. ética do trabalho pedagógico • A decisão ética é sempre decorrente da vontade e, em princípio, orientada pela realização da justiça. Lamentavelmente, o ainda incipiente e quase sempre insuficiente conhecimento já elaborado e disponibilizado no atual estágio da produção teórica em administração escolar no Brasil pouca contribuição pode oferecer para nos ajudar a decidir para onde e por onde queremos orientar a vida de nossas escolas e de nossos sistemas escolares. Autonomia do professor • Sua autonomia será exercida nos limites de um projeto pedagógico que, por sua vez, necessita do trabalho coletivo para poder se desenvolver. O trabalho pedagógico é sempre é um trabalho relacional, ou seja, necessita do outro para poder se realizar. A ética é, então, não apenas uma dimensão desejável da conduta humana, mas a própria condição de possibilidade do trabalho pedagógico. Quais os Objetivos da Educação Moral? • homens não conseguem conviver pacificamente sem normas que regulamentem suas condutas...tais normas não podem ser deduzidas de princípios transcendentais, é necessário dar-lhes legitimidade com base em outro procedimento; • a idéia do contrato social: consenso a ser encontrado mediante o diálogo A necessidade de um código de direitos e deveres • Não há sociedade humana nem convivência ordenada e pacífica; • Histórico: sujeito a transformações e mudanças que acompanham as condições materiais e culturais da sociedade A tarefa da Educação Moral • Formar um sujeito moral, portador de uma consciência crítica que lhe permita uma permanente percepção e avaliação da pertinência dos códigos, normas, tradições, na perspectiva da liberdade e da justiça; • A liberdade é condição seminal de qualquer moralidade, uma vez que sem liberdade não há decisão nem ação moral, e justiça é condição antropológica do ser humano como ser social, que precisa encontrar formas de convivência em que direitos e deveres se equilibrem. Por que os homens devem atuar de outra forma que não seja em função de seu próprio proveito imediato?
• Temos então a ambivalente exigência de, ao
mesmo tempo, promover o desenvolvimento do indivíduo, com sua liberdade e autonomia, e despertar nele o espírito de socialidade respeitosa, tolerante e responsável. Encontrar um equilíbrio entre os interesses individuais e as necessidades sociais não é, de modo algum, uma tarefa simples. Por que os homens devem atuar de outra forma que não seja em função de seu próprio proveito imediato? • Liberdade significa não ser escravo de si, dos seus instintos e dos seus apetites e, ao mesmo tempo, não ser escravo dos outros. Mas não ser escravo dos outros significa também que o outro não pode ser meu escravo. • “A ação justa”, dizia Arsitóteles (1999, p. 101), “é um meio termo entre o agir justamente e ser tratado justamente”. Na situação atual do capitalismo neoliberal, em que a felicidade consiste na busca do prazer imediato, chegamos ao ponto extremo não apenas da desconexão entre virtude e felicidade, mas da inversão dessa relação em antagonismo: a realização social, o sucesso, o bem estar são facilitados pela contravenção, pelo poder, pela exploração das pessoas e do meio. Uma vez ocorrida esta desconexão entre virtude e felicidade, o perigo reside em se manter a virtude na forma de pura coação ou repressão. Com isso, elimina-se a sedução da recompensa, que justifica o sacrifício, e a moral perde o sentido. Desaparecimento da idéia de escola • Os muitos “sistemas de ensino” que pululam com suas “griffes” pelo mercado do “franchising” educacional privado já se apoderaram, segundo eles próprios, de poderosas fatias do mercado do setor público (sic!), quase sempre desavisadas secretarias municipais e até algumas estaduais seduzidas pela “modernização” dos pacotes e das assessorias oferecidos. Desaparecimento da idéia de escola
• A autonomia do trabalho do professor, que é inerente
à sua natureza, e a solidariedade necessária entre o professor, seus alunos e destes entre si foram simplesmente atropeladas pelo furor da lógica de mercado que, proveniente do setor privado, invadiu as políticas, as formas de organização e as próprias convicções do serviço público. Nossa administração escolar simplesmente se afastou da lógica do direito à educação, desfazendo-se, sem muita hesitação, de suas preocupações éticas. A reinvenção da escola: tarefa da administração escolar • o estudo das políticas, seja indispensável, ele não pode monopolizar as agendas de pesquisa da área, como há tempos vem ocorrendo. Precisamos entender as escolas “por dentro”, saber, não apenas como reagem às políticas, mas saber, principalmente, como vivem em seu cotidiano. Como é seu povo, ou seja, quais e como são as pessoas que buscam construí-las socialmente e que esperam que essa construção possa realizá-las profissional e afetivamente. De que condições de trabalho dispõem essas pessoas, a que relações de trabalho se subordinam, de que instrumentos de trabalho podem se valer A reinvenção da escola: tarefa da administração escolar • o estudo das políticas, seja indispensável, ele não pode monopolizar as agendas de pesquisa da área, como há tempos vem ocorrendo. Precisamos entender as escolas “por dentro”, saber, não apenas como reagem às políticas, mas saber, principalmente, como vivem em seu cotidiano. Como é seu povo, ou seja, quais e como são as pessoas que buscam construí-las socialmente e que esperam que essa construção possa realizá-las profissional e afetivamente. De que condições de trabalho dispõem essas pessoas, a que relações de trabalho se subordinam, de que instrumentos de trabalho podem se valer A DIMENSÃO ÉTICA DO TRABALHO DOCENTE – T. RIOS • uma dimensão técnica, que diz respeito ao domínio dos saberes (conteúdos e técnicas) necessários para a intervenção em sua área e à habilidade de construí-los e reconstruí-los com os alunos; • uma dimensão estética, que diz respeito à presença da sensibilidade na relação pedagógica e sua orientação numa perspectiva criadora; • uma dimensão política, que diz respeito à participação na construção coletiva da sociedade e ao exercício de direitos e deveres (Rios, 2001).