Júlio Paulo Tavares Zabatiero Fortaleza – 2010 FTU-FOR & UNIDA Introdução O século XXI viu, no Brasil, o surgimento e crescimento do número de faculdades de teologia autorizadas e reconhecidas pelo MEC. Já são mais de 90 (noventa) em todo o território nacional – sem contar as mais de 700 escolas não autorizadas, que desejam, ou não, continuar dessa maneira; Infelizmente, dentre essas escolas (autorizadas ou não) há verdadeiras “arapucas”, máquinas de ganhar dinheiro contando com a boa fé dos estudantes e igrejas; Dessa situação surgem os desafios e oportunidades para a educação teológica ... Qualidade Integral Articular, difundir e fazer cumprir padrões de qualidade educacional, institucional e ética; Não podemos esperar apenas que o MEC defina tais padrões. Como Igrejas de Jesus Cristo, comprometidas com a Sua justiça e o Seu testemunho na sociedade brasileira, nós precisamos exigir e cobrar das instituições de ensino teológico qualidade integral; Mas precisamos, ainda mais, exigir de igrejas e pastores que sejam íntegros e não “paguem” por diplomas ilegítimos ... Corpo Docente, Técnico e Dirigente O patrimônio mais importante de uma instituição de ensino é o seu pessoal. Temos diante de nós o desafio de formar profissionais comprometidos/as com uma educação teológica superior – em termos de conteúdo, didática, projeto pedagógico, gestão e testemunho moral e espiritual; Escolas precisam de corpo técnico- administrativo (secretaria, biblioteca, captação de recursos, etc.), corpo dirigente (educadores, empresários, líderes, visionários) e corpo docente de alta qualidade - dirigentes e docentes são a maior lacuna – dirigentes em especial ... Cooperação versus Competição Já existem instituições voltadas para a cooperação entre escolas de teologia (ASTE, CETELA, AETAL, ABIBET); Precisamos apoiar essas instituições e fazer delas espaços para real e efetiva cooperação na educação teológica, acima e além das distinções denominacionais, dos projetos pessoais, das visões políticas; Cooperação é indispensável para a formação de pessoal, aperfeiçoamento dos projetos pedagógicos, ampliação de bibliotecas, melhoria da qualidade das publicações de editoras evangélicas, captação de recursos, etc. ... Teologia da e para as Igrejas Criar novas relações com as igrejas e seus ministros, baseadas primariamente em cooperação e confiança mútua – ambos precisam vencer os estereótipos que impedem bons relacionamentos; Da parte de escolas de teologia, o grande desafio é formar pessoas que sejam capazes não só de atender as demandas e necessidades das igrejas, mas especialmente, que sejam capazes de forjar a dimensão presente do Reino futuro – pessoas visionárias, empreendedoras, dedicadas, que coloquem a missão acima da ambição pessoal, a justiça acima do crescimento, do prestígio ... Teologia da e para as Igrejas Esses egressos dos cursos de teologia serão teólogos práticos e públicos – práticos, na medida em que saberão unir teoria e prática, reflexão e ação, conhecimento e espiritualidade; públicos, na medida em que estarão a serviço dos três públicos da teologia: igreja, academia e sociedade; Egressos que atuem na formação de lideranças leigas comprometidas com o Reino, amigas da excelência ministerial, peregrinas na estrada do desenvolvimento espiritual e da integridade ética no mundo; Teologia na e para a missão Ampliar os espaços de atuação dos egressos é um dos primeiros desafios missionários da educação teológica: formar pessoas que possam atuar em ONGs, em escolas, em partidos políticos, em capelanias (hospitais, escolas, presídios), na assessoria a empresas e instituições de ensino que começam a perceber o valor da espiritualidade para a vida e para os negócios, na assessoria a agentes estatais (executivo, legislativo e judiciário), atuar em parcerias público-privadas, em instituições de mediação, nas artes, na mídia ... Teologia na e para a missão O maior desafio da formação teológica, porém, a meu ver é o desenvolvimento da dimensão teológica da missão do povo de Deus; Nossas escolas precisam formar pessoas capazes de dialogar efetivamente com a Universidade, ocupar os espaços acadêmicos locais, regionais e nacionais (Associações docentes, CAPES, CNPq, etc.) – isto em função da tarefa missionária de ajudar a formar a elite intelectual do país – não mais como uma elite agnóstica, mas como uma elite, se não crente, que reconheça o valor das religiões em geral e da fé cristã em particular para o bem-estar e o desenvolvimento do país; Teologia na e para a missão Ocupar cristãmente os espaços acadêmicos é dimensão urgente da missão – precisamos de cientistas cristãos e cientistas que não desconfiem da fé cristã; Precisamos formar formadores de opinião que não vejam a fé cristã como inimiga do saber e da verdade, mas como parceira especial na construção de conhecimento para uma vida mais digna; Os atuais ministros, porém, precisam contribuir com sua cota nesse esforço missionário – buscando a integridade, continuando os seus estudos, valorizando os intelectuais leigos (e teólogos) em suas igrejas ... Teologia na e para a democracia A realidade brasileira atual exige uma intensa e qualitativa participação cristã na esfera pública – a nova dimensão dos “campos brancos para a ceifa”; Na esfera pública se discutem as grandes questões públicas – locais, regionais, nacionais; Na esfera pública se desenvolve a cidadania; Na esfera pública se pressiona as instituições estatais; Na esfera pública se dá testemunho ético; Na esfera pública se ajuda a construir a legalidade e a justiça em uma nação; Na esfera pública ocorrem as lutas por reconhecimento ...