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  ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS TEORIAS


EXPLICATIVAS DO CONHECIMENTO
HUME, A RESPOSTA EMPIRISTA
O EMPRISMO DE DAVID HUME

• O fundacionismo clássico de David Hume (1711 – 1776)


sustenta que as crenças básicas são fornecidas pela
experiência.

– Assenta no Empirismo - corrente filosófica que considera


que a experiência sensível é o fundamento e o limite dos
nossos conhecimentos.

• O conhecimento do mundo assenta na informação


fornecida pelos cinco sentidos, pelo que as crenças
básicas são a posteriori.
O EMPRISMO DE DAVID HUME
• O empirismo foi atraído pela importância da experiência
(sentidos).
– O espírito humano está por natureza vazio, é uma tábua
rasa, uma folha de papel em branco onde a experiência
escreve.
• Todos os conceitos, mesmo os mais gerais e abstratos,
têm origem na experiência.
– Nada está na Razão que não tenha estado
previamente nos sentidos.

– O modelo do conhecimento do empirismo é a ciência


natural, onde as observações e as experimentações são
cruciais.
PERCEÇÕES DA MENTE
Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo
e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à
vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou
perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
[...] Se acontecer, devido a algum defeito orgânico, que uma pessoa seja incapaz de
experimentar alguma espécie de sensação, verificamos sempre que ela é igualmente
incapaz de conceber as ideias correspondentes. Um cego não pode ter a noção das cores,
nem um surdo dos sons. Restitua‑se a qualquer um deles aquele sentido em que é
deficiente e, ao abrir-se essa nova entrada para as suas sensações, abrir-se-á também uma
entrada para as ideias, e ele deixará de ter qualquer dificuldade em conceber esses
objetos.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002, pp.
35-36 (adaptado)

•A origem de todas as nossas ideias reside nas impressões dos sentidos:


– se as ideias não derivassem das impressões dos sentidos, os cegos e os surdos
seriam capazes de formar ideias das cores e dos sons, respetivamente;
–os cegos e os surdos são incapazes de formar ideias das cores e dos sons,
respetivamente.
PERCEÇÕES DA MENTE
- se as ideias não derivassem das impressões dos sentidos, as
pessoas com uma incapacidade que as priva de um certo tipo
de sensações poderiam, ainda assim, ter as ideias
correspondentes;

- as pessoas com uma incapacidade que as priva de um certo


tipo de sensações não podem ter as ideias correspondentes.
o conhecimento fundamenta-se em
verdades conhecidas a posteriori

algumas verdades a posteriori (por


exemplo, a verdade de ter sentido frio
Fundamentação do ao tocar um pedaço de gelo) são os
conhecimento: dados empíricos básicos requeridos
para o conhecimento do mundo

os dados empíricos básicos resultam de


impressões simples fornecidas pela
experiência.
PERCEÇÕES DA MENTE

• O conteúdo do conhecimento divide-se em duas espécies de


estados de consciência ou de perceções da mente:

• impressões
• Ideias ou pensamentos

PERCEÇÕES IMPRESSÕES e IDEIAS


são o conteúdo da são os elementos básicos
mente, o que existe que a mente utiliza nas suas
na mente operações

O que distingue as ideias das impressões são os seus diferentes graus de força e
de vivacidade (não é a natureza)
IMPRESSÕES

Todo o conhecimento começa com a


experiência.

As impressões sensíveis ou dados sensíveis são


as unidades básicas do conhecimento.
Impressões
: As impressões sensíveis além de serem os atos
originários do nosso conhecimento,
correspondem aos dados da experiência
presente ou atual.

As impressões são todas as sensações externas


(sentidos) e os sentimentos (sensações internas
- paixões, emoções, desejos) que se manifestam
com mais força e vigor na mente.
IMPRESSÕES

• As impressões:
– são as imagens ou sentimentos que derivam
imediatamente da realidade
– são todas as perceções mais vivas (ouvir, tocar, ver, amar,
odiar, desejar ou querer), mais fortes e sensíveis
– não admitem ambiguidade e iluminam as ideias que lhes
correspondem:
• tornam as ideias precisas, verdadeiras, isto é, se
podermos indicar a impressão correspondente,
estamos perante uma ideia verdadeira.
IMPRESSÕES

IMPRESSÕES

SIMPLES
(indecomponíveis porque não
admitem distinção ou separação)

COMPLEXAS
(podem ser distinguidas partes)
IDEIAS

IDEIAS OU PENSAMENTOS:

são as representações ou imagens


debilitadas, enfraquecidas das
impressões no pensamento, SÃO
UMA CÓPIA DA IMPRESSÃO
ORIGINAL.
• São como que marcas deixadas
pelas impressões, uma vez estas
desaparecidas.
IDEIAS

– Todas as ideias derivam de impressões sensíveis.

• A toda e qualquer ideia tem de corresponder uma


impressão porque as ideias são imagens das impressões
sensíveis.

– Do que não há impressão sensível não há conhecimento.

» Ex. Um homem cego não pode formar nenhuma


noção de cores, e um surdo de sons.
IDEIAS
– As ideias são imagens enfraquecidas das impressões quando
pensamos e raciocinamos.

• As impressões precedem as ideias que lhes correspondem.

• Não há ideias inatas, isto é, ideias que precedam as impressões


correspondentes, como pensavam os racionalistas.

• Todas as ideias têm origem empírica, são cópias ou imagens


das impressões sensíveis, o que significa que derivam da
experiência.

– Só existem as ideias que o nosso entendimento formou a


partir da experiência ou das impressões sensíveis.
IDEIAS

• As ideias são, assim, uma cópia pálida e descorada das


perceções originais, são perceções menos fortes e menos
vivas.
– São cópias ou imagens das impressões ou perceções mais
vivas.
– Temos consciência das ideias quando refletimos sobre
uma das sensações, paixões ou emoções.

– Os conteúdos do pensamento são extraídos dos sentidos


(externos ou internos) e a mistura e composição dos
conteúdos do pensamento dependem do espírito e da
vontade.
IMPRESSÕES IDEIAS

imagens ou sentimentos que cópia pálida e descorada das perceções


derivam imediatamente da originais
realidade

todas as perceções mais vivas (ouvir, perceções menos fortes e menos vivas
tocar, ver, amar, odiar, desejar ou
querer)
temos consciência delas quando refletimos
sobre uma das sensações, paixões ou
são fortes e sensíveis emoções

os conteúdos do pensamento são extraídos


não admitem ambiguidade. dos sentidos (externos ou internos)

a mistura e composição dos conteúdos do


iluminam as ideias que lhes pensamento dependem do espírito e da
correspondem (tornam as ideias vontade
precisas, verdadeiras, isto é, se
podemos indicar a impressão são cópias ou imagens das impressões ou
correspondente, estamos perante perceções mais vivas
uma ideia verdadeira)
SIMPLES
(indecomponíveis porque
não admitem distinção ou
separação)
IMPRESSÕES
COMPLEXAS (podem ser
distinguidas partes)
PERCEÇÕES
SIMPLES
(indecomponíveis porque
não admitem distinção ou
separação)
IDEIAS
COMPLEXAS
(podem ser distinguidas
partes)
IMPRESSÕES E IDEIAS

• As ideias simples são derivadas de impressões simples, que lhes


correspondem e que elas representam exatamente.

• As ideias simples podem-se considerar cópia da impressão simples.

• As impressões simples precedem sempre as ideias


correspondentes e nunca aparecem na ordem contrária.

• As impressões são as causas das ideias e não as ideias das


impressões.
IMPRESSÕES E IDEIAS
– As ideias, ao apresentarem-se, não produzem as
impressões que lhe correspondem, e não percebemos
nenhuma cor, ou sentimos nenhuma sensação, meramente
por pensar nelas.

• se as ideias não derivassem das impressões dos


sentidos, os cegos e os surdos seriam capazes de formar
ideias das cores e dos sons, respetivamente, mas os
cegos e os surdos são incapazes de formar ideias das
cores e dos sons.

– As impressões são as causas das ideias e não as ideias das


impressões.
IMPRESSÕES E IDEIAS
• Embora entre impressões complexas e ideias complexas haja
grande semelhança, não pode afirmar-se que as últimas sejam
cópia das primeiras.

• As ideias complexas ou compostas, mesmo as que parecem


afastadas das impressões, decompõem-se em ideias simples,
derivadas de sensações ou sentimentos.

Princípios de associação:

Contiguidade no
Relação de causa
Semelhança tempo e no
e efeito
espaço
IMPRESSÕES E IDEIAS
• As ideias simples organizam-se em ideias complexas, segundo
princípios de associação:

• Semelhança – se dois objetos se assemelham, então a ideia de


um conduz ao outro. Ex. a fotografia de alguém conhecido
dirige o nosso pensamento para essa pessoa.

• Contiguidade no tempo e no espaço – se dois objetos são


contíguos no espaço e/ou no tempo, a ideia de um leva à ideia
de outro. Ex. falamos da Torre de Pisa e lembramo-nos de Itália.

• Relação de causa e efeito – pensamos os objetos em função da


relação de um com outro: a causa faz-nos pensar no efeito; o
efeito faz-nos pensar na causa.

Ver quadro p. 173


IMPRESSÕES E IDEIAS

Quando pensamos numa montanha de ouro, estamos apenas a juntar duas ideias
consistentes, a de ouro e a de montanha, as quais já conhecíamos anteriormente.
Podemos conceber um cavalo virtuoso porque, a partir dos nossos próprios
sentimentos, podemos conceber a virtude, e podemos uni-la à forma e à figura de um
cavalo, animal que nos é familiar. […]
Quando analisamos os nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos ou
sublimes que possam ser, sempre constatamos que eles se decompõem em ideias
simples copiadas de alguma sensação ou sentimento precedente. Mesmo quanto
àquelas ideias que, à primeira vista, parecem mais distantes dessa origem, constata-se,
após um exame mais apurado, que dela são derivadas.
A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso,
deriva da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem
limites aquelas qualidades de bondade e de sabedoria.
David Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos I, Lisboa, Imprensa
Nacional-Casa da Moeda, 2002

Hume dá uma explicação empirista da origem de todas as ideias:

Defende a perspetiva empirista segundo a qual todos os


materiais do pensamento são fornecidos pela experiência
(seja a experiência externa, seja a interna)
IMPRESSÕES E IDEIAS
– As ideias, mesmo as mais fantasiosas ou distantes da
experiência, são produzidas pelo pensamento a partir de
materiais fornecidos pela experiência (externa ou interna).

• por exemplo, a ideia de Deus – de um Ser infinitamente


inteligente, sábio e bondoso – deriva das impressões
internas das operações da nossa própria mente,
nomeadamente, da ampliação das nossas qualidades de
bondade e sabedoria.

• A ideia de Deus é uma ideia complexa que tem por base ideias
simples que a mente e a vontade compõem e potenciam.
ORIGEM DAS IDEIAS

As ideias, mesmo as mais


Perspetiva empirista segundo a
fantasiosas ou distantes da
qual todos os materiais do
experiência, são produzidas pelo
pensamento são fornecidos pela
pensamento a partir de materiais
experiência (seja a experiência
fornecidos pela experiência
externa, seja a interna)
(externa ou interna)

Por exemplo, a ideia de Deus –


de «um Ser infinitamente
inteligente, sábio e bondoso» –
deriva das impressões internas
das «operações da nossa
própria mente»,
nomeadamente, da ampliação
das nossas «qualidades de
bondade e sabedoria».
Problema da origem do conhecimento:
consiste em determinar se o conhecimento provém
fundamentalmente dos sentidos (é a posteriori) ou antes da razão
(é a priori)

O conhecimento é obtido recorrendo exclusivamente à


experiência, isto é, a posteriori

o conhecimento das Ciências Naturais pela


Impressões certeza que oferece é o modelo de
conhecimento

A Razão sem os sentidos não pode ajuizar ou


fazer inferências sobre a realidade.
Teoria empirista em Hume:

Qualquer ideia –
Afirmação dos O conhecimento da Impressões
simples ou
sentidos como realidade só é sensíveis como
complexa – tem de
origem e critério possível a partir de garantia da
poder ser
do conhecimento uma base empírica adequação entre as
reconduzida a uma
acerca da – as impressões ideias e a
impressão sensível,
realidade. sensíveis. realidade.
à experiência.
QUESTÕES DE FACTO E RELAÇÕES DE IDEIAS

MODOS OU TIPOS DE CONHECIMENTO

QUESTÕES DE FACTO OU
RELAÇÃO DE IDEIAS OU
CONHECIMENTO DE FACTOS
CONHECIMENTO DE IDEIAS
(matters of fact)
QUESTÕES DE FACTO E RELAÇÃO DE IDEIAS
Todos os objetos da razão ou da investigação humanas podem ser naturalmente divididos
em dois tipos, a saber, as relações de ideias e as questões de facto. Do primeiro tipo são
as ciências da geometria, álgebra e aritmética, e, em suma, toda a informação que é
intuitiva e demonstrativamente certa. Que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados dos dois lados é uma proposição que exprime uma relação entre figuras. Que
três vezes cinco é igual à metade de trinta expressa uma relação entre estes números.
Proposições deste tipo podem descobrir-se pela simples operação do pensamento, sem
dependerem do que existe em alguma parte do universo. Ainda que nunca tivesse havido
um círculo ou um triângulo na natureza, as verdades demonstradas por Euclides
conservariam para sempre a sua certeza e evidência.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 41-42 (adaptado)

Relação de ideias ou conhecimento de ideias:

• As relações de ideias são proposições cuja verdade pode ser conhecida


intuitiva ou demonstrativamente pela Razão:

– Ex. Um metro mede 100 centímetros.


QUESTÕES DE FACTO E RELAÇÕES DE IDEIAS

• O contrário de uma verdade acerca de relações de ideias implica uma


contradição e, portanto, é logicamente impossível.

– Estes conhecimentos consistem em analisar o significado dos


elementos de uma proposição, em estabelecer relações entre as ideias
que ela contém.

• Os conhecimentos da lógica e da matemática são conhecimentos


tautológicos porque não dão novas informações uma vez que o
predicado diz, implicitamente, o mesmo que o sujeito.

• Embora todas as ideias tenham o seu fundamento nas impressões,


podemos conhecer sem necessidade de recorrer às impressões, isto é, ao
confronto com a experiência.

– Proposições deste tipo podem descobrir-se pela simples operação do


QUESTÕES DE FACTO E RELAÇÕES DE IDEIAS
• As relações entre relações de ideias são necessárias, o seu
contrário implica contradição, embora nada digam acerca do que
existe.

• Por exemplo, a proposição - O triângulo tem três lados. - não pode


ser refutada por meio da experiência.
– a proposição apresentada é uma relação de ideias;
– uma relação de ideias é uma verdade necessária que resulta da
mera análise das ideias envolvidas (é a priori), e é verdadeira
ou falsa dependendo apenas dessas ideias, e não dos factos do
mundo;
– a proposição é verdadeira apenas em virtude das ideias
envolvidas, quer existam triângulos no mundo quer não;
– Assim, como a verdade de uma relação de ideias não depende
de factos, aos quais teríamos acesso por meio da experiência, a
proposição não pode ser refutada pela experiência.
CONHECIMENTO A PRIORI

O conhecimento a priori
não tem importância
As verdades conhecidas
O conhecimento a como meio para
a priori são «não-
priori estabelece descobrir o mundo –
instrutivas», ou seja,
relações de ideias (ou com esse tipo de
não são informativas
relações entre conhecimento, «não
(ou não têm conteúdo
conceitos) aprendemos nada de
factual)
substancial acerca do
mundo»
QUESTÕES DE FACTO E RELAÇÃO DE IDEIAS

Os conhecimentos de facto que constituem os segundos objetos da razão humana não


são indagados da mesma maneira, nem a nossa evidência da sua verdade, por maior que
seja, é de natureza semelhante à precedente. O contrário de toda e qualquer questão de
facto continua a ser possível, porque não pode jamais implicar contradição, e a mente
concebe-o com a mesma facilidade e nitidez, como se fosse perfeitamente conforme à
realidade. Que o Sol não vai nascer amanhã não é uma proposição menos inteligível nem
implica maior contradição do que a afirmação de que ele vai nascer.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 41-42 (adaptado)

Questões de facto (matters of fact):

• São proposições cujo valor de verdade tem de ser testado pela


experiência, para ver se são verdadeiras ou falsas.

– Ex. A árvore em frente à minha janela mede 3 metros.


QUESTÕES DE FACTO E RELAÇÕES DE IDEIAS

As questões de facto implicam um confronto das proposições


com a experiência.

– A sua verdade só pode ser determinada a


posteriori.

– As relações entre factos são fundadas na experiência e


contingentes (o contrário é logicamente possível, não
implicando contradição).
Tipos de conhecimento

Relações de ideias: Questões de facto

São verdades intuitiva ou


demonstrativamente certas (OU Apenas podem ser decididas
que podem ser descobertas pela recorrendo à experiência
razão)

O contrário de uma verdade


O contrário de uma verdade
acerca de relações de ideias
acerca de questões de facto não
implica uma contradição e,
implica uma contradição e,
portanto, é logicamente
portanto, é logicamente possível
impossível
A RELAÇÃO CAUSA-EFEITO
• A relação de causa-efeito é geralmente entendida como
sendo uma conexão necessária:

– conexão causal: perante dois acontecimentos sucessivos, o


primeiro dá origem ao segundo, ou o segundo ocorre
porque o primeiro existiu anteriormente.

» determinado efeito produz-se necessariamente a


partir de uma determinada causa;

» sem a causa não se daria o efeito e sempre foi assim


e sempre assim será – o futuro será sempre como o
passado (uniformidade da natureza)
A RELAÇÃO CAUSA-EFEITO

Da primeira vez que um homem viu a comunicação de movimento por impulso, ou


pelo choque de duas bolas de bilhar, ele não poderia afirmar que um evento estava
conectado, mas apenas que estava conjugado com o outro. Depois de ter observado
vários casos desta natureza, passa a declarar que eles estão conectados.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN–CM, 2002, p. 89.

• Explicação de Hume para o facto de termos a ideia de


conexão necessária entre acontecimentos:
– a observação (pela «primeira vez») não mostra que há
uma conexão necessária entre o choque (de uma bola
com a outra) e o movimento (adquirido pela bola que se
encontrava imóvel), mas apenas que esses dois
acontecimentos se seguiram um ao outro / ocorreram
conjugados;
A RELAÇÃO CAUSA-EFEITO

– a observação repetida da sucessão / conjunção / conjugação


desses dois acontecimentos (ainda que não mostre que há uma
conexão necessária entre esses dois acontecimentos) leva-nos a
«declarar que eles estão conectados», porque, irresistivelmente,
associamos a ideia de colisão (de bolas) à ideia de início do
movimento (da bola imóvel);

– esta transição (costumeira/habitual) de uma ideia para a outra


leva-nos a formar a ideia de que os dois acontecimentos estão
conectados / de que há uma conexão necessária entre os dois
acontecimentos, ou é no hábito que reside a explicação para o
facto de termos a ideia de conexão necessária entre
acontecimentos que, repetidamente, se seguiram um ao outro /
ocorreram conjugados.
A RELAÇÃO CAUSA-EFEITO

Quando lanço um pedaço de madeira seca numa lareira, o meu espírito é


imediatamente levado a conceber que ele vai aumentar as chamas, não que as vai
extinguir. Esta transição de pensamento da causa para o efeito não procede da razão
[…]. E como parte inicialmente de um objeto presente aos sentidos, ela torna a ideia ou
conceção da chama mais forte e viva do que o faria qualquer devaneio solto e flutuante
da imaginação.
David Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano».

• A relação entre a madeira seca (considerada causa) e o atear


das chamas na lareira (considerado efeito) não pode ser
logicamente deduzida (não é necessária), mas procede
unicamente da experiência anterior repetida, que gera a
expectativa.
CONJUNÇÃO CONSTANTE, CONEXÃO NECESSÁRIA E HÁBITO
Todas as ideias são copiadas de impressões ou de sentimentos precedentes e, onde não
pudermos encontrar impressão alguma, podemos ter a certeza de que não há qualquer
ideia.
Em todos os exemplos singulares das operações de corpos ou mentes, não há nada que
produza qualquer impressão e, consequentemente, nada que possa sugerir qualquer
ideia de poder ou conexão necessária. Mas quando aparecem muitos casos uniformes, e
o mesmo objeto é sempre seguido pelo mesmo evento, começamos a ter a noção de
causa e de conexão.
David Hume, Tratados Filosóficos I, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa
da Moeda, 2002 (texto adaptado)

• A ideia de conexão causal não pode ser adequadamente


justificada pela experiência:
– a experiência apenas pode revelar a sucessão e a
conjunção constante de acontecimentos, mas não nos dá
a ideia de conexão necessária entre acontecimentos
CONJUNÇÃO CONSTANTE, CONEXÃO NECESSÁRIA E HÁBITO

•Não dispomos de qualquer impressão relativa à ideia de conexão


necessária entre os fenómenos.

•A única coisa que percecionamos é que entre dois fenómenos se verificou,


no passado, uma sucessão e conjunção constante (um deles ocorreu sempre
a seguir ao outro – precedência e contiguidade espácio-temporal).

– Isto não nos pode levar a concluir que entre os factos haja uma conexão
necessária – a relação de causa-efeito é uma ligação entre fenómenos que
se sucedem temporalmente, de forma regular e constante, mas não
constitui uma relação necessária.

•Fundamento da ideia de conexão causal:


– é o peso do hábito que nos leva a crer que dois acontecimentos que se
sucedem ou que acontecem conjuntamente têm uma relação causal entre
si.
CONJUNÇÃO CONSTANTE, CONEXÃO NECESSÁRIA E HÁBITO

• Por exemplo:

– a propensão da mente para acreditar que o Sol nascerá


amanhã é um efeito do «hábito» ou do «costume»;

– essa propensão é formada a partir da experiência da


conjunção constante de dois objetos (ou acontecimentos)
distintos: o fim do período noturno e o nascimento do Sol;

– o «hábito» inevitavelmente leva a que, na presença de um


objeto (ou acontecimento), esperemos que o outro ocorra.
CONJUNÇÃO CONSTANTE, CONEXÃO NECESSÁRIA E HÁBITO
• A observação de conjunções constantes não justifica racionalmente a
crença de que há relações causais na natureza:

– para haver relações causais na natureza, teria de haver conexão


necessária entre os acontecimentos;

– a observação de conjunções constantes de acontecimentos não


mostra que um acontecimento tenha de acontecer caso outro
também aconteça (a observação / a experiência não mostra que
existem conexões necessárias entre os acontecimentos);

– a ideia de conexão necessária é apenas um hábito, que consiste


numa mera disposição mental, não estando racionalmente
justificada.
CONJUNÇÃO CONSTANTE, CONEXÃO NECESSÁRIA E HÁBITO

• O hábito é um guia imprescindível na vida prática, mas


não constitui um princípio racional.

– Não podemos deixar de acreditar na ideia de


regularidade constante dos fenómenos porque, sem
essa crença, a vida seria impraticável.

» A ficção de uma relação causal é útil não só para


a nossa vida quotidiana como é nela, também,
que se baseiam as ciências naturais ou
experimentais.
O PROBLEMA DA INDUÇÃO

• O nosso conhecimento de factos restringe-se às impressões


atuais e às recordações das impressões passadas.

• Uma vez que não dispomos de impressões relativas ao que


acontecerá no futuro, também não possuímos o conhecimento
dos factos futuros.

• As certezas acerca do que acontecerá no futuro têm por base


uma inferência causal – raciocínio indutivo.
O PROBLEMA DA INDUÇÃO

Se se dissesse que experimentámos que o mesmo poder continua unido ao mesmo


objeto e que objetos idênticos são dotados de idênticos poderes, renovaria a minha
pergunta: por que razão, a partir desta experiência, tiramos uma conclusão que
ultrapassa os casos passados de que tivemos experiência?
D. Hume, Tratado da Natureza Humana, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2012, p.127.

• A suposição de que a natureza é uniforme está implicitamente contida nas


inferências indutivas.

– quando fazemos inferências indutivas, chegamos a conclusões acerca


de factos não observados a partir de premissas que descrevem factos
observados;

– a nossa confiança nas conclusões obtidas indutivamente pressupõe que


a natureza funciona do mesmo modo tanto nos casos observados como
nos casos ainda não observados (e isso significa que as inferências
indutivas assentam na suposição de que a natureza é uniforme).
O PROBLEMA DA INDUÇÃO

• O conhecimento acerca dos factos futuros não é rigoroso:

– É uma crença (suposição ou probabilidade).

• A certeza acerca de conhecimentos futuros tem um


fundamento psicológico – o hábito ou costume.

– É o hábito de ver um facto acontecer que nos leva à crença


de que sempre assim sucederá.
CRÍTICAS A HUME

• PROBLEMA DA EXISTÊNCIA DO MUNDO EXTERIOR

A) FENOMENISMO

– As perceções dos sentidos são produzidas por objetos


externos semelhantes a elas?
• As perceções constituem a única realidade acerca da
qual dispomos de alguma certeza – é a vivacidade das
impressões sensíveis que nos impede de rejeitar a nossa
crença natural no mundo exterior.

– Afirmar a existência de uma realidade que seja a causa das


nossas perceções e que seja distinta delas e exterior a elas
é algo desprovido de sentido, pois não temos experiência
ou impressão de tal realidade.
CRÍTICAS A HUME

– Não há forma de saber se as impressões e ideias na nossa


mente correspondem a alguma realidade fora de nós.

– A crença de que as impressões dos sentidos são causadas


por objetos exteriores não está justificada, pois a nossa
mente não tem maneira de conseguir qualquer experiência
da conexão das perceções com os objetos.

• Não podemos conhecer a existência do mundo externo,


mas podemos acreditar que existe: trata-se de uma
crença que não é racionalmente justificável.
CRÍTICAS A HUME

B) CETICISMO MODERADO/MITIGADO

– Como a realidade a que temos acesso se reduz às perceções, a crença


na existência de algo para lá dos fenómenos carece de fundamento.

• A capacidade cognitiva do entendimento humano limita-se ao âmbito


do provável.

• A análise racional das nossas crenças mostra que muitas delas são
injustificadas, pelo que o nosso conhecimento é muito mais limitado do
que habitualmente supomos.

• Hume é cético quanto à possibilidade de encontrarmos um


fundamento para o conhecimento que esteja ao abrigo de toda a
dúvida.
Problema possibilidade do
conhecimento: Ceticismo moderado
Será que é possível conhecer
algo?
Hume é cético quanto à possibilidade de
encontrarmos um fundamento para o
conhecimento que esteja ao abrigo de toda a
dúvida, mas o seu ceticismo não é universal.

A vivacidade A análise racional das nossas


das crenças mostra que muitas delas O nosso
impressões são injustificadas (por exemplo, a conhecimento
sensíveis crença de que as impressões dos é muito mais
impede-nos de sentidos são causadas por limitado do
rejeitar a objetos exteriores não está que
nossa crença justificada, pois a nossa mente habitualmente
natural no não tem maneira de conseguir supomos.
mundo qualquer experiência da conexão
exterior. das perceções com os objetos)
CRÍTICAS A HUME

C) EXCLUSIVISTA

– A única fonte do conhecimento é a experiência.


EXAMES

Hume, a resposta empirista


EXAMES

Comparação entre a resposta


racionalista de Descartes e a resposta
empirista de Hume

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