Fernando Pessoa

Mensagem
Síntese da
unidade

Encontros – 12.o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães

Fernando Pessoa – “Mensagem”: síntese da unidade ● Manual, p. 135

Friso cronológico
IDADE Séc. XV-XVI Séc. XVII Séc. XIX Séc. XX
MÉDIA RENASCIMENTO BARROCO ROMANTISMO REALISMO MODERNISMO

Fernando Pessoa
1888-1935
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Sebastianismo
Mensagem Imaginário épico
(1934) Natureza épico-lírica da obra
● Estrutura da obra

Exaltação patriótica

Dimensão simbólica do herói

Linguagem e estilo
 ↓ O Sebastianismo na Mensagem ↓

Reativar o mito ou os mitos profundos do povo português,

eis o objetivo de Fernando Pessoa, que na Mensagem se faz
o profeta (mas um profeta angustiado, torturado e saudoso)
do regresso de D. Sebastião e da instauração do Quinto
Império, embora um D. Sebastião e um Quinto Império muito
diferentes da tradição comum.
QUADROS, António (1986). “Prefácio”, in Portugal, Sebastianismo e
Quinto Império. Mem Martins: Europa América, p. 28.

Quinto Império Figura de D. Sebastião

É representado pelo Portugal Não o caído em Alcácer-
quinhentista, não o das conquistas, mas Quibir, mas aquele que
o das Descobertas, animado por um sonhou reerguer Portugal,
espírito evolutivo e difusor de cultura, simboliza a imagem do
ultrapassando as fronteiras naturais Portugal que deve
através da ação espiritual. acontecer.
Ex.: “O Quinto Império” Ex.: “Nevoeiro” Voltar
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Imaginário épico A dimensão épica da Mensagem manifesta-

-se mais no seu núcleo histórico do
Natureza que na forma da obra.
épico-lírica
A dimensão lírica é visível no tom reflexivo
da obra e introspetivo que perpassa a obra:
o sujeito poético
“interioriza, mentaliza a matéria
épica, integrando-a na corrente
subjetiva, reduzindo essa matéria
a imagens simbólicas pelas quais
o poeta liricamente se exprime.”
(J. P. Coelho)

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Imaginário épico Os 44 poemas que constituem a

Mensagem encontram-se divididos em
Estrutura três partes, cada uma delas
da obra representando os três momentos
essenciais da existência de Portugal:

❶ Brasão
Nascimento/fundação
❷ Mar Português
Vida/crescimento
❸ O Encoberto
Declínio/renascimento

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I. Os Campos
❶ FUNDAÇÃO II. Os Castelos
Brasão • Nascimento III. As Quinas
• Heróis lendários e IV. A Coroa
históricos V. O Timbre

❷
VIDA / APOGEU
Mar • Ânsia do desconhecido
Português • Domínio dos mares

MORTE / RESSURREIÇÃO
❸ • Estagnação I. Os Símbolos
• Sebastianismo II. Os Avisos
O Encoberto • Iminência da concretização III. Os Tempos
do Quinto Império
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Exaltação A Mensagem revela um

compromisso com a pátria em
patriótica expansão.

Nacionalismo místico
O Portugal de Pessoa é
mítico, porque o real não
satisfaz, nem pela
mentalidade tacanha nem
pelas instituições em crise.

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Dimensão “O assunto da Mensagem não são os

simbólica portugueses ou eventos concretos,
mas a essência de Portugal e a sua
do herói missão por cumprir” (J. P. Coelho).

Os heróis lendários e históricos têm

um valor simbólico.
Ex.: Ulisses, Viriato, D. Dinis,
Infante D. Henrique
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Linguagem e estilo

❶ Linguagem simbólica e lapidar, com recurso a alguns vocábulos

e estruturas arcaizantes, que invocam a épica de Camões.
❷ Linguagem emotiva que enaltece o heroísmo das personagens.

❸ Obra constituída por poemas, regulados por convenções

estróficas, métricas e rimáticas.
❹ Recursos expressivos
Apóstrofe Enumeração Gradação
Interrogação retórica Metáfora
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Apóstrofe
Interpelação de um destinatário, que pode ser (ou não)
humano, real ou fictício, presente ou ausente, através do
vocativo.
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
Recursos expressivos

São lágrimas de Portugal!”

Através da apóstrofe, o sujeito poético
interpela o mar, introduzindo uma
reflexão sobre a relação entre os
portugueses e o mar – a conquista do
oceano pelos lusos foi marcada pelo
sofrimento (metaforizado no choro).

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Enumeração
Apresentação ou listagem sucessiva de elementos
relacionados entre si e, geralmente, da mesma
classe gramatical, de forma a intensificar uma ideia.
Recursos expressivos

“Buscar na linha fria do horizonte

A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.”
A enumeração sugere a diversidade e riqueza
do mundo que se descobre após a viagem, ao
contactar com terras longínquas e
desconhecidas.

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Gradação
Apresentação de determinadas palavras ou conceitos de
forma crescente ou decrescente.
“Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Recursos expressivos

Em árvores onde o Longe nada tinha;

Mais perto, abre-se a terra em sons e cores;
E, no desembarcar, há aves, flores […].”
A gradação está presente em “se aproxima”
(v. 8), “Mais perto” (v. 10) e “no desembarcar”
(v. 11), realçando o movimento progressivo da
aproximação da nau em relação a terra, que culmina
no desembarque.

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Interrogação retórica
Formulação de uma pergunta para a qual não é esperada
resposta por parte do interlocutor, mas que destaca o
assunto que se pretende evidenciar.
A interrogação retórica
Recursos expressivos

“Valeu a pena? Tudo vale a pena introduz uma reflexão

Se a alma não é pequena.” sobre o valor dos
sacrifícios dos
portugueses
necessários à
conquista dos mares.

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Metáfora
Utilização de um termo para designar algo diferente daquilo
que designa habitualmente, a partir de elementos que são
comuns a esse termo e ao que ele refere.
Recursos expressivos

O sujeito poético recorre à

“Na noite escreve metáfora para designar e
[um seu Cantar de Amigo caracterizar D. Dinis, impregnando
O plantador de naus a haver.” esta figura histórica de um forte
valor simbólico – precursor dos
Descobrimentos (D. Dinis mandou
plantar os pinhais que forneceriam
a madeira para construir as naus
utilizadas na expansão
ultramarina).

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Em síntese

Fernando Pessoa, Mensagem

 O Sebastianismo.
 O imaginário épico
– natureza épico-lírica da obra;
– estrutura da obra;
– dimensão simbólica do herói;
– exaltação patriótica.
 Linguagem, estilo e estrutura
– estrutura estrófica, métrica
e rima;
– recursos expressivos: apóstrofe,
enumeração, gradação,
interrogação retórica e metáfora.