mais de três séculos, foi o maior destino de tráfico de africanos no mundo, quase cinco milhões de pessoas. Grande parte dos descendentes daqueles que chegaram também fora escravizada. O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade autossustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas. Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Como a existência do quilombo estimulava as fugas de escravos, os fazendeiros da região reuniram milícias para atacar Palmares durante todo o século 17. Diante dos conflitos constantes, Ganga Zumba, então líder de Palmares, aceitou um acordo de paz com os brancos, em 1678. Isso enfureceu os palmarinos, que assassinaram Ganga Zumba dois anos mais tarde. Zumbi, seu sucessor, liderou uma guerra contra os invasores. Mas na manhã de 6 de fevereiro de 1694 a Cerca Real do Macaco, capital de Palmares, foi ocupada por um batalhão comandado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Nos meses seguintes, as outras aldeias caíram. Zumbi escapou do massacre inicial e liderou uma luta de guerrilhas, mas acabou morto em 20 de novembro de 1695. Na década de 1970, um grupo de quilombolas no Rio Grande do Sul cunhou o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra: uma data para lembrar e homenagear o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, assassinado nesse dia pelas tropas coloniais brasileiras, em 1695. A representação do dia ganhou força a partir de 1978, quando surgiu o Movimento Negro Unificado no País, que transformou a data em nacional. A lei federal 12.519 de 2011 institui o 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. Machado de Assis (RJ, 21/06/1839 — RJ, 29/09/1908) Escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores senão o maior nome da literatura do Brasil. Poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Nascido no Morro do Livramento, Rio de “Todos saímos à rua. Todos respiravam Janeiro, mestiço, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca felicidade, tudo era delírio. frequentou universidade. Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto” Machado de Assis sobre a abolição da escravidão no Brasil, em 1893. Lima Barreto (RJ, 13/05/1881 — RJ, 1/11/1922) Afonso Henriques de Lima Barreto foi um jornalista e escritor que publicou romances, sátiras, contos, crônicas e uma vasta obra em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX. • Recordações do Escrivão Isaías Caminha. “Jamais na minha vida vi tanta alegria. Era geral, era • Triste fim de Policarpo Quaresma. total. E os dias que se seguiram, dias de folganças e • Clara dos Anjos. satisfação, deram-me uma visão da vida inteiramente (de) festa e harmonia”. Lima Barreto, que completava 7 anos em 13/05/1888, recorda a data décadas depois. “O trem parara e eu abstinha-me de saltar. Uma vez, porém, o fiz; não sei mesmo em que estação. Tive fome e dirigi-me ao pequeno balcão onde havia café e bolos. Encontravam-se lá muitos passageiros. Servi-me e dei uma pequena nota a pagar. Como se demorassem em trazer-me o troco reclamei: "Oh! fez o caixeiro indignado e em tom desabrido. Que pressa tem você?! Aqui não se rouba, fique sabendo!" Ao mesmo tempo, a meu lado, um rapazola alourado reclamava o dele, que lhe foi prazenteiramente entregue. O contraste feriu-me, e com os olhares que os presentes me lançaram, mais cresceu a minha indignação. Curti, durante segundos, uma raiva muda, e por pouco ela não rebentou em pranto. Trôpego e tonto, embarquei e tentei decifrar a razão da diferença dos dois tratamentos. Não atinei; em vão passei em revista a minha roupa e a minha pessoa. Os meus dezenove anos eram sadios e poupados, e o meu corpo regularmente talhado. Tinha os ombros largos e os membros ágeis e elásticos. As minhas mãos fidalgas, com dedos afilados e esguios, eram herança de minha mãe, que as tinha tão valentemente bonitas que se mantiveram assim, apesar do trabalho manual a que a sua condição, a obrigava. Mesmo de rosto, se bem que os meus traços não fossem extraordinariamente regulares, eu não era hediondo nem repugnante. Tinha-o perfeitamente oval, e a tez de cor pronunciadamente azeitonada. Lima Barreto – Recordações do Escrivão Isaías Caminha (2004, p. 29-30) Carolina Maria de Jesus (Sacramento, 14 de março de 1914 — São Paulo, 13 de fevereiro de 1977): escritora, compositora e poetisa brasileira, conhecida por seu livro "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada“ (1960). Foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes escritoras do país. Viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé (SP) sustentando a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis.
Conceição Evaristo (Belo Horizonte, 1946)
Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 — 28 de fevereiro de 1935) - compositora, instrumentista e maestrina brasileira. Foi a primeira pianista chorona (musicista de choro), autora da primeira marcha carnavalesca com letra ("Ó Abre Alas", 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Tia Ciata (Santo Amaro da Purificação, 1854 — Rio de
Janeiro, 1924) foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. Em sua casa na Praça Onze, onde os sambistas se reuniam, foi criado o primeiro samba gravado em disco - "Pelo Telefone“. Maria Firmina dos Reis (São Luís, 1825 – 1917) – Considerada a primeira romancista brasileira. Com 22 anos foi aprovada em um concurso para ser professora na cidade. Seu primeiro livro, Úrsula, foi o primeiro romance publicado por uma mulher no país, e também o primeiro antiescravagista.
Luís Gama (São Paulo, (1830 - 1882) -
considerado o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil, um dos raros intelectuais negros do Brasil do século XIX. Mesmo sem formação, exercia advocacia, principalmente para libertação de pessoas negras escravizadas ou acusadas de algum crime Grande Otelo (Minas Gerais, 1915-1993) - Sebastião Bernardes de Souza Prata começou a sua vida artística no circo. Uma das maiores estrelas do cinema nacional, atuou nas principais rádios e emissoras do Brasil. Sua parceria com Oscarito tornou a dupla a mais famosa e bem sucedida do cinema brasileiro. Na época em que era a proibida a entrada de negros pela porta da frente do Cassino da Urca, foi o primeiro a fazê-lo, na companhia da atriz e dançarina norte-americana Josephine Baker.
Pixinguinha (Rio de Janeiro, 1897 – 1973) - Alfredo da Rocha
Vianna Filho é um dos pais do choro brasileiro, ritmo que ajudou a popularizar com a sua maestria para tocar flauta. Ele também dominava o saxofone, cavaquinho e outros instrumentos. Seu pai era flautista e com apenas treze anos o menino já compunha músicas. Com quinze, tornou-se músico pela orquestra do Teatro Rio Branco. Com o tempo o garoto fez partes de importantes grupos musicais da década de vinte, como o Caxangá, saiu em turnês internacionais e ganhou fama como um dos maiores músicos que o Brasil já teve, em uma época em que músicos negros são subvalorizados no Brasil. "Carinhoso" seu arranjo mais conhecido, com composição de Orlando Silva, é considerada uma das obras mais importantes da música popular brasileira. Cartola (Rio de Janeiro, 1908 – 1980) - Angenor de Oliveira foi cantor e compositor brasileiro. "As Rosas Não Falam", música e letra de sua autoria, um clássico do samba, foi escrita quando cartola tinha 67 anos.
Ruth de Souza (Rio de Janeiro 1921 – 2019) - Primeira dama
negra do teatro, do cinema e da televisão do Brasil, Ruth de Souza foi a primeira artista nascida no país a ser indicada ao prêmio de melhor atriz num festival internacional de cinema, por seu trabalho em Sinhá Moça, no Festival de Veneza de 1954. Em 1968, integrou o elenco da TV Globo, tornando-se a primeira atriz negra a protagonizar uma telenovela, em Passo dos Ventos de Janete Clair e depois em A Cabana do Pai Tomás (ambas em 1969), passando a participar intensamente da teledramaturgia da emissora, em diversas produções.