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Formação

Avaliação e Intervenção Psicológica


-Agressores e Vítimas-

Margarida Ferraz, 2019


Psicóloga Clinica
Mestre em Psicologia Clinica e da Saúde – subespecialização em Psicologia Forense
Pós-Graduada em Adições Químicas e Comportamentais
Módulo I – Agressores

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 Módulo Agressores
 Contextualização e Enquadramento
 Psicologia do Agressor
 Avaliação Psicológica do Agressor
 Instrumentos de avaliação
 Avaliação do Risco de violência - Fatores de
Risco e Proteção
 Intervenção com agressores
 Jovens Agressores
 Especificidades do psicólogo no trabalho com
agressores

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Contextualização
• Poderemos definir violência como qualquer forma de uso intencional de força, coação ou
intimidação contra terceiro ou toda a forma de ação intencional que de algum modo, vai lesar os
direitos e necessidades de uma pessoa (Manita, 2005).

Lopes e Gemito (2015) especulam três razões para esse fato:

 Preocupação crescente de várias instituições


 Pelas consequências para as vítimas e para a sociedade
 A violência reconhecida pela sociedade como um problema
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Contextualização
• Segundo Hollin (2001), todas as sociedades já experienciaram os efeitos e custos negativos da
violência e do crime e que é razoável acreditar que o crime fará sempre parte da nossa sociedade. O
autor defende que a problemática do crime tem de ter em conta pelo menos quatro variáveis:

 as vítimas e os danos sofridos pelas mesmas;


 os ofensores e as suas famílias;
 os custos públicos relacionados com os procedimentos legais e com os cuidados de saúde das
vítimas; e os custos sociais no que diz respeito, por exemplo, ao sentimento de insegurança.
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Contextualização
• Beccaria acreditava na existência do livre arbítrio como realidade psicológica, uma faculdade ou
traço do indivíduo que regularia os seus comportamentos, defendendo que genericamente esse arbítrio
seria livre – ou seja, não existem limitações às escolhas ou opções que cada indivíduo realizava (Manita,
1998).

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Contextualização
• Por sua vez, Bentham (cit. Hollin, 2001) defendeu que a punição deveria ter quatro objetivos:
– Prevenir o crime;

– Se não conseguir prevenir o crime, então convencer o criminoso a cometer um crime menos severo;

– Reduzir os danos infligidos à vítima durante a realização do crime;

– Prevenir o crime da forma mais “barata” possível.

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Contextualização
• A emergência da psicologia vem questionar os fundamentos da penalidade clássica,
principalmente no que toca ao livre arbítrio.

• Agra (1986) defende que a emergência da Psicologia enquanto ciência parece estar
profundamente ligada às questões da antissociabilidade e do seu controlo.

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Contextualização

• Inicialmente, a Psicologia tentou explicar o comportamento violento através de abordagens lineares e


unidimensionais.
• Atualmente, defende que o fenómeno da violência tem de ser compreendido de forma multifatorial.
• O fenómeno da violência e a compreensão do comportamento do agressor pode ser integrado nos
quadros explicativos mais amplos da delinquência e da criminalidade.

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Contextualização

• Yamarellos e Kellens (1970 cit. Born, 2005) definem crime como todo “o comportamento
antissocial que dá lugar à aplicação de uma sanção de natureza punitiva pronunciada por um órgão
jurisdicional que emana do poder público”.

• Se a delinquência diz respeito às condutas antissociais que exprimem a inadaptação do indivíduo à


sociedade, o crime é um conjunto de comportamentos com uma sanção penal associada.

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Contextualização
• Born (2005) apresenta 4 teorias explicativas da delinquência/ criminalidade:

Perspetiva psicossocial

- Os atos de delinquência são atos sociais, ou seja, atos que põe em relação os seres humanos, sem que
isso aconteça necessariamente numa relação imediata do aqui e do agora;

- É impossível compreender e tratar delinquência sem se referir à sociedade em que ela existe. É através
da sociedade, das suas regras, das suas normas e das suas leis que o ato delinquente é definido;

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Contextualização
Perspetiva criminológica

- O contexto social e legal em que o crime ocorre define a gravidade do ato cometido, não existindo um
critério claro e definitivo para estabelecer uma ordem de gravidade dos atos.

- Alerta para a questão das “cifras negras” – as informações oficiais oferecem uma visão distorcida da
realidade, pois muitos crimes não são denunciados (ex. crimes familiares e sexuais).

- Enfatiza para a importância de perceber como certas pessoas se tornam “autores de delinquência”.

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Contextualização
Perspetiva Desenvolvimental

- É preciso ter em conta o determinado momento da vida do indivíduo em que o ato delinquente surge,
considerando dois pontos de vista: o da macrogénese e o da microgénese;

- A macrogénese considera a vida do indivíduo antes deste ter passado ao ato,


- A microgénese interessa-se pela sucessão das fases antes e em torno do ato de delinquência;
- A perspetiva desenvolvimental dá especial ênfase ao processo de socialização na compreensão dos atos
delinquentes.

-
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Contextualização
Perspetiva clínica

- Pretende compreender a pessoa no seu funcionamento interno, integra tanto os fatores familiares como
os individuais, permitindo chegar a uma reflexão sobre os componentes possíveis das personalidades
delinquentes;

- Baseia-se sobretudo nos “estudos de casos” – o indivíduo é “a unidade do registo e da análise dos
dados”

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Contextualização

Ao longo dos anos, vários autores mostraram preocupação em compreender porque determinados
indivíduos se tornam criminosos/agressores e outros não. Assim, surgem teorias como:

• Teorias biológicas e psicofisiológicas – leitura determinista do comportamento violento


• Lombroso

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Contextualização
• A existência de um “cromossoma do crime”.

• Sistema límbico (zona da regulação das funções primárias de sobrevivência) e córtex frontal
(local de controlo das interações) na origem das condutas agressivas

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Contextualização
Teorias psicológicas

- Defendem a existência de défices desenvolvidos e manifestados desde idades precoces que estariam na
base dos comportamentos violentos (Manita, 2005).

- Os comportamentos violentos dos agressores resultam de um conjunto de défices comportamentais e


de competências sociais, como por exemplo, défices no controlo do comportamento/impulsividade e
forte tendência para passagem ao ato; défices na resolução de problemas e no raciocínio moral
(Manita, 2005).

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Contextualização
• Algumas destas teorias, como a da vinculação e da aprendizagem social, situam a causa do
comportamento violento na história desenvolvimental do sujeito.
• Uma perturbação na relação de vinculação pode levar a um risco acrescido de dificuldades
relacionais, nomeadamente ao nível da antissociabilidade e da agressividade nas relações íntimas
(Born, 2005; Manita, 2005).

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Contextualização
• Na teoria da Aprendizagem Social, Bandura (1971 cit. Born, 2005) defendeu que a criança adota as
ideias, atitudes e comportamentos julgados adequados e desejáveis aos olhos dos outros membros do
grupo social a que pertence.
• A teoria da aprendizagem social defende que a violência é um comportamento socialmente aprendido
e que, da mesma forma que é aprendido, pode ser desaprendido ou substituído por outro mais
adequado (Manita, 2005).

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Contextualização
Teorias baseadas na família
• De entre as diversas variáveis familiares, a maioria destas teorias destaca as práticas parentais e/ou
os padrões educativos, designadamente o recurso frequente a castigos corporais extremos e o
reduzido nível de interações positivas, a falta de afeto físico e emocional, o uso excessivo da crítica,
embaraço ou humilhação verbal/emocional.
• Não promover educação ou estimulação intelectual ou social, pais agressivos entre si e para com os
filhos; práticas educativas demasiado controladoras ou inconsistentes são também mencionados
pelos autores que investigaram esta teoria (Manita, 2005).

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Contextualização
Teorias sociopolíticas
• O ambiente social em que o indivíduo vive tem uma influência grande no desenvolvimento da sua
personalidade e de condutas ajustadas ou desadequadas à norma social (Born, 2005).
• As sociedades têm elementos de coesão e de conformidade por um lado e, por outro, forças de
desviância e as condições de vida poderão ter um peso importante no que diz respeito a enveredar por
trajetórias criminais.

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Contextualização

 Qualquer teoria que tente abordar o comportamento violento de uma forma unifatorial e
determinista não reconhece a complexidade deste fenómeno.
 Cada vez mais se avança no sentido de explicações multifatoriais e processuais, integrando as
diferentes dimensões biopsicossociais do comportamento do indivíduo, as dimensões
interpessoais e as socioculturais (Manita, 2005).

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Contextualização
Teorias da Personalidade Criminosa
- A tarefa essencial da criminologia consiste em identificar os traços da personalidade característicos dos
criminosos e os processos que conduzem à passagem ao ato (LeBlanc, 1991), através de entrevistas
individuais e de testes psicológicos.

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Contextualização
• Deste modo, Lombroso sugere cinco tipos de personalidade criminosa:
• Criminoso nato
• Criminoso louco ou alienado
• Criminoso profissional
• Criminoso primário
• Criminoso por paixão

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Contextualização
• Eysenck (1972) - a personalidade criminosa é predeterminada, ou seja, o comportamento criminoso é
resultado entre fatores ambientais e caraterísticas hereditárias que se podem conjugar de forma mais
ou menos adaptativa.
• DeGreeff (1945) - defende que as vivências interiores do sujeito e o processo do ato criminoso são
especificas a cada individuo e que a passagem ao ato não é pré-determinada nem imparável.
• O criminoso não é um ser diferente, ele seria igual às demais pessoas, mas diferia em relação a
algumas caraterísticas da personalidade que facilitavam o comportamento delinquente.
• Em suma, o criminoso estabelece uma representação da realidade, desenvolve uma ordem de
valores e significados, na qual a transgressão adquire um determinado sentido que se forma num
dado momento da sua história de vida.

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Contextualização
• As abordagens psicométricas permitiam identificar traços de personalidade que permitiam
identificar delinquentes de não delinquentes assim como, entre o grupo de criminosos aqueles que
tinham mais probabilidade de reincidir.

• Esta abordagem baseava-se na agressividade; egocentrismo; labilidade (volatilidade emocional;


dificuldade em ajustar as emoções às situações); indiferença afetiva.

• Os fatores de temperamento, as aptidões físicas, intelectuais e profissionais, as necessidades nutritivas


e sexuais também podem ter influencia na passagem ao ato.
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Contextualização
Teoria da Personalidade Criminosa de Pinatel (1963)
• Segundo Pinatel, existem quatro traços de personalidade criminosa que seriam idênticos em todos
os delinquentes.
• A presença simultânea e organizada desses traços permitira a passagem ao ato.

• Egocentrismo
• Labilidade
• Agressividade
• Indiferença afetiva
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Contextualização
Teoria da Personalidade de LeBlanc (1991)
• Análise de informações acerca da pessoa e dos seus atos delinquentes (tendo em conta a gravidade,
precocidade e quantidade) e nos elementos familiares e sociais.

• Teoria integrada e dinâmica da personalidade dos delinquentes, baseada em 3 sintomas:


1. Enraizamento criminoso
• (a) ativação
• b) agravamento da delinquência
2. Dissociabilidade;
3. Egocentrismo
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Psicologia do Agressor
• O desenvolvimento da Psicologia levou a que no início do século XX começassem a surgir as
primeiras perspetivas psicológicas acerca do comportamento criminal.

• As abordagens à personalidade do criminoso foram-se desenvolvendo quase desde sempre. Na


verdade, os grandes autores que se dedicaram ao estudo da personalidade acabaram por incluir nas
suas conceptualizações caraterísticas atribuíveis aos sujeitos que praticavam condutas criminosas.

• Os psicólogos não se contentaram com as teorizações relativamente às causas do crime, e uma


sucessão de abordagens terapêuticas foi sendo aplicada ao trabalho com os ofensores – anos 50 e 60
(Holin, 2001). 29
PSICOLOGIA DO AGRESSOR
• As primeiras décadas foram marcadas pelas tensões entre os esforços de reabilitação dos ofensores
através do tratamento, apoiados nos modelos psicológicos da transgressão, e os princípios teóricos da
criminologia, assente em bases sociológicas.

• Inicialmente o trabalho terapêutico com os ofensores foi dominado pela tradição psicodinâmica e a
terapia de grupo também era amplamente aplicada.

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PSICOLOGIA DO AGRESSOR
• Durante os anos 70, os programas educacionais, baseados em princípios comportamentais e
cognitivo-comportamentais tornaram-se populares – tendência que se mantém nos dias de hoje.

• Também nos anos 70 e 80, o modelo reabilitativo sofre um duro golpe (Hollin, 2001; Cooke & Philip,
2001) – o estudo de Martinson (1974) que concluiu que “com poucas e isoladas exceções, os esforços
reabilitativos que tinham sido reportados não tinham qualquer efeito na reincidência. Ou seja, os críticos do
modelo reabilitativo reiteravam que “nada funciona” na intervenção com agressores.

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PSICOLOGIA DO AGRESSOR
• Uma corrente de investigadores defendeu que a prevenção da reincidência não passava pela correção
de características pessoais, mas sim, pela mudança de estruturas sociais (Cooke & Philip, 2001). A ideologia
política da época promovia a punição, independentemente de a reabilitação resultar ou não.

• As tentativas de exterminar a reabilitação individual do ofensor conduziram a que uma série de estudos
fossem executados com o objetivo de (re)avaliar a efetividade da intervenção em agressores.

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PSICOLOGIA DO AGRESSOR
• A punição e as sanções criminais, por si só, não reduzem significativamente a reincidência.

• Em traços gerais, os programas de maior impacto são aqueles:

• com um racional cognitivo-comportamental (maior consenso);

• direcionados para os comportamentos ofensivos dos ofensores de elevado risco;

• altamente estruturados, com objetivos bem definidos;

• com terapeutas experientes;

• e, com uma supervisão cuidada subjacente de forma a garantir a integridade do programa


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(Hollin, 2001; Cooke & Philip, 2001).
PSICOLOGIA DO AGRESSOR
• Atualmente encontra-se amplamente divulgado que o tratamento pode resultar com os
ofensores e que tem um impacto significativo não só nos níveis de reincidência, mas também na vida
dos ofensores e das potenciais vítimas (Cooke & Philipe, 2001).

• Há consenso de que a intervenção com agressores é complementar e não antagónica à que é feita
com vítimas.

• A responsabilidade de mudança é do ofensor e da sociedade e não da vítima e o comportamento


do agressor pode ser mudado (Manita & Matias, 2016).
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PSICOLOGIA DO AGRESSOR
• Em Portugal, a investigação científica e a intervenção junto dos ofensores começaram nas
Faculdades de Psicologia e foram posteriormente impulsionadas pela definição de orientações
políticas e legislativas, especialmente no que diz respeito à intervenção junto de agressores conjugais
(Manita & Matias, 2016).

• Nos últimos dez anos, tem existido um número crescente de programas nacionais para agressores,
orientados em princípios e guias de boas práticas internacionalmente reconhecidos, teórica e
empiricamente sustentados e avaliados (Manita & Matias, 2016).
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PSICOLOGIA DO AGRESSOR
A intervenção em agressores deve ser considerada complementar à intervenção em vítimas e ter como
finalidade:

- a proteção das vítimas,

- a responsabilização do agressor,

- a mudança de comportamentos abusivos

- a prevenção da reincidência.

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PSICOLOGIA DO AGRESSOR
• Se existe hoje uma consciência alargada sobre a necessidade de denunciar as situações de violência e de
apoiar as vítimas de violência, é necessário compreender também que, dada a natureza deste fenómeno e as
características psicossociais dos agressores, uma das formas de proteger as vítimas e de prevenir futuras
vitimizações é, precisamente, favorecer a mudança nos agressores no sentido de um comportamento
relacional, atual ou futuro, não violento (Manita, 2005).

• Assim sendo, percebemos a grande importância da Psicopatologia Forense no trabalho de


avaliação e intervenção com agressores.

• Psicopatologia forense - aplicação dos conhecimentos obtidos ao nível da saúde mental, às


situações de natureza civil, penal ou laboral, em cuja análise se impõe a avaliação do estado mental do
sujeito. 37
Psicologia do Agressor

• Comportamento Antissocial
• Caraterísticas Clínicas e Patologias associadas
• O comportamento antissocial é definido como um padrão estável de desrespeito pelos
direitos dos outros e por violações de normas e regras sociais próprias de uma determinada
cultura. Incluídos nesta definição encontram-se problemas diversos que vão desde o
comportamento de desafio e de oposição até aqueles que são qualificados pela lei como
crime.
• O termo comportamento antissocial tem sido amplamente utilizado para descrever 3
perturbações mentais…

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Psicologia do Agressor
- Perturbação Desafiante de Oposição
• A. Um padrão de comportamento negativista, hostil e desafiador durando pelo menos 6 meses,
durante os quais quatro (ou mais) das seguintes características estão presentes:
• Frequentemente perde a paciência
• Frequentemente discute com adultos
• Com frequência desafia ou se recusa ativamente a obedecer a solicitações ou regras dos adultos
• Frequentemente perturba as pessoas de forma deliberada
• Frequentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento
• Mostra-se frequentemente suscetível ou é aborrecido com facilidade pelos outros
• Frequentemente enraivecido e ressentido
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• Frequentemente rancoroso ou vingativo
Psicologia do Agressor
• Obs.: Considerar o critério satisfeito apenas se o comportamento ocorre com maior frequência do que
se observa tipicamente em indivíduos de idade e nível de desenvolvimento comparáveis.
• B. A perturbação do comportamento causa prejuízo clinicamente significativo no funcionamento
social, académico ou ocupacional.
• C. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Psicótico ou
Transtorno do Humor.
• D. Não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Conduta e, se o indivíduo tem 18 anos ou mais,
não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Personalidade Antissocial.

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Psicologia do Agressor
- Perturbação do comportamento
• A. Um padrão de comportamento repetitivo e persistente, em que são violados os direitos básicos dos
outros ou importantes regras ou normas sociais próprias da idade, manifestando-se pela presença de 3
(ou +) dos seguintes critérios, durante os últimos 12 meses, e pelo menos de 1 critério durante os
últimos 6 meses:
• Agressão a pessoas ou animais
• Destruição da propriedade
• Falsificação ou roubo
• Violação grave das regras

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Psicologia do Agressor
• B. A perturbação do comportamento causa um défice clinicamente significativo no funcionamento social, escolar
ou laboral.
• C. Se o sujeito tem 18 anos ou mais, não reúne os critérios de Perturbação da Personalidade.
• Codificar o tipo em função da idade de início:
• Tipo início na 2ª infância
• Tipo início na Adolescência
• Perturbação do Comportamento, início não especificado
• Especificar gravidade:
• Ligeira
• Moderada
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• Grave
Psicologia do Agressor
- Perturbação Antissocial da Personalidade (DSM-IV-TR)
• Padrão global de desrespeito dos direitos dos outros, ocorrendo desde os 15 anos, indicado por 3
dos seguintes itens:
• Incapacidade para se conformar com a s normas sociais no que diz respeito a comportamentos
legais, como é demonstrado pelos atos repetidos que são motivo de detenção
• Falsidade como é demonstrado por mentiras e nomes falsos, ou contrariar os outros para obter
lucros ou prazer;
• Impulsividade ou incapacidade para planear antecipadamente
• Irritabilidade e agressividade, como são demonstradas pelos repetidos conflitos e lutas físicas
• Desrespeito temerário pela segurança de si próprio e dos outros.
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Psicologia do Agressor
• Irresponsabilidade consistente, como é demonstrado pela incapacidade repetida para manter um
emprego ou honrar obrigações financeiras
• Ausência de remorso, como é demonstrada pela racionalização e indiferença com que reagem
após terem magoado, maltratado ou roubado alguém.

- A pessoa ter uma idade mínima de 18 anos


- Existe evidência de perturbação do Comportamento antes dos 15 anos.
- O comportamento antissocial não ocorre exclusivamente durante a evolução de esquizofrenia ou
de um episódio maníaco. 44
Psicologia do Agressor
A Perspetiva da Cognitivo-Comportamental
• As variáveis de natureza cognitiva têm um papel nuclear como mediadoras entre a experiência prévia e o
desenvolvimento de um padrão de comportamento antissocial.
• A investigação tem mostrado que as distorções no processamento de informação social (erros de processamento)
possuem um importante papel na manutenção de comportamentos antissociais.
• Tem sido dada cada vez mais importância ao papel que as estruturas cognitivas (crenças ou esquemas)
desempenham na vulnerabilização dos indivíduos para o desenvolvimento de psicopatologia e de padrões de
comportamento disfuncional.
• Estas intervenções devem visar a desconstrução do esquema (debate/flexibilização de crenças).

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Psicologia do Agressor
• A visão do eu e dos outros: crença de abandono; privação emocional; desconfiança/abuso;
defeito/inferioridade; indesejabilidade/exclusão social; fracasso; grandiosidade; autocontrolo
insuficiente (Rijo et al., 2007).

• A forma como as estruturas cognitivas processam a informação social conduz a uma leitura distorcida
dos eventos sociais, que irá gerar níveis elevados de afeto negativo e, consequentemente, a estratégias
interpessoais igualmente desadaptativas.

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Psicologia do Agressor

• De acordo com a Teoria Focada nos Esquemas (Rafaeli et al., 2011) os processos esquemáticos,
através dos quais os esquemas exercem a sua influência no comportamento podem ser de 3 tipos:

• processos de manutenção;

• processos de evitamento

• processos de compensação.

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Avaliação Psicológica do Agressor
• Na avaliação psicológica forense observam-se alguns constrangimentos como:
• Esforço mínimo e mentira por parte do agressor
• Artificialidade da avaliação
• Enviesamento cultural
• Inexistência de dados normativos para a população portuguesa.
• Deste modo, devemos, enquanto terapeutas, ter especial atenção e rigor na escolha dos testes,
administração e cotação.
• Muitas vezes, este tipo de avaliações é pedido pelo sistema de justiça o que eleva o nível de rigor e
exatidão dos resultados e devemos responder ao que nos é pedido.
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Avaliação Psicológica do Agressor
• Desta forma, sugerem-se as seguintes provas:
• Domínio cognitivo:
• WAIS-III (Wechsler, 1997; adaptação portuguesa de CEGOC, 2008)
• Escala de Memória de Wechsler (EMW; Wechsler, 1969, 1974)
• Matrizes Progressivas de Raven (Raven, 1936; adaptação portuguesa Simões, 1994,
2000).

• Em caso de o sujeito apresentar debilidade cognitiva ou poucos recursos pode recorrer-


se a testes de rastreio cognitivo, como o MoCA, o MMSE ou ACE-R. 49
Avaliação Psicológica do Agressor
• Sintomatologia psicológica:

• Inventário de Ansiedade Traço-Estado (STAI; Spielberger et. al, 1970; adaptação portuguesa de
Santos & Silva, 1997; Silva, 2003).

• BDI-II (Beck, Steer, Brown, 1996; versão portuguesa de Campos & Gonçalves, 2011)

• BSI (Derogatis, 1982; Canavarro,1999).

• STAXI-II - Inventário de Expressão de Ira Estado-Traço - 2ª Versão (C. D. Spielberger, 1927)


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Avaliação Psicológica do Agressor
• Domínio da Personalidade:
• Inventário Clinico Multiaxial de Millon – III (MCMI-III; Millon, Davis & Millon, 1997)
 Também existe versão para adolescentes (MACI; 1993).
• MMPI-II
• EPQ-R - Eysenck Personality Questionnaire-Revised (Eysenck; Almiro e M.R. Simões,
2013)
• PCL-R (Hare, 1991)
• Técnicas Projetivas: Rorschach; TAT…
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Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso
• A avaliação de risco é um processo de recolha de informação que vai permitir compreender o
risco de reincidência e as necessidades de intervenção num sujeito que cometeu um ato de violência.

• A avaliação de risco poderá aumentar a eficiência do Sistema de Justiça, identificando os


ofensores de baixo risco que podem efetivamente beneficiar de um regime de liberdade condicional e
os ofensores de alto-risco que devem ser presos ou encaminhados para um programa reabilitativo.

• Um instrumento de avaliação de risco e necessidades vai medir fatores de risco criminais e


necessidades específicas que, se devidamente respondidas, vão ajudar a diminuir a probabilidade de
atividade criminal futura (James, 2015).
52
Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso

• Os instrumentos de avaliação de risco consistem numa checklist que auxilia o técnico a


conduzir uma entrevista com o agressor, recolhendo dados sobre comportamentos e atitudes
que a investigação e/ou a prática clínica indica que estão associados ao risco de reincidência
criminal.

• Assim, os dados recolhidos na entrevista com o ofensor podem ser complementados com
informações do processo judicial. Posteriormente, tendo em atenção a pontuação final, o
ofensor será identificado numa categoria de risco: “baixo”, “médio” ou “alto” (James, 2015).
53
Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso
• Segundo Almeida (2012), os objetivos da avaliação de risco são a prevenção e o desenvolvimento de estratégias de
gestão para minimizar os comportamentos de risco, ou seja, compreender como e porquê os certos indivíduos
escolhem agir violentamente e determinar quais os fatores que contribuem para que futuramente o sujeito opte pela
violência (Hart, 2001; Kropp, 2004; Monahan, 1994), e, assim, auxiliar o sistema de justiça na atribuição de medidas
mais apropriadas (Kropp, 2007)”.

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Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso

• Deste modo, o objetivo primordial é conhecer a probabilidade de reincidência daquele sujeito,


se ele apresenta um risco para a comunidade e quão elevado é o risco.

• Em suma, o objetivo é Promover a Segurança Pública (Casey, Warren, Elek, 2011)


nomeadamente a segurança das vítimas.

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Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso
• Os fatores de risco são indicadores que a literatura identifica como sendo preditores de
(re)ocorrência de violência ou crimes.

• Os fatores de risco não são as causas da violência, apenas aumentam a probabilidade de que a
mesma ocorra, podendo ser estáticos ou dinâmicos.

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Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso
Fatores de risco estáticos - não mudam ao longo do tempo:
– Idade do primeiro crime

– Género

– Problemas no passado com abuso de drogas ou álcool;

– Perturbações psicológicas.

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Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso
Fatores de risco dinâmicos - necessidades “criminogénicas”, são alteráveis e podem ser alvo de
intervenção
– Idade no momento em que cometeu o crime

– Nível educacional

– Estado civil

– Atualmente empregado ou em programa de tratamento;

– Ter uma residência estável.

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Avaliação do Risco de Comportamento Criminoso
A Perfectiva do Modelo dos Fatores de Risco - “Big Eight” (Andrews & Bonta, 2010), percursores do
comportamento criminal:
- História de comportamento antissocial
- Padrão de Comportamento Antissocial
- Atitudes e valores antissociais
- Pares antissociais
- Fatores familiares
- Fatores escolares
- Ausência de hobbies e atividades recreativas
- Abuso de substâncias 59
Instrumentos de Avaliação do Risco
Itens Históricos (passado):
Itens Clínicos (presente): Itens Gestão de Risco (Futuro):
Existência de comportamentos violentos no passado;
Falta de insight Planos para o futuro inexequíveis,
Idade em que ocorreu o primeiro incidente violento;
Atitudes Negativas, ou seja, a existência de atitudes Exposição a elementos desestabilizadores,
Instabilidade relacional;
antissociais e pró-criminais. Falta de suporte pessoal de amigos e família
Problemas de empregabilidade; Não apresenta motivação e vontade de se
Sintomas ativos de perturbações mentais, tendo em conta
Abuso de substâncias; o DSM ou do ICD. comprometer com os planos terapêuticos
Problemas de saúde mental; Impulsividade Stress.

Psicopatia – avaliada pela PCL-R Não adere aos tratamentos sugeridos com vista a diminuir

Problemas na escola, em casa ou na comunidade (antes dos os problemas que apresenta

17 anos)

Perturbação de Personalidade diagnosticada no passado Avaliação do Risco de


Violação das ordens de tribunal no passado (e.g. suspensão Violência – HCR-20
provisória). (Webster, Douglas, Eaves &
Hart, 1997)
60
Instrumentos de Avaliação do Risco

 Avaliação do Risco de Violência Conjugal – SARA:PV (Kropp, Hart, & Belfrage, 2005)
• um instrumento de avaliação de risco de violência conjugal: Versão para polícias e foi adaptado
para a realidade portuguesa por Almeida & Soeiro (2010).

• avalia 10 fatores de risco

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Instrumentos de Avaliação do Risco
• História de Violência Conjugal
• 1. Atos Violentos
• 2. Ameaças ou pensamentos violentos
• 3. Intensificação da violência
• 4. Violação das ordens do tribunal
• 5. Atitudes violentas
• Ajustamento Psicossocial
• 6. Outros Crimes
• 7. Problemas de relacionamento
• 8. Problemas de emprego
• 9. Problemas relacionados com o abuso de substâncias
• 10. Problemas de saúde mental 62
Instrumentos de Avaliação do Risco
 Avaliação do Risco de Violência Sexual – SVR- 20 (Boer, Hart, Kropp & Webster, 1995)
• Sexual Violence Risk-20 é um dos instrumentos mais utilizados na avaliação de risco
dos ofensores sexuais (Rettenberger, Hucker, Boer, Eher, 2009).

• Os 20 itens identificados como fatores de risco para a violência sexual estão divididos
em três domínios diferentes…

• Domínio do Ajustamento Psicológico

• Domínio História das Ofensas Sexuais

• Domínio Planos Futuros


63
Fatores de Proteção
• Fatores de proteção - mecanismos que um indivíduo dispõe internamente ou capta do meio em

que vive, que o ajudam a superar situações de adversidade

• Muitos autores acreditam que focando apenas nos fatores de risco, os instrumentos de avaliação

de risco provavelmente predirão níveis de reincidência mais elevados do que a realidade, o que é

negativo tanto para o ofensor que será sujeito a níveis de intervenção mais elevados, como para a

sociedade em termos de custos económicos (Robbé & Vogel, 2012).

64
Fatores de Proteção
• Os fatores de proteção para o risco de violência são definidos como as características de um
ofensor, ou alternativamente, do seu ambiente ou situação, que reduzem o risco de
comportamento violento futuro.
• Os fatores de proteção têm em conta variáveis pessoais e situacionais e as intervenções mais
eficazes não se devem focar apenas em diminuir os fatores de risco, mas também em
reforçar os fatores de proteção.
• À semelhança dos fatores de risco, a investigação tem encontrado fatores de proteção
dinâmicos e estáticos (Robbé & Vogel, 2012).

65
Fatores de Proteção
• Fatores de proteção estáticos

• Fatores de proteção dinâmicos

66
Fatores de Proteção
• SAPROF - Structured Assessment of Protective Factors for violence risk
• instrumento complementar aos instrumentos de avaliação do risco de violência, tais como o
HCR-20.
• Este instrumento foi desenvolvido para ser utilizado em psiquiatria forense e clínica e no sistema
judicial.
• É aplicável em adultos violentos e ofensores sexuais, de ambos os sexos.

67
Fatores de Proteção
• O SAPROF é uma checklist que inclui 17 fatores de proteção que podem ser cotados numa escala de
três pontos (0-2).
• Dos 17 fatores de proteção avaliados, apenas dois são estáticos, sendo os restantes dinâmicos. Os itens
abordam três domínios diferentes (fatores internos, fatores motivacionais e fatores externos).
• Fatores internos
• Fatores externos
• Fatores Motivacionais

68
Modelo Risco-Necessidade- Responsividade

• Modelo baseado na psicologia social do crime, que advoga que os fatores individuais e os fatores
situacionais/sociais interagem de modo a criar valores, cognições, e orientações de personalidade que
conduzem à atividade criminal.

69
Modelo Risco-Necessidade- Responsividade
• Este modelo foca-se nas causas do crime que são suscetíveis de mudança (James, 2015).

• modelo de avaliação do risco e de intervenção em agressores que engloba práticas


cientificamente fundamentadas com o objetivo de reduzir a reincidência.

• O modelo implica avaliar o risco, responder às necessidades criminogénicas (fatores de risco


dinâmicos) e providenciar tratamento adequado à capacidade cognitiva do ofensor.

70
Modelo Risco-Necessidade- Responsividade

• Este modelo baseia-se no princípio do risco, no princípio da necessidade e no princípio da responsividade:


- O princípio do Risco

- O Princípio da Necessidade

- O Princípio da Responsividade

71
Modelo Risco-Necessidade- Responsividade
Princípios do Modelo

1. A reincidência só é reduzida quando os ofensores de “alto risco” são colocados em programas de reabilitação
intensivos, onde estão disponíveis uma ampla variedade de recursos.

2. Ofensores de baixo risco que são colocados em programas intensivos tiveram um aumento de probabilidade de
reincidirem;

3. Programas que aderem aos princípios RNR são mais eficazes a reduzir a reincidência;
4. O tratamento é mais efetivo quando realizado em contexto comunitário;
5. Os 8 fatores de risco identificados parecem ser os melhores preditores de comportamento criminal futuro.
72
Modelo Risco-Necessidade- Responsividade
• O modelo de Risco-Necessidade-Responsividade, não obstante as críticas, apresenta fortes evidências
científicas da sua eficácia tanto no que diz respeito à avaliação do risco como à intervenção.

• A avaliação de risco é um procedimento que se devidamente executado pode ter impacto significativo
na vida dos ofensores e das suas potenciais vítimas, na gestão dos recursos judiciais e na prevenção do
crime.

73
Intervenção Psicológica com Agressores
• A eficácia dos diferentes modelos de intervenção foi sendo testada através da realização de meta-
análises e da prática clínica, sendo certo que a reincidência é um forte indicador do insucesso da
intervenção, não obstante os ganhos pessoais que a terapia pode ter surtido na vida do ofensor.

• Os programas de gestão da zanga e os grupos de autoajuda, por si só, não são considerados
programas de intervenção eficazes.

• Enquanto os programas psicoeducativos e os psicoterapêuticos são aqueles que são mais utilizados
atualmente e considerados mais eficazes, responsabilizando o agressor e recorrendo a uma ampla
variedade de estratégias. 74
Intervenção Psicológica com Agressores
Programas de gestão da Zanga/Ira

• Consistem num treino de competências de autocontrolo emocional e comportamental, seguindo o


princípio que a violência resulta de um défice na capacidade do indivíduo se gerir emocionalmente.

• Promovem treinos de autoinstrução que ajudam a reconhecer as situações que provocam respostas violentas e
promovem a aprendizagem de autoinstruções inibitórias destinadas a controlar respostas agressivas automáticas.

• A curto prazo, ou integradas em intervenções mais amplas, poderão suscitar efeitos positivos, mas a médio e
longo prazo este tipo de programa não suscita uma mudança pessoal suficientemente profunda para, por si só,
resolver o problema da violência (Manita, 2005). 75
Intervenção Psicológica com Agressores
Programas Psicoeducativos
• Procuram desenvolver formas eficazes de envolver os agressores no processo de mudança, não
deixando todavia de os responsabilizar pelo seu comportamento.
• São implementados com agressores que não apresentem nenhum tipo de psicopatologia e realizam-se
habitualmente em grupo – grupos orientados por profissionais e não grupos de autoajuda.

76
Intervenção Psicológica com Agressores
Modelos Psicoterapêuticos
• Os mais utilizados são os cognitivos e os cognitivos comportamentais, englobando, o treino de competências
sociais, de competências de tomada de perspetiva, de competências de regulação emocional e autocontrolo.
• Estes modelos seguem o pressuposto de que os comportamentos violentos podem ser originados por défices em
determinados processos cognitivos ou por uma incapacidade do indivíduo utilizar certas competências.
• Trabalham motivações e processos associados às trajetórias de violência de cada indivíduo e a consciencialização
e responsabilização dos seus atos e pelas consequências sobre as vítimas. Também, promovem a transformação e
eliminação do comportamento agressivo/violento/criminoso.

77
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM AGRESSORES
Modelo Punir, Tratar, Controlar

três vértices:
• Punir através das sanções penais,
• Tratar através de programas reabilitativos
• Controlar através de um follow-up
adequado.

78
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM AGRESSORES
Modelo Punir, Tratar, Controlar

• A intervenção deve partir do momento punitivo, e incidir de forma equilibrada na


vertente do tratamento e na do controlo ou em ambas simultaneamente, produzindo,
sempre que necessário e conveniente o “recuo” à instância punitiva.
• A aposta no tratamento é igualmente importante, uma vez que não há reabilitação
sem intervenção ou tratamento.
• A lei defende que a prisão deverá ser punitiva mas sobretudo ressocializadora.
Daí, a necessidade de os programas integrarem sempre um módulo de prevenção da
recaída.
79
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM AGRESSORES
Modelo Punir, Tratar, Controlar
• Este modelo alerta também para a necessidade de realizar uma boa avaliação antes de procedermos à
intervenção. A avaliação deve incluir variáveis sociodemográficas, jurídico-penais, clínicas.

• Variáveis sociodemográficas

• Variáveis de caráter jurídico-penal

• Variáveis clínicas

80
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM AGRESSORES
Modelo Punir, Tratar, Controlar

• Os objetivos da avaliação clínica realizada com o ofensor passam por:

• – Avaliar o risco atual que o mesmo representa;

• – Estabelecimento de um prognóstico para o seu tratamento.

81
Resistir à mudança é normal?
• A resistência normal: existe coerência de comportamento e de estilo de processamento de informação
• A resistência patológica:
• Rigidez
• Deturpação da realidade/factos
• Inadaptação
• Gera sofrimento, dano e comportamentos autoderrotistas
• Agressores:
• Se o CAS resulta de evitamento e compensação esquemática, dificilmente aderem à mudança
• Nos agressores, o CAS resulta da sua identidade… não acreditam serem capazes de ser qualquer outra coisa
• Modelos evolucionários: a agressão é uma forma de exercer dominância e manter o status no ranking social
82
A Entrevista Motivacional e o Modelo Transteórico da mudança

• A entrevista motivacional pode ser descrita como uma abordagem promotora da


mudança indicada para ser utilizada em diversos contextos nos quais diversos
técnicos lidam com sujeitos resistentes à mudança, que negam possuir um problema.

• O paradigma do empowerment, frequentemente utilizado em contexto de reabilitação


de agressores tem salientado a necessidade de envolver os agressores, os técnicos e
as instituições nos processos de mudança.

83
A Entrevista Motivacional e o Modelo Transteórico da mudança

• A entrevista motivacional é um modelo de intervenção que pode ser utilizado de diversas


formas e momentos, desde uma intervenção inicial de modo a promover o envolvimento num
processo terapêutico, no desenvolvimento pessoal e social, e até mesmo ao longo de todo o
processo de mudança.

84
A Entrevista Motivacional e o Modelo Transteórico da mudança

• Estratégias para lidar com a resistência:


• Reflexão simples;
• Reflexão ampliada;
• Reflexão double-sided (de dois lados)
• Mudar o foco
• Concordar, mas com alguma mudança
• Enfatizar a liberdade de escolha e o controlo pessoal da pessoa
• Reinterpretar
• Paradoxo terapêutico 85
A Entrevista Motivacional e o Modelo Transteórico da mudança

• Tendo em atenção os estádios de mudança, o terapeuta deve:


• Pré-contemplação

• Contemplação
• Preparação da ação
• Ação
• Manutenção da mudança
86
Programas globais - Exemplos
• Treino de resolução de problemas sociais (Spivack, Platt & Shure, 1976)
• Treino de Substituição da Agressão (TSA) (Goldstein, Glick, Irwin, MacCartney & Rubama, 1989)
• Pensamento e Reabilitação (Ross & Fabiano, 1985)
• PPS ― Pensamento Pró-social (Ross, Fabiano, Garrido & Goméz, 1993; versão portuguesa de Pinto
Gouveia, Matos, Rijo, Castilho, Galhardo, Navalho & Perdiz, 2001)
• Aventura Social e Risco ― Programa de Competências de Relacionamento Interpessoal (Matos,
Simões, Carvalhosa & Canha, 2000)

87
Programas globais - Exemplos
• GPS ― Gerar Percursos Sociais (D. Rijo, M. N. Sousa, J. Lopes, J. Pereira, J. Vasconcelos, M. C. Mendonça,
M. J. Silva, N. Ricardo & S. Massa, 2004; edição definitiva – Fev. 2006)
• SOTP - Sexual Offender Treatment Programme - Indivíduos que cometeram crimes sexuais
• Modelo Duluth - Intervenção com agressores domésticos
• Contigo - Intervenção com agressores domésticos
• PAVD - Intervenção com agressores domésticos
• Intervenções com indivíduos condenados por conduzir sem carta ou embriagados

88
Intervenção com Jovens Agressores
• A expressão da delinquência juvenil varia em termos dos comportamentos manifestados, da sua
frequência, intensidade e das trajetórias de evolução. Esta heterogeneidade pode dificultar a
identificação das estratégias de intervenção mais eficazes (Negreiros, 2008).

• A intervenção com agressores tem como objetivo principal evitar a reincidência, objetivo esse
que se vê reforçado quando intervimos com a população mais jovem. Deste modo, os programas de
intervenção são também estratégias de prevenção.

89
Intervenção com Jovens Agressores
Abordagens de prevenção/intervenção nos comportamentos antissociais com jovens (Negreiros, 2008) :
Estratégias baseadas no desenvolvimento de competências:
• Atividades e estratégias com o objetivo de promover a aprendizagem de competências consideradas
importantes na adaptação e na promoção de um comportamento próssocial. Segundo o autor, os
jovens delinquentes apresentam défices nas seguintes áreas:
 Competências Sociais
 Resolução de Problemas
 Tomada de Perspetiva do Outro
 Regulação Emocional e Autocontrolo

90
Intervenção com Jovens Agressores
Intervenções ao nível da família:
• Este tipo de abordagem de intervenção baseia-se na convicção de que o comportamento delinquente resulta
da justaposição de vulnerabilidades pessoais (os défices) com um ambiente familiar desfavorável.

• Os pais com comportamentos antissociais manifestam comportamentos e atitudes mais inconsistentes nos
limites que impõem à criança (castigos corporais extremos ou ser demasiado permissivos), e, têm tendência a
reforçar comportamentos inadequados e a ignorar ou punir comportamentos pró-sociais.

• As práticas de disciplina inadequada criam um terreno propício para a emergência de interações coercivas
entre os pais e a criança (Negreiros, 2008).

91
Intervenção com Jovens Agressores
Intervenções em contextos escolares:

• As crianças com comportamentos agressivos apresentam frequentemente problemas de atenção e fracas


capacidades de leitura, assim como défices cognitivos no domínio social.

• Estes fatores agregados a um desadequado apoio familiar promovem o baixo rendimento escolar. Nas duas
últimas décadas têm vindo a delinear-se um conjunto de estratégias e técnicas preventivas centradas no
estabelecimento de um ambiente positivo para a aprendizagem, através da utilização frequente e apropriada de
encorajamento e elogios, reforçar o sentimento de entreajuda e reduzir a alienação na sala de aula.

• Mais recentemente, têm surgido estudos que verificaram que a prática de técnicas de mindfulness em contexto
escolar promove inteligência emocional nas crianças, o que é bastante benéfico para uma saudável gestão emocional.
92
GPS – Gerar Percursos Sociais
• Estrutura do Programa
• Módulos sequenciais divididos em sessões
• 40 Sessões + sessões de follow up
• Periodicidade das sessões : Semanal ou (Bi-semanal)
• Grupo de 8 elementos (máximo 10/12)
• Idades : > 16 anos
• Duração da sessão : 90 minutos
• Equipa técnica : 2 Animadores (um deles com formação em psicologia:
modelos cognitivos)
(D. Rijo, M. N. Sousa, J. Lopes, J. Pereira, J. Vasconcelos, M. C. Mendonça, M. J. Silva, N. Ricardo & S. Massa, 2004; edição 93
definitiva – Fev. 2006)
Delinquência Juvenil e o Sistema Legal
• A Lei Tutelar Educativa constitui o quadro de referência da intervenção na delinquência juvenil,
definindo-a enquanto “prática, por menor com idade compreendida entre os 12 e os 16 anos, de facto qualificado
na lei como crime dá lugar à aplicação de medida tutelar educativa.” (art.º 1.º da LTE).

• Esta lei prevê a intervenção junto dos jovens que praticam estes atos no sentido da sua
responsabilização e “educação para o direito” (Sousa Santos, 2004). Em concreto, estabelece um
conjunto de medidas designadas por medidas tutelares educativas, incluindo as não institucionais e a
medida mais grave de internamento em Centro Educativo (Cunha, 2014). 94
Delinquência Juvenil e o Sistema Legal
• Medidas tutelares educativas:
Admoestação
Proibição de conduzir ciclomotores ou de obter permissão para os conduzir
Reparação ao ofendido
Realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade
Imposição de regras de conduta
Imposição de obrigações
Frequência de programas formativos
Acompanhamento educativo
95
Internamento em Centro Educativo (IRS)
Especificidades Intervenção com Agressores
– Envolvimento com o Sistema de Justiça e a necessidade de articulação entre a Intervenção Psicológica
e Intervenção Judicial;
– Necessidade de ajustar algumas questões éticas e deontológicas na prática psicológica – relatórios de
acompanhamento vs. Perícias psicológicas, obrigatoriedade de cumprir medidas;
- Baixa motivação para a mudança (distinção entre agressores encaminhados pelo Sistema Judicial e
aqueles que voluntariamente procuram ajuda);
- Tentativa de instrumentalização dos técnicos e dos serviços: manipulação dos sujeitos; desejabilidade
social; relação terapêutica de confiança é posta, muitas vezes, em causa.
- Avaliação inicial do agressor deve ter em conta a sua “perigosidade”, o risco de reincidência e a
“tratabilidade”; 96
Especificidades Intervenção com Agressores
– Adequação do programa e estratégias de intervenção ao agressor - contexto cultural e características
pessoais do ofensor;
– Dificuldade na articulação com o Sistema Judicial, pois os agressores são encaminhados para
acompanhamento psicológico sem serem submetidos a avaliação psicológica prévia – tempos de
intervenção impostos nem sempre são compatíveis com as necessidades de intervenção.
- Falta de programas de intervenção em agressores aplicados dentro das prisões;
- Escassez de instrumentos de avaliação devidamente validados;
- Desconstruir a ideia da imutabilidade do comportamento dos agressores (Manita 2005; Manita, 2008;
Manita e Matias, 2016).
97
Sobre a relação terapêutica
• Características do Terapeuta
• Domínio do modelo conceptual (cognitivo, emocional, comportamental, interpessoal)
• Flexibilidade interpessoal
• Coping com a frustração
• Tolerância
• Abertura pessoal — comunicação de sentimentos
• Autoconhecimento
• Sentido de humanidade, de justiça e de igualdade
• Interesse genuíno pelo outro
• Ver a pessoa e o sofrimento para além do crime e do padrão relacional desconfortável 98
Sobre a relação terapêutica
• O terapeuta deve ser cuidadoso e muito empático ao confrontar o evitamento devido aos
elevados níveis de sofrimento que pode desencadear
• Saber lidar com explosões de raiva resultantes do combate ao evitamento (dissociar do
sofrimento)
• Muitos destes doentes recusam mostrar-se frágeis perante outros… e por isso evitam
confrontar-se com as suas próprias vulnerabilidades
• Confrontar excessivamente pode ser interpretado como um ataque!

99
Saúde Mental e Reclusão
• A pena de prisão pode ser uma oportunidade privilegiada para fornecer tratamento adequado para problemas de
saúde mental
• Pode ajudar a manter a ligação ao tratamento para aqueles que não cumpriam o tratamento na comunidade
• Deveria ajudar os indivíduos a prosseguirem a sua recuperação/tratamento após o cumprimento da pena, em
contextos comunitários
• Mas:
• Em muitos casos, é a prisão que corta a ligação ao tratamento que o sujeito recebia previamente,
• Atrasa o tratamento ou implica alterações no plano de tratamento, diminuindo a capacidade de controlo da
doença,
• A cultura interpessoal da prisão reforça a manutenção da psicopatologia previamente existente 100
Módulo II – Vítimas
o Diferentes tipos de crime
o Impacto da vitimação
o Níveis de vitimação
o Reações da Vítima de Crime
o Consequências da vitimação
o Atendimento a Vítimas de Crime
o Instrumentos de avaliação psicológica
o Especificidades da Intervenção com vítimas
o Intervenção
o Apoio Psicológico
o Dificuldades emocionais na intervenção com vítimas
o Caso prático
101
Tipos de Violência

102
Diferentes tipos de crime
o Crimes contra as pessoas e a humanidade
o Crimes contra a honra
o Crime de violência doméstica
o Crimes contra o património
o Crimes contra a vida em sociedade e o estado
o Crimes rodoviários
o Outros crimes
103
Impacto da vitimação
o Cada pessoa reage de forma diferente à vitimação.
o A vitimação pode decorrer:
o Traumático
o Brusca
o Inesperadamente
o Irreversível
o Fora do seu controlo
o Ameaça o seu bem-estar psíquico
o Experiência angustiante
o É fundamental compreender o impacto da vitimação nas suas diversas circunstâncias.
104
Impacto da vitimação

o A percepção do impacto por parte da vítima está relacionada


com o dano pessoal e com factores pessoais.

o As consequências da vitimação dependem dos factores do


meio que influenciam as consequências da vitimação e as
dificuldades que, na sua sequência, se venham a criar.

105
Níveis de vitimação
Primeiro nível

o Uma pessoa pode experimentar um dano sem se reconhecer como vítima,


mesmo no caso de existirem lesões e sofrimento resultantes da culpa de
terceiros.

o A cultura e tradição podem justificar uma racionalização que os leve a


considerar estes comportamentos como normais e admissíveis ou, até, a
considerarem-se, eles próprios, como responsáveis pelo dano que estão a
sofrer.

106
Níveis de vitimação
Segundo nível

o Que, percepcionando-se como vítimas, encaram a vitimação como injusta e


não encontram capacidade para assumir publicamente.

o A resistência em assumir a vitimação inclui factores culturais e sentimentos


de medo.

o A especial vulnerabilidade da vítima; as suas dependências e com as


ameaças a que pode estar sujeita por parte do autor do crime.
107
Níveis de vitimação
Terceiro nível
o Pessoas que, percepcionando-se como vítimas, recorrem a outras para que estas validem
o seu estatuto de vítima.
o Diversas variáveis afectam a decisão da vítima para denunciar a vitimação:
o possibilidade de a polícia encontrar o culpado;
o severidade do dano sofrido;
o relação com o ofensor e o impacto que a denúncia pode ter;
o obstáculos, despesas e tempo despendidos na denúncia;
o medo;
o falta de privacidade nas fases iniciais da denúncia;
o local onde reside. 108
Níveis de vitimação
Quarto nível

o Vítimas a quem é reconhecido o respectivo estatuto.

o A ajuda de terceiros recupera a sensação de confiança e harmonia na


socialização destruída da vítima e ajuda a vítima a fazer a transição para
outra realidade pós-vitimação.

o É crucial para o bem-estar da vítima, que os danos da vitimação sejam


ultrapassados e que a crise gerada seja resolvida com sucesso.
109
Reações da Vítima de Crime
Durante o crime

Imediatamente após o crime

Nos dias seguintes

110
Quando atacada, a vítima pode sentir:

o pânico geral;
o fortes reações físicas e psicológicas;
o pânico de morrer;
o pânico do cativeiro e da impotência;
o impressão de estar a viver um pesadelo;
o impressão de que o agressor tem uma raiva pessoal contra si;

111
o Embora possa não expressar qualquer tipo de emoção, a vítima
está, geralmente, sob um grande stress emocional.

o A maioria das reações surge quando toma real consciência do


que lhe aconteceu:
o desorientação geral;
o apatia;
o negação;
o sentimento de solidão;
o sentimento de impotência;
o estado de choque; 112
o Nos dias que se seguem à vitimação, a vítima tende a
questionar-se sobre as suas próprias reações e sobre a sua
volta à normalidade.

o Pode manifestar grande ambivalência emocional e mudanças


bruscas de humor.

o Estas reações podem estender-se à família e amigos.

113
Consequências da vitimação
o Quanto mais violento o crime, mais afectada será a vítima.

o No entanto, não é só a gravidade do crime pode ser


determinante no impacto na vítima.

Consequências psicológicas, físicas e sociais que se manifesta


após a vitimação e que pode ser determinante para a vivência da
pessoa. 114
Consequências da vitimação
Físicas

o Perda de energia
o Diminuição dos níveis de resistência
o Dores musculares
o Dores de cabeça e/ou enxaquecas
o Distúrbios ao nível da menstruação
o Arrepios e/ou afrontamentos
o Problemas digestivos
o Alterações na tensão arterial
o Lesões externas e/ou internas
115
Consequências da vitimação
Psicológicas
o Sentimento de solidão o Flashbacks
o Culpa o Falta de motivação
o Impotência o Perturbações pós-stress
o Raiva traumático
o Irritabilidade o Ideação suicida
o Desconfiança o Enurese nocturna ou
diurna
o Tristeza 116
Consequências da vitimação
Sociais
o Isolamento
o Tensões familiares e conjugais
o Medo de estar sozinho
o Evitamento de locais que causam um sentimento de insegurança
o Desemprego
o Redução do tempo de vida activa
o Estigmatização/exclusão social
o Diminuição do rendimento escolar
o Absentismo escolar 117
Atendimento a Vítimas de Crime
o Atender uma vítima deve ser alvo da maior dedicação e
importância por parte do técnico a quem a vítima solicita apoio.

o Os procedimentos utilizados devem ser refletidos e ponderados.

118
Técnico de Apoio à Vítima
o Função identificar, acompanhar e avaliar vítimas de violência,
assegurando uma resposta válida, célere e eficaz.

o Competência pessoal e a competência técnica.

o Promover em si próprio a existência de condições pessoais


para o desempenho da sua actividade.
119
Técnico de Apoio à Vítima
Competência Pessoal - para a resolução de problemas que
afectem outras pessoas.
o Relacional
o Tolerância e respeito
o Autogestão emocional
o Vocação, disponibilidade e vontade pessoal para a Solidariedade
Social
o Sentido de compromisso e responsabilidade
120
Técnico de Apoio à Vítima
Competência Técnica

o Académica
o Procedimentos de apoio à vítima

Condições Pessoais

o O TAV, ao lidar diariamente com as problemáticas das vítimas, está exposto


à frustração constante. 121
Técnico de Apoio à Vítima
o Encarar
o Partilhar
o Reconhecer e Respeitar
o Praticar
o Investir

122
Técnico de Apoio à Vítima
o A vítima reconsidera e decide dar uma nova oportunidade ao agressor.

o Desencadear no TAV uma ambivalência de sentimentos: frustração,


revolta e desânimo.

o Se a vítima voltar a pedir ajuda, poderá hesitar em desempenhar


eficientemente o seu papel.

123
Técnico de Apoio à Vítima
o Evitar ou minimizar a ocorrência de fenómenos de vitimação secundária.

o A vitimação secundária tem efeitos negativos a nível:

o Individual
o Familiar e Social
o Custos Sociais

124
Atendimento a Vítimas de Crime
o Presencial, por telefone ou por escrito.

o É crucial a sensibilização da vítima para, quando possível, se


deslocar pessoalmente até ao serviço, ou facilitar um
atendimento num local mais conveniente para a pessoa.

125
Atendimento Presencial
o Acolhimento
o Atrasos
o Espera
o Prioridades
o Comodidade
o Conforto
o Correção
o Acompanhar até à saída
126
o Apresentação
o Ouvir com atenção
o Reformular
o Questionar
o Encorajar a expressão de
emoções e/ou sentimentos
o Informar
o Resumir
o Comunicação não-verbal
127
Primeiro atendimento
o Momento difícil.

o Avaliação mútua no qual ambas as partes estarão preocupadas com aquilo que o
outro pensa.

o Muitas expectativas, medos, fantasias, geralmente inseguro sobre o que se


espera e tendo, muitas vezes, receio de revelar a um estranho informações muito
pessoais.

o O profissional pode também sentir as suas próprias ansiedades. 128


Primeiro atendimento
o Conhecer o espaço físico do atendimento
o Interiorizar que não é obrigatório responder a todas as perguntas
formuladas pela vítima
o Sentir que quase tudo o que for dito é reparável
o Tomar consciência que não tem que formular todas as perguntas nem que
obter respostas para todas as perguntas que a pessoa colocar
o Permitir à vítima os tempos de pausa ou de silêncio e intervir sobre eles só
quando lhe parecer estritamente necessário
o Evitar expressar, verbal ou corporalmente, estranheza ou confusão 129
Primeiro atendimento
O primeiro atendimento tem duas finalidades:

o A prestação de Apoio Emocional

o A recolha de informação
o História de pré-vitimação e pessoal
o Narração da vitimação
o A história pós-vitimação
130
Primeiro atendimento
o Um plano de intervenção deve ser estruturado em conjunto,
tendo sempre presente o pedido formulado pela vítima.

o Conhecer todos os aspectos inerentes à história de vitimação


da pessoa contudo devemos concentrar a nossa intervenção no
presente.

131
Autonomia da vítima
o Ir ao encontro das necessidades da pessoa com a qual está a
trabalhar.

o Ao longo de todo o processo de apoio, as possíveis respostas às


necessidades são sempre estudadas em conjunto com a vítima.

o Porém, também o TAV tem, e deve fazer prevalecer em


determinados casos, o seu direito à autonomia técnica.
132
Autonomia da vítima
Decisão informada:
o A vítima deve estar na posse das capacidades necessárias para
poder decidir;
o Deve existir liberdade de decisão;
o A vítima deve ser informada sobre os seus direitos, alternativas
possíveis e procedimentos a adoptar perante cada uma das
alternativas.

133
O atendimento a crianças e jovens
vítimas de violência
O atendimento presencial
Acolhimento
Atrasos
Espera
Prioridades
Comodidade
Conforto
Correção
Acompanhar até à saída
134
O atendimento a crianças e jovens
vítimas de violência
A sala de atendimento

o Conforto e segurança
o Cor e decoração
o Privacidade
o Adequabilidade
o Materiais de apoio

135
O atendimento a crianças e jovens
vítimas de violência
Relação de empatia, apostando na qualidade da comunicação.
o Apresentação
o Ouvir
o Reformular
o Questionar
o Encorajar a expressão de emoções e/ou sentimentos
o Informar
o Resumir
o Comunicação não verbal 136
Confidencialidade e Segurança
o Trabalhar com pessoas em estado de sofrimento, devendo-lhes o máximo
respeito perante a situação delicada;

o Respeitar a ética profissional ou o código deontológico da nossa profissão, que


consagra o conceito de segredo profissional;

o Qualquer fuga de informação poderá por em perigo toda a intervenção, a


integridade física e a vida das pessoas que estamos a apoiar.

137
o Ajudar a estabelecer os dias e as horas em que não é arriscado dirigir-se até à
nossa instituição ou serviço;
o Ajudar a formular um eventual pretexto para apresentar ao/à agressor/a se,
por qualquer motivo, este regressar a casa antes;
o Aconselhar a nunca proferir o nome das instituições, serviços ou dos
profissionais que o estão a apoiar;
o Recomendar precaução em relação a objectos denunciadores ou suspeitos,
sendo necessário que estes sejam devidamente ocultados em locais da casa
insuspeitos ou, de preferência, em casa de familiares ou amigos;

138
o Ajudar a reflectir sobre quem escolher, de entre familiares e
amigos, para confidenciar com segurança a sua situação e o
processo de apoio;
o Definir as precauções a ter na utilização do seu próprio telefone;
o Aconselhar e fornecer dicas perante a eventualidade de ser
perseguida pelo/a agressor/a.

139
Instrumentos de avaliação psicológica
Crianças

Domínio Cognitivo
o Escala de inteligência de Wechsler para Crianças – versão III (WISC-III;
Wechsler, 1991; adaptação portuguesa de Simões et al., 2003)
o Matrizes Progressivas de Raven (1936)
o Teste de cópia de Figura Complexa de Rey - Osterrieth (FCR; Rey-
Osterrieth, 1942; versão portuguesa de Rocha & Coelho, 1988)

140
Domínio Emocional/Sintomatologia psicológica

o Escala de Ansiedade Manifesta para Crianças – Revista (CMAS-R;


Reynolds & Richmond, 1978)
o Inventário de Depressão Infantil (CDI; Kovacs, 1983; 1992)
o Inventário de Medos para Crianças – Revisto (FSSC-R; Ollendick, 1983;
versão portuguesa de Gonçalves & Dias, 1999)
o Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ-Por; Goodman, 1997;
adaptação para a população portuguesa de Fonseca, Loureiro & Gaspar, 2003).
141
o Inventário Clinico de Millon – versão para adolescentes
(MACI; Millon, Davis, & Millon, 1997)
o EMBU Crianças (Castro, Toro, Van Der Ende, & Arrindell, 1993;
adaptação portuguesa de Canavarro & Pereira, 2007)
o Family Apperception Test (FAT; Sotile, Julian, Henry, & Sotile,
1988)

142
o Instrumento de avaliação da qualidade de vida –
WHOQOL
o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI)
o Escala de Crenças sobre Punição Física (E.C.P.F.)
o Escala de Crenças sobre Violência Conjugal
(E.C.V.C.)

143
o Inventário de Avaliação Clínica da Depressão (Serra,
1995)
o Inventário de Resolução de Problemas (Serra, 1988)
o Inventário Clínico Multiaxial de Millon (MCMI-III)

144
Especificidades da Intervenção
com vítimas
o Colocar questões de forma sensível e directa, preservando sempre o clima de
escuta activa, neutralidade e confidencialidade, evitando produzir juízos de
valor;
o Ter conhecimento sobre as dinâmicas e processos que envolvem os tipos de
crime;
o Conhecer/saber identificar as consequências para a vítima;
o Saber reconhecer sinais indiciadores da ocorrência de violência e incentivar a
revelação por parte da vítima;
o Adquirir as competências e estratégias para lidar eficazmente com as
especificidades emocionais e comportamentais de vítimas de violência
145
continuada;
Especificidades da Intervenção
com vítimas
o Saber quais os tipos de apoio disponíveis/encaminhamento e de
articulação com outros serviços que podem disponibilizar em cada área
de intervenção;
o Ser empático e respeitar os sentimentos, comportamentos e as decisões
da vítima;
o Estar atento aos sinais verbais e não-verbais da vítima, bem como aos
que o próprio transmite;
o Usar adequadas estratégias de entrevista/questionamento, balanceando
as perguntas abertas e as fechadas;
146
Especificidades da Intervenção
com vítimas
o Enfatizar que a violência nunca é justificável, que nenhuma pessoa,
circunstância ou comportamento justifica a sujeição a maus-tratos;
o Assegurar à vítima que não está só e que não tem culpa dos acontecimentos;
o Tranquilizá-la e assegurar-lhe que as suas reações ao crime/situação
violenta são habituais;
o Não dar conselhos pessoais, não fazer julgamentos nem emitir juízos de
valor ou afirmações assentes em estereótipos, mitos ou crenças infundadas.

147
Intervenção com vítimas de crime

Intervenção em crise

o Manifestação de reações psicológicas

o Manifestação de pressões sociais e económicas

148
Intervenção com vítimas de crime

A duração e a intensidade do período de crise dependem


essencialmente de três factores:

o O grau da violência exercida sobre a vítima;


o A capacidade da própria para enfrentar o problema;
o O auxílio que recebe após o episódio traumático.

149
Intervenção com vítimas de crime

o Avaliação e fornecimento de serviços à pessoa ou família em crise;

o Intervenção intensiva, focalizada e limitada no tempo, dirigida a


problemas do aqui e do agora e com objetivos específicos;

o Um estilo ativo e flexível.


150
Intervenção com vítimas de crime
o Explorar
o Clarificar
o Avaliar
o Diminuir a ativação e a angústia
o Reforçar a comunicação adequada
o Mostrar interesse e encorajar a esperança
151
Intervenção com vítimas de crime
A Intervenção na Crise comporta duas fases:

o Primeira fase da intervenção: reconhecer ao utente o


estatuto de vítima, mostrando-nos disponíveis.
o Segunda fase da intervenção: Contribuir para a
tomada de consciência de que o estatuto de vítima
representa uma forma desgastante.
152
Apoio Psicológico
o Prestado por psicólogos.
o Alguns aspetos a ter em consideração podem servir de
orientação.
o Estas técnicas destinam-se à adaptação aos problemas
em causa e às características pessoais.

153
Apoio Psicológico
Princípios Operativos

o Explicar à pessoa o princípio da resolução de problemas


o Definir e formular o(s) problema(s)
o Identificar soluções alternativas
o Avaliar os recursos internos
o Encorajar a fazer uma escolha após atenta ponderação
o Ajudar o/a utente a dissecar o método escolhido
o Verificar a eficácia

154
Apoio Psicológico
O contrato terapêutico

o A pessoa deve conhecer desde logo qual o dia (ou dias) da semana e hora a
que as sessões decorrerão;
o Deve ser informada de que cada sessão tem uma duração compreendida entre
os 45 e os 50 minutos.
No momento do estabelecimento do contrato terapêutico, deve esclarecer-se a
importância da sua assiduidade e da sua pontualidade nas sessões.

155
Apoio Psicológico
Quatro regras básicas que se deve ter sempre presente enquanto
psicólogos:

o Respeitar a neutralidade
o Respeitar o anonimato
o Respeitar a privacidade
o Respeitar o sigilo
156
Dificuldades emocionais na intervenção
com vítimas
Síndrome de burnout

o Crescente problema de saúde


o Afeta trabalhadores das mais diversas áreas
o Maior incidência em profissionais cujo trabalho
implica um contato direto, prolongado e
emocionalmente intenso com outras pessoas.
157
Dificuldades emocionais na intervenção
com vítimas
o Resposta ao stress que os profissionais sentem nas exigências do seu
trabalho, sendo estes superiores aos recursos internos e externos que
dispõem.

o Consideradas variáveis organizacionais, individuais e sociais.

o Domínio comportamental e interpessoal, traduzindo-se na perturbação


das relações do terapeuta ou no risco de que este se envolva em
comportamentos de alienação.

158
Formação
Avaliação e Intervenção Psicológica
-Agressores e Vítimas-

dúvidas/esclarecimentos:
• margaridaferraz92@gmail.com
159

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