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A teus pés

Ana Cristina César.


Ana Cristina Cesar
• Nasce em 1952, no Rio de Janeiro.
• Notabilizou-se no cenário cultural brasileiro com a Poesia Marginal,
movimento dos anos 70.
• Formou-se em Letras. Especializou-se em Tradução Literária na
Inglaterra.
• Trabalhou como jornalista.
• Em 1982, reuniu seus livros publicados de forma independente no
volume A teus pés.
• Morre em 1983.
“Seja marginal, seja herói. Com essa frase,
Contexto Cultural o artista plástico Hélio Oiticica sintetizou
Hélio Oiticica criou a célebre frase que uma série de trabalhos que ficou conhecida
sintetizaria a cultura marginal dos anos 1970
como Marginália. Na Literatura, onde a
Marginália também encontrou adeptos, o
movimento ficou mais conhecido como
Poesia Marginal ou Geração Mimeógrafo.
Exemplo da contracultura, a cultura
marginal surgiu em um período turbulento
da História do Brasil: a ditadura militar.”
Poesia Marginal

• Poesia próximo do público: obras eram vendidas de mão em mão nas


ruas, praças, bares e universidades.
• Exercício de resistência: burlar a censura imposta pelo governo ditatorial.
• Autonomia, apresentação de novas vozes poéticas.
• Nos anos 80 a fotocópia (xerox) e a produção de fanzines.
• Paródia, metalinguagem e oralidade são procedimentos muito
frequentes.
Poetas da geração mimeógrafo

Cacaso, Charles Peixoto, Armando


Freitas Filho e Ana Cristina Cesar
Poesia Marginal
Poesia Marginal
Cacaso
Happy end

O meu amor e eu
nascemos um para o outro
agora só falta quem nos apresente
Leminsky
Leminsky
Aspectos da poética

de Ana Cristina

• Intimismo
• Tom confessional
• Fragmentação excessiva sugerindo fluxo de pensamento
• Poesia expressão emocional
• Poesia cifrada, colagem de sensações, elipses
• Intertextualidade e metalinguagem
• Textos longos são frequentes: aproximação com outros gêneros textuais- carta, diário,
crônica e conto.
A entrelinha quer dizer: tem aqui escrito uma coisa, tem aqui

escrito outra, e o autor está insinuando uma terceira. Não tem

insinuação nenhuma, não. (...) Eu acho que, no meu texto e

acho que em poesia, em geral, não existe entrelinha. (...) Existe

a linha mesmo, o verso mesmo. O que é uma entrelinha? Você

está buscando o quê? O que não está ali?”.


A teus pés
• Cenas de Abril (1979)
• Correspondência Completa(1979)
• Luvas de Pelica(1980)
• A teus pés
Samba-canção
Tantos poemas que perdi
Tantos que ouvi, de graça,
pelo telefone — taí,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era uma estratégia),
fiz comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz...
(CESAR, 2013, p. 113)
A teus pés

Trilha sonora ao fundo (...)


Agora silêncio
(...)
Eu tenho uma idéia.
Eu não tenho a menor idéia.
(...)
Muito sentimental.
Agora pouco sentimental.
(...)
Esta é a minha vida.
Atravessa a ponte. (CESAR, 1998a, p.35)
A entrelinha quer dizer: tem aqui escrito uma coisa, tem aqui
escrito outra, e o autor está insinuando uma terceira. Não tem
insinuação nenhuma, não. (...) Eu acho que, no meu texto e
acho que em poesia, em geral, não existe entrelinha. (...) Existe
a linha mesmo, o verso mesmo. O que é uma entrelinha? Você
está buscando o quê? O que não está ali?”.
Primeira lição
Os gêneros de poesia são: lírico, satírico, didático, épico, ligeiro.
O gênero lírico compreende o lirismo.
Lirismo é a tradução de um sentimento subjetivo, sincero e pessoal.
É a linguagem do coração, do amor.
O lirismo é assim denominado porque em outros tempos os
versos sentimentais eram declamados ao som da lira.
O lirismo pode ser:
a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte.
b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres.
c) Erótico, quando versa sobre o amor.
O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o
epitáfio e o epicédio.
Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes.
Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta.
Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era incinerado.
Endecha é uma poesia que revela as dores do coração.
Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares.
Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta.
olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
Questão Enem
No poema de Ana Cristina Cesar, a relação entre as definições apresentadas e o processo de

construção do texto indica que o(a)

A. caráter descritivo dos versos assinala uma concepção irônica de lirismo.

B. tom explicativo e contido constitui uma forma peculiar de expressão poética.

C. seleção e o recorte do tema revelam uma visão pessimista da criação artística.

D. enumeração de distintas manifestações líricas produz um efeito de impessoalidade.

E. referência a gêneros poéticos clássicos expressa a adesão do eu lírico às tradições

literárias.
Questão Enem
No poema de Ana Cristina Cesar, a relação entre as definições apresentadas e o processo de

construção do texto indica que o(a)

A. caráter descritivo dos versos assinala uma concepção irônica de lirismo.

B. tom explicativo e contido constitui uma forma peculiar de expressão poética.

C. seleção e o recorte do tema revelam uma visão pessimista da criação artística.

D. enumeração de distintas manifestações líricas produz um efeito de impessoalidade.

E. referência a gêneros poéticos clássicos expressa a adesão do eu lírico às tradições

literárias.
final de uma ode
Acontece assim: tiro as pernas do balcão de onde via um sol de
inverno se pondo no Tejo e saio de fininho dolorosamente dobradas
as costas e segurando o queixo e a boca com uma das Coloquialismo – “ de fininho”
mãos. Sacudo a cabeça e o tronco incontrolavelmente, mas de Audiência plural – “entendem?”
maneira curta, curta, entendem? Eu estava dando gargalhadinhas Refinamento- “quisera”.
e agora estou sofrendo nosso próximo falecimento, minhas Referência cultural – heterônimos-
gargalhadinhas evoluíram para um sofrimento meio nojento, F. Pessoa.
meio ocasional, sinto um dó extremo do rato que se fere
no porão, ai que outra dor súbita, ai que estranheza e que lusitano
torpor me atira de braços abertos sobre as ripas do cais ou do
palco ou do quartinho. Quisera dividir o corpo em heterônimos
— medito aqui no chão, imóvel tóxico do tempo.( in Cenas de Abril)
MEIA-NOITE. 16 DE JUNHO
Não volto às letras, que doem como uma catástrofe. Não
escrevo mais. Não milito mais. Estou no meio da cena, entre
quem adoro e quem me adora. Daqui do meio sinto cara
afogueada, mão gelada, ardor dentro do gogó. A matilha de
Londres caça minha maldade pueril, cândida sedução que dá e toma e
então exige respeito, madame javali. Não suporto
perfumes. Vasculho com o nariz o terno dele. Ar de Mia Farrow,
translúcida. O horror dos perfumes, dos ciúmes e do sapato
que era gêmea perfeita do ciúme negro brilhando no gogó. As
noivas que preparei, amadas, brancas. Filhas do horror da noite,
estalando de novas, tontas de buquês. Tão triste quando
extermina, doce, insone, meu amor. (in A teus pés)

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