Faculdade de Viçosa - FDV

Engenharia Ambiental

Lixiviação Bacteriana de Metais

DEA 230 – Microbiologia e Bioquímica Aplicadas

Professora: Narah Vitarelli
 Lixiviação bacteriana de metais
• Aumento da demanda mundial por minerais (eletrônica,
óptica, energia atômica, ...)

• Progressivo esgotamento das reservas minerais

• Desenvolvimento de métodos alternativos para o tratamento

de minério com baixo teor do metal de interesse

• Processo hidrometalúrgico: Solubilização do mineral desejado,

o qual é posteriormente recuperado da solução

• alternativa promissora -> utilização de microrganismos para

promover a solubilização de metais: lixiviação bacteriana ou
biohidrometalurgia
Vantagens da lixiviação bacteriana de metais

• Baixo requerimento de energia

• Baixo investimento de capital inicial e baixo custo operacional,

devido à simplicidade das instalações requeridas

• Pouca necessidade de mão de obra especializada

• Não há poluição atmosférica, pois não ocorre emissão de SO2

(como no processo pirometalúrgico) -> chuva ácida
 1. Toneladas de minério são 2. Pilhas de minério são
depositadas sobre uma base irrigadas com uma solução de
impermeabilizada ác. sulfúrico

3. Intensa atividade 4. Elevação da acidez e do 5. Solubilização

bacteriana no substrato poder oxidante da solução do metal
mineral sulfetado devido à produção biológica
de H2SO4 e de Fe3+ (agentes 6. Extração do
lixiviantes) metal desejado
Metais de grande interesse econômico solubilizados de seus minerais pela
atividade bacteriana:
Cobre, Urânio, Ouro, Prata, Zinco, Níquel, ...

Outros exemplos de Biohidrometalurgia por ação de microrganismos:

• dessulforização do carvão (redução emissão de SO2)
• remoção de metais pesados de efluentes industriais por biomassa
microbiana
 Biohidrometalurgia (Biolixiviação) de Cobre

Oxidação do cobre presente na calcocita pelo Thiobacillus ferrooxidans

2Cu2S + O2 + 4H+ 2CuS + 2Cu 2+ + H2O

calcocita covelita

Oxidação da covelita pelo Thiobacillus ferrooxidans

2CuS + ½ O2 + 2H+ Cu 2+ + H2O + S°

covelita
 Utilização do Cobre (Cu)
• ótimo condutor

• não é corrosivo

• molda-se facilmente

• antibactericida
 Thiobacillus ferrooxidans
x Atividades hidrometalúrgicas

• quimiolitotróficos; aeróbia estrita; acidófila; mesófila ( utiliza

substrato inorgânico para crescimento; crescem em presença
de O2; pH ótimo é 2; temperatura ótima 30°C)

• cresce em condições ambientais extremas (elevada acidez e

altas conc. de metais

• autotrófico (fixa CO2 atmosférico) obtém energia pela

oxidação de composta inorgânicos (íon Fe2+ e formas
reduzidas de enxofre)

• resistente à conc. elevadas de metais tóxicos

• capacidade de solubilizar metais de interesse econômico

Serra do Curral - BH
O outro lado da Serra do Curral - BH
Drenagem Ácida de Minas - DAM

Um dos maiores problemas ambientais

gerados pelas mineradoras
 Drenagem ácida de mina (DAM) é um fenômeno que se inicia
quando rochas contendo minerais sulfetados são retiradas do
interior da terra pelas atividades de mineração e, quando
dispostas na superfície terrestre, oxidam-se por reação com água
e oxigênio atmosféricos.

Soluções ácidas geradas pela DAM

Contaminação de águas superficiais (rios,

lagos) e subterrâneas (lençóis)
 Retirada de minério:
exposição das rochas às
condições atmosféricas –>
oxidação do mineral

Porém em baixo pH cátions Cátions metálicos liberados

metálicos permanecem em pelo intemperismo precipitam
solução e são transportados nos e ficam imóveis em condições
ambientes aquáticos -> normais (pH 5 a 7)
contaminação das águas!!!!
Água ácida em contato com ar -> líquido avermelhado:
oxidação de Fe2+ a Fe3+ forma o precipitado Fe(OH)3
O outro lado da Serra do Curral - BH
 Oxidação da Pirita (principal responsável pela DAM)

FeS2 (s) + 7/2 O2(g) + H2O(aq)→ Fe2+(aq) + 2SO42−(aq) + 2H+(aq) (1)

Fe2+(aq) + 1/4O2(g) + H+(aq)→ Fe3+(aq) + 1/2H2O(aq) (2)

Fe3+(aq) + 3H2O(aq) → Fe(OH)3(s) + 3H+(aq) (3)

(1) Oxidação do bissulfeto de ferro: FeS2

(2) Fe2+ é oxidado a Fe3+

(3) Hidrólise do Fe3+ produz hidróxido férrico: Fe(OH)3

Obs: prótons H+ liberados acidificam o meio

Bactérias acidófilas aceleram a reação (2) em meio ácido:

Thiobacilus thiooxidans e Thiobacilus ferroxidans
 Avaliação de risco de geração de drenagem ácida
• Avaliação de risco que uma determinada rocha apresenta para a geração de
drenagem ácida é de fundamental importância para planejar e mitigar o seu
impacto no meio ambiente.
• Por isso, conhecer a composição dos minerais, com ênfase nos minerais
sulfetados e o seu potencial para gerar drenagem ácida, é essencial
• testes químicos são realizados de forma a fornecer informações que permitam
inferir sobre o potencial de geração de drenagem ácida
• Técnicas de análise química em laboratório: a partir da quantificação de sulfetos
e carbonatos que há na amostra, é possível estimar, a partir de cálculos
estequiométricos adequados, a quantidade máxima de ácido que pode ser gerada
pela formação de ácido sulfúrico e a quantidade máxima de ácido que pode ser
neutralizada pelo carbonato presente
• a amostra é tratada com um agente oxidante forte, como a água oxigenada, e o
pH da solução é monitorado durante alguns dias ou meses. Dessa forma, é
possível ter uma estimativa de qual é o risco de geração de drenagem ácida de um
determinado minério quando exposto ao ar (meio oxidante) e umidade
• testes em campo também podem ser realizados
DAM - Controle e tratamento
 Por quê a DAM ocorre?

ocorre quando certas condições ambientais se tornam favoráveis à

oxidação de um mineral sulfetados que está exposto:
• minério precisa ter potencial para a drenagem ácida
• presença de umidade
• agentes oxidantes
• percolação da água pelo material

Solução?

controlar essas variáveis para evitar a DAM!

 Ações de controle e tratamento da DAM
• Uso de materiais de reação
alcalina visando neutralizar a
acidez. Ex. Calcário
• São outros exemplos:
Óxido de cálcio, cal hidratada,
sóda cáustica, carbonato de
sódio e hidróxido de amônio
O processo envolve a aplicação de
grande quantidade de material,
por isso é importante que o
produto utilizado :
•não ofereça risco ao meio
ambiente
• tenha baixo custo
 Ações de controle e tratamento da DAM

• Tratamento passivo da DAM

(a) adição de cobertura de brita de calcário, (b) renovação da brita

 Ações de controle e tratamento da DAM

• Técnicas alternativas

1. Adição de Material Orgânico:

• lixo urbano;
• Lodo ativado;
• Bagaço de cana.
Benefícios:
• Maior disponibilidade de nutrientes;
• Aumento da capacidade tampão da acidez
• Maior capacidade de retenção de água;
• Melhor estruturação do solo.
 Ações de controle e tratamento da DAM

• Recuperação do depósito de rejeito piritoso em SC

 Tratamento das águas ácidas geradas pela DAM
• Água ácida gerada deve ser Recuperação utilizando a
tratada antes de descartada no neutralização ácida com cal:
ambiente
•Neutralização da acidez
• água com pH muito baixo:
possui metais que constituiam • precipitação de metais pesados
o solo e foram lixiviados para a
água

Tratamento água ácida com

cal em mina desativada
de Urânio em Caldas, MG
 Tratamento das águas ácidas geradas pela DAM
‘Wetlands’ • Reações bioquímicas bacterianas são responsáveis pela
redução da acidez e pela remoção de íons metálicos;
• Bactérias sulfato redutoras ocorrem de forma natural
em wetlands e sedimentos e vêm sendo testadas para
tratar córregos acidificados

Sistema anaeróbico de
wetlands - Alemanha
O que ocorre nos ‘wetlands’:
• adosrção de íons metálicos pelos argilominerais;
• reação de íons metálicos com os ácidos húmicos;
• retirada de metais pesados e outras substâncias pelas
macrófitas;
•redução de sulfatos -> precipitação de sulfetos -> precipitação
de sulfetos metálicos;
• tamponamento da acidez.
DAM - resumo:
• A drenagem ácida é um problema ambiental relacionado à
indústria extrativa mineral em que minerais sulfetados que
fazem parte da composição de minérios de ouro, zinco, cobre,
níquel e urânio, dentre outros, e carvão mineral oxidam em
contato com ar e água e produzem acidez. As técnicas de
prevenção e ou remediação do problema dependem de uma
adequada avaliação do potencial e da cinética de geração da
acidez.