Psicopatas e Antissociais

André Luís Silva de Oliveira

Márcia da Silva Freitas
Mônica da Conceição Rosa Peixoto
Rafael Levy Freire
Psicopatas e Antissociais
Visão da psiquiatria
 O QUE E TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
O transtorno de personalidade foi ao longo dos últimos
séculos, nomeado de diversas formas: insanidade moral,
monomania moral, transtorno ou neurose de caráter, etc.
Entretanto, o que mais se tornou popular entre os
profissionais de saúde mental foi psicopatia.
Tal vocabulário foi, infelizmente, utilizado de modo muito
impreciso, ora se identificando psicopatia com personalidade
sociopática, ora com transtornos da personalidade em geral.
O Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS), também
denominado Psicopatia, Sociopatia ou Transtorno de
Personalidade Dissocial, é um distúrbio de personalidade
persistente e crônico, cuja nota característica essencial é o
padrão invasivo e a violação dos direitos alheios, das normas e
das regras sociais em geral.
Não se trata de uma doença mental, onde o paciente sofre
processos alucinatórios e delirantes, uma vez que os psicopatas
compreendem a realidade, embora por vezes não consigam
sobrepor a razão à emoção (COSTA, 2008).
A pessoa acometida pela personalidade psicopática mantêm-se
normal, porém tem suas emoções e seu caráter afetados
(FRANÇA, 1998).
 TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
SEGUNDO AS CLASSIFICAÇÕES OFICIAIS

Segundo a CID-10 e o DSM-V, os transtornos da personalidade podem ser

agrupados em três grandes Subgrupos, que são:

•esquisitos e/ ou desconfiados
• instáveis e/ ou manipuladores
•ansiosos e/ou controlados- controladores
 Esquisitice e/ou
desconfiança
Paranoide
Desconfiança constante
Sensível as decepções e as
criticas
Rancoroso
Culpa os outros
Sente-se frequentemente
prejudicado nas relações.
Esquizoide
Frio, distante, sem relações
intimas
Esquisito
Vive no seu próprio mundo
Solitário
Não se emociona.
Esquizotipica
Ideias e crenças estranhas
Desconforto nas relações
interpessoais
Aparência física excêntrica
Impulsividade e/ ou
manipulação
Borderline
Relações pessoais muito
instáveis
Humor muito instável
Impulsivo e explosivo
Graves problemas de identidade
Sentimento de vazio
Sociopatica
Irresponsável, inconsequente
Frio, insensível
Sem compaixão, agressivo, cruel
Mente,
Aproveita dos outros.
Não aprende com a experiência
Histrionica
Dramatiza, e muito teatral
Sugestionável, manipulador,
necessita de atenção
Erotiza situações não
comumente erotizaveis
Ansiedade e/ ou
controle
Ansiosa
Dificuldade em descontrair-se
Preocupa-se facilmente
Teme situações novas Atento a si
próprio
Muito sensível a rejeição
Extremamente inseguro
Anancastica/ obsessiva
Rígido, metódico, minucioso
Não tolera variações ou
improvisações.
Perfeccionista e escrupuloso
Controlador, indeciso.
Dependente
Depende extremamente dos
outros
Necessita muito agradar
Desamparado quando sozinho
Sem iniciativa, sem autonomia
pessoal.
• As pessoas com este transtorno não possuem qualquer consideração
ou empatia pelos desejos, direitos ou sentimentos do outro e, em
função disso, enganam, mentem e manipulam, no intuito de obter
vantagens para si, tudo de forma impulsiva, mas racionalizada,
desconsiderando as consequências de seus atos.
• Seus comportamentos sintomáticos surgem ainda na infância, através
de pequenas mentiras, furtos, precário desempenho escolar,
crueldade com animais, etc
 O que é antissocial?
• O comportamento antissocial é caracterizado pelo desprezo ou
transgressão das normas da sociedade, frequentemente associado a
um comportamento ilegal.
• Exemplos de comportamentos antissociais incluem desde de crimes
sérios como homicídio, piromania, furto, vandalismo quanto
desrespeitos mais leves como críticas cruéis, bullying, sadismo,
invadir a privacidade alheia e falar palavrões.
• Piromania, para a psiquiatria, consiste no desejo mórbido e
incontrolável de provocar incêndios, queimar ou atear fogo às coisas
forma proposital e intencional.
 SEGUNDO O PSIQUIATRA NORTE-AMERICANO HERVEY M. CLECKLEY
(1941) EXISTEM 4 SUBTIPOS DIFERENTES DE PSICOPATA

• Os PSICOPATAS PRIMÁRIOS não respondem ao castigo, à apreensão, à tensão e nem à

desaprovação. Inibem seus impulsos antissociais não devido à consciência, mas por atender ao
seu propósito naquele momento. Sem projeto de vida e parecem ser incapazes de experimentar
qualquer tipo de emoção genuína.
• Os PSICOPATAS SECUNDÁRIOS Ousados, aventureiros e pouco convencionais, que começaram
a estabelecer suas próprias regras do jogo desde cedo. São fortemente conduzidos por um desejo
de escapar ou de evitar a dor, mas também são incapazes de resistir à tentação.
 Tanto os psicopatas primários como os secundários estão subdivididos em:
• PSICOPATAS DESCONTROLADOS: Aborrecem ou enlouquecem mais facilmente e com mais
frequência do que outros subtipos. são homens com impulsos sexuais fortes, capazes de façanhas
assombrosas com sua energia sexual. Associados a vícios, drogas, a cleptomania, a pedofilia ou
qualquer tipo de indulgência ilícita ou ilegal.
• PSICOPATAS CARISMÁTICOS: Mentirosos, encantadores e atraentes. Em geral são dotados de
um ou outro talento e o utilizam a seu favor para manipular os outros. Possuem uma capacidade
quase demoníaca de persuadir os outros a abandonarem tudo o que possuem, inclusive suas
vidas, São irresistíveis.
 COMO IDENTIFICAR UM PSICOPATA?
• Um grande e limitante problema em realizar pesquisas sobre os
psicopatas é que elas, em geral, só podem ser feitas em
penitenciárias e isso é perfeitamente compreensível, afinal é muito
difícil um psicopata” subcriminal”, ou seja, aquele que nunca foi preso
ou internado em instituições psiquiátricas, falar espontaneamente
sobre seus atos ilícitos.
• Na grande maioria das vezes, eles não possuem nenhum interesse em
revelar algo significativo para os pesquisadores ou mesmo para os
funcionários do presídio e quando o fazem tentam manipular a
verdade somente para obter vantagens, como a redução da pena por
“bom comportamento” e “colaborações de cunho social”
• Outro sinal muito característico desse comportamento é a total falta
de preocupação ou constrangimento que esses psicopatas
apresentam ao serem desmascarados como farsantes. Não
demonstram a menor vergonha caso sejam flagrados em suas
mentiras.
• Ao contrario, podem mudar de assunto com a maior tranquilidade ou
dar uma resposta totalmente fora do contexto.
• Esses tipos de psicopatas são muito comuns no mercado de trabalho
como um todo, que fingem ser profissionais qualificados, sem nunca
terem colocados os pés numa faculdade.
• Identificar psicopatas fora das prisões e dos manicômios judiciários é
uma empreitada bastante difícil.
• Os psicopatas estão por toda parte e no dia a dia é possível encontrá-
los em diversas categorias profissionais. Em particular, em
organizações e empresas públicas ou privadas. Estas costumam se
constituir em um cenário favorável para a peculiar maneira de agir
desses indivíduos.
• Cargos de liderança, que oferecem bons salários, proporciona status
social, poder e um amplo território de atuação e influência.
.
• Os psicopatas empreendedores sempre pensam grande e costuma
arriscar alto.
• O dinheiro arriscado geralmente é de outra pessoa.
• São hábeis em culpar as outras pessoas por seus atos, eximindo-se de
qualquer responsabilidade. Para eles, a culpa é sempre dos outros.
 POSSUEM AFETOS?
• Psicopatas são incapazes de amar, eles não possuem a consciência
genuína que caracteriza a espécie humana. Os psicopatas geralmente
se relacionam por algum interesse seu.
• Confundem amor com pura excitação sexual, tristeza com frustração
e raiva com irritabilidade.
• Para a maioria das pessoas o medo está associado a uma variedade
de sensações físicas desagradáveis, tais como suor nas mãos, coração
acelerado, boca seca, tensão muscular, tremores e até náuseas e
vômitos.
• Para os psicopatas essas sensações físicas não fazem parte do que eles
experimentam como medo.
• Para eles o medo, como a maioria das emoções, é algo incompleto,
superficial, cognitivo por natureza(apenas um conceito de linguagem) e
não está associado a alterações corporais.
• Pois o medo é inato e necessário para nossa sobrevivência. Além de nos
impedir de tomar certas atitudes das quais poderíamos nos arrepender. Se
considerarmos que os psicopatas não tem medo, eles seguem seus
próprios caminhos como bem entendem.
• Eles sabem qual a consequência das suas atitudes transgressoras,
desconsiderando-as e não dando a menor importância para elas.
• Esses seres impulsivos tendem a viver o momento presente,
buscando sempre a satisfação imediata dos seus próprios desejos,
sem qualquer preocupação com o futuro.
• Os psicopatas são intolerantes ao tédio ou a situações rotineiras. Eles
buscam situações que possam mantê-los em um estado permanente
de alta excitação.
• Nessa busca desenfreada, muitas vezes, envolvem-se em situações
ilegais, agressões físicas, brigas, desacatos a autoridades, direção
perigosa, uso de drogas, promiscuidade sexual etc.
 TEM RESPONSABILIDADES?
• Quando constituem famílias (cônjuges e filhos) os psicopatas não o
fazem por sentimentos amorosos, mas sim como um instrumento
necessário para construir uma boa imagem perante a sociedade.
• Quando dizem que amam ou demonstram ciúmes, na realidade têm
apenas um senso de posse como com qualquer objeto.
• Em todas as suas relações a outra pessoa é vista somente como uma
possibilidade de se obter o que deseja, ao obter essa pessoa já não
lhe interessa mais.
 NASCE OU SE TORNA PSICOPATA?
• Ninguém vira psicopata da noite para o dia: eles nascem assim e
permanecem assim durante toda a sua existência.
• Os psicopatas apresentam em sua história de vida alterações
comportamentais sérias, desde a mais tenra infância até os seus
últimos dias, revelando que antes de tudo a psicopatia se traduz
numa maneira de ser, existir e perceber o mundo.
• O diagnóstico para psicopatia é feito observando os critérios do DSM-
V.
 A PSICOPATIA NO CAMPO DAS PERVERSOES:
UM OLHAR PSICANALÍTICO
• O termo psicopatia não é um termo que vem da Psicanálise, mas da
Psiquiatria e algumas áreas do Direito e Criminologia.
• Freud em sua teoria, possibilitou três estruturas de personalidade: a
Neurótica, que recalca; A psicótica que faz a forclusão e a Perversa, o
sujeito que recusa, transgride, do desmentido, que ao negar a falta
no outro, essa falta é o falo na mãe, busca um substituto e cria para si
um objeto fetiche.
• O neurótico apresenta o sintoma, o psicótico a alucinação e o
perverso o objeto fetiche.
• Essa estrutura perversa é o que em psiquiatria se conceitua como
psicopatia.
 FASE ANAL
• A Fase Anal inicia-se por volta dos 18 meses a 2 anos e dura até os 4
anos de idade aproximadamente, e é quando se estruturam a base da
Segurança Psíquica e da Formação de Valores da criança.
• Nessa fase tão importante entram em cena as características
defensivas e sádicas naturais e necessárias a nossa sobrevivência,
como a agressividade, posse, egoísmo e dominação.
• Nesta fase a criança percebe que produziu algo e tem satisfação ao
reter e liberar o que produziu, pode sentir prazer em reter quando os
pais demonstram tristeza por ele não liberar o que produz, assim
como sente prazer em liberar pela alegria dos pais.
• A zona erógena desta fase é a mucosa anal.
 FASE ANAL, SADISMO E MASOQUISMO
• A fase anal corresponde a um momento do desenvolvimento psíquico
da criança, em que a zona erógena é a mucosa anal e o prazer esta
em reter e expelir o excremento, nos dois opostos.
• Freud observou a conexão entre impulsos anais e sádicos.
• O sádico tem sua satisfação em infringir sofrimento ao outro, o
colocando em lugar de objeto fetiche.
• O masoquista tem sua satisfação pulsional ao ser submetido a
sofrimento, se colocando como objeto fetiche.
• Em Psicanálise, podemos entender a psicopatia, a personalidade
antissocial relacionada a perversão sádica.
 SADISMO E MASOQUISMO
• É um terceiro grupo de perversões, clássicas.
• Se orientam a gozar com a transgressão, com a humilhação do outro,
com a destruição da lei.
• Esse sujeito se identifica como autor da lei e esta, se torna um
instrumento de seu gozo. Para o servir.
• O masoquista é aquele que se coloca como objeto fetiche e tem
satisfação sentindo dor.
• O sádico é o que coloca o outro como objeto fetiche e tem satisfação
em causar dor e sofrimento.
• Talvez a perversão sádica, seja a mais próxima, ao que a Psiquiatria
define como psicopatia.
• O sádico goza em produzir angustia no outro.
• Reconhecem a castração, mas imputa esta castração ao outro e ele se
coloca como o objeto que tampona esta falta, a castração.
• Apresentam déficits de afetos sociais, nojo, culpa, vergonha.
• Sabem o que fazem, mas sua relação com a lei, não gera neste sujeito
a culpa e nem afetos inibitórios.
• Geralmente apresentam na infância:
• Sexualidade precoce
• Interesse por roupas intimas, um interesse invasivo.
• Gostam de fogos e mal tratos a animais que vão formando o gozo
pela crueldade.
 PERVERSÃO E PERVERSIDADE
• A perversidade pode ser exercida por qualquer sujeito, chamamos de
ordinária, um caso mais complicado que a perversão em si.
• Usam as leis como instrumento, tem paixão por fazer a lei.
• É mais complicado pois estes sujeitos instrumentalizam a lei e as suas
relações e este traço é encontrado na neurose.
• A perversidade pode ser observado em juízes que punem
severamente por terem sido punidos, alguns policiais que batem, por
ter apanhado e querer infringir ao outro seu sofrimento.
• Quando o perverso apresenta perversidade, torna-se mais
complicado.
 A postura do terapeuta na psicopatia
• Quanto às interpretações do analista, sobretudo, ele deve levar em conta, no mínimo, quatro
aspectos:
• a) a impulsividade deste paciente não é tanto vivida por ele como um real “desejo”, como pode
aparentar, mas, sim, como uma forma de ele expressar uma ideologia particular, prenhe de
idealizações e ilusões
• b) Ele tem a convicção de que a análise não passa de uma doutrinação que o analista quer impor
a ele, de modo que ele pode se queixar que as interpretações do analista somente o
desqualificam (enquanto a verdade é que, assim procedendo, é ele quem desqualifica o seu
analista). Da mesma forma, quando este paciente exclama em um aparente desespero “não
adianta, não tem saída”, é bem provável que o verdadeiro sentido disso possa ser: “Não adianta,
não vou lhe dar entrada aos meus núcleos inconscientes”;
• c) o terapeuta deve estar atento para uma forte tentação de interpretar o florido e atraente
“material edípico” e, assim, deixar passar os essenciais elementos narcisísticos
• d) não basta o analista estar interpretando corretamente, acima de tudo, ele deve estar atento é
com o destino que as suas interpretações seguem na mente desse paciente, porquê ele costuma
desvirtuá-las.
 TRATAMENTO
• Na prática psicanalítica, os psicopatas são pacientes que, dificilmente,
entram espontaneamente em análise, e, quando o fazem, mostram
uma forte propensão para atuações e para o abandono do
tratamento quando este é levado a sério pelo analista, não só pela
razão de uma enorme dificuldade de ingressarem em uma “posição
depressiva”, como também por causa de uma arraigada
predominância da pulsão de morte e seus derivados, que obrigam a
uma conduta tanto hetero, como auto-destrutiva.
• Há situações em que este sujeito se da conta de sua fantasia.
• A ideia é que essas pessoas possam encontrar substitutos para
manterem sua prática do fetiche sobre controle.
• Colaborando para que a pessoa possa satisfazer-se sem causar
sofrimento no outro.
 REFERÊNCIAS
• SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao
lado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
• PIMENTEL, Débora. Psicopatia da vida cotidiana. Disponível no
endereço eletrônico:
• ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, técnica e
clínica. Porto Alegre: Artmed, 1999.
• http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
34372010000100002
• BITTENCOURT, Maria Inês G. F. Conceito de psicopatia: elementos
para uma definição, dissertação de mestrado em psicologia clínica,
apresentada à PUC/RJ 1981.
• SILVA, Jordan P. Freitas. A psicopatia a partir da Psicanálise:
desmistificando a visão da mídia, mneme – revista de humanidades.
2015.
• http://psiquiatriabh.com.br/sobre-o-transtorno-de-personalidade/
• https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/psi
canalise-fase-anal/46956