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Os Maias
Episódios da vida romântica
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Arquitetura de Os Maias: o título
NOTA: Existe uma relação entre a intriga e a crónica de costumes. Por exemplo, é no
Hotel Central que Carlos vê Maria Eduarda. No entanto, a crónica de costumes, como tem
autonomia em relação à intriga, constitui uma ação aberta, ao passo que a intriga principal,
uma vez que pressupõe desenlace, constitui uma ação fechada.
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Arquitetura de Os Maias
Ação
Aberta: crónica
Fechada: intriga de costumes
“Os Maias” “Episódios da
vida Romântica”
CARLOS DA MAIA
MEIO AMBIENTE - Lisboa
Força física dos Maias Regeneração
Educação Inglesa – força física e psicológica Marasmo
Ociosidade
Provincianismo
Mediocridade
MAS Agudização do dandismo e
FORTE
diletantismo de Carlos
VENCEDOR
VENCIDO
FALHADO
Carlos da Maia falha todos os projetos, pois é profundamente condicionado e
determinado pelo meio apático, medíocre e provinciano onde vive – a capital de
Portugal da metade do século XIX.
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Afonso da Maia | símbolo do velho Portugal
“quase um antepassado, mais idoso que o século” (cap. I, pág. 8)
AFONSO DA MAIA
Personagem simpática bastante valorizada por Eça de Queirós;
Não se lhe conhecem defeitos, sendo um homem de caráter, culto e requintado nos
gostos, partidário das ideias liberais, que ama o progresso, que para ele não é uma
utopia romântica mas o fruto de um esforço sério;
Não abdica de firmes princípios morais; é um modelo de autodomínio em todas as
circunstâncias; morre quando tem conhecimento dos amores incestuosos de seus
netos Carlos e Maria Eduarda;
Representa o sonho de um Portugal impossível por falta de homens capazes. Vítima de
um ambiente social corrupto que não o compreende, passa a sua velhice em conversa
com os amigos e expendendo os seus juízos sobre a necessidade de renovação do país:
“Aos políticos menos liberalismo e mais carácter; aos homens de letras menos eloquência e mais
ideias; aos cidadãos em geral menos progresso e mais moral” (cap. XV, p. 574)
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Pedro da Maia
“tendo pouco da raça, da força dos Maias” (cap. I, pág. 22)
PERSONAGEM NATURALISTA
Reflete uma enorme instabilidade emocional que deixa antever uma psique pouco
equilibrada, fruto da hereditariedade e que a educação não corrigiu. Alia a valentia física à
cobardia moral (a reação do suicídio face à fuga da mulher).
Era instável, boémio, dado a crises de devoção;
“O Pedrinho (...) ficara pequenino e nervoso como Maria Eduarda, (...); aparece como um
prolongamento físico e temperamental da mãe;
“a sua linda face oval de um trigueiro cálido, dois olhos maravilhosos e irresistíveis, prontos
sempre a humedecer-se, faziam-no assemelhar a um belo árabe (...)”;
“Era em tudo um fraco; e esse abatimento contínuo de todo o seu ser resolvia-se a espaços
em crises de melancolia negra, que o traziam dias e dias mudo, murcho, amarelo, com as
olheiras fundas e já velho. O seu único sentimento vivo, intenso, até aí, fora a paixão pela
mãe” (cap. I, pág. 22)
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Maria Eduarda Maia
“um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita” (cap. VI, pág. 161)
PERSONAGEM HÍBRIDA
Apresentada pela própria personagem em discurso indireto livre:
“A casa da mamã, no Parque Monceaux, era na realidade uma casa de jogo – mas recoberta de um
luxo sério e fino. (...) A casa descaiu rapidamente numa boémia mal dourada e ruidosa. Quando ela
madrugava, com os seus hábitos saudáveis do convento, encontrava paletós de homens por cima dos
sofás;“ (cap. XV, pág. 516)
O teor da confissão de Mª Eduarda prende-se, fundamentalmente, a dois factores de natureza
naturalista:
1. À referência de uma juventude desordenada e passada em ambientes algo duvidosos;
2. À explícita responsabilização desses ambientes e da companhia da mãe para explicar a sua vida
dispersiva e vivida ao sabor de amizades de circunstância.
Por outro lado, o facto de se tratar de uma “confissão”, apresentando as premissas que justificam o
comportamento da personagem após a sua manifestação, colide com os princípios naturalistas, uma vez
que todo o rigor e cientifismo procurados pelos naturalistas está posto em causa pelo processo de
autocaracterização aqui evidenciado.
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Personagens – síntese (II)
CARLOS
Ramalhete
Micro-espaços:
Mª EDUARDA acentuam as suas características
H. Central; psicológicas, culturais e sociais, EGA
Rua S. Francisco; bem como o seu envolvimento Vila Balzac
Toca numa intriga trágica
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Espaço físico (V)
OBJETIVO: LISBOA:
representar criticamente • Espaço de centralidade da
a sociedade portuguesa nação portuguesa;
da 2.ª metade do século • Polariza a vida política e
XIX económica do país, a
literatura, a diplomacia e o
jornalismo;
• Uma vida de corrupção,
decadência e mediocridade
mental.
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TEMPO
“Chegara esse Outono de 1875:” (cap. IV, 100)
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TEMPO
“Chegara esse Outono de 1875:” (cap. IV, 100)
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O Narrador
PRESENÇA:
O narrador é predominantemente heterodiegético, tratando-se de uma
entidade exterior à história; relata os acontecimentos sem os viver.
FOCALIZAÇÃO:
• EXEMPLOS:
• a anteposição das características do objeto a ele próprio para lhe dar cor:“Uma alvura de saia
moveu-se no escuro”;
• as percepções inesperadas, diferentes, traduzindo, por vezes, ironia:“Majestosa e obesa”;
• a frequência da hipálage - transposição de um atributo do agente para a ação:“sempre um
vago martelar preguiçoso”.
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A linguagem e estilo queirosianos (I)
EXEMPLOS:
EXEMPLOS:
• “- Estás típico, Alencar! Estás a preceito para a gravura e para a estátua!
O poeta sorria, passando os dedos com complacência pelos longos bigodes românticos,
que a idade embranquecera e o cigarro amarelara. Que diabo, algumas compensações
havia de ter a velhice!... E em todo o caso o estômago não era mau e conservava-se,
caramba, filhos, um bocado de coração.”
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A linguagem e estilo queirosianos (VI)
Ambiente
Classe social
caracterizado Crítica
visada
por...
Ambiente
Classe social
caracterizado Crítica
visada
por...
Corridas de • Inadequação do • À imitação do Alta sociedade
espaço estrangeiro; lisboeta
Belém
• Feição provinciana • Ao provincianismo;
(cap. X) • Falta de motivação • Ao mau gosto;
• Contraste entre o • Ao “postiço”
ser e o parecer
• Inadequação dos
comportamentos
Representam, na Lisboa quase finissecular, um esforço desesperado de
cosmopolitismo, concretizado, no entanto, à custa de uma imitação do
estrangeiro;
Permite lançar uma visão panorâmica sobre a alta sociedade lisboeta
(incluindo o próprio rei), estando esta dominada pela monotonia e
improvisação durante o evento.
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Episódios da vida romântica (III)
Ambiente
Classe social
caracterizado Crítica
visada
Sarau no por...
Teatro da • Superficialidade • Aos Alta sociedade
dos temas e das comportamentos lisboeta
Trindade conversas; “postiços”;
(cap. XVI) • Valores do • À permanência dos
ultrarromantismo; valores do
• Ignorância da ultrarromantismo.
classe dirigente.
Superficialidade do pensamento da classe política (oratória oca, vazia de
Rufino);
Alheamento perante a música tocada por Cruges;
Crítica à poesia ultrarromântica mascarada de lirismo piegas e de
conotações sociais (Alencar)
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Episódios da vida romântica (IV)
Ambiente Classe social
Passeio caracterizado por...
Crítica
visada
final de
• Subdesenvolvimento; • À estagnação de Alta sociedade
Carlos e Portugal; lisboeta
• Ociosidade;
Ega em • À falta de
• Ridículo.
Lisboa originalidade
• À incapacidade
(cap. XVIII)
de evoluir
Funciona como epílogo do romance, dez anos depois de encerrada a
intriga, e quando Carlos visita Lisboa, vindo de Paris, imbuído de grande
pessimismo;
Assume um carácter simbólico: os espaços que atravessam têm profundas
conotações históricas e ideológicas (a desilusão com o presente liberal,
com um Portugal que cristalizou na mera contemplação passiva de um
passado glorioso);
O diálogo final, enquanto epílogo ideológico, abarca o nível da intriga e o
da crónica de costumes: desiludidas com uma existência marcada pela
tragédia e pelo falhanço social, às duas personagens resta apenas a opção
do fatalismo que é, ao mesmo tempo, a da descrença nas suas próprias
possibilidades. (note-se aqui a negação radical do Naturalismo determinista)
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“Os Maias”:
“E foi em Carlos e em João da Ega uma esperança, outro esforço:
- Ainda o apanhamos!
- Ainda o apanhamos!”