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Papo Brabo

Jô Soares
• A verdade é que não se escreve mais como antigamente, pois
naquele tempo não havia computadores, e, por incrível que
pareça, nem mesmo canetas esferográficas. Porém, se
fôssemos registrar em papel todos os absurdos do ser
humano, não sobraria sequer uma resma para os cartões de
Natal.
• Isso posto, não de gasolina nem de saúde, já que uma é cara e
a outra é carente, vamos ao que interessa.
• Quando digo vamos ao que interessa, vem-me logo à mente a
pergunta: interessa a quem? A mim, pensará o leitor
desavisado. O leitor avisado perceberá facilmente que estou
me referindo a assuntos interessantes e, se não forem,
também não interessa.
• Resolvido essa questão da maior importância para aqueles
que assim pensam, passo a seguir ao tema central da
discussão, por sinal uma discussão que se perpetua enquanto
dura.
• Infelizmente, quando se entra em assunto tão polêmico,
ninguém se atreve a responder. Mesmo porque, ainda nem foi
perguntado. Se for e quando for, tenho certeza de que sempre
haverá alguém para discordar e eu perdoo, pois essas
contradições são inerentes à alma humana.
• Disse alma humana? Que dizer, então, das outras almas? Da
desumana, da penada, da alma do negócio e, principalmente,
da alma minha gentil que te partiste / tão cedo desta vida
descontente / repousa lá no céu eternamente?
• Não quero parecer ilógico, mas seria de péssimo gosto trazer
mais uma vez à baila essa intrigante questão. Aliás, pensando
bem, ou mesmo pensando mal, por que trazer à baila e não
levar ao baile? Ou mesmo trazer o baile à baila? Nunca
tiveram a coragem de revelar essa incongruência histórica: no
baile da Ilha Fiscal ninguém pagava imposto de renda.
• Digam o que disserem: a dura realidade é que nenhum
intelectual que se preze pode desprezar-se.
• Tenho a mais absoluta convicção de ter sido claro e objetivo
na colocação dessas ideias. Para finalizar, termino.
• Moral: Pode ser que esse texto seja incoerente, mas faz muito
mais sentido do que o massacre dos sem-terra. Antes que eu
me esqueça: a reforma agrária já começou. Criaram um
ministério.

• (http://sevocemeler.blogspot.com.br/2009/06/papo-brabo-jo-soares.html)
Ato marca os 20
anos do massacre
de Eldorado dos
Carajás, no PA
Em Belém, ato ocorreu na Praça Mártires de Abril, em São
Brás. 19 trabalhadores rurais foram assassinados em 1996.
• Neste domingo (17), representantes do Movimento Sem Terra
ocupam a Praça Mártires de Abril, em São Brás, em Belém, em um
ato que marca os 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás,
quando foram assassinatos 19 trabalhadores rurais durante
confronto com a Polícia Militar no sudeste do Pará. (...)
• O confronto entre integrantes do MST e policiais ocorreu em 17 de
abril de 1996 no município de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará,
quando 1,5 mil sem-terra que estavam acampados na região
decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da
desapropriação de terras na rodovia PA-150. A Polícia Militar foi
encarregada de tirá-los do local. Além de bombas de gás
lacrimogêneo, os policiais atiraram contra os manifestantes.
Dezenove camponeses foram mortos.
• Dos 155 policiais que participaram da ação, Mário Pantoja e José
Maria de Oliveira, comandantes da operação, foram condenados a
penas que superaram os 150 anos de prisão. José Maria de Oliveira
permanece custodiado no Centro de Recuperação Especial
Anastácio das Neves. Já Mário Colares Pantoja está em recolhimento
domiciliar para tratamento de saúde. Já os demais policiais militares
que foram a julgamento foram absolvidos dos crimes.
• (http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2016/04/ato-marca-os-20-anos-do-massacre-de-eldorado-dos-carajas-no-pa.html)
• Jô Soares escreveu uma crônica com o objetivo de criticar o episódio
que ficou conhecido na história como o Massacre de Eldorado dos
Carajás, em que dezenove sem-terra foram mortos por policias no
estado do Pará, em 17 de abril de 1996. Muitos dos sem-terra foram
executados à queima roupa, além de alguns mortos por
instrumentos cortantes, como foices e facões.
• Entretanto, no decorrer da crônica (e no próprio título) não
encontramos nenhuma referência ao episódio em questão; nem ao
menos percebemos alguma crítica. O que se vê ao longo dos nove
parágrafos são frases bem organizadas, mas, aparentemente sem
nenhum sentido. Mas como se dá essa ausência de sentido?
• Há inúmeros recursos, ao longo do texto, que passam a nítida visão
de que o autor falou, falou, e não disse nada. Desse modo, ele não
consegue passar nenhuma ideia. Entretanto, ainda que
aparentemente sem sentido, o texto de Jô Soares apresenta as
partes bem conectadas (como as várias linhas gerando um tecido).
Há uma união entre as orações, entre as frases e entre os
parágrafos. Tudo está muito bem escrito. Mas o problema está
mesmo na falta de coerência.
• Porém, quando lemos a crônica até o fim percebemos uma
moral após o último parágrafo, em que o próprio autor
justifica a incoerência de seu texto. Ele afirma o seguinte:
“Pode ser que esse texto seja incoerente, mas faz muito mais
sentido do que o massacre dos sem-terra”. Só assim podemos
compreender com perfeição a crítica ao Massacre de Eldorado
dos Carajás. Logo, a crônica só faz sentido (só se completa)
com a moral. Desse modo, o texto não é incoerente; muito
pelo contrário. Faz todo o sentido quando lemos a moral.
• Portanto, a incoerência da crônica de Jô Soares é apenas
aparente. Todos os recursos que tornam a narração
redundante e prolixa têm por objetivo causar estranheza no
leitor. Essa estranheza pode ser um desgosto, uma rejeição,
uma incompreensão, etc. Mas se estranhamos um texto
aparentemente mal escrito, devemos nos incomodar muito
mais com um massacre desumano e covarde.
O QUE É COESÃO?
• É a ligação entre as partes do texto. As frases e
os parágrafos devem estar unidos, apresentando
a noção de uniformidade. Para isso, é preciso
articular as partes do texto, fazendo referência a
termos anteriores ou posteriores no texto, mas
evitando, repetir o tempo todo a mesma palavra.
Usar sinônimos, por exemplo, é um recurso
interessante.
• Além disso, há algumas expressões que nos ajudam
a organizar nossas ideias. Essas expressões podem
indicar:

• Enumeração: “em primeiro lugar”, “em segundo


lugar”, “por último”, etc.
• Adição: “além disso”, “também”, “vale lembrar que”,
etc.
• Oposição: “embora”, “entretanto”, “no entanto”,
“por outro lado”, etc.
• Afirmação: “obviamente”, “na verdade”,
“realmente”, etc.
• Igualdade: “de igual forma”, “do mesmo modo”,
“nesse sentido”, etc.
• Continuação: “depois”, “em seguida”, “logo”, etc.
• Conclusão: “em suma”, “portanto”, “assim”, “desse
modo”, “logo”, “por isso”, etc.
O QUE É COERÊNCIA?
• É a lógica presente na organização do texto. As
ideias do texto precisam ter nexo e
uniformidade, de forma que não haja
contradições ou dúvidas acerca do assunto. O
que importa, para quem lê, não é o que se quis
dizer, e sim o que se disse. Desse modo, é
importante conhecer as informações externas ao
texto (conhecimento de mundo), bem como a
organização interna do texto (conhecimento
linguístico).
QUESTÕES:
• 1- O texto “Papo Brabo” possui coesão? Por quê?

• 2- O texto “Papo Brabo” possui coerência? Por


quê?

• 3- Existe texto totalmente incoerente? Justifique


sua resposta.

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