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Complexidades e

Transdisciplinaridade em
Organizações de Pesquisa na
América Latina
Sérgio Luís Boeira
Resumo de capítulo publicado no livro Práticas da
Interdisciplinaridade no Ensino e Pesquisa (2015),
prêmio Jabuti em educação.
Início da pesquisa: 2010

Tema:

Organizações situadas em países da América Latina que


têm como foco central as ideias de “complexidade” e/ou
“transdisciplinaridade”

Objetivo:

Compreender como o paradigma da complexidade tem se


constituído em formas de organização de pesquisa, além
de compreender os valores e as culturas organizacionais de
tais grupos, núcleos ou institutos.
Tal pesquisa passou a fazer parte de um projeto maior,
que visava analisar a contribuição de Edgar Morin à
teoria das organizações.

Foram identificadas 15 organizações entre 2010 e 2013:


8 no Brasil, 2 no México, 1 no Peru, 1 no Chile e 3 na
Argentina . Um questionário (questões fechadas e
abertas) foi enviado a 18 pesquisadores, visando mapear
as principais iniciativas na América Latina.

Leitura de textos de cada grupo, incluindo livros dos


principais pesquisadores.
Questões centrais da pesquisa:

a) Quais são as características centrais de algumas das


principais organizações latino-americanas envolvidas
com tipos/formas de complexidade (alta e ampla
versus baixa e restrita), segundo as definições de
Edgar Morin?

b) De que forma essas organizações podem ser


identificadas preliminarmente segundo a teoria das três
perspectivas de cultura organizacional (integração,
diferenciação e fragmentação)?
Concepção Multicultural da Interdisciplinaridade

Lenoir (2005) propõe três formas de interdisciplinaridade e


defende a articulação entre elas.

a) Instrumental (Estados Unidos)


b) Epistemológica (França)
c) Fenomenológica (Brasil)

Pressuposto: Crise civilizatória no planeta e na América


Latina é multidimensional, multicultural e requer uma
abordagem interdisciplinar, transdisciplinar e complexa tanto
para a compreensão quanto para a construção de
alternativas.
Interdisciplinaridade Interdisciplinaridade Intedisciplinaridade
Racional Instrumental Fenomenológica

Lógica do sentido Lógica da funcionalidade Lógica da intencionalidade

Crítica e síntese Resposta operacional a Reflexão sobre a ação e o


conceitual. questões sociais ou contexto político
Abordagem da tecnológicas
complexidade e da
disciplinaridade
Risco de fragmentação Risco de submissão a Risco de negligenciar a
disciplinar e de distância critérios político-estatais complexidade do saber
de questões sociais ou comerciais

França Estados Unidos Brasil


Polaridades do Grande Paradigma do Ocidente

Sujeito Objeto

Alma Corpo

Espírito Matéria

Qualidade Quantidade

Finalidade Causalidade

Sentimento Razão

Liberdade Determinismo

Existência Essência
Complexidades
 Há “três gerações da complexidade” ao longo da história da
ciência e duas “perspectivas” ou “tradições” (anglo-saxônica
e latina) que disputam a hegemonia no mundo (Alhadeff-
Jones, 2008).
 A primeira geração (entre as décadas de 1940 e 1960) está
marcada pela teoria dos sistemas, pela cibernética, pela
noção de complexidade organizada. Destacam-se
matemáticos, engenheiros e físicos, secundados por
bioquímicos, fisiologistas e psicólogos.
 A segunda geração (entre as décadas de 1960 e 1980) está
marcada pela teoria dos sistemas, pela ciência da
computação, engenharia e ciências da gestão, inteligência
artificial, auto-organização e biologia evolutiva (estruturas
dissipativas, catástrofe, caos e fractais). Biólogos, fisiólogos
e psicólogos ganham espaço. Instrumentalismo versus
construtivismo.
Duas perspectivas da complexidade
na terceira geração
Na terceira geração (especialmente a partir da década de
1980), duas perspectivas, uma em países de língua inglesa e
outra em países de línguas latinas, emergem em disputa no
campo dos estudos sobre a complexidade. Há uma grande
quantidade de pesquisas que cruzam e mesclam as
contribuições dessas duas perspectivas, que podem ser
assim identificadas:
a) Perspectiva dos estudos sobre sistemas complexos
adaptativos, com destaque para o Santa Fe Institute
(Estados Unidos), criado em 1984.
b) Perspectiva dos estudos sobre a inteligência da
complexidade, com destaque para a obra de Edgar Morin
(especialmente difundida na Europa e na América Latina),
desde meados da década de 1970.
Três perspectivas da cultura
organizacional
Martin e Frost (2001) distinguem e articulam três conjuntos
de estudos sobre cultura organizacional:
a) Integração (funcionalismo, gerencialismo; consenso)
b) Diferenciação (int. simb., antrop. interp.; subculturas)
c) Fragmentação (antropologia interpretativa; ambiguidade)

Os estudos que visam a integração, o consenso cultural, são


hegemônicos e identificados com o paradigma funcionalista.
Para esse enfoque a organização tem uma cultura. Os outros
dois conjuntos de estudos, ainda marginais, consideram que
a organização é ou expressa cultura (ou seja, rede de
significados, costumes, regras, valores, crenças).
Epistemologia da complexidade

Real: mundo dos


fenômenos

Noologia: sistemas de
ideias

Espírito/cérebro: Cultura/sociedade:
condições condições
bioantropológicas socioculturais do
do conhecimento conhecimento

Lógica

Paradigmatologia
Tipos de Complexidade na Perspectiva de Edgar Morin
Tendência à Baixa Complexidade (BC) Tendência à Alta Complexidade (AC)
 Centralização.  Pluralismo.
 Hiperespecialização.  Policentrismo e acentrismo.
 Integração rígida e repressiva, liberdades reduzidas,  Integração comportando múltiplas comunicações,
múltiplos controles, etiqueta, rituais. especializações e policompetências.
 Forte coerção.  Fraca coerção.
 Fraca comunicação entre os grupos e  Intensa comunicação entre grupos e indivíduos.
entre indivíduos.  Predominância da estratégia sobre o programa,
 Predominância do programa sobre a estratégia. espontaneidade, criatividade, riscos, liberdades.
 Fraca autonomia dos indivíduos.  Grande autonomia dos indivíduos.
 Otimização simplificadora (funcionalidade,  Otimização complexa (incertezas, liberdades, desordens,
racionalização). antagonismos e concorrências).
Tendência à Complexidade Restrita (CR) Tendência à Complexidade Ampla (CA)
 Relações cérebro/espírito, com subordinação do  Unidualidade entre cérebro/espírito, sem subordinação
primeiro ao segundo ou vice-versa. do primeiro ao segundo ou vice-versa.
 Relações cérebro/espírito desvinculadas da  Unidualidade entre cérebro/espírito vinculada à
cultura/sociedade. unidualidade entre cultura/sociedade.
 Sistemas complexos adaptativos e sistemas muito  Abordagem epistemológica além de teórica
complicados não são distinguidos entre si.  Sistemas complexos como sistemas autoeco-
 Noção de ciências da complexidade; ausência de organizados; destaque para a noção de organização.
contribuição epistemológica  Noção de pensamento complexo.
 Modelizações úteis para o avanço da ciência.  Complexidade é concebida como presente em todas as
 Quando se volta para definições de leis da formas de organização, não se limitando a sistemas
complexidade, limita-se à ciência clássica. complicados.
 Tende a superar a noção de lei científica.
Organização País Início
1
Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM) Brasil 1994

Complexus - Núcleo de Estudos da Brasil 1996


2

Complexidade

(COMPLEXUS)

Instituto Internacional para el Pensamiento Argentina 1997


3

Complejo

(IIPC)
4
Centro de Educação Transdisciplinar Brasil 1998

(CETRANS)
Antropocaos - Antropología, complejidad y caos Argentina 1999
5

Núcleo Interinstitucional de Investigação da Brasil 1999


6

Complexidade e da Culturalidade

(NIIC)
7
Instituto de Estudos Avançados Brasil 1999
Transdisciplinares

(IAT)
8
Comunidad del Pensamiento Complejo Argentina 2002

(CPC)

Laboratório de Estudos e Pesquisas Brasil 2003


9

Transdisciplinares

(LEPTRANS)
10
Instituto de Estudos da Complexidade Brasil 2003

(IEC)
Instituto de Sistemas Complejos de Valparaíso Chile 2004
11

(ISCV)
Multiversidad Mundo Real Edgar Morin México 2006
12

Ecologia dos Saberes, Transdisciplinaridade e


13

Educação Brasil 2008


(ECOTRANSD)
Instituto Peruano del Pensamiento Complejo Peru 2009
14

Edgar Morin (IPCEM)


15

Centro de Ciencias de la Complejidad (C3) México 2009


Resumo das Perspectivas das Organizações: Tipos de Complexidade

País Quantidade e Perspectivas Organizações


Selecionadas
Argentina Três organizações: duas com tendência aos IIPC, CPC e Antropocaos
tipos AC/CA e uma que parece estar em
transição entre os tipos BC/CR e AC/CA.


Brasil Oito organizações: sete com tendência aos tipos GRECOM, COMPLEXUS,
AC/CA e uma com tendências ambivalentes CETRANS, IAT, LEPTRANS,
entre AC/CA e BC/CR. NIIC, IEC e ECOTRANSD

Chile Uma organização com tendências ambivalentes ISCV


entre os tipos BC/CR e AC/CA.

México Duas organizações: uma com tendência aos Multiversidad e C3


tipos AC/CA e outra com tendência aos tipos
BC/CR, mas com potencial de articulação entre
as abordagens.

Peru Uma organização com tendência aos tipos IPCEM


AC/CA.
Esse estudo mostra que as organizações selecionadas têm
características organizacionais relacionadas às suas opções
paradigmáticas. Há um leve predomínio de organizações que
tratam de “complexidade” mas não tratam, necessariamente,
de “transdisciplinaridade”.

Entre as organizações que focalizam a complexidade,


observam-se duas tendências (“terceira geração”):
a) Org. que enfatizam os sistemas complexos adaptativos e
temas correlatos, que apontam para a baixa e restrita
complexidade;
b) Org. que enfatizam a chamada inteligência da
complexidade ou pensamento complexo, que apontam
para a alta e ampla complexidade.
 Observou-se, entretanto, que entre as organizações
selecionadas houve uma crescente influência do pensamento
complexo sobre a perspectiva dos sistemas complexos
adaptativos. Dois fatores parecem estar vinculados à tal
influência: a) a renovação do quadro de pesquisadores; b) o
contexto latino-americano, com seus problemas específicos.
 As organizações do segundo tipo (AC/CA) são amplamente
predominantes no Brasil, enquanto no restante da América
Latina o peso das organizações do primeiro tipo ainda é
significativo, embora aparentemente estejam passando por
uma crise de identidade.
 Mais pesquisas são necessárias, durante um período mais
longo e com uma coleta de dados baseada na metodologia
qualitativa, para uma melhor compreensão desse processo.
Deve-se considerar que as organizações em sua maioria têm
uma história breve, ainda pouco enraizada no contexto
latino-americano.
 Caberia ressaltar, por fim, que todas as organizações
selecionadas mostram-se desviantes (e criativas) em relação
aos modelos dominantes de pesquisa nas universidades.
Suas estruturas organizacionais são leves, em geral, exigindo
pouca burocracia.
 As culturas organizacionais envolvem integração,
diferenciação e fragmentação, com predomínio das duas
últimas formas.
 As possibilidades de interação em rede entre as organizações
selecionadas e outras do mesmo gênero crescem com a
revolução das comunicações, proporcionando articulação e
ação conjunta entre elas.
 As noções abstratas de complexidade são, por um lado,
passíveis de infinitas categorizações e subdivisões. Por outro,
são também uma forma de simplificação da realidade, com
validade sempre provisória e instrumental.

Referências

 ALHADEFF-JONES, M. The three generations of complexity theories : nuances


and ambiguities. Educational Philosophy and Theory, vol. 40, n . 1., p. 66-82.
Journal compilation. Philosophy of Education Society of Australasia. Published
by Blackwell Publishing, 9600 Garsington Road, Oxford, OX4 2DQ, UK and
350 Main Street, Malden, MA 02148, USA, 2008.

 LENOIR, Y. Três interpretações da perspectiva interdisciplinar em educação


em função de três tradições culturais distintas. Revista E-curriculum. PUC-SP,
Vol 1., n. 1, dez./jul., 2005-2006. Disponível em www.pucsp.br/ecurriculum.
Acesso em: 20 de jan. 2012.

 MARTIN, J.; FROST, P. Jogos de guerra da cultura organizacional: a luta pelo


domínio intelectual. In: CALDAS, M.; FACHIN, R.; FISCHER, T. (Orgs.)
Handbook de estudos organizacionais: reflexões e novas direções. Vol. 2. São
Paulo: Atlas, 2001.

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