A SEGUNDA CONVERSA

CECÍLIA ANDRADE

OUTUBRO /2017

2013
 Objetivos

 Apresentar alguns fundamentos que

justificam a Segunda Conversa.

 Compartilhar experiências oriundas dos 40

anos escutando pessoas.

 Esclarecer dúvidas / trocar ideias / aprender.

 CECÍLIA ANDRADE
COACHING & PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL

Propósito: ouvir e conversar com as pessoas, de forma

profissional, atenta e amorosa, com genuíno interesse por tudo
o que lhes dizem respeito, para ajudar, libertar, curar e transformar.

Papéis: Coach / terapeuta / consultora / professora / grafóloga

Princípios: verdade / escolha / biografia e história ( individuo construtor

de si e do mundo) / visão crítica / simplicidade / conhecimento /
resultados efetivos / crédito na vontade e na capacidade humana - todo
ser humano deseja ficar bem consigo mesmo e com os outros.
• Reflexão assistida: individual / grupos / famílias

• Terapia: individual / casal

• Desenvolvimento de equipes dirigentes / grupos de referência

• Empresas familiares / famílias empresárias (fundadores / sucedidos

/ sucessores / sócios / herdeiros)

• Grupos de presidentes ( Vistage / Ágora )

• Construção de inteligência coletiva

• Escolas de negócios ( INSPER / FIA-USP / FGV-SP / IMT / ESPM /

FDC / IBGC)

• Escola de Administração Mauá – Instituto Mauá de Tecnologia

Linha de atuação: humanista, crítica e relacional.

Psicologia de Vigotski – dialética (consciente +

inconsciente + comportamento) - Fala e escrita
Psicologia de Moreno ( papéis e relações )
Psicanálise ( Freud / Bion / Lacan )
Psicologia humanista ( Rogers / Will Schutz )

Pesquisa + prática ( indivíduos / empresas / famílias /

universidades ) – doutorado em Psicologia Social
 CONSCIENTE
EGO
Regido pelo princípio
da realidade
PRÉ-CONSCIENTE

Atos Falhos
e sonhos

Barreira Contra
Catética (censura)

SUPEREGO
Regido por
valores morais
ID
Regido pelo princípio
do prazer

INCONSCIENTE
O psiquismo humano não representa o mundo,
mas trabalha o mundo, por meio de categorias:

Consciência ( interpretação da vida )

Atividade ( produzir a própria existência, produzindo
a si mesmo )
Afetividade ( guia os contatos humanos )
Identidade ( metamorfose / sou o que faço )
( sexualidade)
Fenômeno Psicológico

Registro da realidade expresso por meio das mediações -

pensamento / linguagem / emoções / papéis e posições nos
grupos sociais – “pontes” que levam o conteúdo do interior
para o exterior

É a expressão subjetiva do que é vivido no mundo objetivo

( social, econômico, cultural ); a conversão do social em
individual, e do individual em social, de forma dialética, ao
longo do tempo.

Não há como compreender um indivíduo sem conhecer o seu

mundo interior e suas interações com o mundo externo na
tarefa de produzir a sobrevivência.
( de onde se fala – de qual geração – diversos “chips’ no modo de
trabalhar)
 PSICODRAMA

A teoria moreniana é basicamente

dialógica. Nunca o EU poderá
encontrar-se por meio de si
mesmo, só poderá se encontrar
através de um outro, do TU, numa
rede de interações, à partir de seu
átomo e de sua placenta social.
 11
5

3
6
8

5
1 4 7
3 12

1 3
3 2
11
10

Legenda
4 4
1.Limite do si mesmo 3
4
2.Eu
3.Papel 4 3
4.Papel pouco desenvolvido 9
5.Papel complementar 13
6.Relação papel complementar si mesmo
7.Vínculo
8.Objeto intermediário
9.Pseudopapel
10.Inter-relação de papéis
11.Expansão do si mesmo em estados de alarme
12.Contração do si mesmo
13.Contexto que mantém o pseudopapel
 Papel pouco
desenvolvido

EU TU

vínculo

"si mesmo"
"si mesmo” contraído
por “aquecimento”
Expansão do "si mesmo”
por alarme
 WILL SCHUTZ

As pessoas que se relacionam bem,

exercitam comunicação honesta, têm

boa autoestima e atendem suas próprias

necessidades de relacionamento.

Atendem também as necessidades interpessoais

dos demais.
Grupos precisam:

Compartilhar do mesmo sonho e vontade

Saber para onde e como vão.

Ter suporte, processos, pessoas, orçamento e

tecnologia para fazer.

Viver relações interpessoais satisfatórias.

Compartilhar valores éticos numa cultura

organizacional ou familiar com base em crenças
comuns a todos.
Orçamento
COQUETEL
 A ESPIRAL DA CONVERSA

O psiquismo é um instrumento que escolhe aquilo que importa

a cada pessoa, de modo que seja possível continuar a agir e a
viver em ilhotas de segurança.

Nesse sentido, ele pode se distanciar do mundo, enquanto um

órgão de seleção, de filtro, mas também de um funil que se
estreita para escolher alguns elementos, os reter e deixa passar
outros.

Portanto, temos acesso ao psiquismo somente sob a forma de

fragmentos.
Não vemos tudo
Não sentimos tudo
Nossa consciência não se dá conta de
tudo; ela segue por saltos, com
omissões e lacunas
Se o psiquismo distorce a realidade em seu favor,

A conversa é um dos instrumentos para conhecer o

que foi filtrado ou distorcido; o que “saiu” depois da
seleção, o que não passou e o que foi posto de lado.

A conversa coloca o psiquismo para trabalhar e

completar os saltos da série que foi revelada.
A tarefa de quem escuta é perceber e convidar a
pessoa a pavimentar as lacunas.
( RM / MS / A – “os olhos são o espelho da alma”)
 Explícito

Oculto

Não consciente
 Vigotski
Relação palavra + pensamento + emoção: processo.

Movimento contínuo de vaivém - de transformação e de

desenvolvimento - do pensamento, entrelaçado pelos afetos,
sentidos e significados, para a palavra e vice-versa.

O pensamento não é simplesmente expresso por palavras; é

por meio delas que ele passa a existir para relacionar coisas,
amadurecer ideias, solucionar problemas.

Esse fluxo ocorre num movimento interior através de uma série

de planos, até que possam se encontrar em sentidos e
significados, num processo histórico-cultural.
“A palavra é um microcosmo da
consciência humana”
Vigotski
 Origem da fala

Primeiro ano de vida: matriz biológica. Palavras aprendidas

para designar objetos, desejos, estados de conforto e
desconforto à semelhança dos animais.

Dois anos de idade: a criança, utilizando perguntas, busca as

palavras advindas de sua matriz social com sua função
simbólica, acrescentando os signos vinculados aos objetos.

Nesse momento, as curvas estruturais da evolução do

pensamento e da fala, até então separadas, se encontram e se
unem, para que a criança descubra que cada coisa tem um
nome, um sentido e um significado correspondente à sua
placenta, não só biológica, mas também histórica e cultural.
Isso diferencia o contexto humano do animal.
Berger & Luckmann :

Linguagem: o mais importante sistema de sinais da

sociedade humana.

Explicita o código dos comportamentos em cada nicho cultural;

a ordem e o sentido no qual a vida ganha significado intersubjetivo
ao longo das gerações.

Atualiza e partilha um mundo inteiro em qualquer momento.

A conversa,

Define e explica o humano: fazendo, sentindo e convivendo

em redes de conversações, linguageando e emocioneando.

Ferramenta de intimidade, entendimento e cooperação que

proporciona bem estar como a melhor forma de viver e de conviver.

Revela que muitas vezes fazemos o que dizemos que não queríamos
fazer...
O ato de conversar

Espaço psíquico de encontro com o outro, para conectar e fazer

fluir a energia da fala e da emoção, e assim transmitir pensamentos
e ideias, com o intuito de fazer o outro saber de nossos desejos,
intenções, necessidades e objetivos; para dele também ouvir e registrar
como somos ouvidos, percebidos e vistos. Dessa forma,
instrumentalizamos o nosso viver.

Nesse ato pode haver o encontro ou o desencontro entre humanos que

se propõem a tirar de dentro de si a expressão de sua alma ou de sua
consciência, para depositar ou submeter ao entendimento ou a
compreensão daqueles que escutam, que validarão a voz ou a
contestarão.

E se não for possível numa primeira vez, pode ocorrer numa segunda
ou terceira ocasião, para refazermos falas, reposicionarmos crenças,
pensamentos ou emoções.
Atitudes diferentes daquelas que tivemos
na primeira conversa - após darmos um
tempo ( físico, espacial, emocional ou mental ) -
são o cerne da Segunda Conversa porque:
 existem melhores palavras,
 raciocínio mais claro
 emoções mais organizadas para deixar fluir o que
ocorre e corre por dentro
 o outro tem os mesmos direitos e não é mudo,
 a escuta pode ser feita com mais civilidade, respeito e
consideração.
Para assim: construir, resolver, contratar, aceitar,
estabelecer novos rumos, encerrar....
A segunda conversa:

 propicia o prosseguimento dos diálogos que praticamos

em nossas mentes centenas de vezes, tentando adivinhar o
que dizer e, imaginando, depois, o que deveríamos ter dito; ao
mesmo tempo que ficamos imaginando “o que será que o outro
quis dizer”....

 movimenta as falas que ficaram suspensas, contrariadas ou

ocultas na ocasião da primeira conversa.

 alivia o medo, a angústia, a sensação de culpa ou a curiosidade.

 Enriquece, fortalece, configura ou reconfigura os vínculos.

Em momentos de conflito, a Segunda Conversa
é aquela que evitamos quando podemos e que
vacilamos quando devemos enfrentá-la.

Torna-se possível quando superamos o medo

das consequências negativas, confiamos nas
possibilidades positivas e falamos na primeira
pessoa em vez de atacar o outro.
(em vez de “você não me escuta”; posso dizer: “tenho coisas
importantes para falar; pode me ouvir?”)
Quando procurar ajuda:

Nos momentos em que não somos

capazes de dizer o que precisamos
dizer, quando precisamos dizer....
(Parte de mim teme o que parte de mim)
ou
Quando não somos capazes de ouvir,
o que precisamos ouvir...
(Querer ouvir o que não quer ouvir)
“No sistema humano não se concebe
uma dinâmica de paixões sem que ao
mesmo tempo se conceba uma
dinâmica de deveres”.
Henrique Del Nero
Quando procurar ajuda para
conversas cruciais, porém necessárias?
Quais critérios usar?
Estabilidade B A
Estável / disfuncional Estável / funcional

Instável / disfuncional Instável / funcional

C D

Funcionalidade
 COMUNICAÇÃO

PATRIMÔNIO
FAMÍLIA
Bens materiais
Vínculos afetivos
Planejamento financeiro
União / Confiança
Respeito
Comportamento RELAÇÕES
INTERPESSOAIS

GESTÃO DA CARREIRA / NEGÓCIOS

Conhecimento / experiência

HISTÓRIA GERAÇÕES PERPETUIDADE

Bernard Liverghoed

Família
Identidade
Missão
Legado

Empresa Mercado
Governança
Gestão Reputação
Marca

Propriedade
Patrimônio
Riqueza
Empresa

Sucessão
Reinvestimento
Crescer os ativos a
uma taxa maior do que
o consumo da família
Pai rico / filho nobre / neto pobre

Patrimônio
Os negócios precisam
crescer ao ritmo da família.
6 a 7% ao longo dos anos.
Mercado

Diversificação
Novos negócios
Reinvenção
Fundadores constroem um negócio, herdeiros
constroem uma família

Família

A dinâmica familiar A família empresária precisa

impede ou proporciona se organizar ao longo das
geração de valor? gerações, para fazer crescer
os negócios com união.
 Família

Empresa Conversa
Gestão Mercado

Patrimônio

União e missão da família + crescimento dos ativos

+ desenvolvimento dos talentos familiares +
revisão do mercado = legado: capitais humano,
financeiro, intelectual, social
Os advogados e os gestores recomendam que
decisões importantes, nas esferas jurídicas e
naquelas da administração, não sejam tomadas
numa única reunião ou numa única leitura. É
necessário “maturação”. Ir e vir...

Da mesma forma, os psicólogos recomendam a

segunda, terceira, quarta conversas para que as
pessoas possam se ouvir e ouvir os demais para
saber o que pensam, o que querem, do que sofrem
e o que precisam.
 Um acordo de acionistas é bem sucedido em seu
cumprimento, quando as pessoas fazem acordos
consigo mesmas, com os propósitos e com os demais
no âmbito emocional, além do racional.

São os sentimentos de importância, de competência e

de bem-querer que regem as relações interpessoais.

Ser humilhado, ignorado ou rejeitado são combustíveis

para boicotes...
 Por que as pessoas não falam?
 Medo / vingança / arrogância / chantagem
 Manipulação / vitimização / inveja
 Vergonha / não aceitação da dor do fracasso
 Julgamentos
 Dúvidas: o vínculo aguenta? Sustenta? O que o outro
vai fazer ?
 Autoproteção / autoengano / resistência
 Quais brigas comprar? Vale a pena?
 Não sabem o que querem dizer, embora sintam que algo
não vai bem...
 Dificuldades para dizer não / colocar limites
 Porque não são ouvidas
O profissional da escuta tem a responsabilidade
de ser guardião das falas do seu cliente,
sobretudo aquelas que ele próprio ainda não se
deu conta do significado oculto, bem como, não
quer ou não pode ouvir( espiral da conversa ).

É necessário lidar com a onipotência ou com a

impotência e respeitar o tempo humano, a
capacidade ou a incapacidade de suportar a dor
das revelações e suas implicações para si mesmo
e para os demais. (VD)
Ouvindo, constatei que todas as pessoas:

 têm duvidas sobre si, independentemente de

cargos, de potencial financeiro ou de classe social.
 desejam um nível acima... em todas as áreas.
 precisam ter sua história assegurada e validada.
 precisam ser vistas e ouvidas com interesse.
 precisam de ajuda em algum momento da vida
 têm as mesmas dores e sofrimentos, sobretudo,
diante da não importância, da incompetência e do
desamor. ( exclusão / humilhação / rejeição )
 precisam de vínculos confiáveis e de cumplicidade
Quando nenhuma regra ou nenhuma teoria
resolve, existem as virtudes humanas presentes
nas pessoas de boa vontade (bons encontros): a
polidez, a compaixão, a generosidade, o
altruísmo, a boa fé, a doçura, a pureza, o amor, a
humildade, a religiosidade...
(M+L)
 OBRIGADA!

ceciliacarmenandrade@gmail.com